Kara Jimenez Cassandra estava histérica. Ela gritava como se a Bruna tivesse acabado de morrer. A situação fez Jasmim se assustar e eu precisei sair com ela para que as coisas não piorassem. Um médico foi chamado até a mansão e assim que ele terminou de examinar a Bruna, dirigiu seus cuidados para Jasmim. Ela estava bem e aquilo me deixou bastante aliviada. Depois disso a senhora Bruna foi levada para o andar de cima e eu não mais a vi. Eu trocava Jasmim no meu quarto quando a porta foi aberta bruscamente e a figura transtornada de Cassandra adentrou o ambiente e arrancou a menina de cima da cama. Ela até parecia um animal selvagem, pronto para me devorar. Assim que pegou Jasmim nos braços, que não parava de chorar, ela jogou uma revista em cima de mim. — É para isso que você tem abandonado a Jasmim? – eu desviei o olhar para a revista que agora eu segurava e me vi na capa principal – para tirar fotos como uma prostituta? Eu não parecia uma prostituta. Pelo contrário, acredito n
Kara Jimenez — Tem certeza de que é isso que você quer fazer? – Afrodite me dizia do outro lado da linha enquanto eu era impedida de responder, devido ao choro entalado na minha garganta. Só depois de algum tempo eu conseguir responder. — Foi um erro ter me relacionado com o Gustavo enquanto ele ainda estava casado com a Bruna – enxuguei as lágrimas – continua em tempo de consertar esse erro. Um longo silêncio percorreu entre mim e Afrodite. Eu apenas ouvia a respiração dela pesadamente, como se ela lamentasse por mim. Eu olhei para Jasmim, que dormia tranquilamente no berço, e meu peito se rasgou. Seria uma dor imensurável ter que abandoná-la, mas ela também não me pertencia e eu precisava me conformar com aquilo. — Você continua aí, Kara? – a voz dela me trouxe de volta. — Estou – disse em um tom fraco e baixo – preciso da sua ajuda para ir embora sem que o Gustavo saiba. Para um lugar bem longe daqui. — Claro! – outra longa pausa e eu sabia que ela também engolia o próprio c
Gustavo Henri O som estridente do despertador me fez abrir os olhos devagar e demorar mais do que deveria para encerrá-lo. Eu nunca precisava de um despertado para me levantar, mas naqueles últimos dias, desde a volta da Bruna para casa, eu não dormia direito. Aliás, nada mais tem funcionado direito na minha vida. Só me levantei quando a Jasmim chorou. Peguei ela no colo e desci as escadas lentamente em direção ao quarto da Kara. O sol ainda não havia apontado no céu, mas já estava claro. A mansão silenciosa trazia paz. Parei em frente a porta e me preparei para ter que olhar para a Kara dormindo e não poder dizer a ela o quanto a amava. Eram dias difíceis conviver com a babá da minha filha e não conseguir conversar com ela sem que o meu coração explodisse no peito. Havia dias em que eu parava na beira da sua cama e apenas a observava, ouvindo sua respiração e admirando sua beleza. Kara havia mudado a minha vida e o modo como eu encarava as coisas ao meu redor. Eu não sabia por qu
Gustavo. Eu não vi o que aconteceu depois. Eu não esperei nenhuma resposta da Bruna, simplesmente virei as costas e fui para o escritório me lamentar em paz. Minutos depois, ouvi gritos vindo da sala e, quando corri para ver o que acontecia, Bruna estava desmaiada nos braços de Cassandra e ela completamente histérica. — O que você fez, Gustavo? – ela batia no rosto de Bruna na intenção de despertá-la, mas seus esforços eram em vão – faça alguma coisa. Mas foi o choro de Jasmim que me chamou a atenção. Girei o pescoço e vi Antônia, trazendo-a até mim. — Onde está a Kara, senhor? – Antônia estava assustada. — A Kara pediu demissão – eu disse isso, quando ela murmurou baixinho, se lamentando – eu vou precisar de você para cuidar da Jasmim, até que eu… Outro grito. Agora, Cassandra gritava pelo telefone com alguém. Deixei Jasmim com a Antônia e peguei a Bruna em meus braços, levando-a até o carro e partindo em direção ao hospital. No caminho, liguei para o departamento do clube e ju
