Quando o telefone de Marta tocou, Zara tinha acabado de voltar para seu apartamento na Rua dos Ventos.— Tem um tempo? — A voz de Marta era direta e objetiva. — Vamos nos encontrar.Zara sabia que não tinha como fugir desse encontro. Além disso... Também tinha perguntas que queria responder. Por isso, não recusou o pedido de Marta.Marta marcou o encontro em um café. Quando Zara chegou, ela já estava sentada em um dos salões reservados.Ela vestia o mesmo vestido branco de sempre, os cabelos estavam presos em um coque elegante, e o tempo parecia não ter deixado nenhuma marca em seu rosto. Continuava tão refinada e deslumbrante quanto antes.Assim que Zara entrou, Marta colocou uma xícara de café à sua frente.— Prove. Lembro que você adorava esse sabor.Zara agradeceu e pegou a xícara, tomando um gole leve.— Quando foi que você e Orson voltaram a ficar juntos? — Marta perguntou de repente.Os dedos de Zara hesitaram por um instante. Então, ela ergueu os olhos lentamente.— Para falar
— Ah, está falando sobre o caso do seu pai adotivo? Eu ouvi falar. — Marta comentou com tranquilidade, sem demonstrar surpresa. — Tem muita gente falando sobre isso por aí, mas eu te conheço há tempo suficiente para saber que tipo de pessoa você é.A voz de Marta continuava serena, mas Zara sentiu algo quente se espalhar em seu peito, como se, pouco a pouco, aquecesse seu coração. Sem conseguir evitar, apertou as mãos com força e respondeu baixinho:— Obrigada.— Bom, agora que terminamos de falar sobre você e Orson, vamos ao que interessa: minha vez. — Marta mudou de assunto abruptamente. — Hoje, eu que preciso te agradecer.— Eu… Não precisa agradecer.O olhar confuso de Zara fez Marta rir.— O que foi? Te assustei?— Não… Só me pegou de surpresa.— Surpresa por quê? Porque está acostumada a me ver apenas como a mãe do Orson e esqueceu que, antes de qualquer coisa, também sou uma mulher?Zara hesitou, sem saber como responder. Abaixou os olhos, refletindo por um momento, antes de per
— Mana.A voz nítida veio de trás. Zara parou por um instante, mas logo continuou andando como se não tivesse ouvido nada.Fiona, no entanto, a alcançou rapidamente e, no momento exato em que Zara ia subir as escadas, segurou sua mão.— Mana, por que você está me ignorando? Você está mesmo morando aqui? Pra quê isso? Tanto sacrifício, se ao menos…— Solta. — Zara cortou suas palavras sem demonstrar qualquer expressão.Fiona ficou parada, sustentando o olhar dela por alguns segundos, antes de soltar um riso repentino.— Zara, desse jeito não tem graça. Você sabe como está a situação em casa? Por sua causa, a mamãe adoeceu! E a empresa também está passando por dificuldades, tudo isso porque…— Não foi você quem armou tudo isso? — Zara interrompeu sem rodeios.— Eu…Fiona ainda tentou se justificar, mas antes que pudesse dizer algo, Zara continuou:— Você se lembra daquela noite no carro? Tudo o que você disse… Eu gravei.Fiona ficou paralisada.— O quê… O que você disse?— Eles podem não
Zara e Orson já estavam divorciados, como poderiam ainda estar enredados um com o outro?Orson não tinha enlouquecido, e agora que Zara estava em uma situação complicada, quem iria querer se envolver com ela?Depois de esperar mais alguns minutos, Fiona finalmente relaxou por completo e olhou para o motorista à frente.— Pode ir.— Certo, pra onde? — O motorista respondeu de imediato, mas, ao fazer a pergunta, percebeu que os passageiros no banco de trás não deram nenhuma resposta.Ele olhou pelo retrovisor, intrigado, e viu Fiona encarando fixamente um ponto do lado de fora da janela.— Uau, aquilo é um Maserati? Não acredito que tem alguém por aqui rodando com um carro desses! — Comentou ele, impressionado.Fiona, no entanto, não reagiu. Seus olhos estavam cravados no veículo, e ela mordia os lábios com tanta força que já havia machucado a pele, mas parecia não perceber.Não podia ser Orson. Simplesmente não podia. Ele não deveria estar ali. E, ainda mais impossível, era ele estar co
