Dois anos depois.
Hoje faz dois anos desde que voltei para minha cidade natal. Estou com vinte anos e, no início, enfrentei uma grande dificuldade ao lidar com a dor da traição. Cheguei até a considerar o suicídio ao descobrir que até minha própria tia sabia do caso entre minha prima e meu ex- namorado. Minha vida estava em completo caos, tudo porque não quis fazer sexo com ele. Mentalidade de merda. Meus pais só vieram para me dar sermões, dizendo que eu havia sido ingênua por namorar alguém à distância, que a culpa era minha por ter sido traída. Não me matei por causa da minha amiga da escola, que agora é minha colega de quarto.
Ela sempre foi uma mulher independente, vivendo sozinha desde os quinze anos, e devo minha vida a ela. Sou imensamente grata por sua ajuda; se tivesse permanecido na casa dos meus pais, talvez não estivesse mais aqui. Minha adorável amiga sempre esteve ao meu lado, inclusive me ajudando a encontrar um emprego em uma lanchonete como garçonete, algo que jamais conseguiria sozinha. Sou naturalmente reservada, e foi ela quem conversou com o gerente do estabelecimento, ajudando-me a passar no teste. É irônico, uma pessoa introvertida trabalhando como garçonete, já que o serviço exige boa comunicação com o público. No entanto, estou me esforçando ao máximo, especialmente porque o salário é bastante atraente.
7:00 — Apartamento — Sedona, Sexta-feira.
Estou quase terminando de secar o cabelo. Acordei às cinco da manhã para preparar o café, já que a Gabriella gosta de correr um pouco antes de ir ao trabalho. Aproveitei para lavar e finalizar os cachos; afinal, eles precisam de um pouco mais de atenção. Ontem, acabei não tendo tempo para cuidar deles, pois estava exausta demais após socializar.
— Onde está a negra mais gostosa do mundo? — pergunta Gabriella, entrando no quarto animada.
Não pude evitar e acabei rindo.
— Estou aqui, princesa — respondo enquanto ela se aproxima com um sorriso.
— Já terminou, amor?
Quando sou chamada assim, a sensação de acolhimento e proteção é única, algo que nunca experimentei com meus pais. Talvez seja por isso que gosto tanto. Gabriella, cinco anos mais velha, trabalha em uma renomada empresa de moda. Morena, de longos cabelos lisos castanho-claros e olhos verdes que hipnotizam. Seu corpo é voluptuoso, com curvas acentuadas e uma silhueta mais cheinha. Uma verdadeira beldade.
Já eu sou negra, de pele bem escura e cabelos naturalmente cacheados, que combinam perfeitamente com minha beleza única. Assim como Gabriella, tenho um corpo voluptuoso, repleto de curvas que chamam atenção. Também sou um pouco cheinha, algo que aprendi a abraçar e amar. A cor dos meus olhos é castanho-claro, e, embora não veja da mesma maneira, Gabriella insiste em dizer que são hipnotizantes.
— Sim, estou apenas deixando secar mais um pouco. — Desligo o secador. — Pronto, estou pronta para mais um dia de trabalho.
Ela ri ao ver minha expressão.
— Sei que você não gosta muito de interagir com estranhos, amor. Mas estou orgulhosa de ver o quanto tem se esforçado. Pense apenas no dinheiro — brinca, arrancando risadas sinceras de mim.
— Sim, você tem razão. Estou seguindo em frente por causa do dinheiro. Não posso deixar que arque com tudo sozinha, isso me faria sentir mal.
— Você sabe que não me importo, Scarlett. Graças a Deus, o salário que recebo é maravilhoso. Dá para nos sustentar por muito tempo — diz ela enquanto guardo as coisas no lugar.
— Sei disso, Gabi. Mas quero contribuir sempre que possível, ser ainda mais independente, ganhar meu próprio dinheiro. Imagine se não trabalhasse, você teria que me sustentar também.
— Minha querida, mamãe ama você. — Brinca, me fazendo rir.
— Palhaça. Sua roupa está incrível.
Ela está usando um macacão branco elegante, com um decote em V que realça os seios. Sei que ela não está usando isso para chamar atenção, mas sempre há pessoas intrometidas prontas para se meter na vida dos outros.
— Você achou? — Ela dá uma voltinha.
— Sim, deixou sua bunda ainda mais incrível. — Digo, e ela gargalha com minha resposta.
— É assim que eu gosto. E você está deslumbrante também, amor. Estou usando uma saia escura que fica acima dos joelhos, combinada com uma blusa branca colocada por dentro, dando um toque de charme.
