3

Dimitri chegou cedo na boate de quinta categoria, a única vantagem é o fato de ser um lugar discreto, Demétrio o encontraria lá, ficou satisfeito quando avistou a beldade de curvas perfeitas fazendo a passagem do som com uma mulher de tão belas curvas quanto ela.

Não era Heloísa para estar fazendo isso? Perguntou a si mesmo em pensamento.

A mulher gorda, baixa e cabelo que caia em pequenas ondas?

Ele sentiu certa admiração por ela, uma mulher competente, cantora incrível e uma bartender excepcional, é uma pena que tenha um corpo tão desproporcional para tantas qualidades.

— senhor Klines, chegou cedo — o dono da boate cumprimentou surpreso pelo homem realmente ter voltado ao seu estabelecimento. — posso levá-lo à área vip? — Osório estava animado com a ideia do homem à sua frente trazer clientes importantes ao seu estabelecimento.

Então notou que o homem de prestígio não tirava os olhos da sua cantora mais bonita e mais desejada. Não era novidade que homens como ele fossem até ali por causa de Mackenna. O dono da boate pagava uma bela comissão à cantora quando aqueles casos aconteciam. Ela só tinha que tratar bem os clientes vips.

— Pode ir para a área vip e logo pedirei a Mackenna para lhe fazer companhia, enquanto isso gostaria de um drink? — O homem pergunta ao perceber que só ele fala.

— Sim, uísque duplo e claro, assim que possível, quero a companhia de Mackenna. — Dimitri parecia uma pedra de gelo, deu meia volta e seguiu em direção às escadas...

Não demorou para o bartender aparecer com um copo e uma garrafa de uísque, curioso o fato de ter dois bartender e apenas um o servia.

— Você é o único funcionário desse lixo? — Dimitri estava curioso. Normalmente, os bartenders faziam questão de servi-lo devido à esperança de receber generosas gorjetas. Mas a outra sequer fez caso de ir até ele.

— Não, mas Heloísa ainda não chegou e ela cuida dos drinks e da criação deles. — Dimitri percebeu certa emoção quando o homem à sua frente falou da colega de trabalho.

— É por isso que só você serve a área vip? — Klines ainda não entendia o porque queria saber o motivo da mulher tão competente não ter subido na noite anterior para servi-lo, notou que era patético questioná-lo por algo tão… trivial.

— Está bem, pode trazer um drink de coco daqui a meia hora? — Dimitri perguntou dispensando o rapaz em seguida.

— Sim, senhor — O rapaz assentiu e retirou-se rapidamente.

Dimitri estava lá por ser um lugar discreto, também havia Mackenna, a deusa de cabelos afros que o levou a loucura na noite anterior, uma noite a mais não causaria nenhum estrago, nem um dano, nem uma paixão que pode levá-lo a fazer um acordo com a família para poder garantir o objeto de seu interesse.

— Ora, ora, o homem sem nome, Osório disse que o cliente mais importante dele estava à minha espera. — Mackenna apareceu na área reservada a ele, que estava sentado numa poltrona não muito confortável.

— Posso garantir que não estou aqui pela música — A voz dele saiu como sopro que provocou arrepios a bela mulher despudorada.

— Que deselegante, mas aposto que a cantora também é do seu agrado — Mack senta de pernas abertas no colo dele, — e de como ela sabe agradar alguém para se tornar um admirador de sua arte. — Pega uma das mãos fortes e firmes, a levando a seu delicado s3io, que cabia perfeitamente na palma de sua mão.

— Estou ansioso para que me convença — Dimitri deixa o copo na mesa ao lado da poltrona, levando a mão livre ao traseiro da mulher esbelta.

— Mas palavras vazias não valem nada sem ação — ele sussurrou apertando o s3io da cantora com delicadeza, arrancando suspiros de prazer da mulher…

Mackenna estava ajeitando a saia quando escutou uma nota desafinada vindo do palco no andar inferior.

