Já faz uma semana que estou em Nova Jérsei. Vim visitar minha tia e também meu namorado. Estamos juntos desde que eu tinha quinze anos. Hoje tenho dezoito; faz três anos que estamos juntos, e ele tem sido um homem maravilhoso. Mas há um problema: sinto que algo está acontecendo com Thiago. Desde que cheguei, ele mal tem tempo para mim, sempre dizendo que está ocupado, que tem trabalhado demais e que precisa descansar.
Sinto que ele não é o mesmo de antes. Thiago é dois anos mais velho e trabalha como segurança em uma empresa famosa de Nova Jérsei. Tento não desconfiar dele, pois nem avisei que passaria minhas férias aqui. Queria fazer uma surpresa. Implorei muito aos meus pais para que me permitissem vir, mesmo sendo maior de idade. Eles são muito protetores e rígidos.
Neste exato momento, estou na porta da casa dele. Tenho a chave reserva que me deu no nosso primeiro aniversário. Quero conversar seriamente com ele; desejo entender por que ele está me evitando tanto.
Destranco a porta e observo a sala de estar.
— Thiago? — Chamei, mas o silêncio é a única resposta.
Já passa das seis e dez. Decido esperá-lo no andar de cima. Subo os degraus lentamente. Quando me aproximo do seu quarto, ouço ruídos. Não... Não pode ser. Gemidos? Meu coração acelera descontroladamente. Uma dor aguda aperta meu peito, sufocando-me. A falta de ar começa a se instalar.
Estendo a mão trêmula até a maçaneta e giro. O que vejo me faz duvidar da realidade.
— Ahh! Thiago... Assim mesmo! — A voz da minha prima ecoa pelo quarto, perfurando minha alma. Os dois estão em um momento íntimo. A dor é tão intensa que parece sufocar cada centímetro do meu ser.
Lágrimas incontroláveis escorrem pelo meu rosto. Meu soluço é um grito de agonia.
— Scarlett? — Ele se afasta dela rapidamente. — Não é o que você está pensando... Eu...
— Chega! Não precisa dizer mais nada! Não estou apenas pensando, Thiago! Estou vendo! C-como... Como você pode fazer isso comigo? — Minhas palavras saem entrecortadas pelo choro, minha voz embargada pela dor. — Eu tentei ser uma boa pessoa para você... Estudei tanto para tirar boas notas... Para que meus pais sempre permitissem que eu te visse... Me esforcei, dei tudo por você... E você faz isso... Justo com minha prima.
— Scarlett... — Tenta me tocar.
— Não ouse encostar em mim! — Encaro minha prima, com o coração em frangalhos. — Como você pôde fazer isso comigo? Eu confiava em você... Te considerava como uma irmã. Por quê? Por que fizeram isso comigo?
Sua expressão de culpa e arrependimento não significa nada para mim.
— Sinto muito, Scarlett... Eu... Como você nunca quis se entregar para mim... Fiquei com desejo, acabei ficando com sua prima... Me perdoa. — Suas palavras são como um soco no estômago.
— V-você... Fez isso com ela só porque eu não me entreguei para você? É isso mesmo? — Mal posso acreditar no que estou ouvindo.
— Por favor... Me desculpe. — Dou uma bofetada em sua bochecha, deixando-o em choque.
— Vá para o inferno! Os dois! — Viro as costas e saio do quarto.
— Scarlett! — Ignoro seu chamado e continuo caminhando.
Saio da casa dele com o coração dilacerado pela dor da traição. A chuva, antes despercebida, agora cai incessante, misturando-se às lágrimas que inundam meu rosto. Meus passos cambaleantes mal conseguem acompanhar o ritmo dos soluços que escapam de minha garganta.
Por que ele fez isso comigo? Por que minha própria prima me traiu assim? A sensação de traição me corta como lâminas afiadas, dilacerando cada pedaço de confiança que restava em mim. Eu os considerava tanto, confiava neles com todo o meu ser. Por quê? Por quê?
