Gustavo — Como a Kara está? – foi a primeira coisa que o Allan falou quando me viu. Eu tentei disfarçar meus ciúmes, mas foi inevitável. — Não sei por que se preocupa tanto com ela – formulei um sorriso no canto da boca, quando o Allan me observou com desdém – ela está bem. — E eu não sei por que você reage mal todas às vezes que pergunto por ela – virou o rosto para o outro lado enquanto terminava seu alongamento – vou começar a acreditar no que dizem por aí. Que você realmente tem um caso com ela. Meu semblante pesou como um dia nublado e o Allan percebeu certamente o quanto a afirmação dele havia me deixado irritado. Eu engoli a seco, quando me levantei, pegando uma garrafa de água e bebendo, antes de dizer. — Se eu tiver um caso com ela, você vai ser o primeiro a saber – meu comentário o fez rir, quebrando o clima estranho entre nós dois – sabe que o meu casamento com a Bruna acabou, me sinto um homem livre. — Eu sempre desconfiei que você tinha uma atração pela Kara – zo
Gustavo Henri — O que você acha que está fazendo, Gustavo? – Eu levava Kara para dentro do carro que eu havia abandonado no caminho, quando Cassandra veio correndo atrás de mim. Deixei-a no banco de trás e me virei para olhar nos olhos da minha sogra. — Como ousa expulsar a Kara da minha casa? – Meu tom de voz fez ela se encolher. O caminho inteiro de volta para casa, eu havia remoído o que Cassandra havia feito. Eu estava no meu limite. — Essa casa não é só sua, mas da minha filha também – indeferiu ela, aparentemente certa do que dizia. Embora meu corpo estivesse tremulo, eu soltei um riso, incrédulo com o que ouvia. — Ainda que fosse verdade o que a senhora afirma, não dava a você o direito de expulsar a baba da minha filha. — Por que não confessa de uma vez que ela é sua amante? – Cassandra inclinou o corpo para frente e bateu à porta do passageiro com força, colocando para fora toda a sua indignação – espere ao menos a Bruna acordar para envergonhá-la em público. Eu nã
Kara Acordei em um hospital, com um enfermeiro inserindo uma agulha no meu braço. Fui impedida de levantar-me. Ainda zonza e fraca, não conseguirá lutar contra ele. Voltei a me deitar, sem me lembrar de como eu havia parado ali. Depois de um longo período imóvel, apenas esperando que o enfermeiro terminasse o seu trabalho, as lágrimas que eu havia guardado, portanto, tempo, finalmente transbordaram, embaçando minha visão e escorrendo por minhas bochechas. Eu não queria dar uma de fraca agora, e desistir. Lembrei-me então do quanto a Rosa me encorajava a vencer na vida. Não havia ninguém que apostasse tanto em mim quanto ela. Mas a Rosa não estava ali para segurar em minha mão e me dizer que tudo ficaria bem, aliás, no meu coração, eu apenas acreditava que estava sozinha. — Tudo pronto – ele disse enquanto sorria – em breve alguém trará uma refeição para você. Após um momento, eu respondi com um simples Ok, e me levantei com dificuldade, sentado na cama. Olhei para o enfermeiro
Gustavo Henri Após deixar o quarto onde a Kara estava, fiquei pensando em quão patético seria abraçá-la e dizer que tinha medo de perdê-la. Kara parecia confusa com a minha atitude e eu me senti levemente aliviado por ela não ter questionado o meu comportamento. Na verdade, estava caindo numa armadilha que jurei evitar. Gostar de outra mulher em um curto espaço de tempo, quando ainda estava com o coração ferido e uma aliança no dedo. Enquanto caminhava pelos corredores, atento à procura do médico que havia atendido Kara, vi Donovan na frente do quarto onde Bruna estava internada. Eu parei imediatamente com a cena que acontecia na minha frente. Fechei os olhos com força, tentando, ao máximo, não deixar que a fúria tomasse conta de mim. Foi inevitável. Apesar de não ter mais afeição por aquela mulher, o que Donovan havia feito ainda me causava danos profundos. Quando me dei conta, já estava em frente a ele, segurando pelo colarinho da sua camisa e tentando levantar aquele corpo enor
