POV. Bruna Sanchez “Quero o divórcio”. Essas palavras ficavam indo e vindo em minha mente sem parar. Quando Cassandra entrou do quarto, eu desejei desaparecer para não ter que ouvi-la dizer o quanto errei tentando reconquistar o Gustavo. — Por que ele pediu o divórcio? A pergunta parecia idiota, porque assim como eu, Cassandra conhecia os motivos do Gustavo em querer se separar de mim, mas ela queria ter certeza de que a culpa era minha, para depois jogar sobre mim toda a sua frustração. — A babá finalmente foi embora – eu disse isso, mas sem nenhuma grande empolgação – ele quer se livrar de mim para poder ir atrás dela. Minha mãe estava surpresa e, ao mesmo tempo, feliz com a notícia. Não havia ninguém que detestasse a Kara mais do que ela. — Certamente o mérito não foi seu – abrir os meus lábios em espanto as palavras dela – não se esforçou para reconquistá-lo. Tínhamos um combinado e você não cumpriu. — Temos mesmo que ter essa conversa agora, mãe? – revirei os olhos aborr
Gustavo Henri. Saí do treino indo direto para a zona sul da cidade. O meu coração tinha esperança de encontrar Kara no bairro onde ela viveu sua vida inteira. Embora soubesse que Sebastian e Celeste fossem um perigo para a segurança dela, lembrei-me de que Kara era a herdeira de Rosa e que havia ficado com a antiga casa dela. Me lembrei também das últimas palavras dela, pedindo para que eu cuidasse de Olivia na sua ausência. Era um pedido especial e eu não poderia deixar de realizá-lo. Estacionei o carro em frente à residência e estranhei o fato de tudo estar escuro. Bati no portão por diversas vezes e isso chamou a atenção de alguns vizinhos. Aquilo era tudo o que eu não queria. Uma senhora se aproximou, desconfiada, até me reconhecer. — Não é todo dia que vemos um jogador de futebol por aqui – os olhos dela brilhavam, mas eu não tinha muito tempo. — Preciso falar com a Celeste – fui direto ao ponto, temendo que mais alguém aparecesse e eu não conseguisse fazer o que precisava
Gustavo Henri. — Deste o momento em diante, você se torna a babá das meninas. Antônia alargou o sorriso como se esperasse por isso há muito tempo, por outro lado, Marta protestou inconformada. — E como ficará a casa, senhor? – o rosto dela se tornou vermelho. Ela estava furiosa com a minha ideia – eu não darei conta dessa casa sozinha. — E não precisará – ela olhou para mim assustada, temendo o pior – vou contratar uma ajudante. Observei Marta soltar um suspiro de alívio. Aquela mulher tinha a índole suspeita, eu sabia disso desde o tempo que Cassandra a usava como informante, mas depois do desaparecimento de Kara, eu não podia me dar ao luxo de perder mais uma funcionária. Ainda assim, ela resmungava com a presença de Olivia, como se ela tivesse direito a isso. Ignorei sua atitude, para que não agisse injustamente. Apresentei Olivia a Antônia e disse que ela ficaria sob seus cuidados até o meu retorno. Olivia, ainda tímida, parecia não querer confiar em ninguém. Antônia esta
Marta chorava desesperadamente, em vão. Eu não cederia e muito menos sentiria pena de nenhuma das duas. Porém, diante da ira que dominava meu coração, eu me esqueci de que, expulsando a Bruna de casa, Jasmim iria com ela. Foi o momento mais difícil daquele dia, ter que me despedir de Jasmim, sem saber quando a veria novamente. Segurei-a em meus braços enquanto sentia as lágrimas escorrendo inevitavelmente. A dor era tão grande que eu até mesmo achei que morreria. Era como estar perdendo um pedaço do meu corpo, uma parte fundamental de mim, que me dava vitalidade e sentido para continuar vivendo. Quando o caos se acalmou, a casa ficou vazia. Já não havia mais a Kara e agora não havia mais a Jasmim. Horas depois, Cassandra entrou na casa e levou tudo o que havia sobrado da minha pequena filha. Ela me procurou pela mansão inteira, para tentar me persuadir a perdoar a Bruna e esquecer o que havia acontecido, mas eu saí de casa e só voltei quando Cassandra finalmente foi embora. Agora