A dor no meu peito é insuportável, uma agonia que parece nunca ter fim. Só quero que essa dor vá embora, que Deus me conceda alívio, um sopro de conforto em meio ao desespero. Não deveria ter concordado com esse namoro à distância, uma ilusão que agora se desfaz diante dos meus olhos. E, no final, a culpa recai sobre mim, como se eu fosse a culpada por não me entregar completamente a ele.
Desgraçado! Escrota!
— O que vou fazer? — Sussurro para mim mesma, as palavras se perdendo no vento e na chuva.
Decido, então, que vou embora, voltar para minha cidade, deixar para trás esta província de traição e desilusão. Ergo-me do chão encharcado, a lama grudando em minhas roupas como um lembrete viscoso da minha própria miséria. Minha mente está exausta, meu corpo pesado de dor e decepção. Só quero desabar em lágrimas, mas não permitirei que a traição e a dor me consumam por completo. Não sou uma garota fraca.
Que eles se danem, que me esqueçam para sempre. Juro a mim mesma que nunca mais colocarei meus pés nesse lugar amaldiçoado, nunca mais.
Dois anos depois.Hoje faz dois anos desde que voltei para minha cidade natal. Estou com vinte anos e, no início, enfrentei uma grande dificuldade ao lidar com a dor da traição. Cheguei até a considerar o suicídio ao descobrir que até minha própria tia sabia do caso entre minha prima e meu ex- namorado. Minha vida estava em completo caos, tudo porque não quis fazer sexo com ele. Mentalidade de merda. Meus pais só vieram para me dar sermões, dizendo que eu havia sido ingênua por namorar alguém à distância, que a culpa era minha por ter sido traída. Não me matei por causa da minha amiga da escola, que agora é minha colega de quarto.Ela sempre foi uma mulher independente, vivendo sozinha desde os quinze anos, e devo minha vida a ela. Sou imensamente grata por sua ajuda; se tivesse permanecido na casa dos meus pais, talvez não estivesse mais aqui. Minha adorável amiga sempre esteve ao meu lado, inclusive me ajudando a encontrar um emprego em uma lanchonete como garçonete, algo que jamais
Saímos do nosso apartamento e caminhamos tranquilamente até o elevador. Logo, as portas se abriram, entramos e ela apertou o botão da garagem. Gosto muito deste prédio porque é bem calmo, sem vizinhos brigando ou com som alto; é uma maravilha. Aqui, todo mundo se respeita, e eu aprecio essa tranquilidade.— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.— Não, nunca mais me encheram com ligações ou mensagens.Agradeço muito por isso.— Que bom, porque, se continuassem, eu os denunciaria. — Disse, bem séria.— Sei que sim, mas fico feliz que eles não estejam mais me incomodando.Desde que vim morar com a Gabi, meus pais insistem para que eu volte para a casa deles. Quem precisa de inimigos ao ter pais assim? Mas quando a Gabi os ameaçou, dizendo que os denunciaria, eles pararam rapidamente de me ligar e enviar mensagens. As portas do elevador se abriram, e descemos, indo em direção ao carro dela. Ela destravou a porta assim que nos aproximamos, entramos no carro e já col
Visto o terno enquanto a voz insistente de Francisca tenta prender minha atenção.— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz dela me irrita profundamente.— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação. — Minha resposta sai fria e cortante, fazendo-a resmungar.— Porque você é assim, Matt… — Cortou sua frase, agarrando seu pescoço com força e vendo o pânico surgir em seus olhos.— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Muratori! Só porque te uso como qualquer uma, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me dá uma satisfação sádica.Jogo-a na cama como se fosse lixo. Seu silêncio é a confirmação da minha dominação cruel.— Na próxima vez que eu te chamar para minha cama, é melhor não ter a ousadia de me chamar pelo nome. — Jogo algumas notas de dólares sobre ela, comprando sua dignidade. — Aproveite seu dinheiro.
