Improvável Amor
Improvável Amor
Por: Júlia Ashley
Prólogo

"Em meio ao sufoco de lutar pela sobrevivência, seu amor vem como um sopro de ar fresco, revelando e expondo sentimentos."

 

Donna Reid

Prostrada diante do vaso, já não tenho mais nada para colocar para fora, apenas a bile que sai com um gosto amago, queimando minha garganta. Os espasmos foram tantos, que fiquei com dor abdominal.

Tem poucos minutos que cheguei de mais uma balada das tanta que vou. Estava tão bêbada, que não consegui me segurar nas próprias pernas e como meus amigos estavam do mesmo jeito, a moça do bar que conhece minha amiga Vick, ligou e pediu que ela fosse me buscar e foi assim que cheguei a minha casa. Desta vez não contaria com a proteção do senhor Pitter, que por vezes me seguia, pensando que eu não notava, e me levava para casa.

Quando Vick chegou, ao ver meu estado, seu olhar de reprovação me magoou, mas eu tinha que continuar com minhas festas, esse era meu anestésico, o combustível que me dava forças para continuar. Fazia um tempo que eu não a locais assim, acho que depois de conhecer Kevin, não me senti tão inclinada a fazer essas coisas.

A primeira vez que fui a um lugar daqueles, depois de um empurrãozinho do pessoal da faculdade, fui com a cara e a coragem, mais com a cara do que com a coragem, porque me deu um pavor e quase voltei da porta mesmo. Nunca tinha ido a um lugar assim e embora não tenha nada demais, devido aos meus propósitos, aos pensar nos meus pais, me sentia como se os tivessem traindo. Mas foram eles quem havia me deixado, não por vontade, é claro. Mas nem por isso eu deixava de sentir e ter vontade de externar minha frustração. Aquela garota meiga e sonhadora já não existia mais.

Com o tempo me acostumei a música alta, as luzes multicoloridas piscando, as cantadas baratas, principalmente quando ficava no bar ou ia para a pista e até ao cheiro de sexo próximo aos banheiros, na parte mais escura onde muitos casais aproveitavam para se pegar.

A turma com a qual estava acostumada a andar gosta de zoar e muitas vezes a animação se estendia para atos de vandalismo, e uso de drogas, o que já me rendeu algumas idas à delegacia e devido ao nome influente do meu tio, nada sobre mim foi mencionado, mas eu adorei sua cara de constrangimento ao ir me buscar, inclusive quando em uma das vezes, o grande e magnânimo Edgar Reid ameaçou uma jornalista caso ela citasse meu nome em alguma reportagem dela. Sei bem que ele fez aquilo contra sua vontade, deve ser remorso e por isso não trata e não gosta de ver outras pessoas tratando outras de forma ruim. Às vezes faço só de pirraça com as empregadas da casa e quando penso que ele vai me repreender, ele se cala e não diz nada. Embora eu pudesse ver em seu semblante a reprovação.

Ontem mesmo, antes de sair, aconteceu algo desse tipo. Procurei uma roupa específica e a incompetente da empregada disse que estava na lavanderia e outro vestido, o qual gosto muito, na tinturaria. Enraivecida, expulsei-a aos berros do meu quarto e proibi qualquer um de cuidar das minhas coisas, apenas Gertrudes poderia fazer isso. Ela era uma velha chata, que me olhava com ar de reprimenda, mas pelo menos não questionava minhas ordens.

Levanto cambaleando e vou tomar um banho, preciso dormir ou não estarei inteira esta noite.

Um tempo depois...

Sinto uma frustração muito grande.

Esta noite me senti profundamente infeliz, tenho vontade de chorar. Tentei dormir, fechar os olhos, mas não consegui. Precisei sair do quarto, andar um pouco pela casa para ver se a vontade se dissipava, mas, não consegui segurar o choro.

Sentia minha cabeça doer e as lágrimas não pararam de descer. Em dado momento, me distraí por alguns minutos, mas logo aquela sensação de sufocamento voltou. Comecei a pensar em muitas coisas, meus pensamentos estavam uma bagunça.

Sinto vergonha do que tive vontade de fazer e arrependida peço perdão, mas quando a angústia volta, eu penso tudo de novo e me sinto uma covarde por não ter coragem. Eu queria dar um fim a isso, queria mesmo. Mas não consigo.

Eu não consigo...

Faz algumas horas que tomei uma decisão que talvez mude minha vida de uma vez por todas, e talvez seja bom. O que sei é que preciso de uma guinada de 360 graus. Preciso de uma mudança de ares e quem sabe assim eu me encontre, pois do jeito que estou nem eu tenho me suportado e depois do que vi e ouvi, jamais vou permitir que alguém me machucasse de novo. Vick achou uma loucura, mas talvez seja isso que eu precise para me reencontrar.

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