KaraMe lembrei então da promessa que havia feito a mim mesma e, quando percebi estar perdida nos braços do Gustavo, recuei assustada. Olhei constantemente para os lados, me certificando que ninguém nos observava. Quando voltei a olhar, vi Gustavo me observando confuso.— O que aconteceu? – Me encarou estranhamente, como se quisesse desnudar minha alma. Eu me encolhi. – Parece que está com medo de mim.Eu me afastei ainda mais, quando percebi Antônia entrar no meu quarto e seu semblante se modificar completamente ao me ver com o Gustavo.— Eu preciso que o senhor me libere para que eu vá até o hospital reconhecer o corpo da Rosa.Abaixei a cabeça, evitando olhar nos olhos dele. Gustavo ficou em silêncio por longos segundos.— Sem problemas – disse ele –, mas eu vou com você.— Não! – disse imediatamente, com os olhos arregalados, percebendo que Antônia continuava ali – Preciso resolver meus problemas sozinha, senhor Gustavo. Só me libere para que eu possa me despedir da minha amiga.E
Gustavo:Nunca antes havia passado uma noite sozinho com Jasmim, e não fazia ideia do quanto ela choraria e me deixaria desesperado. Certamente, aquela foi a noite mais longa da minha vida. Acordei no dia seguinte com o barulho de alguém batendo na porta do meu quarto. Olhei para o lado, assustado, e vi minha adorável e pequena filha, dormindo tranquilamente, enquanto eu mal conseguia abrir os olhos, com um sono que parecia não ter fim.A batida na porta continuou. Peguei meu celular para ver as horas e confesso que fiquei frustrado por não receber nenhuma notícia de Kara. Eu não tinha ideia de onde ela estava ou das dificuldades que certamente enfrentava no enterro de sua amiga. Eu deveria ir atrás dela ou enviar alguém para essa missão, mas precisava primeiro acordar.Levantei-me com dificuldade e arrastei-me até a porta. Antônia me olhou assustada quando percebeu que Jasmim havia dormido comigo. Eu esfregava os olhos quando sua voz, num tom desesperado, invadiu meus ouvidos.— A Ka
Certamente aquele foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Me que dizer adeus a Rosa, a única mulher que havia me estendido a mão, foi como se arrancassem um pedaço do meu coração e o jogasse fora. Eu não tive nem tempo de me despedir. Olhava para ela, como se estivesse dormindo dentro do caixão, e chorei.Rosa acreditou em mim até o último momento. Ela queria que eu vencesse na vida e me tornasse alguém. Diante do caixão dela, eu prometi que eu venceria e que onde ela estivesse, sentiria orgulho de mim. Eu faria valer o seu investimento e o seu amor seria recompensado.Depois do enterro, em um velório vazio, eu fiquei imovel diante da lápide, com mechas úmidas de cabelo grudado em minhas têmporas e bochechas. Caía uma fina chuva, então eu olhei para o céu com os olhos marejados, sentindo dor com o fato de estar completamente só.Não havia restado ninguém em quem eu pudesse contar. Comecei a caminhar para fora do cemitério, lembrando-me do fato de Gustavo ter pago todo o funeral,
Kara Gustavo colocou jasmim na cadeira e eu me sentei ao lado dela, completamente aborrecida. — Sente-se na frente comigo, Kara — a ordem dele fez meu corpo congelar. Ele olhou para mim e só tirou os olhos quando eu obedeci a suas ordens. — Para onde iremos? — Ele ligou o motor, enquanto eu colocava o cinto, mas não me respondeu. — Sabe que não é uma boa ideia eu andar ao seu lado, ainda mais com os boatos que falam por aí. — Quem deve decidir isso sou eu — disse, com os olhos atentos à estrada. — E respondendo a sua pergunta, vamos ao shopping comprar roupas para você. De alguma forma, eu fiquei ofendida. Olhei para minha roupa e depois olhei para ele, que parecia convicto de sua decisão. — Está exagerando — disse, colocando os braços em frente ao corpo e mudando o semblante para que ele entendesse o quanto sua atitude me envergonhava. — Primeiro paga o funeral da Rosa e agora quer comprar roupas novas para mim? De quanto isso será descontado do meu salário? — Por que acha qu
