Donna ReidLevantei-me para entrar na cabana e com um movimento rápido, ele segurou meu pulso.— Vai aprender, princesa, que não pode sair dizendo o que quiser e esperar sair impune disso — com um puxão, caí sentada em seu colo. Acabei deixando escapar um grito pela surpresa.Nossos olhos ficaram fixos um no outro por um tempo que pareceu uma fração de segundo, logo eu estava sentindo seus lábios poderosos sobre os meus, com selvageria, desejo e paixão, num beijo que arrancou meu fôlego. Mostrando que por mais que tentasse negar, ele queria aquilo tanto quanto eu.Fui arrancada das lembranças pelos gemidos do homem que estava despertando. Rapidamente saí e avisei a Charlie, que entrou imediatamente e me mandou ficar aqui fora. Depois do ocorrido ontem, ele vem se comportando de forma estranha, nenhum de nós falou sobre o que houve, mas era obvio que estava ali, invisível, mas ali... A tensão era palpável.Deixo minha mente vagar de volta para ontem...Quando encerramos o beijo, ansian
Donna ReidUm tempo depois...Eu estava sentada em um canto, observando aqueles dois conversarem enquanto comia o jantar. Não era uma refeição completa, mas era muito mais do que tivemos nos últimos dias e eu não sentia mais aquela sensação de estômago colado nas costas. Sem falar que estava delicioso ou talvez fosse a fome que me fazia pensar assim.— É uma coisa rara e duvido que se repetirá — me forcei a prestar atenção quando ouvi a voz de Charlie.— É mesmo? — o tal Brandon tinha um sorriso presunçoso e vez ou outra lançava um olhar em minha direção. — Agora você ficará me devendo. O que não é uma posição confortável.— O que não é confortável é uma bala no meio da testa — Charlie também sorria, o que fazia pensar que aquela conversa estranha era uma brincadeira entre eles, ou não. — Salvei sua bunda uma dúzia de vezes e não se esqueça daquela vez no Azerbaijão.O homem mudou a fisionomia para algo... Como eu diria? Reverência, respeito, eu não saberia dizer.— Não tive tempo de
Charlie MacAleese — O que vamos fazer Charlie? — sussurrou e estremeceu quando os caras bateram com violência na porta. — O que tiver que ser feito — respondi alcançando a arma no coldre e deixando-a pronta caso fosse necessário. — Aconteça o que acontecer, não faça barulho — orientei e ela acenou. Eu podia sentir os tremores do seu corpo junto ao meu. Pelo barulho, percebi que a porta foi aberta com brusquidão. — Então você está aqui. O que aconteceu que não foi ao encontro dos outros, como combinado? — uma voz estanha questiona num inglês cheio de sotaque. — Cara, tive um problema — Brandon responde. Outros caras entram e começam a andar pelo lugar, a madeira rangem sob seus pés e uma poeira fina cai em cima de nós. — Que tipo de problema? — Fui atacado por um animal de quase 2 metros de altura, tudo porque mexi com a fêmea dele. Todos caem na gargalhada e eu sinto vontade de socar a cara do imbecil. Como Donna está de costas para mim, não posso ver sua reação, mas posso ap
Donna Reid Trêmula. É assim que eu estou. Depois de todo terror com a chegada daqueles homens, ficar naquela posição com Charlie ajudou a me distrair um pouco sobre os vários tipos de insetos que poderiam ter ali. Apesar de toda adrenalina, ele estava excitado e por mais que tente parecer indiferente, seu corpo não consegue esconder e reage a nossa proximidade. Eu não poderia dizer que também não estava, não o julgaria, tudo aquilo era muito excitante. Porém, quase entrei em pânico quando senti aquela aranha subindo pelo meu braço e só não saí correndo dali porque não tinha forças nas minhas pernas. E agora ele me vem com essa aula de orientação. Olho para ele que está esperando uma resposta minha e trato de subir logo na garupa. Não parece um veículo muito confiável, mas é o melhor que temos e não vou precisar andar por horas a fio, o que já é ótimo. Como ele foi gentil comigo, faço questão de retribuir o favor, então coloco minha mão em seu abdômen, sentindo os gominhos sob meu
Donna Reid Foi preciso duas viagens para pegar todos os gravetos que eu tinha reunido, mas me sentia satisfeita por ter feito algo útil. — Como vai acender? — perguntei enquanto o via arrumar bem próximo de onde iriamos dormir, mas não muito. Charlie disse que o ideal é pelo menos um metro de distância, assim está perto o suficiente para passar um pouco de calor e longe para não causar algum acidente. E ainda espanta alguns animais. — Vou usar isso aqui... — O que é? — Ninho de passarinho. Ei, estava vazio — responde quando viu minha cara. — É fácil de pegar fogo e espalhar pela madeira seca. — Tudo bem, mas não era isso que eu queria saber. — Não vou usar atrito entre uma pedra e outra ou pedaços de madeira como o Homo erectus, se é isso que quer saber. Embora eu seja um admirador de sua inteligência e perspicácia... — levantei uma sobrancelha, seria a cara dele se fizesse isso como o homem das cavernas que é. — Vou usar isso... — puxou um isqueiro do bolso. — Ah, claro...
