Kara Eu me sentia um peixe fora da água. Apesar de estar feliz por conhecer uma grande quantidade de jogadores do meu time do coração, não conseguia relaxar por um minuto sequer. Os meus olhos estavam sempre atentos e o meu ouvido aguçado me alertava de que o assunto principal daquela festa era eu. Talvez fosse apenas uma impressão minha ou estivesse imaginando coisas, mas, todas às vezes que ouvia um riso, achava que ele estava se dirigindo a mim. Estava tão distraída que não percebi Allan se aproximar e levei um susto ao ouvir o som da voz dele. — Por que não está se divertindo? – Ele riu quando eu dei um pulo, e minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu precisei recuperar o fôlego, antes de conseguir dizer qualquer coisa. — Eu não deveria ter aceitado vir a esse aniversário – fechei os olhos com força quando sentir meu peito arder e me sentei na cadeira que havia em frente à piscina – as pessoas olham para mim como se eu fosse uma intrusa. Não me sinto nada bem estando aqui. —
Gustavo Henri Eu tentei me manter longe da Kara a festa inteira, permanecendo calmo e indiferente a ela, embora soubesse estarmos em um covil de pessoas maldosas, que fariam qualquer coisa para humilhá-la por estar na minha companhia. Mantinha-me sempre atento, de longe. Tirávamos uma foto, por um instante, fiquei de costas para a piscina e o barulho da água se agitando me alertou. Quando me virei, não avistei a Kara e corri, pulando na piscina logo em seguida. Ela afundava lentamente, de olhos fechados, agarrei-a no colo e emergir. O Allan me ajudou, fazendo os primeiros socorros, quando Kara acordou assustada. Kara olhou para mim e uma lagrima caiu dos seus olhos. Eu voltei a pegá-la no colo, levando-a até o meu carro. Peguei Jasmim e quando estava pronto para partir, Abigail agarrou o meu braço dizendo. — Eu sinto muito, Gustavo – gaguejava, mas eu não conseguia avistar nenhum arrependimento na sua voz – foi um acidente, a babá perdeu o equilíbrio e caiu. Eu olhei para ela i
Kara Jimenez Acordei com batidas na porta. Minha cabeça doía como se um caminhão tivesse passado por cima. Me levantei com dificuldade, sentindo meu corpo fraco, quase desfalecendo. Quando abri a porta, Antônia estava parada com Jasmim no colo. Instintivamente, peguei ela, a abraçando, tentando disfarçar o quanto me sentia mal, mas era inevitável. Logo Antônia, colocando as mãos na cintura, olhou para mim desconfiada e disse: — Vou fazer um chá para você, menina – voltou a pegar a Jasmim do meu colo, colocando-a no carrinho de bebê, e me arrastou com ela para a cozinha. Ao ouvir a voz de Marta vindo da cozinha, eu retraí o corpo, embora sem força nenhuma para impedir Antônia, eu implorei para ela parar imediatamente. — Eu estou bem, Antônia – ela parou e olhou para mim. Lentamente, sua mão esquerda avançou até o meu rosto – você está queimando em febre, Kara. Afinal, o que aconteceu naquela festa ontem à noite, para que você acordasse nesse estado? Eu fiz uma careta quando me
Gustavo — Como a Kara está? – foi a primeira coisa que o Allan falou quando me viu. Eu tentei disfarçar meus ciúmes, mas foi inevitável. — Não sei por que se preocupa tanto com ela – formulei um sorriso no canto da boca, quando o Allan me observou com desdém – ela está bem. — E eu não sei por que você reage mal todas às vezes que pergunto por ela – virou o rosto para o outro lado enquanto terminava seu alongamento – vou começar a acreditar no que dizem por aí. Que você realmente tem um caso com ela. Meu semblante pesou como um dia nublado e o Allan percebeu certamente o quanto a afirmação dele havia me deixado irritado. Eu engoli a seco, quando me levantei, pegando uma garrafa de água e bebendo, antes de dizer. — Se eu tiver um caso com ela, você vai ser o primeiro a saber – meu comentário o fez rir, quebrando o clima estranho entre nós dois – sabe que o meu casamento com a Bruna acabou, me sinto um homem livre. — Eu sempre desconfiei que você tinha uma atração pela Kara – zo
