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3- Scarlett Smith.

Saímos do nosso apartamento e caminhamos tranquilamente até o elevador. Logo, as portas se abriram, entramos e ela apertou o botão da garagem. Gosto muito deste prédio porque é bem calmo, sem vizinhos brigando ou com som alto; é uma maravilha. Aqui, todo mundo se respeita, e eu aprecio essa tranquilidade.

— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.

— Não, nunca mais me encheram com ligações ou mensagens.

Agradeço muito por isso.

— Que bom, porque, se continuassem, eu os denunciaria. — Disse, bem séria.

— Sei que sim, mas fico feliz que eles não estejam mais me incomodando.

Desde que vim morar com a Gabi, meus pais insistem para que eu volte para a casa deles. Quem precisa de inimigos ao ter pais assim? Mas quando a Gabi os ameaçou, dizendo que os denunciaria, eles pararam rapidamente de me ligar e enviar mensagens. As portas do elevador se abriram, e descemos, indo em direção ao carro dela. Ela destravou a porta assim que nos aproximamos, entramos no carro e já colocamos o cinto.

— Se você quiser chamar seus amigos do trabalho para irem também, aceito. Conhecer novas pessoas sempre é bom. — disse, assim que deu a partida no carro.

— Vai ser um caos total, meu Deus. Você não pode ir apenas com eles? — perguntei.

— Claro que não, quero que você também vá. Ficar vinte e quatro horas em casa não é saudável, mesmo que você não goste muito de sair.

— Está bem, vou perguntar a eles se querem ir conosco. — Ela sorriu animada, como se tivesse ganhado mais uma vez.

Observei as ruas da nossa linda cidade, Sedona. Muitos pensam que essa cidade é calma e pacífica, mas estão completamente enganados. De fato, a cidade é deslumbrante, com prédios enormes, parques maravilhosos e shoppings incríveis, repletos de coisas que não se encontram em outros lugares. O clima é sempre quente, mas não insuportavelmente quente, graças a Deus. Aqui não neva, e o mais intrigante é que este país não possui estados, ao contrário de muitos outros. Nossa cidade é simplesmente chamada Sedona, e é assim que permanece.

Ela é verdadeiramente atraente, mas o que ninguém imagina é haver muitas coisas erradas aqui. Taxas altas de roubos, mortes e tráfico de drogas são apenas algumas delas. Graças a Deus, nunca ouvi falar de tráfico humano, mas sempre há rumores de que um mafioso mora aqui e que ele é o líder deste país. Sinceramente, estou em dúvida, não sei se acredito. Nunca houve uma notícia concreta sobre ele; apenas dizem que existe um mafioso aqui e que todas essas atividades de tráfico de drogas são controladas por ele. Mas se ele realmente existe, por que os policiais ainda não o prenderam? Ele seria tão poderoso assim?

É uma incerteza que me assombra.

— Chegamos. — disse sua voz, interrompendo meus pensamentos.

— Certo, te vejo mais tarde, Gabi. Bom trabalho. — Beijei sua bochecha.

— Bom trabalho também, amor. Se cuida. — Desci do carro, olhei ao redor e atravessei a rua.

Muitos dos meus amigos já pensaram que Gabi era minha namorada por causa desse carinho que temos. Mas Gabi é mais hétero do que eu.

Observei a lanchonete; para uma lanchonete, ela é bem grande. Estamos sempre tentando mantê-la bem organizada para os clientes voltarem. Caso contrário, nosso chefe nos mataria.

— Sua esposa te trouxe novamente? — perguntou meu amigo Tom, em tom brincalhão.

Esse é o Tom, um homem de trinta anos, alto, moreno, bem musculoso, com cabelos castanhos claros que combinam perfeitamente com seus olhos da mesma cor. No geral, ele é uma pessoa muito amigável. Quando comecei a trabalhar aqui, ele foi o primeiro a me ajudar, fazendo com que eu me sentisse confortável com o trabalho. Até mesmo assumia as mesas quando eu tinha dificuldades para me comunicar. No entanto, o ponto negativo é que ele é um verdadeiro mulherengo. E, para complicar ainda mais, está interessado na Gabi.

— Sim, minha linda esposa me trouxe. — Entre na brincadeira, fazendo-o rir.

— Que inveja, queria uma esposa daquela. — Revirei os olhos.

— Você? Um mulherengo? Conta outra, Tom. — Ele bufou.

— Por ela, me torno um homem decente. — Acabei rindo.

— Se quer mesmo tentar algo, ela está querendo ir…

— Eu vou!

— Deixe-me terminar! — Suspirei. — Ela me convenceu a ir a uma festa que terá no centro, hoje à noite. Pediu que eu convidasse os meus amigos do trabalho.

— Minha resposta continua sendo sim. Ver aquela gostosa dançando, minha nossa. — Dei um tapa em seu braço. — Ai!

— Respeite a minha amiga!

— Mas estou falando com respeito. Ela é gostosa mesmo. Farei de tudo para conquistá-la, por ela me torno tudo. Até um padre.

— Padre não pode ter um relacionamento, senhor espertinho.

— Não quero saber, por ela eu me torno tudo.

Apenas o ignorei e fui para a sala dos funcionários me trocar. Ao entrar, vi a Sophia.

— Bom dia, Scarlett.  — Cumprimentou suavemente, me fazendo retribuir.

— Bom dia, Sophia.

Sophia é uma mulher de vinte e quatro anos, absolutamente deslumbrante. Ela é um pouco mais alta do que eu; enquanto tenho um metro e sessenta e cinco, ela possui um metro e setenta de altura. Seus cabelos são longos, de um rico tom castanho escuro, que emolduram delicadamente seu rosto. Seus olhos azuis parecem hipnotizar quem os observa, contrastando lindamente com sua pele branca imaculada. Com um corpo esguio e elegante, digno de uma modelo, ela é verdadeiramente uma visão irresistível.

Ela me ajudou muito, assim como o Tom. Tem sido uma boa amiga, sempre me socorrendo quando preciso de ajuda. Agradeço imensamente pela paciência dela e do Tom.

— O Tom viu sua amiga? — perguntou, me fazendo rir; ela sabe que o Tom está caidinho por ela.

— Sim. É capaz de a Gabi apenas ter uma noite com ele e depois dar um pontapé. Ela não quer um relacionamento agora; o que mais deseja é aproveitar sua vida de solteira enquanto ainda não tem filhos.

— Concordo com ela. Temos que aproveitar nossas vidas de solteiras. Até você. — Suspirei.

— A Gabi me convenceu a ir a uma boate que abriu no centro; ela mandou convidar vocês, se quiserem.

— Sim, eu quero ir. Preciso beber e dançar; esses dias foram um inferno. Quero relaxar minha mente.

Comecei a me trocar rapidamente; é possível que já haja clientes, já que esse estabelecimento é bem movimentado.

— Pronta para mais um dia de trabalho? — perguntou, me fazendo resmungar.

— Não. Mas o bom é que hoje é sexta-feira, não precisaremos trabalhar sábado e domingo.

— Exato. Por isso mesmo quero beber e dançar. Agora vamos à nossa luta constante.

Que esse dia acabe logo.

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