— Não acredito que essa vaca andou cheirando de novo antes do show! — A mulher exclamou furiosa pelo fato de ter que pedir outro favor a Helô, droga, Osório foi claro na noite anterior que não abriria mão da senhorita perfeita para cantar nesta noite.

— Para alguém que acabou de ser levada a um orgasmo intenso você ficou bem abalada por uma nota ruim — Dimitri comenta depois de fechar a braguilha da calça.

— Marília me tira do sério — a mulher confessa ao ouvir uma nota mais desafinada do que a outra.

— E a que cantou com você ontem? Ela canta muito bem. — O homem pergunta sem se importar muito com a aflição no rosto da cantora.

— É sábado, o bar fica lotado , Heloísa é a melhor fazendo os drinks, Osório não vai liberar ela do bar hoje nem que pagasse. — Mack odiava o fato de Pietro não ser competente o suficiente para preparar os drinks temáticos sozinho, o homem se enrolava todo quando estava sufoco e ficava sozinho no bar. — E ela não gosta de cantar, volto depois do show. — A mulher que parecia uma deusa vai até ele e o beija sensualmente — nossa noite ainda não acabou. — O desejo na voz de Mackenna era evidente.

Ele a puxa de volta para si, abocanhando sua boca perfeita com uma voracidade sem igual, um beijo que foi interrompido por um barulho de vidro quebrando e gritos vindos do andar inferior.

— Malcolm — Mackenna lamentou com pesar.

— Quem é Malcolm? — Dimitri ficou furioso pela interrupção.

— Um idiota metido a garanhão — ela explica levantando e abaixando a saia. — Se quiser nos dar apoio, será bem-vindo. — Avisa descendo as escadas estreitas.

Contrariado, ele decide seguir a moça de belos cabelos de parafusos. Ela passou pela pista seguindo direto para o bar, onde encontrou Pietro com o nariz quebrado, Osório o ajudando e Heloisa conversando baixinho com Malcolm, dando o seu típico e encantador sorriso de covinha na bochecha.

Ela segurava as mãos do homem que parecia tentar recuperar o controle à alguns minutos, Dimitri se concentrou na bartender, com sua doçura e sorriso perfeito, os olhos fixos no homem cheios de compreensão. Olhando bem para ela, a bartender lembrava muito alguém, só não conseguia dizer quem.

— Ela é boa demais para esse lugar, não sei como consegue lidar com ele. — Mackenna estava furiosa, olhando para Malcom, mas mantendo distância do seu ex-namorado, agressor de mulheres e noiado, mas que se deixava levar pelo sorriso doce da amiga, pela calma que ela transmitia a qualquer um, uma beleza rara, um anjo perfeito. Eram palavras dele, não dela. O ex tinha um encantamento pela colega de trabalho que não sabia explicar, não era interesse físico, era mais um sentimento de gratidão por ela tratá-lo bem apesar de todas as suas falhas. A própria já se safou de uma surra por causa da colega. Pensando bem, ela devia bastante a Heloísa.

— Tem certeza que o nome dessa mulher é Heloísa? — Dimitri pergunta olhando para a bartender com ainda mais atenção, na curva de seus lábios quando sorria, a covinha na bochecha direita, tão parecido com… não, não pode ser, ele pensou ao reparar um cacho pender pelo rosto redondo da mulher. Seria coincidência demais e pelo tempo… deveria está morta.

— Sim, é Heloísa, porque a dúvida? — Mackenna para no meio do caminho ao ouvir a pergunta curiosa e percebe o olhar atento do homem em sua amiga ou quase amiga, Helô não deixava ninguém se aproximar dela, Heloísa a considerava apenas sua colega de trabalho, apenas isso.

O engraçado é que todos a consideravam como amiga, parceira para todas as horas, com exceção de Mackenna que às vezes se irritava com a insistência da mulher em desperdiçar o dom que Deus lhe deu. Mas apesar de tudo, naquele momento Mackenna sentiu que deveria proteger a colega do olhar curioso do seu amante, protegê-la das garras daquele homem que tudo que pode fazer é roubar sua inocência, a pureza daqueles olhos cor de âmbar, Helô não saberia lidar com um homem como Dimitri, ela merecia muito mais que ser a diversão de um homem, pois ela não era como Mackenna, nunca seria.

