Donna ReidParecia que eu mal tinha fechado os olhos por dez minutos quando senti alguém me sacudindo de leve.— Donna... — ouvi uma voz bem longe. Minha mente se negando a ligar, eu queria dormir, estava tão gostoso. — Vamos Donna, acorde — minha mente estava enevoada de sono.Sentei e olhei em volta imediatamente, um pouco desorientada, estava na cama e Charlie recolhia algumas coisas com agilidade, cocei os olhos até me lembrar de que eu tinha me deitado no chão. Como tinha ido parar ali em cima?— Como eu vim...— Isso não é importante agora, pegue — ele jogou uma jaqueta. — vista e vamos, temos que sair.— O que está acontecendo? — perguntei sentindo meu coração disparar, não sabia se queria ouvir sua resposta. O sono de dissipando na mesma hora.— Ainda não sei. Mas ouvi uma movimentação em torno do prédio, também notei uma agitação no final da rua, temos que estar preparados.Preparados para quê?— Mas...— Segure isso — ele me entregou uma espécie de manta que estava na cama e
Charlie MacAleeseQuando aceitei esse trabalho, eu sabia que não seria fácil e que decisões difíceis precisavam ser tomadas. Eu não pretendia que ela visse aquela cena, mas foi inevitável, pude ver nos olhos daqueles miseráveis que estavam dispostos a atirar. E para uma pessoa como ela, tudo aquilo estava sendo demais. Podia ver em seu rosto o horror que estava sentindo e aquilo não era nem metade do que uma guerra pode ser.Execuções, civis usados como escudos, população coagida e amedrontada, destruição e sangue, muito sangue, são apenas alguns dos efeitos de uma guerra.Saí puxando-a mata adentro, era possível ouvir estrondos em meio à escuridão e isso a impulsionava a me seguir, contudo, aos poucos ela foi perdendo ritmo, o breu era total, mas não podia parar. Pela temperatura, eu sabia que uma chuva estava vindo e a julga a vegetação em volta, não teria um lugar para nos abrigar. Sem contar que os rebeldes não desistiriam de nos procurar tão cedo, ou talvez não quisessem se avent
Donna ReidFiquei sem saber como responder a sua oferta, mas estava com muito frio e não podia me dar ao luxo de recusar. Por isso quando o ouvi chamar meu nome, respondi depressa...— Tu... Tudo bem — minha voz saiu baixa e hesitante. O coração disparado.— Vou sentar atrás de você, assim posso aquecê-la por inteiro.Antes que eu processasse o que ele tinha dito, todos os meus sentidos ficaram aguçados com os seus movimentos e em poucos segundos, ele estava me abraçando por trás. Senti seu peitoral desnudo encostado às minhas costas e suas mãos passaram algumas vezes pelos meus braços tentando produzir calor. Por fim, ele me abraçou com seus braços musculosos e suas coxas firmes, se juntaram às minhas. Não sei se era impressão minha, ou se ele estava tomando cuidado para não ficar totalmente grudado em mim, o que agradeci mentalmente, não sei como reagiria ao sentir o seu...Sacudi a cabeça para dissipar o pensamento.Mas foi inevitável pensar na intimidade do momento, ainda mais por
Donna ReidFiquei pensativa com sua pergunta, eu sabia a resposta, mas não sei se queria compartilhar.— Quando cheguei a este país, nos primeiros dias, eu pensei que não conseguiria ficar por mais de uma semana, parecia não ter nada para fazer aqui. Nada do que eu estava acostumada pelo menos. Mas então, eu fui me adaptando, me apaixonei pelas crianças...— Mas não foi só isso... — ele me interrompeu.— Não! Eu não me sentia pronta para voltar. Ainda não tinha sido totalmente restaurada — falei sincera. Abrindo-me mais do que devia.A penumbra se interpunha entre nós, mas de alguma forma, eu imaginava que ele estivesse me olhando, pensativo ou analisando minha resposta, por fim disse.— Entendo — não, ele não entendia. Era muito mais complexo do que se supunha e eu não aprofundaria aquela conversa. Não ali e não com ele.— Minha vez de novo — falei. Estava gostando de dialogar com ele sem agressões verbais. — E Você, o que o fez desistir de... de...— De ser um militar?— Sim!— Como