— Obrigada. Agora é melhor irmos. Se eu chegar atrasada, terei que ouvir os sermões do chefe. — Ela concorda.
— Eu também. Minha chefe parece estar sempre de TPM. Mulher estressada, meu Deus.
— A vida não é um mar de rosas, infelizmente.
Pego a bolsa com minhas coisas dentro, e saímos do quarto em direção à sala, onde a espero enquanto ela busca a sua. Sou muito grata por Gabriella ter me tirado da casa dos meus pais; nosso apartamento é um verdadeiro refúgio, tranquilo, espaçoso, com uma varanda encantadora. É o lar perfeito.
— Quase me esqueci de dizer. — Fala de repente, voltando para a sala. — Hoje iremos a uma boate que acabou de abrir no centro.
Simplesmente jogou a bomba no meu colo.
— Como é? Nem vem, Gabi. Hoje é sexta, e quero passar o resto da noite apenas na cama, dormindo. — Ela revira os olhos.
— Scarlett, eu sei que você não gosta, mas será divertido. Prometo a você, apenas dançaremos. Eu não quero beber, só curtir um pouco. A semana toda foi corrida para nós duas, vamos nos divertir. Por favor, por mim? — Seus olhos chegam a brilhar.
Solto um suspiro.
— Tudo bem. Mas se ousar ficar bêbada, eu acabo com você. Te conheço, você diz que não vai beber, mas acaba bebendo.
— Eu te amo! — Ela me abraça e enche de beijos. — Você é incrível, meu amor.
— Chega — empurro-a rindo. — Vamos para o trabalho.
— Sim, senhora — brinca.
— Palhaça.
Ah, como amo essa mulher. O que não faço por ela? Mas se me abandonar naquela boate, arranco os cabelos dela.
Saímos do nosso apartamento e caminhamos tranquilamente até o elevador. Logo, as portas se abriram, entramos e ela apertou o botão da garagem. Gosto muito deste prédio porque é bem calmo, sem vizinhos brigando ou com som alto; é uma maravilha. Aqui, todo mundo se respeita, e eu aprecio essa tranquilidade.— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.— Não, nunca mais me encheram com ligações ou mensagens.Agradeço muito por isso.— Que bom, porque, se continuassem, eu os denunciaria. — Disse, bem séria.— Sei que sim, mas fico feliz que eles não estejam mais me incomodando.Desde que vim morar com a Gabi, meus pais insistem para que eu volte para a casa deles. Quem precisa de inimigos ao ter pais assim? Mas quando a Gabi os ameaçou, dizendo que os denunciaria, eles pararam rapidamente de me ligar e enviar mensagens. As portas do elevador se abriram, e descemos, indo em direção ao carro dela. Ela destravou a porta assim que nos aproximamos, entramos no carro e já col
Visto o terno enquanto a voz insistente de Francisca tenta prender minha atenção.— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz dela me irrita profundamente.— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação. — Minha resposta sai fria e cortante, fazendo-a resmungar.— Porque você é assim, Matt… — Cortou sua frase, agarrando seu pescoço com força e vendo o pânico surgir em seus olhos.— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Muratori! Só porque te uso como qualquer uma, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me dá uma satisfação sádica.Jogo-a na cama como se fosse lixo. Seu silêncio é a confirmação da minha dominação cruel.— Na próxima vez que eu te chamar para minha cama, é melhor não ter a ousadia de me chamar pelo nome. — Jogo algumas notas de dólares sobre ela, comprando sua dignidade. — Aproveite seu dinheiro.
