Apenas com uma mochila nas costa e um sonho sigo para a rodoviária, no caminho decido pegar um ônibus para São Paulo, pesquiso por pensões e acho uma que julgo ser boa e segura, a viagem será longa e terei tempo para pensar o que fazer da minha vida.
É nessas horas que penso nos meus pais, quem são eles? será que ainda estão vivos? por que eles me abandonaram? são tantas perguntas que possívelmente nunca saberei a resposta. Costumo falar que sou filha de chocadeira, por conta desse detalhe. Bom, mas a males que vem para o bem, se meus genitores não tivessem me abandonado quando criança não teria conhecido Juliete a mulher me criou, ela sim foi uma mãe de verdade, foi uma pena ela ter me deixado tão cedo.
Juliete morreu aos 45 anos devido a um câncer de mama, por muitos anos lutamos contra, porém ele venceu, minha mãe se foi quando havia acabo de completar 18 anos, erámos apenas nós duas, foi uma época muito dificil, não tínhamos muitas condições e esperar pelo governo era ainda mais difícil, conciliar estudo, trabalho e cuidar da minha mãe era muito exaustivo, mas nunca reclamei, sempre agradeci pela oportunidade de tê-la mais um dia viva.
Para ela também era exaustivo, ela já não estava mais aguentando todo o processo do tratamento, era doloroso demais vê-la tão debilitada depois de uma sessão de quimeo, ela apenas desistiu, no inicio fiquei revoltada, não entendia por que ela não queria mais lutar, disse que ela era egoísta, mas na verdade quem estava sendo egoísta era eu, eu que não queria ficar sozinha, não permitia que ela me deixasse.
Até que ela se foi deixando um vazio tão grande dentro de mim. Mas hoje entendo que foi melhor assim, ela estava sofrendo, ao lembrar de Juliete deixo uma lágrima cair, minha mãezinha agora está em paz e olhando por mim.
Durante a viagem tento dormir um pouco, falta um pouco mais de 3 horas para chegarmos a rodoviária Tietê, já tenho um lugar para ir, achei uma pensão na Liberdade ótima e com um bom preço, vou poder ficar lá por um tempo, até arrumar um emprego.
Logo chegamos e com a grande esperança de uma vida melhor desço do ônibus, toda dolorida, porém feliz. Chamo o Uber e sigo direto para o bairro da Liberdade, que por sinal é maravilhoso. Ao chegar sou bem recebida.
- Boa tarde, sou Valentina Salazar, tenho uma reserva.
- Oh, sim! - a moça muito simpática diz sorrindo - seja bem-vinda, aqui diz que você irá ficar por tempo indeterminado - ela diz verificando algo em seu computador.
- Sim, é isso mesmo - digo e ela sorrir.
- Veio a trabalho? - pergunta.
- Na verdade, vir atrás de um trabalho, estou vindo do interior de minas, e vim pra ficar, mas por enquanto não tenho muito dinheiro para comprar movéis, por isso optei por ficar em uma pensão - explico.
- Sim, entendi, posso então fazer um pacote para você - diz - você paga um valor mensal até você conseguir um trabalho e se ajeitar por aqui o que acha? - fico surpresa com a oferta.
- E qual seria esse valor mensal?
- 700 reais fica bom pra você? - fico impressionada com a ajuda, pois pagaria na diária 80 reais.
- Por mim está ótimo - digo feliz.
- Ok então, seus documentos por favor.
Passo para ela RG E CPF enqunto ela faz o processo de entrada, conversamos e me identifiquei muito com ela, descobrir que ela é filha da proprietária, temos a mesma idade, ela se chama Carol e está fazendo faculdade de gastronomia, sei até seu signo virgem, como ela mesmo disse, é somente o signo.
- Obrigada pela ajuda - agradeço de coração.
- Não por isso, agora somo melhores amigas - diz se agarrando a meu braço - Luiz - grita alta, coloco as mãos no ouvido - desculpa - pede sem graça.