Donna ReidAcordei, mas minha alma com certeza não estava no meu corpo. Não podia ser eu, agarrada aquele homem rude, como se minha vida dependesse disso. Mas isso não era tudo, o pior era que estava gostando de ficar ali, sentia-me tentada a correr a mão pelo seu peitoral e sentir seus músculos quentes e firmes do abdômen. Porém, imagino que nada comparado ao que eu estava sentindo por baixo da minha perna. Minha pulsação acelerou quando me dei conta de que ele estava excitado.Comecei a imaginar minha mão brincando com o elástico de sua boxer preta. Eu não ousei me mover para ver o volume, mas sentia o quanto era maciça, grande.Podia sentir meu rosto ficando vermelho e uma adrenalina diferente correndo minhas veias. Mas de repente, ele fez um movimento e quando dei por mim, o vi pegando suas roupas e saindo da caverna.Envergonhada pelos pensamentos e pelo que quase me deixei fazer, levantei e comecei a vestir as roupas frias, ainda úmidas.Não demorou muito, Charlie retorna.— Tem
Donna ReidSaciada, sentei-me, peguei a bolsa que carregava comigo e despejei o conteúdo para que o sol secasse o que fosse possível enquanto estivéssemos parados ali. Charlie se aproximou e me estendeu um pacote, igual ao que me deu na estalagem.— Obrigada — agradeci. — O que é isso? — esse tinha uma embalagem diferente.— É uma barra proteica. Ótima para nutrir e saciar a fome, embora não alimente.— Essa é diferente — falei dando uma mordida e apreciando o sabor.— Essa eu mesmo fiz — o olhei desacreditada. Ele cozinha ou só faz essas coisas esquisitas? Tive vontade de perguntar, mas me contive.Ele se sentou e também começou a comer a dele. Eu não sabia se puxava conversa ou continuava calada. Acabei escolhendo me calar, ele tinha acordado como um ogro hoje, o melhor seria não provocar.— Está boa — disse apenas. Levantando a mão com o alimento. Ele meneou a cabeça sem dizer nada.— Descanse um pouco, dentro de meia hora retomaremos a caminhada — foi minha vez de menear a cabeça.
Charlie MacAleeseTrês dias e duas noites se passaram, apesar da temperatura cair drasticamente ao final do dia, não tem chovido, o que é ótimo, já que não encontramos lugar adequado para nos abrigar. De acordo com o mapa, estamos em algum lugar de Masagua, logo chegaríamos a Santa Lúcia, porém, em vez de seguir o caminho para lá, resolvi seguir a trilha que levava para La Gomera, próximo a São José, onde tem uma pista de pouso para aviões particulares, embora não seja esse o meu intuito, pois tenho certeza que deve estar sob vigilância total, minha intenção é tentar encontrar algum veículo em alguma vila próxima dali, e assim, seguir por uma estrada mais limpa, ganhando tempo e atravessar o que resta da região e cruzar a fronteira com o México. Quero tirá-la desse inferno o quanto antes. Sei que ainda temos um longo caminho pela frente e que não será fácil com as tropas rebeldes cada vez mais perto. Eles parecem que se multiplicam, em todo lugar parece ter homens armados.Donna camin
Charlie MacAleeseQuando cheguei mais perto, vi que estavam colocando os reféns em um caminhão aberto e as casas estavam pegando fogo. Um jipe estava à frente e dois atrás, era uma escolta. Não havia nada que eu pudesse fazer. Pelo menos não iam abusar daquelas pessoas indefesas, ao menos por enquanto. Antes de subir em seus veículos, apontaram suas armas para cima e deram vários disparos como se comemorassem.Bando de porcos imundos.Esperei que eles saíssem e poucos minutos depois, com cuidado, fui sondar o lugar. Com agilidade, porém cauteloso, percorri toda aldeia e constatei que não havia ninguém vivo ali, era impossível entrar nas casas para encontrar alguma coisa, estavam tomadas pelo fogo. Em uma delas, entrei por trás e consegui alguns enlatados, coloquei na sacola e sai o mais rápido que podia. Donna devia estar assustada com o som dos disparos.Quando ia chegando mais perto de onde a tinha deixado, ouvi sua voz em um murmúrio trêmulo, engasgado.Merda.Apressei o passo e qu