CillianQuando saímos da ducha, ela vestiu uma das minhas camisetas e se deitou na cama, com o meu globo de neve nas mãos. Ela o balança e depois assistia à neve cair sobre a pequena London Eye. Os seus cabelos molhados pediam da beirada da cama. Com a toalha em mãos, eu me agachei e sequei mais dos seus fios. — Posso secá-los com o secador se quiser. — Não precisa. Está tudo bem. — Sorriu. Beijei a sua testa e me deitei ao seu lado. — Acho que devíamos ir para Londres — falei. — Comecei em um trabalho novo no mês passado, com a promotoria geral. — Uau! Que incrível. — É sim. Por isso vai demorar um pouco até que eu possa me ausentar para viajar para algum lugar. Ela apoiou o globo sobre a barriga e olhou para mim. — Quero que me fale mais sobre você. — O que quer saber? — Tudo. — Tem alguma pergunta? — Como foi passar pela transição? — Foi difícil. Traumático. Mas… estou bem, agora. E feliz com o corpo que tenho. — Quantos anos tinha quando passou pela mastectomia?
CillianUm ano depois… Há horas chovia sem parar. Deixei a faculdade mais cedo e segui para Madison. Entrei em algumas joalherias em busca do anel perfeito. Cristina gostava daquele que foi dado por Amy. Ela era adepta a acessórios mais delicados, sem muita pedraria. Depois de algumas horas frustrantes, me cansei um pouco. Entrei em uma padaria e comprei um café e croissant. Na saída, um homem enxotava um cãozinho que se tremia de frio junto a parede. O seu pelo encardido estava molhado. Os olhos diziam que ele sentia fome e medo. — Aí! Qual o seu problema? — perguntei ao homem, usando de um tom um pouco irritado. — Ele não pode ficar aqui na porta! — E você não pode bater nele! — Cães de rua são como ratos. Não gostou? Leva para casa. — Deu-me as costas entrando na padaria. — Imbecil — resmunguei. O cachorro não era tão pequeno e já não parecia tão jovem. Era inacreditável que as pessoas passavam alheias a uma vida indefesa que implorava apenas com olhos por socorro ou um po
CillianEnquanto eu tomava banho, ele rolava no chão aquecido do banheiro. Foi engraçado assisti-lo. Ao sair da ducha, olhei as horas no celular. Cristina chegaria logo em casa. No closet, escolhi por uma roupa, que fosse adequada para pedi-la em casamento, mas que não fosse um terno e uma gravata. Diante do espelho, olhei para as suas coisas que ocupavam metade do meu closet agora. Parecia um sonho dormir e acordar com ela todos os dias. Essa era a nossa vida há seis meses e precisava tornar tudo oficial. Precisava dizer para meus colegas no trabalho que a minha esposa esperava por mim em casa, por isso eu tinha que ir logo e declinar o convite para o happy hour. Bem-vestido, retornei para a sala. George veio logo no meu encalço. Em uma das gavetas da cozinha, cortei um pedaço de fita de cetim e apanhei o anel na sacola. — Vem aqui, George. Ele se aproximou e eu o peguei, sentando-me no sofá com ele no meu colo. Na sua coleira, junto da plaquinha que dizia o seu nome, amarrei
Parte TrêsOs Erros, as Lições e Os AcertosCristina Os sinos da igreja badalaram por longos três minutos ao fim do casamento. O véu se arrastava nos degraus escada abaixo, enquanto uma chuva de pétalas brancas caia sobre nós. Olhei para o lado, feliz com o momento, e meus olhos encontraram os de Cillian. Ele tinha lágrimas empoçada nos seus, e sabia o que ele estava pensando, porque eu não pensava diferente.Era para ser nós!Meu sorriso se desfez e olhei novamente para Anna. Antes de entrar na limusine, ela parou e olhou para trás, sorridente. Contamos até cinco e ela jogou o seu buquê por cima da cabeça. Ele voou alto e caiu diretamente nos braços da minha mãe, que estava distante. Eu e Marisol rimos, indo até ela.— Acho que ela devia jogar de novo — disse nossa mãe.— De jeito nenhum! — contestei. — É seu. Voou diretamente para você.Acenando para nós, Anna e Ed entraram na limusine e seguiram rumo à festa de casamento.Senti alguém se aproximar pelas minhas costas e olhei por c
