Donna ReidFiquei pensativa com sua pergunta, eu sabia a resposta, mas não sei se queria compartilhar.— Quando cheguei a este país, nos primeiros dias, eu pensei que não conseguiria ficar por mais de uma semana, parecia não ter nada para fazer aqui. Nada do que eu estava acostumada pelo menos. Mas então, eu fui me adaptando, me apaixonei pelas crianças...— Mas não foi só isso... — ele me interrompeu.— Não! Eu não me sentia pronta para voltar. Ainda não tinha sido totalmente restaurada — falei sincera. Abrindo-me mais do que devia.A penumbra se interpunha entre nós, mas de alguma forma, eu imaginava que ele estivesse me olhando, pensativo ou analisando minha resposta, por fim disse.— Entendo — não, ele não entendia. Era muito mais complexo do que se supunha e eu não aprofundaria aquela conversa. Não ali e não com ele.— Minha vez de novo — falei. Estava gostando de dialogar com ele sem agressões verbais. — E Você, o que o fez desistir de... de...— De ser um militar?— Sim!— Como
Donna ReidAcordei, mas minha alma com certeza não estava no meu corpo. Não podia ser eu, agarrada aquele homem rude, como se minha vida dependesse disso. Mas isso não era tudo, o pior era que estava gostando de ficar ali, sentia-me tentada a correr a mão pelo seu peitoral e sentir seus músculos quentes e firmes do abdômen. Porém, imagino que nada comparado ao que eu estava sentindo por baixo da minha perna. Minha pulsação acelerou quando me dei conta de que ele estava excitado.Comecei a imaginar minha mão brincando com o elástico de sua boxer preta. Eu não ousei me mover para ver o volume, mas sentia o quanto era maciça, grande.Podia sentir meu rosto ficando vermelho e uma adrenalina diferente correndo minhas veias. Mas de repente, ele fez um movimento e quando dei por mim, o vi pegando suas roupas e saindo da caverna.Envergonhada pelos pensamentos e pelo que quase me deixei fazer, levantei e comecei a vestir as roupas frias, ainda úmidas.Não demorou muito, Charlie retorna.— Tem
Donna ReidSaciada, sentei-me, peguei a bolsa que carregava comigo e despejei o conteúdo para que o sol secasse o que fosse possível enquanto estivéssemos parados ali. Charlie se aproximou e me estendeu um pacote, igual ao que me deu na estalagem.— Obrigada — agradeci. — O que é isso? — esse tinha uma embalagem diferente.— É uma barra proteica. Ótima para nutrir e saciar a fome, embora não alimente.— Essa é diferente — falei dando uma mordida e apreciando o sabor.— Essa eu mesmo fiz — o olhei desacreditada. Ele cozinha ou só faz essas coisas esquisitas? Tive vontade de perguntar, mas me contive.Ele se sentou e também começou a comer a dele. Eu não sabia se puxava conversa ou continuava calada. Acabei escolhendo me calar, ele tinha acordado como um ogro hoje, o melhor seria não provocar.— Está boa — disse apenas. Levantando a mão com o alimento. Ele meneou a cabeça sem dizer nada.— Descanse um pouco, dentro de meia hora retomaremos a caminhada — foi minha vez de menear a cabeça.