A raiva ainda pulsa em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez devesse aplaudir essa pessoa por sua audácia ou, quem sabe, por sua completa estupidez. Ela deveria agradecer a todos os deuses por eu não a ter torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que importa é recuperar aquele dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou farto da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando arrancar alguma informação de mim. Se continuarem assim, arrancarei suas cabeças. Não permito que esses imundos interfiram nos meus negócios. Já estou furioso demais.— Senhor, chegamos à casa de Marco Falcone. Ele está devendo cerca de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência acabou. — Desço do carro, e ele me acompanha.Caminho até a porta lentamente. Não há necessidade ir tão
Um sorriso sádico se forma em meus lábios enquanto me aproximo dele. Meu olhar transmite pura ameaça.— Tempo é algo que você não tem mais, Nicola. — Minha mão encontra seu pescoço, apertando com força suficiente para deixá-lo sem ar. — Você me deve, e não aceito desculpas.Sua expressão é de puro desespero, e eu posso saborear o medo que emana dele.— P-P-Por favor… Senhor… Prometo que conseguirei o dinheiro.— Suas palavras saem entrecortadas enquanto ele luta para respirar.Solto seu pescoço com um empurrão brusco, fazendo-o cambalear para trás.— Você teve sua chance, Nicola. Agora é hora de enfrentar as consequências. Dante, coloque-o de joelhos. — Ordeno friamente.Dante age rapidamente, fazendo-o ajoelhar-se diante de mim.— Sabe, eu acho muito engraçado que todos peçam dinheiro, mas na hora de pagar, não têm. Quero o meu dinheiro. — Minha voz sai gelada, provocando lágrimas em seus olhos.— V-Vou pagar, senhor. Prometo… Por favor, me dê alguns meses.— Solto uma gargalhada cru
— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Eu já não estava aguentando. — Diz Tom, enquanto organizamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora porque vai encontrar a sua deusa. — Fala Sophia em tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olha. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspiro, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Volto a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Pergunta, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Pergunte quando formos a essa maldita boate. — Termino de varrer o chão.Levo as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei minha parte, posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro meu armário e começo a retirar meu uniforme para colocar minha própria roupa. Estou exausta demais, e ainda tenho que comparecer àquela boate. Só quero chegar em casa e dormir, apenas isso
Ela estaciona o carro e logo descemos. Observo a fila e vejo que há muitas pessoas.— Só iremos entrar à meia-noite. — Digo ao ver aquela quantidade de gente.— Apenas vamos. — Pega o meu pulso e atravessamos a rua.— Scarlett! — Tomo um susto ao ouvir meu nome sendo chamado. Vejo Tom no meio da fila acenando para nós.— Que bom que seu amigo já está na fila, pouparemos tempo. — Ela novamente pega meu pulso e me arrasta pela multidão.Ah, só quero dormir.Passamos pelas pessoas que reclamam e nos lançam olhares raivosos. Finalmente chegamos perto de Tom e Sophia; os dois estão deslumbrantes. Tom usa uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, combinando perfeitamente. Sophia veste um vestido preto acima dos joelhos, curto na frente e longo atrás, mostrando bem suas coxas esbeltas. Os dois irradiam confiança e estilo, e é impossível não notar o olhar de admiração que muitos lançam em sua direção.— Que bom que chegaram, estávamos com medo de ent
Sinto um calafrio percorrer minha espinha ao encontrar seu olhar, tão profundo e penetrante, como se pudesse enxergar através de mim. Sua presença é sufocante, envolvendo-me em um véu de incerteza e medo. Eu vou morrer! Por que tive que ser tão curiosa, meu Deus?— P-Por favor… N-Não me mate. — Minha voz sai trêmula, uma súplica desesperada em meio ao caos ao meu redor.O desespero toma conta de mim, cada batida do coração ecoando como um eco assustador em meus ouvidos.— Diga-me, preciosa. Qual é o seu nome? — Tremem minhas pernas ao ouvi-lo me chamar de preciosa, sua voz carregada de uma aura sombria que me deixa arrepiada.Ele vai me matar! O pensamento ecoa em minha mente, enquanto luto para conter as lágrimas que ameaçam transbordar.— S-Scarlett Smith. — Respondo, minha voz mal passando de um sussurro.— Scarlett Smith. — Ele repete meu nome, como se saboreasse cada sílaba, uma nota de poder em sua voz grave e profunda.Meu coração bate descontroladamente no peito, uma sinfonia