Donna ReidO senhor Morales foi até a janela olhar o que estava acontecendo e Charlie se aproximou de mim.— Ficar aqui é assinar uma sentença de morte — diz segurando meu braço. — Só eu posso tirá-la daqui.— Não pedi sua opinião e, por favor, afaste-se, seu perfume me deixa enjoada — ele deu um sorriso cínico. — Tem cheiro de arrogância — completei para diminuir seu ego que parecia gigante e puxei meu braço.— Essa é a minha essência natural, princesa — replica e eu me afasto, indo para junto do senhor Morales.Nesse momento a esposa dele aparece na sala com uma mochila em mãos.— Señorita, aqui tem algumas coisas de que possa precisar, para o seu próprio bem, sugiro que vá — seus olhos estavam suplicantes.— Malana — senhor Morales exclama virando-se para ela. Ignorando o marido, ela continua.— Amamos a sua presença em nossa casa e será bem-vinda quando quiser voltar, mas nesse momento o melhor é ir com este senhor.— Finalmente alguém sensato por aqui — Charlie diz e eu o fulmino
Charlie MacAleeseQuando eu penso que está tudo sob controle, vem a porra da garota mimada piorar tudo um bilhão de vezes.O que o seu tio havia dito sobre sua personalidade não chega nem perto da mulher teimosa que ela é, mas não era uma patricinha desmiolada, como presumi. Tinha fibra e defendia de forma ferrenha o que acreditava e protegia aos que amava. Tenho certeza de que foi para preservar o Sr. Morales, que ela veio comigo, pois sabia que eu não iria desistir e o homem estava disposto a me enfrentar.Era um tolo.No primeiro momento me senti desnorteado por sua beleza e elegância, mesmo vestindo roupas simples. Pessoalmente era ainda mais bonita do que eu supunha. E de certa forma, estava atraído, afinal, ela é uma bela mulher, com a pele aveludada como um pêssego maduro e com pernas esguias e roliças. Minha parte sensata me advertia de que não poderia sentir atração por ela, mas já era tarde. Embora fosse um homem vivido, que já experimentou muitas coisas, não era imune a sen
Charlie MacAleeseUm homem corpulento e bigodudo estava na recepção e levantou a cabeça quando ouviu meu pigarro. Seu olhar era avaliativo para Donna e de forma instintiva, coloquei o braço em volta dos ombros dela, que me olhou interrogativa. Ignorando sua pergunta silenciosa, me dirigi ao homem.— Buenas noches (boa noite) — cumprimentei. — Me gustaría una habitación para mí y mi esposa (gostaria de um quarto para mim e minha esposa).— Não vou ficar no mesmo quarto que você — ela responde tirando meu braço de cima de si.Sorrio sem graça para o homem e digo.— Está enojada porque una chica me miró. Un minuto... (ela está brava porque uma moça olhou para mim. Só um minuto...) — seguro em seu braço e a puxo para um canto. Com a voz baixa, eu falo. — Nem louco, eu deixaria você fora das minhas vista, é um quarto para nós dois, ou a floresta. Você escolhe.Ela me encara em desafio e por fim responde.— Tudo bem, mas reze para ter um sofá, porque é lá que vai dormir.Dou um sorriso cíni
Donna ReidSento-me na cama dando alguns pulinhos, para sentir a macies do colchão, que na verdade é duro como uma pedra, soltando um suspiro, eu sinto meu estômago roncar. Olho para a bolsa que Malana me deu e estico o braço pegando-a para conferir se tem alguma coisa para comer, antes que eu a abra, uma movimentação na porta do banheiro chama minha atenção e o Sr. MacAleese sai com apenas uma toalha minúscula em volta de seu quadril estreito.Sinto meus olhos dobrarem de tamanho e acabo deixando a bolsa cair no chão.Eu não era versada na cultura grega, mas tinha feito uma cadeira na universidade e se os deuses tivessem existido como afirmavam alguns, com toda certeza, a aparência deles seriam como a do Charlie nesse momento.Com peitoral largo e bronzeado, ele parecia adepto de exercícios feitos ao ar livre. Seu peito era coberto por uma camada fininha, quase imperceptível de pelos dourados que iam descendo por sua barriga cheia de gominhos, até se perder por entre as dobras do tec
