Faith começou a ajudá-la com os biscoitos, e as duas nem perceberam a hora passar. Foi quando o celular de Tatianna tocou, que elas repararam que já estava tarde e que Cailey ainda não tinha chegado. E era exatamente ela que telefonava.
— Cailey, onde você está? — indagou preocupada.
— Tatty, preciso de sua ajuda — sua voz era um sussurro, proferido com extrema dificuldade. Não foi difícil concluir que ela estava em apuros.
— Diga-me onde está que vou buscá-la — Tatianna apressou-se em pegar um papel e uma caneta para anotar o que Cailey dizia. Ela não estava longe dali.
— Tat
Quando ele chegou, jogou-se em seus braços, sem nem se importar se era certo ou errado, ou com o que ele pensaria daquela atitude. Fez apenas o que precisava e queria fazer. Rowan, por sua vez, apertou-a em seus braços com força, feliz por poder estar com ela e tentar ajudá-la, fosse qual fosse seu problema. Entretanto, ele ficava cada vez mais preocupado, pois ela não parava de tremer e de soluçar. Ele já estava quase desistindo de sua ideia de apenas ficar ali com ela, contentando-se com o silêncio. Ainda mantendo-a perto de si, Rowan conduziu Faith até o sofá, e ambos sentaram lado a lado. — Estou apavorado por vê-la assim, mas prometo não perguntar nada —Rowan fez Faith encostar-se em seu peito e beijou sua testa carinhosamente. 
Depois de conversarem com Angus Feller, Jayce e Debra tinham mais uma pessoa para interrogar. Descobriram algumas ligações na conta do telefone celular de Shelby, vindas de algum número que nenhum de seus amigos nem seu noivo sabiam a quem pertencia. A linha foi identificada várias vezes e era de um rapaz com quem eles pretendiam falar para conseguirem mais informações. Seu nome era Christopher Alson, e era a primeira pessoa que parecia verdadeiramente triste com a morte da moça. Deixara a barba por fazer, o cabelo bagunçado e tinha olheiras profundas sob os olhos. Ele não parecia assustado em ver a polícia, nem mesmo surpreso. Aliás, ele não parecia expressar nenhum sentimento diferente de dor, que não dava a impressão de ser fingimento.
Jayce e Debra foram atrás de mais evidências. Se eles precisavam de fofocas sobre a Universidade de Nova Iorque, era isso que iriam ter. Sally McGeena era formada em jornalismo, e na época da faculdade, criou um jornalzinho de fofocas onde falava sobre a vida pessoal de vários alunos. Seu alvo principal eram as moças da Kappa House, o problema era que dificilmente elas davam motivos para notícias, pelo menos não tão bombásticas que merecessem atenção especial. Os dois detetives foram ao trabalho de Sally, e a moça os encaminhou até uma salinha de reuniões improvisada. Ela não perdera o gosto por fofoca e trabalhava em uma revista especializada na vida de celebridades, que não tinha muito boa vendagem, mas conseguia se manter.
Jayce estava em sua mesa quando recebeu um aviso de seu Outlook que havia uma mensagem nova em sua Caixa de Entrada. A Internet da delegacia era bastante lenta, e ele demorou mais do que quarenta minutos para baixar todos os arquivos em PDF que Sally McGeena havia lhe enviado. Assim que conseguiu salvar todos para seu computador, ele chamou Debra. Os jornais estavam em muito boa qualidade, pois haviam sido digitalizados em uma ótima máquina. Ela disponibilizara pelo menos cinco exemplares, alegando que eram os únicos que mencionavam as moças da Kappa House. Porém, todos que foram interrogados estavam certos. Elas eram modelos de perfeição, e as maiores fofocas com seus nomes eram sobre rapazes ou sobre suas roupas não estarem tão impecáveis. Apenas coisas fúteis
Enquanto Rowan visitava a delegacia, Faith ia visitar sua irmã. Acordara bem cedo para não perder mais horas de trabalho do que já havia perdido. Tatianna a recebeu, e as duas se abraçaram. Ficaram daquela maneira por algum tempo, tentando transmitir segurança e força uma para a outra. Daquela vez, a dor não iria separá-las, mas sim mantê-las unidas por Cailey, que precisava das duas equilibradas e lúcidas para que lhe passassem segurança. — Como ela está? — Ainda está dormindo, eu a fiz tomar um calmante ontem à noite. Estava muito nervosa e teve um pesadelo que a deixou à beira da histeria.&nbs
Faith esquecera-se de como era maravilhosa a sensação de dormir aconchegada nos braços de um homem depois de fazer amor por vezes consecutivas durante a madrugada. Rowan fora delicado e carinhoso como nem mesmo Henry nunca fora. Ao mesmo tempo, fora intenso e cheio de paixão, uma mistura perfeita de desejo e amor. E era exatamente esse o problema: não estava mais apaixonada por aquele homem, amava-o e já tinha medo de perdê-lo. Ainda estava sonolenta quando foi acordada com beijos no rosto e uma linda bandeja de café da manhã. Na verdade, aquela cena mal parecia real. Rowan ainda estava usando apenas shorts, sem camisa, lindo e deliciosamente elegante, mesmo naqueles trajes íntimos. Além disso, sorria como nunca. — Rowan! Está querendo me tornar uma
Exatamente como prometera, Faith passou o dia inteiro com Rowan. Claro que não deixou de ligar para Tatianna para perguntar sobre Cailey e para avisar onde iria ficar todo aquele tempo. Ficou abalada por saber que a irmã ainda não tinha saído do quarto, que comera muito pouco e que ainda não queria conversar. Passava horas e horas apenas escrevendo, e Tatianna disse que daria tudo para ler seus textos e descobrir o que se passava em sua cabeça. Quando desligou o telefone, Faith sentiu-se um pouco culpada por estar tão feliz enquanto a irmã passava por um sofrimento tão grande. Entretanto, lembrou que há alguns meses era ela quem sofria e, apesar de estarem sempre por perto, as outras duas seguiram com suas vidas. Entendia que sua dor e a de Cailey eram completamente diferentes, mas, ainda assim, terríveis.&nb
Quando a mais jovem foi se deitar, ela parecia muito mais conformada, e, algumas horas depois, quando Tatianna chegou, Faith lhe contou tudo o que havia acontecido. Era um alívio saber que mais um problema estava sendo resolvido. Cailey, contrariando o que ela achava de si mesma, era uma mulher forte e mais cedo ou mais tarde acabaria superando tudo aquilo. Faith decidiu que queria passar a noite na casa da avó, mas mal conseguiu dormir. Em cada canto pelo qual passava naquele lugar, sua mente e seu coração se enchiam de recordações. Tivera uma boa infância e uma ótima adolescência, apesar de ter perdido os pais muito cedo. Lolla sempre fizera de tudo para que elas não sentissem falta de nada. Deu-lhes tanto amor, que, apesar da saudade que sentiam do pai e da mãe, foram felizes e superaram as perdas. Admirava a vida que sua avó