Exatamente como prometera, Faith passou o dia inteiro com Rowan. Claro que não deixou de ligar para Tatianna para perguntar sobre Cailey e para avisar onde iria ficar todo aquele tempo. Ficou abalada por saber que a irmã ainda não tinha saído do quarto, que comera muito pouco e que ainda não queria conversar. Passava horas e horas apenas escrevendo, e Tatianna disse que daria tudo para ler seus textos e descobrir o que se passava em sua cabeça.
Quando desligou o telefone, Faith sentiu-se um pouco culpada por estar tão feliz enquanto a irmã passava por um sofrimento tão grande. Entretanto, lembrou que há alguns meses era ela quem sofria e, apesar de estarem sempre por perto, as outras duas seguiram com suas vidas. Entendia que sua dor e a de Cailey eram completamente diferentes, mas, ainda assim, terríveis.
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Quando a mais jovem foi se deitar, ela parecia muito mais conformada, e, algumas horas depois, quando Tatianna chegou, Faith lhe contou tudo o que havia acontecido. Era um alívio saber que mais um problema estava sendo resolvido. Cailey, contrariando o que ela achava de si mesma, era uma mulher forte e mais cedo ou mais tarde acabaria superando tudo aquilo. Faith decidiu que queria passar a noite na casa da avó, mas mal conseguiu dormir. Em cada canto pelo qual passava naquele lugar, sua mente e seu coração se enchiam de recordações. Tivera uma boa infância e uma ótima adolescência, apesar de ter perdido os pais muito cedo. Lolla sempre fizera de tudo para que elas não sentissem falta de nada. Deu-lhes tanto amor, que, apesar da saudade que sentiam do pai e da mãe, foram felizes e superaram as perdas. Admirava a vida que sua avó
Já fazia alguns dias que Jayce entregara o disquete de Melinda para o departamento de informática da polícia. Ele sabia que os recursos eram escassos, que os casos pareciam se multiplicar e que os rapazes que ali trabalhavam ocupavam boa parte do seu dia em redes sociais e em joguinhos. Estava ficando impaciente e tinha certeza que não estavam dando muito crédito àquela evidência. Na verdade, nem ele mesmo estava muito esperançoso em relação aos arquivos que poderia encontrar ali dentro, mas em um caso difícil como aquele, não podiam se dar ao luxo de descartar nada. Como se tivesse algum poder de telepatia, Debra chamou seu ramal, exatamente no momento em que ele estava pensando no disquete. Ela queria avisar que estavam sendo chamados na sala de informática, pois um dos operadores havia finalmente descoberto como abrir
Todo o jantar correu muito bem, Faith e Odeth conversaram sobre várias coisas como duas velhas amigas. Para Rowan, aquilo era mais do que especial, afinal, Faith era a primeira mulher que levava em casa, a primeira que ele tencionava mesmo levar a sério. Por mais que nunca tivesse sido um Don Juan, tivera algumas namoradas, mas todas passageiras. Jamais sentira por alguém o que sentia por Faith e a aprovação de sua mãe era importante. Robert Allers não almoçava à mesa. Ele precisava da ajuda de uma enfermeira e várias vezes ficava entediado e agressivo quando contrariado. Como ele preferia ficar sozinho em seu quarto, Odeth geralmente fazia suas refeições sozinha e era exatamente por ter companhia que ela estava tão feliz. Em um certo momento, estr
Com quinze minutos de atraso, o contato de Rowan chegou. Era um homem gordinho, calvo, na faixa dos quarenta anos. Nervoso, ele olhava de um lado para o outro com medo de ser visto. Sentou-se à mesa com eles, ainda tenso, e logo colocou uma pasta sobre a mesa. — Não posso demorar! Nesta pasta vocês vão encontrar tudo o que precisam saber — o homem ainda não tinha olhado nem para Rowan nem para Faith, e quando o fez, arregalou os olhos afobado. — Você esteve na delegacia outro dia! — lembrou, apontando para Faith. — Como se lembra disso? — perguntou desconfiada. — Ora, não é todo dia que uma moça bonita aparece por lá — era praticamente uma cantada bar
Foi como em um passe de mágica que o policial foi trazido de volta à realidade. Um dos médicos legistas que estava trabalhando no caso do “Assassino das Noivas” tinha algo a lhe falar e fez questão de telefonar pessoalmente para eles. Jayce e Debra, portanto, foram até o necrotério que ficava convenientemente próximo dali e procuraram pelo médico, que lhes recebeu bastante sério, mas com satisfação. Normalmente não gostava de policiais, mas aqueles dois eram uma exceção à regra. Eram educados e não lhe pressionavam. — Então, o que descobriu? — Jayce estava um pouco ansioso. — Penelope Ayburn tinha ferimentos à faca que não batem com o momento da morte. Pelas minhas análi
A dor de cabeça era tão intensa que ela podia jurar que tinha bebido muito na noite anterior. Não era apenas aquilo, porém, algo muito mais grave. Alguém ia morrer, não havia dúvidas, não era apenas um pesadelo. Instintivamente sabia que não iria mais encontrar Rowan em sua cama nem em sua casa. Tinha certeza que o tinha assustado o suficiente para mantê-lo bem longe. Talvez fosse melhor daquela maneira, antes que acabasse estragando tudo. Iria sofrer, mais do que poderia suportar, mas pelo menos ele estaria bem. A família DeWitt era muito complicada e cheia de suas próprias tragédias, o que acabava prejudicando terceiros. E ela não queria isso, ainda mais para alguém que passara a amar tanto. Entretanto, não estava sozinha. Tat
Algum tempo depois estavam ambos deitados na cama, abraçados e exaustos. Faith jamais fora amada daquela maneira e sentia-se completa, deliciada, satisfeita. Sentia-se feliz, não apenas pelo que tinham acabado de fazer, mas principalmente por ele estar ali, por não ter desistido dela. Era um presente, e Faith não tinha mais dúvidas de que estavam predestinados a ficarem juntos. Naquele momento, os dois comiam as coisas gostosas que Rowan levara na cesta e bebiam o vinho que ele também escolhera. Riam, brincavam, seduziam-se e pareciam dois adolescentes compartilhando o primeiro amor. — Rowan, espero que não me leve a mal, mas não quero que durma aqui esta noite — ela falava sério, mas ele arregalou os olhos de maneira divertida, como se estivesse surpreso. Por&eac
De manhã, no dia seguinte, Steve se encontrava na delegacia. Não conseguira dormir nada desde que Faith aparecera na sua casa àquela hora da madrugada. Ficara pensando em Jayce. Sabia exatamente quem iria morrer e que aquilo não seria nada bom para ninguém. Sem saber o que fazer, ele olhava para a Açucena, que começava a apresentar um desgaste nas pétalas por estar fora de um vaso, mas ainda se mostrava bela. Ainda sobreviveria por algum tempo, mas será que poderia dizer o mesmo de Debra? — Perdido em algum momento romântico? — foi exatamente Jayce quem apareceu, tirando Steve de seus pensamentos. Mal sabia que ele era a última pessoa que o amigo queria ver. — Não, estava apenas divagando — rapidamente, ele guardou a flor dentro da