Donna ReidParecia que eu mal tinha fechado os olhos por dez minutos quando senti alguém me sacudindo de leve.— Donna... — ouvi uma voz bem longe. Minha mente se negando a ligar, eu queria dormir, estava tão gostoso. — Vamos Donna, acorde — minha mente estava enevoada de sono.Sentei e olhei em volta imediatamente, um pouco desorientada, estava na cama e Charlie recolhia algumas coisas com agilidade, cocei os olhos até me lembrar de que eu tinha me deitado no chão. Como tinha ido parar ali em cima?— Como eu vim...— Isso não é importante agora, pegue — ele jogou uma jaqueta. — vista e vamos, temos que sair.— O que está acontecendo? — perguntei sentindo meu coração disparar, não sabia se queria ouvir sua resposta. O sono de dissipando na mesma hora.— Ainda não sei. Mas ouvi uma movimentação em torno do prédio, também notei uma agitação no final da rua, temos que estar preparados.Preparados para quê?— Mas...— Segure isso — ele me entregou uma espécie de manta que estava na cama e
Charlie MacAleeseQuando aceitei esse trabalho, eu sabia que não seria fácil e que decisões difíceis precisavam ser tomadas. Eu não pretendia que ela visse aquela cena, mas foi inevitável, pude ver nos olhos daqueles miseráveis que estavam dispostos a atirar. E para uma pessoa como ela, tudo aquilo estava sendo demais. Podia ver em seu rosto o horror que estava sentindo e aquilo não era nem metade do que uma guerra pode ser.Execuções, civis usados como escudos, população coagida e amedrontada, destruição e sangue, muito sangue, são apenas alguns dos efeitos de uma guerra.Saí puxando-a mata adentro, era possível ouvir estrondos em meio à escuridão e isso a impulsionava a me seguir, contudo, aos poucos ela foi perdendo ritmo, o breu era total, mas não podia parar. Pela temperatura, eu sabia que uma chuva estava vindo e a julga a vegetação em volta, não teria um lugar para nos abrigar. Sem contar que os rebeldes não desistiriam de nos procurar tão cedo, ou talvez não quisessem se avent
Donna ReidFiquei sem saber como responder a sua oferta, mas estava com muito frio e não podia me dar ao luxo de recusar. Por isso quando o ouvi chamar meu nome, respondi depressa...— Tu... Tudo bem — minha voz saiu baixa e hesitante. O coração disparado.— Vou sentar atrás de você, assim posso aquecê-la por inteiro.Antes que eu processasse o que ele tinha dito, todos os meus sentidos ficaram aguçados com os seus movimentos e em poucos segundos, ele estava me abraçando por trás. Senti seu peitoral desnudo encostado às minhas costas e suas mãos passaram algumas vezes pelos meus braços tentando produzir calor. Por fim, ele me abraçou com seus braços musculosos e suas coxas firmes, se juntaram às minhas. Não sei se era impressão minha, ou se ele estava tomando cuidado para não ficar totalmente grudado em mim, o que agradeci mentalmente, não sei como reagiria ao sentir o seu...Sacudi a cabeça para dissipar o pensamento.Mas foi inevitável pensar na intimidade do momento, ainda mais por
Donna ReidFiquei pensativa com sua pergunta, eu sabia a resposta, mas não sei se queria compartilhar.— Quando cheguei a este país, nos primeiros dias, eu pensei que não conseguiria ficar por mais de uma semana, parecia não ter nada para fazer aqui. Nada do que eu estava acostumada pelo menos. Mas então, eu fui me adaptando, me apaixonei pelas crianças...— Mas não foi só isso... — ele me interrompeu.— Não! Eu não me sentia pronta para voltar. Ainda não tinha sido totalmente restaurada — falei sincera. Abrindo-me mais do que devia.A penumbra se interpunha entre nós, mas de alguma forma, eu imaginava que ele estivesse me olhando, pensativo ou analisando minha resposta, por fim disse.— Entendo — não, ele não entendia. Era muito mais complexo do que se supunha e eu não aprofundaria aquela conversa. Não ali e não com ele.— Minha vez de novo — falei. Estava gostando de dialogar com ele sem agressões verbais. — E Você, o que o fez desistir de... de...— De ser um militar?— Sim!— Como