Capítulo 4 - Valentina

DOIS MESES DEPOIS

Toda animação de quando cheguei a cidade grande, se foi. Não imaginava que poderia ser tão dificil arrumar um emprego, mesmo com a Carol me ajudando, ainda assim o negócio tá osso, ter apenas o ensino médio não está ajudando, Carol me disse pra fazer algum curso profissionalizante, iria ajudar muito no meu curriculo, e é isso que estou fazendo nesse exato momento.

Saio do cursinho de cara no chão com os preços, está totalmente fora dos meus reursos pagar uma mensalidade de quase quinhentos reais e por doze meses ainda por cima, e fora que ainda preciso pagar setecentos reais do quarto e me manter.

Me sinto totalmente desanimada, volto para a pensão triste, ao chegar encontro uma Carol super feliz.]

- Amigaaaaa - grita assim que passo pelo portão - você não vai acreditar, que cara é essa, sorria - diz me abraçando - senta - pede - hoje uma amiga da minha mãe ligou, e pediu uma indicação e ela indicou você - diz empolgada.

- Sério - levanto-me mais que depressa.

- Sérissimo!

- Obrigada - a abraço apertado, já estava perdendo as esperanças.

- Vamos vá se arrumar, Maria quer que você vá ainda hoje fazer a entrevista.

- É pra já!

Saio correndo e acabo escorregando no tapete, a gargalhada de Carol me faz gargalhar também, levanta-me depressa e sigo para meu quarto, tomo uma ducha rápida e me arrumo, coloco uma calça jeans confortável e uma camisa polo feminina, calço o tênis e já estou pronta.

- Estou pronta - digo ao me aproximar de Carol.

- Aqui está o endereço - diz ao me entregar o papel.

- Obrigada amiga - agradeço mais uma vez.

- Não por isso, está levando seus documentos? ao chegar na portaria liga para esse número e avisa que está aguardando.

- Ok.

- Boa sorte.

- Obrigada.

Ao sair verifico o endereço, Jardim Europa, bairro nobre, chamo o uber, não quero correr o risco de pegar o ônibus errado, vou gastar um pouquinho, mas vai valer a pena. No caminho até o endereço vou rezando em silêncio, percebo que o motorista me observa pela retrovisor, o que me deixa muito desconfortável, verifico se ainda está longe e agradeço a Deus que não, em menos de cinco minutos chegamos, como já havia pago online não perco tempo, saio depressa.

Me aproximo da portaria, e ligo para o número que Carol me deu e aviso que cheguei, logo sou autorizada a entrar, a mulher que atendeu a ligação pede para esperar na portaria que alguém irá me buscar, pois a casa é longe. Enquanto aguardo um dos seguranças puxa conversa.

- Então você vai para a casa do Collins? - pergunta mesmo sabendo que é.

- Sim, tenho uma entrevista com a senhora Maria - respondo educadamente.

- Maria é uma boa pessoa - diz.

Logo o motorista chega.

- Valentina? - pergunta.

- Sim.

- Sou José e vim lhe buscar.

- Obrigada - agradeço.

Realmente a casa é longe da entrada, é praticamente a última casa do condomínio, e com certeza é a maior de todas elas, minha boca se abre com a beleza da entrada.

- Quantas pessoas moram aqui? - pergunto ainda de boca aberta.

- Apenas um e alguns funcionários - seu José responde rindo, quando viro-me minha cabeça quem nem a menina do exorcista.

- Tudo isso apenas para uma pessoa? - pergunto perplexa.

- Sim, vamos vou lhe levar até a Maria.

- Ok.

Sigo José pela lateral da enorme casa, entramos em uma espécie de sala.

- Aguarde aqui, Maria já virá.

- Ok, e obrigada - agradeço.

Sento-me no sofá e aguardo por longos minutos a pessoa aparecer, os minutos se tornam hora, e depois de quase duas horas aguardando, uma senhora elegante aparece.

- Desculpe a demora - pede ao se sentar a minha frente.

- Sem problemas - digo sorrindo.

- Então Valentina, me fale um pouco sobre você - pede e isso me surpreende, pois estava esperando ela pedir meu curriculo e fazer algumas perguntas que com certeza não saberia responder.

- Bom, me chamo Valentina Salazar, tenho vinte e quatro anos, venho do interior de Minas, trabalhei minha vida toda na roça, sei cozinhar, limpar, também posso cuidar do jardim - falo e ela me observa.

- Sabe cozinhar, o que você sabe de cozinha?

- Como sou mineira, tudo da culinária mineira sei fazer, e o que não souber, posso aprender - digo confiante.

- Ok, vamos lá - diz e me ajeito no sofá aguardando - estou precisando de uma pessoa de confiança, como já temos cozinheira, o que preciso de você é na limpeza, não na pesada, pois para isso trabalho com uma equipe profissional que vem uma vez na semana, no caso você apenas iria manter limpo - balanço a cabeça concordando - você tem disponibilidade para morar? - pergunta.

- Sim.

- Ok, leia com atenção - pede ao me entregar alguns papeis - leve o tempo necessário - assinto e começo a ler.

Me assusto com o valor do sálario $3.963,12, minha boca se abre, fora todos os benefícios, férias, plano de saúde e ainda vou ter onde morar, sem pensar duas vezes, assino o contrato e entrego.

- Quando começo? - pergunto e Maria sorrir.

- Hoje você pode fazer sua mudança, começamos amanhã.

- Não tenho muita coisa, apenas uma mochila com algumas roupas - digo.

- Se você quiser José pode lhe deixar lá e aguardar você pegar suas coisas - oferece.

- Vou aceitar - digo rapidamente.

Logo e eu estamos a caminho da pensão, no caminho troco mensagem com Carol, que manda vários emojis de choro, sorrio.

- Você vai gostar de trabalhar conosco - José diz.

- Tenho certeza que sim - digo, lembro-me que Maria não falou nada sobre o patrão, então decido pergutar a José - Seu José e como é o patrão? - pergunto.

- Aparência? - devolve a pergunta.

- Não, digo o jeito, se ele é exigente, bravo, geralmente gente rica é arrogante - digo sem pensar.

- Na verdade seu James é um bom patrão apesar do jeitão dele - diz e se cala.

Jeitão? fico com essa pergunta na cabeça.

- Chegamos - avisa.

- Não vou demorar - digo.

- Leve o tempo que precisar.

- Ok.

Respondo, mais é óbvio que não vou abusar da boa votande, por isso pedir para Carol arrumar minha mochila, quando entrei ela já estava me esperando na recepção com os olhos cheios de lágrimas.

- Não chora - aviso, já chorando também - obrigada amiga por tudo o que fez por mim até aqui, você foi um anjo que Deus colocou na minha vida - digo chorando - agradeçe sua mãe por mim.

- Não esquece que aqui você sempre será bem vinda, se não der certo lá, corre pra cá - diz.

Nós abraçamos forte e nos despedimos aos prantos. José sorrir gentilmente quando entro no carro.

- Vocês são muito ligadas não é.

- Sim, somos.

Durante o trajeto até o Jardim Europa, rezo em silêncio, peço a Deus que essa nova jornada da minha vida dê certo.

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