Kara Jimenez Silenciosamente, eu engoli toda a minha tristeza e permaneci com o rosto virado, contra o Gustavo. Eu precisava me lembrar o tempo todo de quem eu era na vida dele e do papel que eu exercia, para não cair na armadilha de me sentir especial. Ainda sentindo meu corpo fraco e sonolento que a virose causava, eu desejei que chegássemos logo em casa para que eu pudesse me deitar e dormir. Lembrei-me de Jasmim e do que o médico havia dito sobre eu ficar distante dela. Imediatamente pensei em falar com o Gustavo sobre aquilo e por várias vezes fui impedida pelo medo. Certamente, percebendo minha agitação, ele indagou. Conseguir ver no canto do olho, Gustavo me observando com um semblante preocupado. — Está tudo bem? – indagou ele, quando voltou a olhar para a estrada. Fui forçada a levantar a cabeça e olhar para ele, engolindo todo o medo e dizer. — Você não levou a sério o que o médico disse sobre me manter longe da Jasmim, não é? Um sorriso repuxou os lábios dele e seu
Kara Jimenez Gustavo observou-me, entrando no quarto, em silêncio. Tivemos dificuldades em expressar qualquer tipo de opinião mútua. Senti-me engolindo pela dúvida quando a porta se fechou entre nós e ele foi embora, levando Jasmim com ele. Apesar de não concordar com a decisão de ficar longe de Jasmim, acordei no dia seguinte com dores de cabeça absurdas. Tive dificuldade em me levantar. Tomei a medicação e fui conduzido até a cozinha. Antônia estava cuidando de Jasmim, exatamente como Gustavo havia dito. Ela abriu um sorriso quando me viu e se apressou em me abraçar, oferecendo-me um abraço caloroso. — Fiquei tão preocupada com você, Kara. – Após me apertar com força, ela se afastou, fixando-se nos meus olhos. Antônia parecia bastante emocionada - lamento não ter ajudado adequadamente. Cassandra permaneceu como um cão de guarda, vigiando cada movimento meu, para que eu não pudesse ajudá-la. — A culpa não foi sua – disse e, de imediato, levei a mão à cabeça. A dor era in
Kara Eu me levantei rapidamente, dando alguns passos para trás. Celeste percebeu certamente o quanto eu sentia medo dela e desconfiava de suas verdadeiras intenções. Dei uma olhada rápida em minha mãe. Ela usava uma camiseta simples e jeans claros. Seu cabelo estava preso em um coque alto na cabeça, e seu semblante era de uma mulher cansada e sofrida. — O que você está fazendo aqui? Como me achou? Ela se aproximou de mim com um sorriso e os olhos cheios de lágrimas, quando pegou o celular, desbloqueando a tela e o mostrou para mim. — Todo mundo já sabe que você é a babá da filha do jogador de futebol. Eu me assustei, sentindo o coração desarmar de ansiedade. Era claro que ela saberia, todos já sabiam. O que eu jamais imaginei seria que Celeste viria atrás de mim, assim tão rapidamente. — Eu estou feliz que você esteja bem – eu não tinha ideia do que Celeste aprontaria, mas me aproximei ainda assim – e aliviada por você encontrar um lugar bom para ficar. Eu consegui ver um bri
Kara — Que bom que você chegou, menina – Antônia estava no jardim, que havia em frente à casa e se apressou para me encontrar – o doutor Alexandre está na mansão te esperando. Eu apenas olhei para ela, em silêncio, e me preparei para encontrar Alexandre, mas Antônia não parecia disposta a me deixar ir, sem antes saber o que havia acontecido. — Me conte como foi com a sua mãe – alargou o sorriso, como se esperasse boas notícias, mas elas não viriam. — Um pesadelo – respondi, fazendo o rosto de Antônia se contorcer em horror – a Celeste não é uma boa mãe, e isso é tudo o que você precisa saber. — Eu sinto muito, Kara – ela disse com toda a sinceridade, mas eu não estava disposta a continuar aquela conversa. Olhei para a Antônia pela última vez e então entrei na mansão. Eu comecei a chorar, quando me amparei no sofá, sentindo minhas pernas fracas. Agora, além das dores de cabeça, eu me sentia febril. Mal percebi o momento em que Alexandre me amparou, me levando até o assento. —