Cristina— Senhoras e senhores, se me permitem a sua atenção, juntem-se a mim erguendo as suas taças para celebrar a união de duas almas extraordinárias – Anna e Ed.Uma curta salva de palmas, ecoou pelo lugar antes que todos se sentassem e erguessem o seu champanhe. Olhando para Anna, comecei a discursar:— Hoje estamos aqui não apenas para testemunhar, mas para comemorar o amor puro e verdadeiro que floresceu entre esses dois corações especiais. Anna e Ed, o caminho que vocês escolheram trilhar juntos é agora pavimentado com promessas de carinho, compreensão e alegrias compartilhadas.Que cada dia dessa nova jornada seja uma nova página repleta de risos, superações e, acima de tudo, amor incondicional e lealdade. Olhando para o futuro que se desenha diante de vocês, desejamos que cada nascer do sol traga consigo uma renovada apreciação um pelo outro.Que a riqueza dos momentos compartilhados seja medida não apenas em anos, mas em alegria, lágrimas consoladas e sonhos realizados lado
CristinaSete meses antes....À minha frente eu tinha quatro tons de bege que, aos meus olhos, eram iguais, mas, segundo a cerimonialista, não. Onde estava o noivo para ajudar na escolha? Olhei as horas no relógio de pulso e passava das oito. Cillian ainda não havia chegado. Ele havia me ligado por volta das quatro e dito que iria para um bar com alguns colegas de trabalho no fim do dia, mas não disse que chegaria tão tarde.Eu não me importava com isso. Pelo contrário, estava feliz que ele finalmente estivesse fazendo amigos na universidade, tendo em vista que Ed era seu único por aqui.A porta da frente fez barulho e George saltou da poltrona, correndo até lá.— Oi, garoto — disse Cillian com uma voz engraçada, pegando o nosso cãozinho no colo.Eu me levantei e fui até ele.— Oi, amor. — Selou os meus lábios.— Oi.Ele colocou George no chão e puxou-me para ele, segurando-me pela cintura.— Chegou um pouco tarde — disse, com medo parecer chata ou controladora.— Me desculpe.Acarici
CristinaCillian voltou para a sala, vestindo um conjunto de moletom preto e tênis de corrida. Ele ia sair para correr. Era assim que aliviava a sobrecarga emocional que sentia às vezes.Na cozinha, bebeu um pouco de água e veio até mim.— Volto em quarenta minutos.Beijou a minha testa e se foi.Eu odiava profundamente o que o seu passado causava a ele, mesmo que tenha superado tudo. Algumas pessoas devem achar que superar é esquecer, mas, na verdade, se resume apenas em não se afogar na dor causada pelos traumas, que jamais são esquecidos.Levou muito tempo para que Cillian conseguisse me contar o que seu pai fez com ele. Mais tempo ainda, para contar sobre a tortura e o abuso sexual que sofreu na escola. A cada dia, ele contava um pouco da sua história. Quando percebia que estava prestes a me desmanchar em lágrimas ele parava.Não acho que tenha demorado para falar ou que contava em partes para melhor conforto seu. Mas sim para um melhor conforto meu. Ele entendia e sabia que ouvir
CristinaEle beijou o meu pescoço e depois chupou o lóbulo da minha orelha. Gemeu rouco em meu ouvido, deixando-me com ainda mais tesão.Ele desceu seu clitóris até a minha entrada, e penetrou-me por alguns segundos até voltar para o meu ponto que pulsava cada vez mais forte.Eu senti o meu corpo se arrepiar e estremecer em seguida. Ele também sentiu. Olho no olho, gozei. Cillian não demorou muito e se desfez em prazer logo depois de mim.Agarrando ao meu corpo, ele me beijou cheio de cuidado e romantismo.— Eu amo o jeito como você me toca com tanto desejo — disse ele, levemente ofegante.— Eu amo o simples fato de poder tocar você. Seja com as minhas mãos ou a minha boca.Sorri, maliciosa. Ele sorriu de voltar e selou os meus lábios, mordendo de leve o inferior.— Cillian...Olhou-me.— Me foda mais. Preciso de mais de essa noite.Ele cheirou o meu pescoço e beijou o meu ombro, antes de se levantar.— Já volto. — Caminhou para o closet.Sorri para o teto, sabendo exatamente o que el