Gustavo Desviei o olhar depressa assim que percebi o que estava fazendo. Eu percebi o Ramon, o proprietário da loja, se aproximando de mim com um sorriso autêntico no rosto. — Eu gostaria de expressar minha gratidão por esta visita tão especial? - eu o abracei e percebi que Ramon estava realmente entusiasmado com minha presença, mas a felicidade repentinamente desapareceu. — Sinto muito pelo que ocorreu com Bruna e torço para que ela possa se recuperar rapidamente. — Obrigado – desviei o olhar de forma intencional, porque eu não queria falar da Bruna ou ouvir qualquer tipo de requisição por ela. Chamei por Kara, que se aproximou sorrindo em minha direção. Até poucos minutos atrás, ela parecia incomodada por eu ter trazido-a até ali. — Kara, a babá de Jasmim – os apresentei e o aperto de mão forte de Ramon envolveu a mão dela – e eu gostaria que você escolhesse as roupas mais apropriadas, incluindo um traje para o aniversário infantil que teremos amanhã. Em seguida, ele soltou
Kara— Afinal, o que Gustavo pensa que está fazendo?Coloquei as sacolas sobre a cama e joguei meu corpo para trás, me deitando e olhando para o teto acima de mim. Inspirei profundamente, sentindo o ar cortar meus pulmões como lâmina afiada e, quando fechei os olhos, a imagem do Gustavo sorrindo para mim foi a primeira que surgiu em minha mente.Levantei-me rapidamente, reprovando-me por tal atitude. Meu coração gelou quando voltei a olhar para as sacolas e lembrei-me de que em menos de vinte e quatro horas estaria em uma festa ao lado do meu patrão. Pensar nesse momento me causava arrepios.Tentando controlar meu tremor, fui para o banheiro e joguei um punhado de água sobre o meu rosto. Quando vi minha imagem no espelho, percebi o quanto era insano pensar na possibilidade de Gustavo se interessar por mim algum dia. Eu precisava fugir dessa situação antes que fosse tarde demais.— Eu preciso arrumar um namorado — disse a mim mesma, enquanto enxugava o meu rosto — assim eu não dou nenh
Gustavo Mesmo me vendo à beira de um colapso, eu permaneci firme, virando as costas e me afastando da Kara e da sensação que ela causava toda vez que se aproximava de outro homem que não fosse eu. Ouvi os passos apressados dela vindo logo atrás de mim, mas não me virei para olhá-la. — Essa é a Kara, Afrodite — disse para a maquiadora, sem parar, apontando para a Kara, que imediatamente parou de me seguir, mas eu não tive a chance de ver sua reação. Entrei pelo corredor deixando as mulheres a sós e fui para o quarto ver a jasmim. Ela dormia tão tranquilamente que eu a deixei e fui para o meu quarto no andar de cima. Embora estivesse extremamente aborrecido com a cena que presenciei minutos antes, eu tentei ignorar tomando um banho gelado e demorado. Mas meus esforços eram em vão. Eu ainda me perguntava por que me importava tanto com quem a Kara se aproximava ou não. Eu sabia que algo estranho acontecia dentro de mim, mas evitava a todo custo aceitar essa mudança. Me arrumei,
Kara Eu mal podia acreditar, me vendo no espelho. Eu estava irreconhecível. Eu sei que os meus olhos lacrimejaram, mas Afrodite logo gritou, dizendo que eu estava proibida de chorar uma gota sequer. — Embora eu ache que você deveria usar um vestido mais elegante — sugeriu ela – esse estilo combina com você. — Eu sou a babá da Jasmim, Afrodite – lembrei-a, apesar de ser a primeira vez que nos víamos, sentia-me confortável ao lado dela – e também não quero chamar a atenção. — Impossível, Kara, olhe para você – Afrodite segurou meus ombros por trás e me fez voltar a olhar para o espelho. Desviei o olhar depressa e me afastei. Não queria pensar sobre isso, sobre o quanto eu despertaria a atenção ou se eu seria o assunto principal da festa. Ao pensar nos possíveis comentários que poderiam surgir, sentia-me em estado de calafrios. Peguei a bolsa, já com as mãos tremulas, e preparei-me para sair quando vi Afrodite pegar Jasmim no colo. — Você pode persuadir Gustavo a não me levar ne