- Oi carol - um rapaz alto e bem bonito sai de algum lugar.
- Fica aqui rapinho enquanto vou levar minha amiga até o quarto dela por favorzinho - pede quase emplorando, o rapaz me olha e assente.
- Não demora, tenho o que fazer - diz meio emburrado.
- Valeu, depois te pago um açai - diz e sai me puxando, ela é bem maluquinha - então... - diz e se cala, espero ela terminar de falar, porém ela se cala.
- Então o que? - pergunto sem entender.
- Oh mulher, então... me fala sobre você - pede.
- Uai, como já disse sou do interior de minas, e vir para São Paulo tentar a vida - digo.
- Só isso - diz e sorrio.
- Sim, não tenho muito o que falar de mim não - digo.
- Entendi, esse é seu quarto, pega sua chave - ela abre a porta e o quarto é enorme, tem uma varanda e banheiro, lindo demais.
- Nossa que lindo - digo e ela sorrir.
- Minha mãe é demais, ela pensa em cada detalhe - diz orgulhosa.
- Realmente muito lindo, amei tudo.
- Bom vou te deixar descansar, o jantar é servido das 19 as 21 horas.
- Ok, mais uma vez obrigada - agradeço novamente.
- Te desejo boa sorte nessa nova etapa de sua vida - Carol diz e me abraça.
- Obrigada.
Carol se vai me deixando sozinha no meu mais novo lar, pelo menos por enquanto, ainda estou impactada com o luxo do quarto, há uma tv acoplada na parede daquelas fininhas, tenho até medo de chegar perto e derepente ela cair, nunca se sabe né, o banheiro é tão grande quanto o quarto, começo então minha arrumação, coloco o pouco de roupas que trouxe comigo, guardo tudo, no banheito há um roupão e toalhas.
Tomo um longo banho e deito-me, cansada adormeço. Acordo com batidas na porta.
- Oi - digo ao abrir.
- Mulher, como você não desceu para o jantar, trouxe pra você - Carol diz ao entrar com uma bandeja na mão.
- Meu Deus acho que dormir demais - digo bocejando.
- Percebe-se - diz rindo - já são quase 23 horas, come logo - me entrega a bandeja.
Abro e cheiro faz meu estômago roncar, Carol se j**a na minha cama e boceja.
- Ja pensou no que quer trabalhar? - pergunta.
- Na verdade não - digo e como ao mesmo tempo - não tive oportunidade de me qualificar, tenho apenas o ensino médio, mas trabalhei desde muito cedo na roça, e meu último trabalho durou quatro anos na fazendo céu azul - explico.
- Então qualquer serviço que aparecer você topa? - pergunta e assinto com a cabeça - minha mãe ela tem muitas conhecidas, amigas que são governantas em casas de famílias ricas e sempre alguma pede indicação a ela, se aparecer alguma coisa posso te indicar? - essa Carol foi um anjo que apareceu na minha vida.
- Sim com certeza.
- o que você sabe fazer?
- Sei limpar, cozinhar, cuidar de animais, já trabelhei bem pesado, pra mim qualquer coisa já é lucro.
- Então tá, assim que aparecer alguma coisa te aviso.
- Tudo bem - diz ao se levantar - agora vou parar de encher teu saco - diz rindo.
Carol vai embora e antes de sair fala.
- Vou te levar pra conhecer a cidade, se prepara.
- Agora? - me espanto.
- Não né, no fim de semana - avisa.
- Tá bom.
Carol se vai e continuo comendo, e agradecendo mentalmente a Deus por colocar pessoas boas em meu caminho.