A raiva ainda pulsa em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez devesse aplaudir essa pessoa por sua audácia ou, quem sabe, por sua completa estupidez. Ela deveria agradecer a todos os deuses por eu não a ter torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que importa é recuperar aquele dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou farto da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando arrancar alguma informação de mim. Se continuarem assim, arrancarei suas cabeças. Não permito que esses imundos interfiram nos meus negócios. Já estou furioso demais.— Senhor, chegamos à casa de Marco Falcone. Ele está devendo cerca de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência acabou. — Desço do carro, e ele me acompanha.Caminho até a porta lentamente. Não há necessidade ir tão
Um sorriso sádico se forma em meus lábios enquanto me aproximo dele. Meu olhar transmite pura ameaça.— Tempo é algo que você não tem mais, Nicola. — Minha mão encontra seu pescoço, apertando com força suficiente para deixá-lo sem ar. — Você me deve, e não aceito desculpas.Sua expressão é de puro desespero, e eu posso saborear o medo que emana dele.— P-P-Por favor… Senhor… Prometo que conseguirei o dinheiro.— Suas palavras saem entrecortadas enquanto ele luta para respirar.Solto seu pescoço com um empurrão brusco, fazendo-o cambalear para trás.— Você teve sua chance, Nicola. Agora é hora de enfrentar as consequências. Dante, coloque-o de joelhos. — Ordeno friamente.Dante age rapidamente, fazendo-o ajoelhar-se diante de mim.— Sabe, eu acho muito engraçado que todos peçam dinheiro, mas na hora de pagar, não têm. Quero o meu dinheiro. — Minha voz sai gelada, provocando lágrimas em seus olhos.— V-Vou pagar, senhor. Prometo… Por favor, me dê alguns meses.— Solto uma gargalhada cru
— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Eu já não estava aguentando. — Diz Tom, enquanto organizamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora porque vai encontrar a sua deusa. — Fala Sophia em tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olha. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspiro, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Volto a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Pergunta, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Pergunte quando formos a essa maldita boate. — Termino de varrer o chão.Levo as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei minha parte, posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro meu armário e começo a retirar meu uniforme para colocar minha própria roupa. Estou exausta demais, e ainda tenho que comparecer àquela boate. Só quero chegar em casa e dormir, apenas isso
Ela estaciona o carro e logo descemos. Observo a fila e vejo que há muitas pessoas.— Só iremos entrar à meia-noite. — Digo ao ver aquela quantidade de gente.— Apenas vamos. — Pega o meu pulso e atravessamos a rua.— Scarlett! — Tomo um susto ao ouvir meu nome sendo chamado. Vejo Tom no meio da fila acenando para nós.— Que bom que seu amigo já está na fila, pouparemos tempo. — Ela novamente pega meu pulso e me arrasta pela multidão.Ah, só quero dormir.Passamos pelas pessoas que reclamam e nos lançam olhares raivosos. Finalmente chegamos perto de Tom e Sophia; os dois estão deslumbrantes. Tom usa uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, combinando perfeitamente. Sophia veste um vestido preto acima dos joelhos, curto na frente e longo atrás, mostrando bem suas coxas esbeltas. Os dois irradiam confiança e estilo, e é impossível não notar o olhar de admiração que muitos lançam em sua direção.— Que bom que chegaram, estávamos com medo de ent
Sinto um calafrio percorrer minha espinha ao encontrar seu olhar, tão profundo e penetrante, como se pudesse enxergar através de mim. Sua presença é sufocante, envolvendo-me em um véu de incerteza e medo. Eu vou morrer! Por que tive que ser tão curiosa, meu Deus?— P-Por favor… N-Não me mate. — Minha voz sai trêmula, uma súplica desesperada em meio ao caos ao meu redor.O desespero toma conta de mim, cada batida do coração ecoando como um eco assustador em meus ouvidos.— Diga-me, preciosa. Qual é o seu nome? — Tremem minhas pernas ao ouvi-lo me chamar de preciosa, sua voz carregada de uma aura sombria que me deixa arrepiada.Ele vai me matar! O pensamento ecoa em minha mente, enquanto luto para conter as lágrimas que ameaçam transbordar.— S-Scarlett Smith. — Respondo, minha voz mal passando de um sussurro.— Scarlett Smith. — Ele repete meu nome, como se saboreasse cada sílaba, uma nota de poder em sua voz grave e profunda.Meu coração bate descontroladamente no peito, uma sinfonia
Três dias depois. — Ainda vai continuar escapando de mim, preciosa? — Sua voz, carregada de uma sedução inegável, ecoa ao meu redor, fazendo-me tremer involuntariamente.— F-Fique longe de mim… Você é perigoso. — Meu tom vacila, enquanto eu tento manter a compostura diante da sua presença dominadora.— Acha que não percebo que você está excitada? — Ele me prende contra a parede, sua respiração quente e sensual acariciando minha pele, enviando arrepios por todo o meu corpo. — Seu perfume é hipnotizante, preciosa. Tudo em você é tão… perfeito.A noção do perigo deveria me afastar, mas, ao invés disso, minha excitação cresce a cada segundo que passa.— N-Não… Ah. — Um gemido involuntário escapa de meus lábios quando seus lábios encontram os meus.Seu beijo é feroz, selvagem, mas incrivelmente magnético. Ele me levanta sem esforço, minhas pernas instintivamente envolvendo sua cintura, enquanto nos afundamos naquele abismo de desejo.Apesar de saber que é errado, não posso negar a ele, ne