POV. Bruna Sanchez “Quero o divórcio”. Essas palavras ficavam indo e vindo em minha mente sem parar. Quando Cassandra entrou do quarto, eu desejei desaparecer para não ter que ouvi-la dizer o quanto errei tentando reconquistar o Gustavo. — Por que ele pediu o divórcio? A pergunta parecia idiota, porque assim como eu, Cassandra conhecia os motivos do Gustavo em querer se separar de mim, mas ela queria ter certeza de que a culpa era minha, para depois jogar sobre mim toda a sua frustração. — A babá finalmente foi embora – eu disse isso, mas sem nenhuma grande empolgação – ele quer se livrar de mim para poder ir atrás dela. Minha mãe estava surpresa e, ao mesmo tempo, feliz com a notícia. Não havia ninguém que detestasse a Kara mais do que ela. — Certamente o mérito não foi seu – abrir os meus lábios em espanto as palavras dela – não se esforçou para reconquistá-lo. Tínhamos um combinado e você não cumpriu. — Temos mesmo que ter essa conversa agora, mãe? – revirei os olhos aborr
Gustavo Henri. Saí do treino indo direto para a zona sul da cidade. O meu coração tinha esperança de encontrar Kara no bairro onde ela viveu sua vida inteira. Embora soubesse que Sebastian e Celeste fossem um perigo para a segurança dela, lembrei-me de que Kara era a herdeira de Rosa e que havia ficado com a antiga casa dela. Me lembrei também das últimas palavras dela, pedindo para que eu cuidasse de Olivia na sua ausência. Era um pedido especial e eu não poderia deixar de realizá-lo. Estacionei o carro em frente à residência e estranhei o fato de tudo estar escuro. Bati no portão por diversas vezes e isso chamou a atenção de alguns vizinhos. Aquilo era tudo o que eu não queria. Uma senhora se aproximou, desconfiada, até me reconhecer. — Não é todo dia que vemos um jogador de futebol por aqui – os olhos dela brilhavam, mas eu não tinha muito tempo. — Preciso falar com a Celeste – fui direto ao ponto, temendo que mais alguém aparecesse e eu não conseguisse fazer o que precisava
Gustavo Henri. — Deste o momento em diante, você se torna a babá das meninas. Antônia alargou o sorriso como se esperasse por isso há muito tempo, por outro lado, Marta protestou inconformada. — E como ficará a casa, senhor? – o rosto dela se tornou vermelho. Ela estava furiosa com a minha ideia – eu não darei conta dessa casa sozinha. — E não precisará – ela olhou para mim assustada, temendo o pior – vou contratar uma ajudante. Observei Marta soltar um suspiro de alívio. Aquela mulher tinha a índole suspeita, eu sabia disso desde o tempo que Cassandra a usava como informante, mas depois do desaparecimento de Kara, eu não podia me dar ao luxo de perder mais uma funcionária. Ainda assim, ela resmungava com a presença de Olivia, como se ela tivesse direito a isso. Ignorei sua atitude, para que não agisse injustamente. Apresentei Olivia a Antônia e disse que ela ficaria sob seus cuidados até o meu retorno. Olivia, ainda tímida, parecia não querer confiar em ninguém. Antônia esta
Marta chorava desesperadamente, em vão. Eu não cederia e muito menos sentiria pena de nenhuma das duas. Porém, diante da ira que dominava meu coração, eu me esqueci de que, expulsando a Bruna de casa, Jasmim iria com ela. Foi o momento mais difícil daquele dia, ter que me despedir de Jasmim, sem saber quando a veria novamente. Segurei-a em meus braços enquanto sentia as lágrimas escorrendo inevitavelmente. A dor era tão grande que eu até mesmo achei que morreria. Era como estar perdendo um pedaço do meu corpo, uma parte fundamental de mim, que me dava vitalidade e sentido para continuar vivendo. Quando o caos se acalmou, a casa ficou vazia. Já não havia mais a Kara e agora não havia mais a Jasmim. Horas depois, Cassandra entrou na casa e levou tudo o que havia sobrado da minha pequena filha. Ela me procurou pela mansão inteira, para tentar me persuadir a perdoar a Bruna e esquecer o que havia acontecido, mas eu saí de casa e só voltei quando Cassandra finalmente foi embora. Agora