Gustavo Henri. O meu coração se preparava para o luto. Enquanto o mundo lá fora decidia sobre o meu destino, eu tentei não deixar o caos invadir minha casa e aproveitar cada momento ao lado de Heloise. O abraço que dei nela foi tão profundo e sincero que senti que deveria ter feito aquilo por mais vezes. Meu olhar recaiu sobre ela. Heloise estava tão magra, parecia frágil e pequena perto de mim e eu não conseguia segurar as lágrimas. Desviei o olhar para não mostrar o quanto eu estava preocupado. No fundo, eu não estava preparado para perder também a minha irmã. — Eu achei que quando eu chegasse, encontraria Jasmim aqui – Heloise enxugou as lágrimas e abriu um sorriso – eu conheço aquela garota apenas por fotografia, não queria partir sem antes… Foi como se ela perdesse o ar e não conseguisse mais prosseguir. Me sentei ao lado dela, segurando sua mão gélida e pequena. — Eu vou trazê-la para que você possa vê-la – eu me culpei por ficar tanto tempo longe da minha irmã, agora pa
Kara Jimenez Imediatamente, eu tirei o chip do celular e o joguei fora, quando Afrodite atravessou o beco e parou logo atrás de mim. Ela soube imediatamente o que eu estava fazendo quando seus olhos recaíram sobre mim. Eu ouvi seus passos instalando no chão na noite escura de nova Iorque, e me senti incapaz de virar para olhar em seus olhos. — Você ligou para ele – foi uma afirmação, quando seus olhos recaíram para o chip no chão e em seguida se levantaram para me olhar – ele vai descobrir onde nós estamos e será tarde demais. No fundo do meu coração, eu não me importava mais. As notícias que vinham do Brasil diziam que o Gustavo havia se separado da Bruna depois dela o trair pela segunda vez com o Donovan. Para piorar, Heloise estava de volta. Eu não queria acreditar no que as notícias diziam. Heloise estava em estado terminal e tudo o que eu queria era estar lá para abraçá-los. — Eu não sei o que deu em mim – enfiei o celular no bolso da calça com as mãos tremulas – eu só queria
Trancada no banheiro, eu tremia descontroladamente. Alguns segundos depois, Afrodite bateu à porta. Eu sabia que era ela, porque Clemente sempre ia embora mais cedo e me deixava responsável por fechar o estabelecimento. Eu me sentia desconfortável nessa posição, sozinha em Nova Iorque, às três da madrugada, com as portas abertas. Qualquer marginal poderia entrar e me fazer um grande mal. Enquanto ela chamava pelo meu nome, eu permaneci em silêncio. Engoli o choro e todo o medo que eu sentia e abri lentamente a porta. Afrodite me encarou, estreitando os olhos. Eu suspirei, mostrando meu rosto mais cansado. — Kara? – desviei o olhar do dela e observei aflita todo o ambiente – está procurando quem? Eu olhei de volta para ela e sei que o meu rosto denunciou o quanto eu estava assustada. — Podemos fechar o bar e ir embora? – disse, atropelando as palavras, enquanto me esgueirava e pegava minha bolsa embaixo do balcão. Afrodite passou os olhos sobre o local, percebendo que eu não hav
Gustavo Henri Os dias iam se passando lentamente e eu aproveitava minhas férias ao lado da minha família. Alugamos uma chácara afastada de tudo para que Heloise pudesse descansar. Embora a doença a consumisse por dentro, ela permanecia a mesma garota feliz. Você jamais veria a Heloise abrindo os lábios para reclamar. O sinal de celular era péssimo. Eu já me preparava para sair a um passeio com minha irmã quando o celular tocou. Eu não podia me dar ao luxo de dispensar uma ligação, corri para atender e ouvi a voz do Alexandre do outro lado da linha. — Estou tentando falar com você há dias – a voz dele era cortada e mal conseguia entender o que ele dizia – a Afrodite me ligou. Eu já sei onde a Kara está. Meu coração parou de bater por milésimos de segundos. Não sei por quanto tempo fiquei em silêncio até perceber que Heloise havia parado ao meu lado, se escorando em mim e observando meu rosto, que certamente estava aterrorizado. — Você continua aí, Gustavo? – precisei umedecer min