CillianSentado relaxadamente no sofá, deitei cabeça no encosto e encarei o teto um tanto pensativo. Levei o copo com o uísque até a boca e tomei um gole. Mas antes que eu tivesse tempo de engoli-lo, o arrepio familiar subiu as pernas, alojando-se nas minhas entranhas. Engoli o líquido ardente e fechei as pálpebras. Levei a mão livre até os cabelos de Yvana e então gozei em um gemido alto, puxando firmemente os seus fios ruivos. Ela se ergueu e sentou-se no meu colo, de frente para mim. Segurou o meu rosto entre as suas mãos e aproximou a sua face da minha, pronta para me beijar, mas não permiti. Deitei a cabeça novamente no encosto do sofá, voltando a encarar o teto. — Por que você nunca me beija? — Porque eu não quero. — Tomei o restante do uísque. Ela riu com escárnio. — Sabe o que eu acho? — Não quero saber. — Forcei um sorriso. — Acho que está guardando os seus lábios para alguém que claramente não te quer. Encarei-a feio. — E por que pensa isso? — Faz quatro meses qu
CillianAs minhas mãos estremeceram e eu a ansiedade invadiu-me subitamente, junto a muita preocupação. Os meus olhos passearam por sua roupa, e eu observei como ela estava vestindo preto dos pés à cabeça. — Fala logo! — O meu tom saiu desesperados e um tanto rude. Anna engoliu em seco e olhou-me com muita tristeza. — O Pedro faleceu na tarde de sexta-feira. Aquela notícia havia pegando-me completamente desprevenido. O meu coração palpitou ainda mais forte e rápido. Uma leve tontura abalou o meu cérebro. Olhei para cima e respirei fundo algumas vezes. — Como isso aconteceu? — Foi um ataque cardíaco. A Cristina estava com ele. Ed está me levando para lá agora. O velório será logo mais tarde. Acho que devia ir. Olhei-a com um nós na garganta e olhos molhados. Não conseguia crer que isso havia acontecido. — Acredito que a última pessoa que a Cristina queira ver agora, sou eu. Ela negou com a cabeça. — Não. Embora ela negue, sei que ainda ama você. — Você é quem mais me quis l
CillianCristina chorou ressentida por longos minutos. Quando afastou o seu rosto, ele estava completamente molhado e as bochechas tão vermelhas quanto o nariz. As suas pálpebras estavam um pouco inchadas. Nós nos olhamos, olho no olho, enquanto eu delicadamente em secava a sua face. — Obrigada por estar aqui — disse ela, baixinho. — Estou aqui desde a igreja, mas… estava com medo de chegar perto demais. — Cristina… — Uma senhora a chamou, nos interrompendo. Cristina me soltou e foi até ela, abraçando-a rapidamente. Elas começaram a conversar e eu as deixei sozinhas. As gêmeas estavam sentadas nos degraus da escada, desoladas. O meu coração se apertou cheio de pena. — Olá, meninas. — Oi — responderam em uníssono, cabisbaixas. — Vocês estão com fome? Elas negaram com a cabeça. — Querem me contar uma história lá em cima? Novamente, negaram com a cabeça, após hesitarem por alguns segundos. — Estamos cansadas — disse Bela. — Então acho deverem ir se deitar. — Não queremos
CillianCaminhei até a recepção e pedi por uma chave. Ao sair, Cristina estava escorada ao carro, esperando por mim. Acompanhados de um clima tenso, subimos a escada para o piso de cima. Parei diante do quarto e destranquei a porta, dando passagem para ela. Cristina andou até mais adiante, retirou o sobretudo e colocou-o sobre o encosto da cadeira ao canto. Liguei o aquecedor e me aproximei, porém, mantendo um metro de distância entre nós. Ela se virou para mim e me olhou nos olhos. O silêncio começava a se tornar insuportável. — Precisa dizer alguma coisa — eu disse. Ela deu um passo na minha direção e parou. — Não ter me contato isso antes foi de um tremendo egoísmo. — falou, e outro passo foi dado. — Estou brava. E quero gritar com você, mas não tenho energia para isso. — Sinto muito. — Por isso não queria que eu conhecesse a sua família? Tinha medo de que eu descobrisse. — Muito medo. Todas as vezes que contei para uma mulher com quem estava me envolvendo a reação foi… pés
