Ai Rute, eu fico com um pouco de inveja de você! Ela disse, quando as lágrimas. O mundo acabando, sabe Deus se existe mais algum sobrevivente além de nós... e você consegue achar um puta partido.
Embora eu evitasse pensar a respeito sempre que eu tentava sentia-me incrivelmente mal por conseguir ter pensamentos tão banais enquanto o mundo caminhava para o seu fim, e eu meio que gostava de pensar que mesmo em meio a todo o caos, havia alguém que fazia com que eu me sente-se como uma boa adolescente boboca que eu era antes.
A gente só se beijou! Você faz parecer como estamos casados. Cutuquei a cintura dela, fazendo-a se contorcer de casquinha. Mayara gemeu.
Casamento? Quando aconteceu eu quero ser a madrinha! Eu pedi primeiro! Ela ignorou completamente o que eu falei, fazendo um novo acesso de risos acontecer.
Idiota! Falei, um tom de voz um pouc
Ao acordar e sentir o calor na mão de Mayara em contato com a minha, demorei alguns segundos para lembrar o motivo pelo qual a menina de cabelos loiros tinha dividido a cama comigo aquela noite. Conforme fui vencendo o torpor do sono, lentamente lembrança das conversas que compartilhamos na noite anterior, quase uma espécie de noite do pijama, invadiram a minha mente. Era confortável para mim saber que ainda era possível sentir como um adolescente normal, em meio a uma eterna luta pela sobrevivência. A lembrança de que naquele dia voltaríamos para incerteza das ruas, trouxe-me uma careta de desânimo. Tentei acordar Mayara com cuidado, mas ao meu menor movimento, Mel ergueu as orelhas e abriu os olhos. No segundo seguinte já estava pulando na cama sobre nós, espalhando lambidas meladas de babá. Mayara
Aquela altura eu sabia que todos estavam prontos na sala, educadamente esperando que eu e meus devaneios permitissem a nossa partida. Uma última vez olhei para dentro do armário da minha avó, uma última vez peguei o porta retrato sobre a sua cômoda coberta por uma fina cômoda, de poeira (o que me fez levar mais uma foto, dessa vez somente minha e da minha avó que coloquei dobrada no bolso da calça), e uma última vez respirei fundo, e esperando levar comigo aquela fragrância floral. Quando eu e Mel voltamos para sala todos estavam sentados nos esperando. A Mel vai sim coleira mesmo? Perguntou Mayara pondo-se de pé.Eu confio mais nela solta, caso algo aconteça, para não haver nada restringindo os seus movimentos. E, de qualquer forma, a coleira e a guia dela não estão mais aqui. Acho que a minha avó tentou s
Conforme o portão se abrirá, virei o rosto para ver como Mel estava, ainda em pé e com as orelhas perdida com expectativa, mas permanecendo obediente sobre o comando para que ficasse para trás ou quase, pois a cada minuto parecia mover as patas inconscientemente um passo mais para frente.Sem minha faca nas mãos, alcancei o meu bastão, que Amanda estava segurando. Cláudio Pegou de volta a sua barra de metal e Mayara embainhou a faca no coldre falso de seu cinto, agarrando um dos pedaços de madeira com pregos que ainda traziam nos conosco, oferecendo outro a Elton. Guga mudou a posição que segurava a faca para algo mais defensivo.O primeiro entrará com velocidade, quase uma corrida, mas que aquela altura não nos oferecia qualquer perigo. Elton precisamente a amparou sua
Paramos na esquina de um cruzamento, próximos ao muro acinzentado de uma casa, há algumas quadras da minha. Cláudio quem ficara na frente do que acabou se tornando uma fila indiana, e cuidadosamente espiava para ver como estaria a situação da outra rua, a avenida principal onde, mais acima, encontraríamos a farmácia. Mel andava próxima, eventualmente se afastando para cheirar algo, porém ao meu comando, voltava para perto de nós.Minhas mãos tremiam e eu mantinha o olhar fixo em um zumbi, que estava parado a esmo do outro lado da rua. Ela (era uma mulher) estava de costas para nós, os cabelos loiros alisados quimicamente quase batiam na bunda, e só conseguimos dizer que ela já morreu (e voltou) pela enorme quantidade de sangue sexo impregnada em sua saia jeans. Ela não pareceu ser dar conta da gente.Era um pouco mais fácil a
Vendo a rua quase vazia, permiti que Mel se afastasse um pouco mais, já que seu ritmo de cachorro era um pouco maior do que o nosso. Como o bom pastor que era, imediatamente passou a transcrever círculos por nós, adiantado-se alguns metros a frente e então voltando até passar pelo último de nossa formação (no atual momento, Elton). Ela estava atenta, pastoreando todos os lados como uma vigia, porém atenta principalmente a mim.Ela está conferindo se não tem nenhum deles por perto. Cláudio me informou, baixinho, a minha esquerda. Seus olhos negros acompanhavam Mel, percebendo quando ela parava para olhar as ruas ao nosso redor, talvez calculando da melhor forma que sei cérebro canino permitisse a distância entre nós e o perigo. Assenti para ele, sem ter o que adicionar.Caminhamos cerca de cinco quadr
Quando virei os olhos, em desespero, consegui ver que Mel caminhava para trás, ops olhos fixos numa das criaturas que se aproximava. Ela se movia rápido, mas o zumbi era incessante, como eu bem sabia. Senti o meu coração congelar e, em seguida queimar conforme a criatura tentava avançar para cima de Mel, que devidamente moveu-se depressa para escapar.Minhas mãos, que tremiam com violência, não me impediram de puxar o bastão para trás, acertando um golpe com toda minha força no rosto da criatura profana que tentava se aproximar do meu cachorro. Sangue e mais lascas de madeiras voaram, a criatura sendo atirada para trás com um som oco, não sem antes oferecer a resistência de uma parede contra o meu golpe, eletrocutando os meus braços com uma dor intensa.Meu Deus, Rute! Uma voz fina, seguida de um baque forte, empurrou
O ar chegava aos meus pulmões em lufadas desesperadas e cruelmente espaçadas. Se que eu percebesse, as vezes trancava a minha respiração, tentando suportar a ansiedade, que se refletia em uma taquicardia a qual eu só saberia nomear por já ter estudado sobre nas aulas de ciências. Era assim que Guga se sentia quando sua ansiedade atacava, então?Eu queria virar para trás, queria ver que meus amigos estavam vivos. Eu nem ligaria se também estivessem correndo por suas vidas como eu estava, apenas queria saber que havia vida pela qual correr. Mas sabia que seria somente um autoflagelação, pois atrás de mim só havia desesperança.Mel estava a alguns passos de distância, sua velocidade de cachorro nos ultrapassando com facilidade. Ainda assim, seus olhos estavam focados em mim, atentos, esperando por um comando. Somente então
Mayara caminhou até a porta do motorista. Olhei para Guga, que estava um pouco afastado de nós, a mão pousada sobre o peito. Seu rosto estava coberto de suor e ele respirava com velocidade, mas parecia estar bem no geral. Quando finalmente achei que poderia tentar acalmar meu coração, um grito agudo chegou aos meus ouvidos, fazendo Mel latir.Como se fossemos invocados pelo som, Guga e eu aceleramos na direção da porta do motorista que não estava em nossa linha de visão. Chegando lá em frações de segundos, exasperados, mas parecia que todo o percurso de menos de 4 metros tinha durado anos, o temor imaginar, depois de tudo aquilo, Mayara ferida.A primeira vista a garota loira aparecia bem, mas algo estava errado. Suas costas tava colada ao muro da casa, os olhos arregalados em terror, seu corpo todo esp