CillianDiante do espelho, eu fazia caprichosamente o nó na gravata borboleta, quando alguém bateu na porta. Caminhei até ela, acreditando que fosse Sheryl, mas ao abri-la, lá estava um funcionário do hotel. — Boa noite, senhor Ballard. Isso foi deixado na recepção para o senhor. Estendeu-me uma sacola preta, lustrosa, sem nenhum logo aparente. Ela estava fechada com uma fita de cetim branca, em um laço grande e bem-feito. Apanhei-a e agradeci a ele, fechando a porta após dá-lo cinco dólares como gorjeta. Coloquei a sacola sobre a mesa do bar ao canto do quarto e puxei uma das pontas do laçarote. Ao abrir, vi um pedaço de tecido rosado e florido. Puxei-o lá de dentro, desdobrando-o. Não era um pedaço de tecido qualquer. E um vestido infantil e feminino. Um maldito vestido muito parecido com o qual Alfred obrigou-me a vestir. O sangue no meu corpo se esquentou e as mãos apertaram o tecido com tamanha força, causando um estalo nos punhos. Os dentes rangeram ao contrair da mandíbula.
CillianDurante duas horas, fiquei pelos cantos, contando cada segundo para ir embora dali. Sheryl estava um pouco entretida, conversando com velhos conhecidos. Eu já havia bebido quatro doses de uísque e a minha cabeça rodava um pouco. — Você não vem dançar comigo? — perguntou Caroline. — Deveria dançar com o seu marido, aproveitar cada segundo da noite de hoje. — Forcei um sorriso. — Eu não sei onde ele está. Deve estar com alguém do trabalho, conversando sobre coisas de trabalho. — Riu. Eu a olhei com cautela e um pouco de pena. A sua ingenuidade ainda destruiria o seu coração. — Acho que você devia ir procurá-lo. Ela assentiu e se foi. Ao longe, vi quando Alfred se afastou do seu grupinho de machos com masculinidade frágil e andou em direção ao salão coberto. Coloquei o copo sobre uma mesa qualquer e o segui com certa distância. Ele parou pelo caminho e cumprimentou uma mulher, beijando-a na mão. Mas logo andou em direção ao corredor que levava aos banheiros. As solas
CillianA bancada por onde passaria os formandos do mestrado, havia sido montada ao livre no campus da faculdade. O céu estava lindo, cheio de nuvens branquinhas que flautavam acima de nós com a sua calmaria. O vento calmo soprava as folhas nas copas das árvores, mas o calor estava um tanto insuportável naquela manhã. Pouco a pouco, os estudantes foram chamados no pequeno palco. Quando o nome da Cristina foi pronunciado, o meu coração palpitou e eu engoli em seco o nervosismo entalado na garganta. Pela primeira vez em meses eu a olharia nos olhos e tocaria a sua mão ao cumprimentá-la. Imaginar isso me deixava imensamente nervoso. Ela estava radiante. Tinha um enorme sorriso e olhos brilhantes. A energia que emanava dela, era vibrante. Após pegar o canudo e fazer uma pausa breve para uma foto, ela passou pelos professores na bancada, apertando a mão de cada um deles. Quando ela parou à minha frente, o seu sorriso amenizou, mas não vi mágoa ou raiva neles, como pensei que veria. Fui
CillianSentado relaxadamente no sofá, deitei cabeça no encosto e encarei o teto um tanto pensativo. Levei o copo com o uísque até a boca e tomei um gole. Mas antes que eu tivesse tempo de engoli-lo, o arrepio familiar subiu as pernas, alojando-se nas minhas entranhas. Engoli o líquido ardente e fechei as pálpebras. Levei a mão livre até os cabelos de Yvana e então gozei em um gemido alto, puxando firmemente os seus fios ruivos. Ela se ergueu e sentou-se no meu colo, de frente para mim. Segurou o meu rosto entre as suas mãos e aproximou a sua face da minha, pronta para me beijar, mas não permiti. Deitei a cabeça novamente no encosto do sofá, voltando a encarar o teto. — Por que você nunca me beija? — Porque eu não quero. — Tomei o restante do uísque. Ela riu com escárnio. — Sabe o que eu acho? — Não quero saber. — Forcei um sorriso. — Acho que está guardando os seus lábios para alguém que claramente não te quer. Encarei-a feio. — E por que pensa isso? — Faz quatro meses qu