Gustavo Henri — O que você acha que está fazendo, Gustavo? – Eu levava Kara para dentro do carro que eu havia abandonado no caminho, quando Cassandra veio correndo atrás de mim. Deixei-a no banco de trás e me virei para olhar nos olhos da minha sogra. — Como ousa expulsar a Kara da minha casa? – Meu tom de voz fez ela se encolher. O caminho inteiro de volta para casa, eu havia remoído o que Cassandra havia feito. Eu estava no meu limite. — Essa casa não é só sua, mas da minha filha também – indeferiu ela, aparentemente certa do que dizia. Embora meu corpo estivesse tremulo, eu soltei um riso, incrédulo com o que ouvia. — Ainda que fosse verdade o que a senhora afirma, não dava a você o direito de expulsar a baba da minha filha. — Por que não confessa de uma vez que ela é sua amante? – Cassandra inclinou o corpo para frente e bateu à porta do passageiro com força, colocando para fora toda a sua indignação – espere ao menos a Bruna acordar para envergonhá-la em público. Eu nã
Kara Acordei em um hospital, com um enfermeiro inserindo uma agulha no meu braço. Fui impedida de levantar-me. Ainda zonza e fraca, não conseguirá lutar contra ele. Voltei a me deitar, sem me lembrar de como eu havia parado ali. Depois de um longo período imóvel, apenas esperando que o enfermeiro terminasse o seu trabalho, as lágrimas que eu havia guardado, portanto, tempo, finalmente transbordaram, embaçando minha visão e escorrendo por minhas bochechas. Eu não queria dar uma de fraca agora, e desistir. Lembrei-me então do quanto a Rosa me encorajava a vencer na vida. Não havia ninguém que apostasse tanto em mim quanto ela. Mas a Rosa não estava ali para segurar em minha mão e me dizer que tudo ficaria bem, aliás, no meu coração, eu apenas acreditava que estava sozinha. — Tudo pronto – ele disse enquanto sorria – em breve alguém trará uma refeição para você. Após um momento, eu respondi com um simples Ok, e me levantei com dificuldade, sentado na cama. Olhei para o enfermeiro
Gustavo Henri Após deixar o quarto onde a Kara estava, fiquei pensando em quão patético seria abraçá-la e dizer que tinha medo de perdê-la. Kara parecia confusa com a minha atitude e eu me senti levemente aliviado por ela não ter questionado o meu comportamento. Na verdade, estava caindo numa armadilha que jurei evitar. Gostar de outra mulher em um curto espaço de tempo, quando ainda estava com o coração ferido e uma aliança no dedo. Enquanto caminhava pelos corredores, atento à procura do médico que havia atendido Kara, vi Donovan na frente do quarto onde Bruna estava internada. Eu parei imediatamente com a cena que acontecia na minha frente. Fechei os olhos com força, tentando, ao máximo, não deixar que a fúria tomasse conta de mim. Foi inevitável. Apesar de não ter mais afeição por aquela mulher, o que Donovan havia feito ainda me causava danos profundos. Quando me dei conta, já estava em frente a ele, segurando pelo colarinho da sua camisa e tentando levantar aquele corpo enor
Kara Jimenez Silenciosamente, eu engoli toda a minha tristeza e permaneci com o rosto virado, contra o Gustavo. Eu precisava me lembrar o tempo todo de quem eu era na vida dele e do papel que eu exercia, para não cair na armadilha de me sentir especial. Ainda sentindo meu corpo fraco e sonolento que a virose causava, eu desejei que chegássemos logo em casa para que eu pudesse me deitar e dormir. Lembrei-me de Jasmim e do que o médico havia dito sobre eu ficar distante dela. Imediatamente pensei em falar com o Gustavo sobre aquilo e por várias vezes fui impedida pelo medo. Certamente, percebendo minha agitação, ele indagou. Conseguir ver no canto do olho, Gustavo me observando com um semblante preocupado. — Está tudo bem? – indagou ele, quando voltou a olhar para a estrada. Fui forçada a levantar a cabeça e olhar para ele, engolindo todo o medo e dizer. — Você não levou a sério o que o médico disse sobre me manter longe da Jasmim, não é? Um sorriso repuxou os lábios dele e seu