Capítulo 1

Vincent Blake

Puxando a porta que dá acesso ao interior do calabouço, adentrei o ambiente que já tem um cheiro particular de sangue e brasa impregnados em cada parede deste local. 

E isso não me incomoda nenhum pouco.

Apesar de calabouço estar sempre em funcionamento, hoje foi um dia atípico. 

Por onde olho, encontro corpos sem vidas, espalhados e até mesmo destroçados pelos cantos. As paredes sujas de sangue demonstram o quanto foi sangrento essa ultima seção. Através dos corredores, é possivel ver marcações de mãos e dedos ensanguentados e muitos projéteis de munição que se perdem através do longo galpão.

A brincadeira realmente rendeu e eu não participei.

. Atravessando o corredor principal, levantei meu pé para desviar de um corpo atravessado no caminho. Há alguns metros de mim, tem soldados puxando pelos pés cada corpo sem vida para o local correto. Cada soldado levando seu cadáver para ser incinerado. 

Ao meu ver, serrá um longo trabalho. 

Assim que cheguei na última sala do corredor, onde normalmente acontecem os interrogatórios, eu puxei o ar para meus pulmões enquanto colocava minha máscara mais uma vez. 

A verdade é que esses últimos dias foram desgastantes ao extremo e estou exausto e furioso por cada situação que tem ocorrido.

Viemos da Rússia depois da invasão. 

Um assassino esteve no mesmo quarto em que Mavie estava dormindo e isso soa perigoso demais. 

Sem falar que um homem morreu enquanto o outro invasor escapou,  então quem garante que foi uma tentativa de nos intimidar? 

Quem garante que os dois não são da mesma mafia porem com interesses diferentes?

Abrindo a porta, encontrei Sebastian com um alicate de ponta fina e uma marreta de cabo curto em mãos e sádico do jeito que é, soltou a marreta no chão e levantou o alicate ensanguentado com um dente em sua ponta.  

Soltando uma risada, fechei a porta e disse.

— Você esta parecendo a fada do dente.

Negando com a cabeça, Sebastian rebate enquanto ri.

— Quer ver a vara magica?

Soltando uma risada, ergui o dedo médio para meu primo enquanto negava com a cabeça e me aproximando dos dois, olhei para o para o homem que estava extraindo dentes e vejo que ele está desacordado, todo sujo de sangue, com alguns cortes na pálpebra e um hematoma no queixo, amarrado na cadeira enquanto a corda sustenta todo o seu peso. 

Deve ter desmaiado após Sebastian extrair seu dente e olhando para o lado, vi que haviam mais alguns em cima da mesa.

Pelo jeito cheguei no fim da brincadeira.

— Vin, ele não aguentou te esperar por causa da emoção. 

Ouço Sebastian falar enquanto se afastava do corpo apagado a alguns metros de mim, e rindo, olhei para o homem babando sangue e perguntei. 

— Conseguiu arrancar algo dele? 

Negando em um gesto, Sebastian soltou o alicate sobre a mesa e respondeu com uma expressão séria. 

— Nada além dos dentes da frente. 

Assentindo, franzi a testa à medida que me aproximava do homem e o empurrei para trás, ajeitando-o na cadeira. 

Pegando um maçarico, comecei a pensar em como chegamos nesse homem, e abrindo a válvula de segurança, a chama se acendeu.  

Meus pensamentos se agitaram enquanto eu olhava a chama crescente diante dos meus olhos. Assim que parei a alguns metros do homem que se chama Diego, ouço meu primo murmurar. 

— Vou deixar você a vontade.

Eu assenti quando me curvei diante do homem, e olhando para as suas mãos amarradas, vejo que o dedo médio de cada mãos está sem a unha também. Negando com um gesto, esbocei um sorriso quando puxei seu dedo que estava com um pouco de sangue já seco e muito inchado e enfiei a chama do maçarico em cima. 

De imediato o homem acordou gritando, sentindo a dor em seu dedo queimado. Hipersensível por causa do dano da unha. 

As veias saltaram da garganta que brilhava por causa do suor quando eu continuei queimando seu dedo, e arrancando um lenço do meu bolso, enfiei na boca do Diego e desliguei a chama enquanto começava a falar. 

— Acho que não fomos apresentados. 

Sorri quando a cabeça do homem pendeu cansado para o lado, sua expressão estava apatica e demonstrava sua fraqueza mas sem me importar, eu prossegui. 

—  Você estava descansando quando cheguei. 

Ele finalmente abriu os olhos lacrimejados e olhou para mim, e eu então disse. 

— Já que acordou com uma demonstração do que eu posso fazer com você, acho bom você cooperar comigo. 

O homem inspirou pelo nariz enquanto seus olhos se fechavam lentamente e eu prossegui. 

— Caso contrário, sairemos daqui depois de fazermos um churrasco. 

Sacudi o maçarico em direção a ele e falei.

— Estou faminto. 

Passei a língua pelos lábios e nesse momento ele arregalou os olhos, me fazendo levantar e arrancar o lenço da sua boca. 

— Quero saber quem é o filho da puta que invadiu minha casa na Rússia. 

O homem cansado, me olhou de lado e murmurou devagar. 

— Eu já sei que você não vai ter piedade de mim, mas, ainda assim, só tenho uma coisa a dizer. 

Nesse momento ele se engasgou e fechou os olhos por alguns segundos enquanto tentava recuperar o folego, e puxando o ar para seus pulmões, ele balbuciou. 

— Você está na mira de um homem que retornou dos mortos e que tem sede do seu sangue, Blake. 

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