CillianCristina afastou o rosto e olhou-me com um olhar satisfeito e desejoso. Eu a ajudei se colocar de pé e puxei-a para mim novamente, abraçando-a. Sem esperar por uma iniciativa sua, beijei-a com gula, saudade e um pouco de fúria. Terminei de tirar as peças de roupa e me livrei do sapato em seguida. Levantei-a do chão e deitei-a na cama. De joelhos entre as suas pernas, comecei a tirar a sua roupa. Primeiro, os sapatos. Depois, o vestido de veludo preto e, por último, retirei a meia-calça e a lingerie um tanto sensual. Nus, acomodei-me sobre ela. Cristina me puxou para mais um beijo, lento e suave, enquanto eu começava a me mover, tocando as nossas intimidades. Estávamos muito excitados e desesperados por prazer. A sua pele estava arrepiada. Quando os nossos pontos sensíveis se tocaram, ela gemeu, cravando as unhas nas minhas costas. Laçou o meu quadril com a sua perna direita e eu ergui a sua esquerda. Cristina fechou os olhos e enterrou a cabeça entre os travesseiros, enqu
CillianNo caminho para fora da cidade, comprei flores e fui ao cemitério. Sobre o túmulo recém-fechado, muitas coroas de flores e buquês. Agachei-me ali e coloquei o as flores junto as outras. — Bom, você realmente deu um jeito de nos ajudar. Mesmo que não em boas circunstâncias, obrigado. Após dizer adeus, dirigi de volta para Nova Iorque, era onze horas quando entrei em casa. A minha mãe estava sentada no sofá, lendo algo no seu Kindle com uma taça de vinho ao lado. — Oi, querido. Estendeu a sua mão para mim. Eu a segurei-a e fui puxado para me sentar junto dela. — Como a Cristina está? — Um pouco em negação, eu diria. Mas bem, dentro do possível. — E sobre vocês? — Não sei dizer. Eu… contei a ela. Não sei se fiz isso em boa hora, mas não aguentava mais guardar isso dela. — E como ela reagiu? — Disse que odeia que eu não tenha dito antes. E depois ela... me beijou. — Isso é bom. — Sorriu. — É. É sim. Ruim será se ela apenas decidir depois dessa tarde que eu não sou bom
Cillian— Desde a fotografia, o sexo, a nossa conversa… Agora conheço o motivo por de trás de tudo o que aconteceu, embora mentir para mim continue sendo muito errado. E também conheço você melhor do que antes. Isso é bom. Um leve enjoo me apeteceu e eu respire fundo, fechando os olhos por alguns segundos. — Sei que a verdade e os meus medos não justifica tudo o que fiz. Aquela tarde no escritório, fui muito infeliz. Não podia ter tradado o que tínhamos rudemente. O que estávamos vivendo era… — Incrível — ela concluiu, e eu assenti. — Preciso dizer que doeu ficar longe de você. E senti a sua falta todos os dias. Também preciso dizer que estou por um triz de falar que quero você de volta na minha vida, mas… estou com medo. — Do quê? — De dar errado de novo. Eu já tive outros relacionamentos que não acabaram bem, mas a intensidade das relações não foram nada comparado ao que tivemos nem ao quanto sofri quando terminamos. Quando começamos a nos envolver, achei que estava pronta para
CillianQuando saímos da ducha, ela vestiu uma das minhas camisetas e se deitou na cama, com o meu globo de neve nas mãos. Ela o balança e depois assistia à neve cair sobre a pequena London Eye. Os seus cabelos molhados pediam da beirada da cama. Com a toalha em mãos, eu me agachei e sequei mais dos seus fios. — Posso secá-los com o secador se quiser. — Não precisa. Está tudo bem. — Sorriu. Beijei a sua testa e me deitei ao seu lado. — Acho que devíamos ir para Londres — falei. — Comecei em um trabalho novo no mês passado, com a promotoria geral. — Uau! Que incrível. — É sim. Por isso vai demorar um pouco até que eu possa me ausentar para viajar para algum lugar. Ela apoiou o globo sobre a barriga e olhou para mim. — Quero que me fale mais sobre você. — O que quer saber? — Tudo. — Tem alguma pergunta? — Como foi passar pela transição? — Foi difícil. Traumático. Mas… estou bem, agora. E feliz com o corpo que tenho. — Quantos anos tinha quando passou pela mastectomia?