Charlie MacAleese Não sei o que a incomoda tanto quando pergunto sobre sua família ou o que a levou a mudar tão bruscamente, mas seja lá o que for, mexe muito com ela. Embora curioso, respeito seu silêncio. Sei o quanto é complicado falar sobre algumas coisas. Eu não tive uma infância muito comum e na adolescência, arrumava mais problemas do que podia. Durante um tempo toda aquela merda me afetou, mas hoje, embora não goste de falar, não me afeta tanto. Por isso saiu de forma tão natural quando ela perguntou. Vendo que não teria a mesma cortesia em sua resposta, me afastei, não apenas para dar-lhe privacidade, mas também para ordenar meus pensamentos. Não conseguia parar de pensar na noite em que estive com ela em meus braços, tão entregue, sensual e linda. Não falamos mais sobre o assunto depois que a dispensei. Ela pode não acreditar, ficar com raiva, e com toda razão, mas fiz aquilo para o bem dela, e o meu também. Eu sabia que estava agindo muito errado, e não foi nem um pouco
Donna Reid — Demorou... — Hum... — não digo nada. Se ele soubesse. — Tome, coma. Temos muitas coisas para fazer... — O que, por exemplo? Achei que só iriamos esperar. — Nem todos os dias serão de céu claro e sem chuva, precisamos pegar folhas de palmeiras e o que der para amarrar e segurar para fazer uma proteção aqui, uma chuva de vento nos deixaria encharcados, estamos muito expostos. — Não seria a primeira vez — ele me olha de forma penetrante. — Digo, de ficarmos molhados pela chuva. — Não seria. Mas não quero repetir a experiência — não sei se gostei de ouvir aquilo, parecia que ele fazia referência a outra coisa. Orgulhosa, rebati. — Eu também não. Foi horrível... — virei para o outro lado, pois sabia que tinha corado por falar uma mentira tão deslavada. O fato é que tinha sido surreal. Uma experiência incrível. Tão sensual e ao mesmo tempo intima. Como se fosse natural estarmos nos braços um do outro quase pelados. Embora não soubesse na época, eu tinha apreciado muito
Donna Reid Passei aproximadamente umas duas horas ali, atirando até derrubar todas as latas como Charlie tinha dito. Ele ainda veio recarregar a arma e me ensinou como fazer se fosse necessário, se afastando em seguida. Cansada, fui me lavar e voltei para perto dele que tinha acabado de acender a fogueira. — Posso ajudar? — Está quase pronto, não se preocupe — estende uma caneca para mim. — Fez um ótimo trabalho. Amanhã vai treinar mais. — Não acredito. Está me elogiando? — falo com deboche. — Você mereceu, se esforçou — deixando a implicância de lado, agradeço. — Obrigada. Ficamos em silêncio enquanto ele muda o graveto de posição sobre a fogueira, parece uma espécie de ave assando, resolvo não perguntar, tenho certeza que não vou querer saber o que é. — Desculpa se fui chata com você — digo olhando o fogo crepitando baixinho. — Foram algumas vezes, poderia ser mais específica? — diz com a voz baixa, olho para ele e percebo aquele esboço de sorriso de novo. — Não abusa... —