Charlie MacAleeseTrês dias e duas noites se passaram, apesar da temperatura cair drasticamente ao final do dia, não tem chovido, o que é ótimo, já que não encontramos lugar adequado para nos abrigar. De acordo com o mapa, estamos em algum lugar de Masagua, logo chegaríamos a Santa Lúcia, porém, em vez de seguir o caminho para lá, resolvi seguir a trilha que levava para La Gomera, próximo a São José, onde tem uma pista de pouso para aviões particulares, embora não seja esse o meu intuito, pois tenho certeza que deve estar sob vigilância total, minha intenção é tentar encontrar algum veículo em alguma vila próxima dali, e assim, seguir por uma estrada mais limpa, ganhando tempo e atravessar o que resta da região e cruzar a fronteira com o México. Quero tirá-la desse inferno o quanto antes. Sei que ainda temos um longo caminho pela frente e que não será fácil com as tropas rebeldes cada vez mais perto. Eles parecem que se multiplicam, em todo lugar parece ter homens armados.Donna camin
Charlie MacAleeseQuando cheguei mais perto, vi que estavam colocando os reféns em um caminhão aberto e as casas estavam pegando fogo. Um jipe estava à frente e dois atrás, era uma escolta. Não havia nada que eu pudesse fazer. Pelo menos não iam abusar daquelas pessoas indefesas, ao menos por enquanto. Antes de subir em seus veículos, apontaram suas armas para cima e deram vários disparos como se comemorassem.Bando de porcos imundos.Esperei que eles saíssem e poucos minutos depois, com cuidado, fui sondar o lugar. Com agilidade, porém cauteloso, percorri toda aldeia e constatei que não havia ninguém vivo ali, era impossível entrar nas casas para encontrar alguma coisa, estavam tomadas pelo fogo. Em uma delas, entrei por trás e consegui alguns enlatados, coloquei na sacola e sai o mais rápido que podia. Donna devia estar assustada com o som dos disparos.Quando ia chegando mais perto de onde a tinha deixado, ouvi sua voz em um murmúrio trêmulo, engasgado.Merda.Apressei o passo e qu
Donna ReidOlhando para esse homem que tentou me atacar horas atrás, desacordado em cima dessa cama, enquanto Charlie está lá fora, cuidando do nosso jantar, eu penso em todas as loucuras que me trouxeram até aqui.Se me dissessem alguns meses atrás que eu embarcaria numa viagem para um país tropical sem nenhum conforto ou sem nenhuma das regalias com as quais eu estava acostumada, eu teria gargalhado na cara da pessoa, ainda mais se falassem por tudo o que eu iria passar ao lado de um desconhecido marrento e sexy. Era completamente inconcebível que eu sequer pensasse na possibilidade de vivenciar algo assim.Hoje não duvido de mais nada. Não mesmo...Depois dos últimos dias, principalmente nas últimas vinte e quatro horas, eu vi que nada mais me surpreenderia. Eu sei que foi muito imprudente da minha parte empurrar o Charlie numa missão suicida, naquele momento eu fiquei apavorada com o que poderia acontecer com aquelas pessoas e não raciocinei direito, só quando ele se afastou e min
Donna ReidLevantei-me para entrar na cabana e com um movimento rápido, ele segurou meu pulso.— Vai aprender, princesa, que não pode sair dizendo o que quiser e esperar sair impune disso — com um puxão, caí sentada em seu colo. Acabei deixando escapar um grito pela surpresa.Nossos olhos ficaram fixos um no outro por um tempo que pareceu uma fração de segundo, logo eu estava sentindo seus lábios poderosos sobre os meus, com selvageria, desejo e paixão, num beijo que arrancou meu fôlego. Mostrando que por mais que tentasse negar, ele queria aquilo tanto quanto eu.Fui arrancada das lembranças pelos gemidos do homem que estava despertando. Rapidamente saí e avisei a Charlie, que entrou imediatamente e me mandou ficar aqui fora. Depois do ocorrido ontem, ele vem se comportando de forma estranha, nenhum de nós falou sobre o que houve, mas era obvio que estava ali, invisível, mas ali... A tensão era palpável.Deixo minha mente vagar de volta para ontem...Quando encerramos o beijo, ansian
Donna ReidUm tempo depois...Eu estava sentada em um canto, observando aqueles dois conversarem enquanto comia o jantar. Não era uma refeição completa, mas era muito mais do que tivemos nos últimos dias e eu não sentia mais aquela sensação de estômago colado nas costas. Sem falar que estava delicioso ou talvez fosse a fome que me fazia pensar assim.— É uma coisa rara e duvido que se repetirá — me forcei a prestar atenção quando ouvi a voz de Charlie.— É mesmo? — o tal Brandon tinha um sorriso presunçoso e vez ou outra lançava um olhar em minha direção. — Agora você ficará me devendo. O que não é uma posição confortável.— O que não é confortável é uma bala no meio da testa — Charlie também sorria, o que fazia pensar que aquela conversa estranha era uma brincadeira entre eles, ou não. — Salvei sua bunda uma dúzia de vezes e não se esqueça daquela vez no Azerbaijão.O homem mudou a fisionomia para algo... Como eu diria? Reverência, respeito, eu não saberia dizer.— Não tive tempo de