Uma das primeiras coisas que Faith fez no dia seguinte foi tirar cópias dos relatórios policiais dos casos de assassinato de Ursulla e Trudy e mandou-os para Rowan por intermédio de Thomas. A princípio sua ideia era levar as pastas até ele, mas desistiu e pediu para o rapazinho fazê-lo, não querendo que ele pensasse que estava se oferecendo. Em seu íntimo queria vê-lo, mas seria melhor se o evitasse o máximo possível, pois a tentação era grande demais.
Focou então em seu trabalho, tentando esquecer a noite anterior. Pelo menos seu dia estava cheio; precisava preparar uma decoração para uma festa de debutante e uma entrega de um enorme buquê de Camélias para um de seus fregueses mais especiais. Todos os meses ele mandava flores para a esposa, e Faith recordava-se exatamente do primeiro dia
Faith estava emocionada. Não tivera a chance de ser mãe, pois a oportunidade lhe fora roubada naquele acidente, mas adoraria receber uma mensagem como aquela de um filho algum dia. Era impressionante que Cailey tivesse escrito aquilo em tão pouco tempo e parecesse estar dando tão pouco valor a tão belas palavras. Ela realmente não reconhecia seu próprio dom. Era como se tivesse vergonha de suas habilidades como escritora, e sua intenção fosse apenas usá-las como um desabafo. Seus textos não mereciam ficar trancados dentro de uma gaveta. Mereciam ser lidos, compartilhados. — Está maravilhoso! — foi tudo que ela conseguiu dizer. — Tem certeza? Posso fazer melhor... — Cailey insistia naquela modéstia desnecessária.<
Horas depois, pouco antes do nascer do sol, alguns policiais se reuniam em torno de um corpo. A vítima era uma jovem mulher de aproximadamente trinta anos; loira, magra, de compleição frágil e bonita, apesar do rosto estar bastante desfigurado. Ela fora apunhalada várias vezes, e seu cadáver boiava dentro de um rio quando foi encontrada. Dois policiais locais responderam primeiro ao chamado por estarem nas redondezas, mas ao verem as circunstâncias da morte, Jayce Hernandez e Debra Winney foram convocados. Ambos observaram a cena com cuidado e avaliaram o corpo superficialmente. Apenas um exame mais detalhado lhes traria pistas concretas, mas de cara, ambos repararam que o belo anel de noivado em seu dedo parecia muito recente, não havia sequer deixado uma marca no dedo da moça.&nbs
Fazia tempo que Faith não acordava se sentindo tão bem. Não se lembrava do quanto era bom estar com sua família, rir, falar besteiras e não pensar em coisas ruins. Sentia-se pelo menos uns dez anos mais jovem como acontecia quando ela, Cailey e Tatianna ficavam acordadas até tarde falando sobre namorados. Recordava-se da primeira vez que beijara Henry e fora contar para elas. Na época, seria capaz de jurar que fora a coisa mais maravilhosa que lhe acontecera. Parecia que tinha sido há séculos, em outra vida que não mais lhe pertencia. Levantara-se depois de se espreguiçar com calma, tomou café da manhã, leu o jornal, tomou banho, vestiu-se e quando estava prestes a sair para trabalhar, alguém bateu à porta. Achando que era Thomas, abriu sem nem olhar no olho mágico ou perguntar quem era. Assim que vi
Rowan prometera buscar Faith em casa bem cedo para que pudessem aproveitar o dia, pois queria que descobrissem o máximo de coisas possíveis. Mas ele não esperava encontrar aquela linda mulher cheia de olheiras e com o rosto pálido e cansado. — Você está bem, Faith? — perguntou preocupado. — Estou. Apenas não dormi direito! — Talvez devesse desistir de me acompanhar — tentou ele mais uma vez. — Não vou lhe dar esse gostinho — ela sorria ao entrar no carro, depois dele ter aberto a porta para ela. Ela logo lhe falou sobre sua
Pararam em frente à porta da casa dela, e Rowan não resistiu a olhá-la por algum tempo. Depois, saltou do carro, contornou até a porta do carona, abriu-a e percebeu que ela estava acordando. — Onde estamos? — indagou um pouco sem rumo e o fez rir. Ela nunca parecera tão linda. — Na porta da sua casa. — Deus! Estou zonza de sono! — colocou a mão na cabeça. — Minha intenção era carregá-la até sua casa. Se quiser, ainda posso fazer isso. — Não é necessário — respondeu convicta. A
Faith acordou sentindo-se confortável e aquecida. Não se lembrava de ter ido para cama nem de ter se coberto com o edredom. Viu-se vestida com roupas que não eram aquelas com as quais estava acostumada a dormir, e logo todos os momentos mágicos da noite anterior voltaram a sua mente, o que fez com que ela ficasse completamente envergonhada por ter dormido e não ter tido a chance de se despedir. Ainda sentia as estranhas sensações que o beijo que trocaram despertara em seu corpo e em seus pensamentos, sentia-se feminina novamente, desejável e um pouco mais pronta para se render à paixão que Rowan lhe oferecia. Porém, ainda não sabia o quão pronta estava. Ainda era domingo, então, ela se levantou, vestiu uma roupa mais confortável e foi para a sala. Sobre a mesa, havia um Gladíolo, a mesma flor que ela
Faith começou a ajudá-la com os biscoitos, e as duas nem perceberam a hora passar. Foi quando o celular de Tatianna tocou, que elas repararam que já estava tarde e que Cailey ainda não tinha chegado. E era exatamente ela que telefonava. — Cailey, onde você está? — indagou preocupada. — Tatty, preciso de sua ajuda — sua voz era um sussurro, proferido com extrema dificuldade. Não foi difícil concluir que ela estava em apuros. — Diga-me onde está que vou buscá-la — Tatianna apressou-se em pegar um papel e uma caneta para anotar o que Cailey dizia. Ela não estava longe dali. — Tat
Quando ele chegou, jogou-se em seus braços, sem nem se importar se era certo ou errado, ou com o que ele pensaria daquela atitude. Fez apenas o que precisava e queria fazer. Rowan, por sua vez, apertou-a em seus braços com força, feliz por poder estar com ela e tentar ajudá-la, fosse qual fosse seu problema. Entretanto, ele ficava cada vez mais preocupado, pois ela não parava de tremer e de soluçar. Ele já estava quase desistindo de sua ideia de apenas ficar ali com ela, contentando-se com o silêncio. Ainda mantendo-a perto de si, Rowan conduziu Faith até o sofá, e ambos sentaram lado a lado. — Estou apavorado por vê-la assim, mas prometo não perguntar nada —Rowan fez Faith encostar-se em seu peito e beijou sua testa carinhosamente.