Na manhã seguinte, Raul ligou e Amanda atendeu. A reconciliação tinha sido apenas uma fatia do bolo, na verdade eles queriam muito mais, queriam tudo o que tinham de direito.Ambos haviam demorado para pegar no sono, pensando um no outro, no que sentiam quando estavam juntos e como algo tão forte poderia ser refutado.Como combinado, encontraram-se à noite. O moreno com o endereço dela em seu Waze não demorou e logo estacionava seu carro próximo ao condomínio onde Amanda residia. Ansiando vê-la, digitou rapidamente.Raul: Acabei de chegar. Ela respondeu depois:Amanda: Estou descendo. Ao se deparar com Raul, Amanda não soube disfarçar, deixou a emoção saltar por suas íris, abriu um largo sorriso e seguiu caminhando, apreciando-o sem desviar o olhar, encarando-o e pensando o quanto ele era uma tentação.— Oi. Demorei? — ela inquiriu e aproximou-se, ficando apenas alguns centímetros de distância.— Nem um pouco. — Raul não se conteve e não fazia questão alguma disso. Puxou a mulher
Meses se passaram e o casal estreitou laços que eram impossíveis de serem desatados. Amanda apresentou Raul aos pais e ele fez o mesmo. Ambos estavam felizes, apaixonados e fazendo planos para o futuro, desta vez a médica não só compactuava dos sonhos do namorado como ela própria os idealizava. Tudo transcorria naturalmente e não poderiam desejar outro momento em suas vidas.Na totalidade parecia normal, tirando o ex-namorado de Amanda, que, embora estivesse apenas observando-os da coxia, jamais deixou de arquitetar algo que pudesse feri-la na alma.André manteve-se frio, o sangue que percorria seus órgãos nem sequer parecia humano. O déspota vigiava o casal dia após dia, incansavelmente. Ele colocou rastreadores nos carros tanto da Amanda, quanto no de Raul, fotografou os namorados em diversos ângulos, os filmou e teve a audácia de transformar o quarto de hóspedes num covil; um verdadeiro abrigo de malfeitores.O local que antes possuía as paredes em tons verde menta, atualmente ti
— Fizemos inúmeros programas, mas casa noturna, nunca, tem certeza? — Amanda olhou para o homem ao seu lado que dividia a atenção entre ela e o volante e sorriu. — Se quiser, ainda dá tempo de desistir.— De modo algum, você me conhece de trás para frente e vice-versa, entretanto, minha versão arrasa pista não mostrei ainda. — Raul pegou a mão dela que estava pousada em sua coxa, levou até os lábios e depositou um beijo.— Então, tá. Vamos dançar, se bem que não danço nada.— Dançar não posso afirmar, quanto a rebolar em cima de mim isso você sabe fazer muito bem. — O casal se entreolhou e trocaram um sorriso sacana.Conversando e rindo das besteiras que Raul dizia, logo chegaram à casa noturna de nome estranho “Fatal” escolhida por ele para fazerem um programa diferente do habitual.Amanda achou o nome do local bem incomum e o namorado concordou, no entanto, concordaram mais uma vez em relação à decoração requintada do estabelecimento.Ao contrário das casas noturnas que conheciam, F
Amanda acordou sentindo-se muito bem, ela supôs que encontrar com o ex fosse estragar a sua noite, mas foi o contrário, foi um passeio agradável, porque o homem que ela amava a fazia se sentir assim. Encerraram a madrugada fazendo amor nos lençóis egípcios que ela mesmo havia dado ao namorado de presente.— Aonde você vai? Volta aqui! — Raul empurrou o edredom, e puxou Amanda e sorrindo ela se esquivou.— Fazer xixi, estou apertada — ela balbuciou, rindo. — Cadê o Chico? — Amanda olhou no cestinho do cão, que ficava ao lado da poltrona no quarto do dono.— Provavelmente fugiu quando nos ouviu praticando para darmos um irmãozinho para ele.— Palhaço. — A mulher desfilando totalmente nua, jogou nele uma almofada que estava no chão e achando a ideia de ser mãe tentadora, seguiu para o banheiro.Amanda retornou e juntou-se a ele na cama.— O que acha de aparecermos de surpresa na casa dos meus pais para um almoço de domingo? — ele inquiriu.— Acho uma tremenda falta de educação — ela retor
A ortopedista cruzou a porta da emergência para atender um garotinho que havia se dado mal andando de skate, o que a fez se lembrar do tombo que havia sofrido na infância.Com carinho e máxima atenção, o examinou.— Pronto, Miguel. Não foi tão ruim assim. — Ela sorriu para o menino e acariciou o peito do pé dele. — Preciso de uma tomografia e depois nos vemos novamente. Combinado? — Amanda fechou o punho para um cumprimento informal e ao mesmo tempo para distraí-lo. — A Márcia os acompanhará, após o exame eu volto para reavaliá-lo — repetiu, desta vez olhando para os pais do garoto.— Obrigado, doutora — O pai agradeceu e saiu acompanhado pela mãe que carregava uma bebê no colo e pela enfermeira que empurrava a cadeira de rodas.Amanda voltou para o consultório e seguiu com os atendimentos.— Oi, doutora, tudo bem?— Bom dia, Sônia, tudo joia e você? Corrido hoje?— Aqui até que está calmo, mas no hospital público que dei plantão essa noite, foi tenso.— Acidentes? — Amanda inquiriu.