No terceiro dia, Zara acabou indo ao hospital.Ela usava uma máscara e confirmou com a enfermeira que Vera realmente estava internada, mas não conseguiu obter detalhes sobre seu estado de saúde.Em silêncio, Zara pegou o elevador e subiu até o andar certo. Assim que chegou à porta do quarto, ouviu a conversa entre Vera e Fiona.— Eu acho o Evander um ótimo rapaz. No futuro, quando vocês se casarem, com certeza vão...— Mas, mamãe, eu não gosto dele! — A voz de Fiona carregava um tom choroso. — E ele também não gosta de mim, sabia? Ele não se machucou num acidente de carro dias atrás. Na verdade, foi por causa de...De repente, Fiona parou de falar.Vera, no entanto, insistiu:— Foi por quê?— O fato é que ele gosta de outra pessoa! E eu não quero me casar com ele!Vera ficou em silêncio, e Fiona, vendo a oportunidade, segurou sua mão com força.— Mamãe, eu amo o Orson de verdade! Me ajude, por favor! O Evander nem tem mais espaço na família Soares. Se eu me casar com ele, isso não trar
— Se eu soubesse o que você passaria no futuro, teria te mantido presa ao meu lado desde pequena, sem deixar que você se afastasse de mim nem por um segundo. Mas, Zara, você sofreu todos esses anos, e acredite, eu também não tive uma vida melhor. Você quase se tornou mãe uma vez... O amor de uma mãe por um filho, isso você deve entender, né?As lágrimas de Vera caíram enquanto ela falava.Zara a observou por um instante e então perguntou:— Fale logo, qual é o verdadeiro motivo disso tudo?Sua voz era fria, sem um traço de emoção. Parecia uma espectadora impassível, interrompendo uma peça teatral no meio da encenação, tornando impossível que a trama seguisse adiante.Vera levantou a cabeça, olhando para ela com incredulidade.— Você… Como pode falar assim com sua própria mãe?— Então eu me enganei? — Zara sorriu de leve. — Você está bem, não é? Ótimo, então eu já vou indo…— Espere!Ao ver que Zara realmente se levantava para sair, Vera não conseguiu se conter.A interrupção já era esp
Para Zara, as maldições de seus pais já não faziam diferença. No passado, ainda lhe causavam uma dor incômoda, como uma ferida sendo reaberta. Mas agora, ela não sentia absolutamente nada.Ela até conseguiu esboçar um leve sorriso antes de virar-se para responder:— Que pena que você não fez isso naquela época. Agora… Já não pode fazer mais nada.Vera ficou paralisada, incapaz de dizer qualquer coisa. Mas não foi pelas palavras de Zara, e sim pelo olhar que a filha lhe lançou. A sensação era de que estava sendo observada do alto, como uma formiga insignificante encarada por alguém muito acima dela.Até pouco tempo atrás, Zara sempre a olhava com medo, hesitante, como se ainda buscasse aprovação. Quando, afinal, as coisas entre elas tinham se tornado assim?O sangue de Vera parecia ter congelado em suas veias, seu corpo inteiro ficou rígido, sem conseguir reagir.Zara, por outro lado, não hesitou. Virou-se e foi embora sem olhar para trás.Enquanto Zara caminhava para fora, não sentia o
Orson entrou no carro imediatamente.— Estou a caminho.— Estamos aqui na rua dos bares. Minha irmã bebeu demais, estou pensando em levá-la para um hotel para ela descansar um pouco.— Não façam nada sozinhas. Me manda o endereço, estou indo.Assim que terminou de falar, Orson mandou o motorista arrancar.No entanto, Fiona parecia não ter prestado atenção no que ele disse depois. Simplesmente enviou o endereço e não disse mais nada.Quando Orson viu o local, imediatamente sentiu que algo estava errado. Sem hesitar, ligou para seu assistente e pediu que confirmasse se Zara estava em casa.Em seguida, ele mesmo tentou ligar para Zara. O telefone chamou, mas ninguém atendeu.Ao chegar ao hotel indicado, recebeu a resposta do assistente: Zara não havia voltado para casa.Sem perder mais tempo, Orson entrou no prédio.No quarto 1608, mal havia tocado a campainha, Fiona abriu a porta.O quarto estava quente, o aquecedor ligado no máximo. Ela usava apenas um vestido preto de alças finas e exa