CillianAs minhas mãos estremeceram e eu a ansiedade invadiu-me subitamente, junto a muita preocupação. Os meus olhos passearam por sua roupa, e eu observei como ela estava vestindo preto dos pés à cabeça. — Fala logo! — O meu tom saiu desesperados e um tanto rude. Anna engoliu em seco e olhou-me com muita tristeza. — O Pedro faleceu na tarde de sexta-feira. Aquela notícia havia pegando-me completamente desprevenido. O meu coração palpitou ainda mais forte e rápido. Uma leve tontura abalou o meu cérebro. Olhei para cima e respirei fundo algumas vezes. — Como isso aconteceu? — Foi um ataque cardíaco. A Cristina estava com ele. Ed está me levando para lá agora. O velório será logo mais tarde. Acho que devia ir. Olhei-a com um nós na garganta e olhos molhados. Não conseguia crer que isso havia acontecido. — Acredito que a última pessoa que a Cristina queira ver agora, sou eu. Ela negou com a cabeça. — Não. Embora ela negue, sei que ainda ama você. — Você é quem mais me quis l
CillianCristina chorou ressentida por longos minutos. Quando afastou o seu rosto, ele estava completamente molhado e as bochechas tão vermelhas quanto o nariz. As suas pálpebras estavam um pouco inchadas. Nós nos olhamos, olho no olho, enquanto eu delicadamente em secava a sua face. — Obrigada por estar aqui — disse ela, baixinho. — Estou aqui desde a igreja, mas… estava com medo de chegar perto demais. — Cristina… — Uma senhora a chamou, nos interrompendo. Cristina me soltou e foi até ela, abraçando-a rapidamente. Elas começaram a conversar e eu as deixei sozinhas. As gêmeas estavam sentadas nos degraus da escada, desoladas. O meu coração se apertou cheio de pena. — Olá, meninas. — Oi — responderam em uníssono, cabisbaixas. — Vocês estão com fome? Elas negaram com a cabeça. — Querem me contar uma história lá em cima? Novamente, negaram com a cabeça, após hesitarem por alguns segundos. — Estamos cansadas — disse Bela. — Então acho deverem ir se deitar. — Não queremos
CillianCaminhei até a recepção e pedi por uma chave. Ao sair, Cristina estava escorada ao carro, esperando por mim. Acompanhados de um clima tenso, subimos a escada para o piso de cima. Parei diante do quarto e destranquei a porta, dando passagem para ela. Cristina andou até mais adiante, retirou o sobretudo e colocou-o sobre o encosto da cadeira ao canto. Liguei o aquecedor e me aproximei, porém, mantendo um metro de distância entre nós. Ela se virou para mim e me olhou nos olhos. O silêncio começava a se tornar insuportável. — Precisa dizer alguma coisa — eu disse. Ela deu um passo na minha direção e parou. — Não ter me contato isso antes foi de um tremendo egoísmo. — falou, e outro passo foi dado. — Estou brava. E quero gritar com você, mas não tenho energia para isso. — Sinto muito. — Por isso não queria que eu conhecesse a sua família? Tinha medo de que eu descobrisse. — Muito medo. Todas as vezes que contei para uma mulher com quem estava me envolvendo a reação foi… pés
CillianCristina afastou o rosto e olhou-me com um olhar satisfeito e desejoso. Eu a ajudei se colocar de pé e puxei-a para mim novamente, abraçando-a. Sem esperar por uma iniciativa sua, beijei-a com gula, saudade e um pouco de fúria. Terminei de tirar as peças de roupa e me livrei do sapato em seguida. Levantei-a do chão e deitei-a na cama. De joelhos entre as suas pernas, comecei a tirar a sua roupa. Primeiro, os sapatos. Depois, o vestido de veludo preto e, por último, retirei a meia-calça e a lingerie um tanto sensual. Nus, acomodei-me sobre ela. Cristina me puxou para mais um beijo, lento e suave, enquanto eu começava a me mover, tocando as nossas intimidades. Estávamos muito excitados e desesperados por prazer. A sua pele estava arrepiada. Quando os nossos pontos sensíveis se tocaram, ela gemeu, cravando as unhas nas minhas costas. Laçou o meu quadril com a sua perna direita e eu ergui a sua esquerda. Cristina fechou os olhos e enterrou a cabeça entre os travesseiros, enqu