— Pelo visto a situação foi contornada, que tal subir e continuar de onde paramos? — Mackenna se insinua para Dimitri porém não deu certo, nem um pouco, ele a ignorou e saiu andando até a Heloísa.

— Está tudo bem? — Ele pergunta parando de frente para Malcolm e Helô, que ficou bastante chocada ao ver o enorme homem parar em sua frente.

— Está tudo, beleza, desculpa pela algazarra mais o imbecil do Pietro não quis me vender uma dose de vodca mas a Helô me ajudou. — o homem que estava visivelmente bêbado explica a situação diante da imponência que Klines causava com sua presença, ele continuou olhando para Heloísa, esperando uma resposta, mas ela simplesmente pareceu ficar muda, as emoções dela estavam a mil, com certeza esse era o homem da noite anterior, com certeza ele estava olhando para Mackenna, não para ela como havia pensado antes e sim, com certeza Demétrio e esse homem são irmãos ou seja, o homem a frente dela é Dimitri Klines, seu cunhado, o homem responsável pela morte da sua irmã e ele estava com a Mack.

— Está tudo bem. Helô, pode deixar que eu cuido deles agora. — Osório interveio como se tivesse ouvido seus pensamentos de desespero da sua funcionária.

— Você não me respondeu — Dimitri a lembra friamente, mas sempre atento a qualquer movimento da bartender. Qualquer coisa que pudesse confirmar suas suspeitas.

— Desculpa, estou bem. Com licença. — A moça pede, levantando-se e saindo o mais rápido possível de perto dele, Heloísa saiu correndo com a desculpa de que precisava fazer algo urgente, naquele momento, com a necessidade da mulher de se afastar dele, Dimitri soube que era ela…

Se concentrar no trabalho foi fácil, Heloísa estava acostumada com situações difíceis, o que ela não conseguia entender é o que Dimitri está fazendo em uma boate como a Star Wars.

— Três sabres de luz — Pietro grita. — Três princesas Leias e duas estrelas da morte.

Heloísa preparou tudo com rapidez e muita eficiência, sem se enrolar no processo, ela se orgulhava disso, ser a Heloísa, uma mulher independente, que tinha dois empregos e tinha bons colegas de trabalho, gostava de não ser aquela adolescente que vivia às sombras dos irmãos, a pobre menina inocente que precisava ser protegida, a doce e vulnerável irmã gorda dos gêmeos perfeição…

— Escutou como Marília desafinou? — Pietro perguntou enquanto Helô preparava um drink chamado mestre Yoda.

— Sim, mas isso não é problema meu, ela é a back vocal da Mackenna, não eu. — Ela o lembra sem desviar a atenção da decoração dos drinks feitos com abacate e cachaça de jambú…

Heloísa esperava sentada enquanto Pietro tentava conseguir um táxi para eles aquela hora da madrugada, viu o colega encerrar a ligação não muito satisfeito e para o seu desespero, viu Dimitri se aproximar dele, o homem surgiu do nada, falou alguma coisa que acenderam os olhos do bartender, fazendo-o abrir um sorriso de gratidão, o rapaz se voltou para ela, a chamando feliz depois que o homem saiu da boate.

— O táxi chegou? — Ela perguntou esperançosa para chegar logo em casa e aproveitar o seu dia de folga.

— Muito melhor — ele pegou em seu braço e a levou para fora do Star Wars, um carro estava parado na saída da boate.

— Égua do carro maneiro! — Pietro exclama animado ao abrir a porta do carona. "Aquilo só podia ser brincadeira!" — A mulher pensou em desespero, olhou em volta na esperança de ver ao menos um mototaxista, nada, a rua estava um deserto e não tinha condições de voltar sozinha para casa. Heloísa respirou fundo e acabou fazendo o mesmo que o colega, abriu a porta do passageiro, sentou ao lado de Pietro, quando ela bateu a porta do carro, Dimitri deu partida…

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo