O humor de Zara foi completamente interrompido. Sua voz foi sumindo aos poucos, até que ela simplesmente cerrou os dentes e ficou olhando para ele.Orson, de repente, sorriu e disse:— Porque, de repente, percebi que não consigo me casar com mais ninguém. Mas o estranho é que, quando decidi me casar com você, não senti nenhuma rejeição. Você pode me dizer por quê?Zara sentiu como se tudo ao seu redor fosse irreal. Era como se estivesse à beira de um precipício, já com um pé no vazio, prestes a despencar no abismo.Mas a queda que ela esperava nunca veio. Em vez disso, ela sentiu-se mergulhar em uma imensa nuvem macia e doce, uma sensação tão reconfortante que ela sequer ousava imaginar antes.Lentamente, Zara abriu os olhos. A luz quente do sol invadia o ambiente. Não havia precipício, nem nuvens, apenas um quarto cujo design e mobília eram extremamente familiares. Ela estava no Condomínio Oásis.O cenário ao seu redor deixava claro que tudo o que acontecera na noite anterior não fora
— Eu...Zara nem teve tempo de terminar a frase antes de Orson interrompê-la diretamente:— Você ainda está em casa? Já estou lá embaixo.As palavras dele mudaram imediatamente a expressão de Zara. Instintivamente, ela quase virou para olhar a pessoa que estava atrás dela. Mas, antes mesmo de levantar a cabeça, viu os reflexos de duas silhuetas no espelho à sua frente.Foi nesse exato momento que Marta ergueu os olhos. No instante em que seus olhares se encontraram no espelho, Zara recuperou o controle sobre suas emoções e perguntou para Orson, do outro lado da linha:— O que você veio fazer aqui?— Comer.A resposta de Orson foi direta, como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Eu... Eu já estou no elevador. Te encontro no estacionamento.Enquanto falava, Zara apertou o botão do térreo sem hesitar.Marta permaneceu em silêncio atrás dela. Quando as portas do elevador se abriram, foi a primeira a sair. O homem ao seu lado pareceu hesitar por um instante, mas não disse nada. Apenas
Até agora, ele nunca tinha admitido para Zara, nem uma única vez, que gostava dela.Mas, mesmo que dissesse, Zara provavelmente não acreditaria. Por isso, agora ela queria ainda mais uma resposta.Orson lançou um olhar para ela antes de retrucar:— E o que você acha?Zara apertou os lábios e disse:— Se não quiser falar, esquece.Assim que terminou a frase, tentou puxar a mão, querendo se soltar.Mas Orson apertou os dedos ao redor dela, segurando-a com mais firmeza. Então, riu de leve.— Zara, seu temperamento realmente cresceu, hein.— Sr. Orson, meu temperamento sempre foi assim. — Ela sorriu, mas sem qualquer traço de alegria. — É claro que eu jamais poderia me comparar à delicadeza de Fiona e Laura.Assim que disse isso, Orson ficou em silêncio por um instante. Então, riu de repente.No momento seguinte, virou o volante de uma só vez, fazendo o carro parar no acostamento.Antes que Zara pudesse reagir, ele já tinha se inclinado sobre ela, encurtando a distância entre os dois.— Sr
Quando o telefone de Marta tocou, Zara tinha acabado de voltar para seu apartamento na Rua dos Ventos.— Tem um tempo? — A voz de Marta era direta e objetiva. — Vamos nos encontrar.Zara sabia que não tinha como fugir desse encontro. Além disso... Também tinha perguntas que queria responder. Por isso, não recusou o pedido de Marta.Marta marcou o encontro em um café. Quando Zara chegou, ela já estava sentada em um dos salões reservados.Ela vestia o mesmo vestido branco de sempre, os cabelos estavam presos em um coque elegante, e o tempo parecia não ter deixado nenhuma marca em seu rosto. Continuava tão refinada e deslumbrante quanto antes.Assim que Zara entrou, Marta colocou uma xícara de café à sua frente.— Prove. Lembro que você adorava esse sabor.Zara agradeceu e pegou a xícara, tomando um gole leve.— Quando foi que você e Orson voltaram a ficar juntos? — Marta perguntou de repente.Os dedos de Zara hesitaram por um instante. Então, ela ergueu os olhos lentamente.— Para falar
— Ah, está falando sobre o caso do seu pai adotivo? Eu ouvi falar. — Marta comentou com tranquilidade, sem demonstrar surpresa. — Tem muita gente falando sobre isso por aí, mas eu te conheço há tempo suficiente para saber que tipo de pessoa você é.A voz de Marta continuava serena, mas Zara sentiu algo quente se espalhar em seu peito, como se, pouco a pouco, aquecesse seu coração. Sem conseguir evitar, apertou as mãos com força e respondeu baixinho:— Obrigada.— Bom, agora que terminamos de falar sobre você e Orson, vamos ao que interessa: minha vez. — Marta mudou de assunto abruptamente. — Hoje, eu que preciso te agradecer.— Eu… Não precisa agradecer.O olhar confuso de Zara fez Marta rir.— O que foi? Te assustei?— Não… Só me pegou de surpresa.— Surpresa por quê? Porque está acostumada a me ver apenas como a mãe do Orson e esqueceu que, antes de qualquer coisa, também sou uma mulher?Zara hesitou, sem saber como responder. Abaixou os olhos, refletindo por um momento, antes de per
— Mana.A voz nítida veio de trás. Zara parou por um instante, mas logo continuou andando como se não tivesse ouvido nada.Fiona, no entanto, a alcançou rapidamente e, no momento exato em que Zara ia subir as escadas, segurou sua mão.— Mana, por que você está me ignorando? Você está mesmo morando aqui? Pra quê isso? Tanto sacrifício, se ao menos…— Solta. — Zara cortou suas palavras sem demonstrar qualquer expressão.Fiona ficou parada, sustentando o olhar dela por alguns segundos, antes de soltar um riso repentino.— Zara, desse jeito não tem graça. Você sabe como está a situação em casa? Por sua causa, a mamãe adoeceu! E a empresa também está passando por dificuldades, tudo isso porque…— Não foi você quem armou tudo isso? — Zara interrompeu sem rodeios.— Eu…Fiona ainda tentou se justificar, mas antes que pudesse dizer algo, Zara continuou:— Você se lembra daquela noite no carro? Tudo o que você disse… Eu gravei.Fiona ficou paralisada.— O quê… O que você disse?— Eles podem não
Zara e Orson já estavam divorciados, como poderiam ainda estar enredados um com o outro?Orson não tinha enlouquecido, e agora que Zara estava em uma situação complicada, quem iria querer se envolver com ela?Depois de esperar mais alguns minutos, Fiona finalmente relaxou por completo e olhou para o motorista à frente.— Pode ir.— Certo, pra onde? — O motorista respondeu de imediato, mas, ao fazer a pergunta, percebeu que os passageiros no banco de trás não deram nenhuma resposta.Ele olhou pelo retrovisor, intrigado, e viu Fiona encarando fixamente um ponto do lado de fora da janela.— Uau, aquilo é um Maserati? Não acredito que tem alguém por aqui rodando com um carro desses! — Comentou ele, impressionado.Fiona, no entanto, não reagiu. Seus olhos estavam cravados no veículo, e ela mordia os lábios com tanta força que já havia machucado a pele, mas parecia não perceber.Não podia ser Orson. Simplesmente não podia. Ele não deveria estar ali. E, ainda mais impossível, era ele estar co
No terceiro dia, Zara acabou indo ao hospital.Ela usava uma máscara e confirmou com a enfermeira que Vera realmente estava internada, mas não conseguiu obter detalhes sobre seu estado de saúde.Em silêncio, Zara pegou o elevador e subiu até o andar certo. Assim que chegou à porta do quarto, ouviu a conversa entre Vera e Fiona.— Eu acho o Evander um ótimo rapaz. No futuro, quando vocês se casarem, com certeza vão...— Mas, mamãe, eu não gosto dele! — A voz de Fiona carregava um tom choroso. — E ele também não gosta de mim, sabia? Ele não se machucou num acidente de carro dias atrás. Na verdade, foi por causa de...De repente, Fiona parou de falar.Vera, no entanto, insistiu:— Foi por quê?— O fato é que ele gosta de outra pessoa! E eu não quero me casar com ele!Vera ficou em silêncio, e Fiona, vendo a oportunidade, segurou sua mão com força.— Mamãe, eu amo o Orson de verdade! Me ajude, por favor! O Evander nem tem mais espaço na família Soares. Se eu me casar com ele, isso não trar