DOIS MESES DEPOISToda animação de quando cheguei a cidade grande, se foi. Não imaginava que poderia ser tão dificil arrumar um emprego, mesmo com a Carol me ajudando, ainda assim o negócio tá osso, ter apenas o ensino médio não está ajudando, Carol me disse pra fazer algum curso profissionalizante, iria ajudar muito no meu curriculo, e é isso que estou fazendo nesse exato momento.Saio do cursinho de cara no chão com os preços, está totalmente fora dos meus reursos pagar uma mensalidade de quase quinhentos reais e por doze meses ainda por cima, e fora que ainda preciso pagar setecentos reais do quarto e me manter.Me sinto totalmente desanimada, volto para a pensão triste, ao chegar encontro uma Carol super feliz.]- Amigaaaaa - grita assim que passo pelo portão - você não vai acreditar, que cara é essa, sorria - diz me abraçando - senta - pede - hoje uma amiga da minha mãe ligou, e pediu uma indicação e ela indicou você - diz empolgada.- Sério - levanto-me mais que depressa.- Séri
Assim que passo pela porta sou abordado por Maria.- Senhor, a moça já foi contratada, aqui está o curriculo dela - entrega-me um papel, nem me dou ao trabalho de olhar.- Tudo bem Maria - digo ao devolver o papel a ela - só peça que fique fora do meu caminho - digo.- Sim, claro.- Vou só tomar um banho e já desço para o jantar.- Sim.Subo para meu quarto e já percebo algo diferente, a arrumação está diferente, não dou muita bola para isso, e sigo para o banheiro, levo um susto quando abro a porta e vejo uma bunda perfeitamente redonda de quatro praticamente dentro do armário de toalhas, preciso afrouxar a graveta com a visão.A moça ainda me percebeu minha presença, preciso pigarrear para que ela ouça.- Ai - diz ao bater a cabeça na porta, devido ao susto - caraca.Levanta devagar com a mão na cabeça, só então me ver e se assusta ainda mais.- Desculpe senhor - diz e abaixa a cabeça.Passa por mim mais que depressa e acaba escorregando no tapete - sem querer acabo sorrindo.- Ai j
Sério, não sei qual é meu problema, desde que pisei nesta casa está acontecendo desastre atrás de desastre e olha que nem completei uma semana que estou aqui, não consigo nem olhar para a cara do meu chefe de tanta vergonha, não depois de ter o visto pelado e com uma mulher com a boca naquela monstruosidade que ele tem no meio das pernas.Meus Deus só de pensar, meu rosto esquenta. Calma Valentina respira, puxo a respiração, prendo e solto, faço isso algumas vezes, tentando me acalmar, tudo em vão.- Oi.- Aí jesus! - me assusto com seu James na porta do quarto.- Está doendo? - pergunta ainda na porta.- Um pouco - respondo.- Aqui está os rémedio que você tem que tomar - ao entrar me entrega uma sacola.- Obrigada e mais uma vez, me desculpe - peço realmente arrependida de ter invadido a privacidade do meu chefe, pois ele já havia pedido para não zanzar pela casa - olha se o senhor quiser me despedir por justa causa, não irei me opor - digo enverhonhada, não consigo nem olhá-lo.Por
Como essa garota pode ser puro desastre, fico imaginando como sobreviveu até agora. A observo ir para seu quarto se segurando pelas paredes, poderia ajudá-la? sim poderia, no entanto prefiro me manter onde estou, ela segue firme, será um desafio descer as escadas, se me importo? depois de atrapalhar minha foda, e acabar com meu fim de semana... provalvemente não!Continuo com o que estou fazendo, estudo cautelosamente um documento importante que preciso enviar para Adalberto Vale meu estimado advogado, reviso mais uma vez e envio. Pelo tempo devo imaginar que a garota já deva ter chegado em seu quarto, olho para a mesinha de cabeceira e vejo todos os rémedios dela lá.- Droga! - resmungo apanhando todos - agora vou ter que descer!Chateado desço para entregar os rémedios a Valentina, sua porta está entre aberta e a vejo apenas de roupas íntimas, congelo! deveria dar meia volta, e é isso que faço, mas quando estou no meio da sala, ouço um xingamento.- Puta que pariu! - paro no pé da es