— Ele está bem, você vai ver, foi só um susto. — Raul beijou-a na testa e abraçou-a com força assim que a viu tão fragilizada.— É o que tenho pedido a Deus. Papai é um exímio motorista, não consigo imaginá-lo nessa condição.— Acontece, amor. Às vezes, desviou de algum carro, motociclista, saberemos em breve. Vamos?Amanda assentiu e, após fecharem a clínica, partiram para o hospital.Durante todo o trajeto, a médica permaneceu calada, chorando baixinho, rezando em silêncio, rogando pela saúde de seu pai.Todos que a conheciam, sabiam do amor incondicional que Amanda nutria por seu velho pai. A ortopedista amava a mãe, claro que sim, um amor tão grande quanto o que sentia pelo seu progenitor, mas era sabido que afinidade ela possuía com Glauco, eles tinham uma relação especial, e de forma alguma causava ciúmes na Estela, pelo contrário, ela os compreendia, pois tinha o mesmo apreço por seu falecido pai, avô da Amanda.Absorta, ela continuou olhando através do vidro do automóvel e só
Amanda rapidamente enviou uma mensagem e tanto Raul quanto a sogra ficaram aliviados.— Acredito que o exame já deve ter terminado, vamos até lá? Seu pai ficará feliz.— Obrigada, Tadeu. Nem sei como agradecer a gentileza de vocês e o cuidado com o meu pai.— Tenho certeza de que faria o mesmo.A médica concordou com um aceno de cabeça.O trajeto foi curto e, apesar de conhecer intimamente esse tipo de ambiente, o coração dela deu um sobressalto, quando leu num sulfite com letras impressas CTI na porta do recinto onde o pai se encontrava.— Quando se trata dos nossos é diferente. Toda a nossa coagem rui. — Tadeu a olhou enternecido.— Nunca tinha passado por isso, está sendo bem difícil, confesso.— Ele está bem, dentro do possível e considerando o grau do acidente, segundo o que os paramédicos relataram as enfermeiras que o atenderam na chegada, seu pai nasceu de novo. Glauco está pronto, mas não para outra dessas. — Carinhosamente, Tadeu apertou o ombro de Amanda.Tadeu segurou a po
A porta à sua frente se abriu e o médico sorriu ao vê-la, despediu-se do casal que atendia e a recebeu.— Mais tranquila?— Muito mais. Evitei focar nos hematomas, fraturas. Você está certo, quando algo assim acomete quem amamos, o nosso lado profissional dissipa. Posso verificar os exames? Não quero atrapalhá-lo.— E não atrapalha, de modo algum. — Com um olhar generoso, Tadeu a encarou e virou a tela do computador para que a Amanda pudesse ler os laudos.Com cautela ela foi checando cada linha, e sendo extremamente atencioso o médico explicou um detalhe da concussão que a prendeu por alguns minutos.A cirurgiã tinha noção que a atenção endereçada a ela tinha certo interesse por detrás, no entanto, continuou agindo como se não notasse os sinais. Amanda era completamente apaixonada pelo namorado e só tinha olhos para ele, os demais, apesar de bonitos e charmosos, passavam despercebido.— Alívio é a palavra mais adequada para ser usada nesse momento. — A mulher sorriu contido e suas ex