Sinto algo atrás de mim, abro os olhos me despertando, tento me afastar, porém algo me prende, o quarto está uma escuridão total, só então me dou conta de onde estou, dormir no quarto de seu James, viro-me lentamente apenas para atestar que ele, o próprio está agarrado a mim, sinto um tremor involuntário no corpo o que acaba o dispertando.Por milésimos de segundos ficamos nos olhando, e aquele tremor involuntário volta, só então seu James me solta.- Desculpe-me - pede.- Sem problemas senhor, mas agora realmente preciso voltar para meu quarto - digo me afastando, pois estavámos muito perto um do outro.Sem dizer nada seu James se levanta e verifica as horas.- Dormir tanto assim - diz mais para si mesmo do que pra mim.- Que horas são? - pergunto.- Quase dez da manhã - responde.- Pela fé! - exclamo agoniada - e agora? como vou sair daqui sem que me vejam - o medo toma meu corpo - o que vão dizer de mim! - falo comigo mesma.Tento sair da cama e assim que coloco o pé no chão o sint
Valentina fala, porém não escuto o que diz, meus olhos estão fixos nela, engulo em seco, antes que faça algo que possa me arrepender, viro-me e saio a deixando paralisada.Depois de um dia de merda, o que mais queria era chegar em casa e descansar, rango os dentes.- Garota, garota - murmuro.Depois do episódio de duas semanas atrás quando acordamos de conchinha, estou a evitando, não estou atrás de problemas. Ao entrar no quarto vou direto para o banheiro tomar uma ducha gelada, e a imagem de Valentina com aquele pedaço minúsculo de pano me vem na cabeça.- Droga James - trinco os dentes quando minha mão vai direto para meu membro duro feito pedra.Essa é a segunda fez que bato uma punheta, nem quando era adolescente isso acontecia. Puto comigo mesmo, coloco apenas um calção folgado e desço atrás de algo para comer, o silêncio me recebe, abro a gelaadeira e há muitas coisas, Maria deixa tudo pronto para o fim semana, mas nada que há aqui me agrada.Dessa vez quem se assusta sou eu c
Com os olhos fixos em mim meu chefe se aproxima, como um animal selvagem, se aproxima lentamente, eu não tenho reação, apenas o deixo se aproximar.- Valentina - sussurra meu nome e isso tem uma reação, sinto um calafrio.- S.. simm - gaguejo.- Essa é a hora que você levanta e vai embora - ele diz com uma mão na minha nuca e a outra me puxando para si.- Não quero - digo em um fio de voz.Meu chefe simplesmente beija-me, levo alguns segundos para reagir, abro a boca para recebê-lo, seus lábios são macios, doces, acho que devido ao vinho, sua barba roça no meu rosto, com certeza aquele local ficará vermelho, seu beijo é lento, é como se ele estivesse me saboreando, seu aperto se torna mais apertado nos colando ainda mais, quando estamos quase sem folegos nos afastamos.Meu chefe encosta sua cabeça na minha e respira fundo.- O que você está fazendo comigo menina - diz mais para si mesmo.Por alguns segundos ficamos em silêncio o que chega a ser constrangedor, tento me levantar, porém
Desde que nasci sei o que é rejeição, fui abandonado ainda preso a placenta, jogado em uma caixa como se fosse um bicho morto, por pouco não conheci a morte, um segurança que passava pela rua deserta onde me encontrava ouviu meu lamento baixinho, a principio o homem ficou assustado, porém logo agiu me enrolando em sua blusa, fui levado para um hospital meu estado não era dos melhores, virei notícia nacional, ''Homem encontra bebê ainda preso a placenta dentro de uma caixa'' depois da alta fui entregue para o estado, passei por vários orfanatos até por fim ser adotado aos 6 anos pelos Collins, um casal americano que veio em busca de uma criança no Brasil.Antes da adoção passei por muitos maltratos mesmo sendo muito pequeno, aprendi a me defender na raça, sei o que é dormir com fome e frio. Minha vida se transformou com a chegada de Louis e Mary Collins, tive dificuldade em confiar, para mim eles iriam fazer o mesmo que os outros faziam, demorou muito para que baixasse a guarda e os d