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— Olá, Augusto.Guto esperou dez anos para rever a irmã e tudo que ela diz é ''Olá,Augusto?'' educadamente como se nada tivesse acontecido. Um simples encontro casual entre irmãos.Ele não sabia o que fazer. Como agir. Estava diante da sua irmã. Sua única irmã. Sua irmãzinha, que era pequena e frágil, a irmã caçula que ele e sua outra metade protegeram quando criança mas que foi afastada deles na adolescência. Amélia estava viva, aparentemente saudável e linda. E aquilo era um grande alívio. O filho da p*ta do cunhado estava errado, ela não estava morta e iria esfregar aquilo na cara dele com prazer.— Que se dane! — Ele esperou tanto tempo por aquele reencontro que não fazia sentido perder tempo com pensamentos idiotas. Deu alguns passos, abraçando sua irmãzinha amada.Amélia aceitou o abraço, o coração acelerado, pensou que jamais voltaria a ver o irmão, nem sequer cogitou essa possibilidade quando entrou no hospital em busca de informaçõessem revisãoDemétrio observava enquanto o irmão analisava a proposta de uma empresa chinesa para exportação de arroz. Ele estava concentrado, não demonstrava estar nem um pouco abalado pela forma irresponsável que deu a Amélia a notícia sobre o pai. — Fala — Dimitri ordenou sabendo que o irmão estava com aquilo entalado na garganta. Mesmo depois de tudo o que passaram, ele ainda era alguém de bom coração que se importava demais com as pessoas. — Poderia ter sido mais empático com Amélia — Demétrio censura o irmão, que continuou a analisar o documento. Ele pode ser dona de metade da antiga cosmética Granger, mas jamais deixou de lado seus outros investimentos, a cosmética foi um mero capricho, mas que está lhe rendendo bons lucros. Sabia que o irmão estava incomodado pela forma que ele tratou um assunto tão delicado desde que saíram daquela loja cheirando a mofo e poeira. — Hum, ok — Dimitri disse sem se importar se foi correto ou não a forma como deu a notícia sobre o pai a cunhada
sem revisãoHeloísa, vulgo Amélia, passou a noite acordada sem conseguir pregar os olhos. Todos os acontecimentos dos dias anteriores pesaram, sentia vontade de nunca mais levantar da cama, porém, não tinha escolha. Ainda era uma assalariada que precisava pagar as contas em dia. Passou a noite pensando sobre sua antiga vida, chegou a conclusão que não queria voltar. O breve encontro com dona Anastácia foi o suficiente para descartar qualquer possibilidade. O irmão teria que aceitar sua decisão. Não se tratava dele e de mais ninguém, se tratava dela. De como se sentia. E naquele momento sentia que não tinha psicológico para lidar com toda a m*rda que sua família estava atolada por causa da ganância. Quando se lembrava do que fizeram com a irmã, se sentia nauseada. Levantou-se sem vontade de realmente fazê-lo, queria ficar o dia no conforto da sua cama. Mas como todo o brasileiro pobre, precisava colocar o cropped e ir trabalhar. Sabia que bastava voltar para a família para seus proble
sem revisão"P*ta" aquela palavra definia como Amélia se sentia naquele momento, ela estava p*ta pela cara de pau do cunhado em aparecer na sua casa, quase dez horas da noite. Dimitri simplesmente puxou uma das cadeiras de plástico e sentou como se fosse o dono supremo do lugar. Como se o seu pequeno kitnet não o incomodasse. Parecia confiante. — Vai vestir uma roupa ou vamos negociar com você assim? — Klines sabia que ela estava com raiva e estava fazendo aquilo apenas para provocá-la ainda mais. Para se livrar dele, era quase uma certeza que aceitaria sua proposta irrecusável. — Está incomodado? Porque eu estou tranquila. — Amélia sorriu em resposta a provocação do cunhado. Apertou bem a ponta da toalha, se empertigou e puxou a pasta das mãos grandes e bem cuidadas do homem à sua frente. Caminhou até a sua cama, sentou-se e começou a ler os documentos. Quase teve um ataque cardíaco quando viu o valor que Klines estava disposto a pagar pela sua parte na casa
sem revisãoDepois do trabalho, Amy foi para o apartamento do irmão. Era um lugar bonito, espaçoso e moderno. Polly não havia contado que o irmão comprou seu próprio apartamento. Pensava que o seu menino ficava em um hotel. Augusto construiu uma vida na Holanda. Mas dividia seu tempo entre lá e cá para procurar a irmã e impedir que Klines desse um jeito de um roubar o que era dela. Por isso vivia em em cima dele. Amélia não entendia de finanças, seu conhecimento em negociações se limitava em ir na feira e pechinchar o valor das carnes e Hortifruti. Decidiu consultá-lo antes de tomar qualquer decisão sobre vender sua porcentagem na casa para Klines. — Gosto daqui — Amélia sentia uma energia boa no lugar. Mais ainda assim, não parecia um lar.— Pode muda-se para cá — Guto não perderia a chance de tentar tirar a irmã daquele buraco no qual vive. — Tentador, mas se eu vender minha parte na mansão, posso comprar o meu próprio lar. — Ainda estava com a ideia de comprar sua própria casa. Q
sem revisãoAmélia sentou-se atrás do balcão da Glover e Time. As pernas estavam doloridas depois de mais de uma hora distribuindo currículos. Dessa vez foi mais longe e quase não volta a tempo de assinar o ponto no horário certo. — Heloísa? — O patrão a chamou da oficina. Ela não passou nem cinco minutos sentada. Levantou-se, indo até o chefe. Sorriu quando passou pela porta. O homem estava concentrado em um relógio cuco. A missão dele era fazer o passarinho sair do relógio de novo. — Senhor? — Parou a meio metro dele. — Em cima da mesa tem bolo de cenoura, minha velha trouxe junto com o almoço. Na verdade, ela trouxe almoço para nós dois. Minha velha fez charque com legumes e aquele arroz soltinho com cenoura. O estômago de Amélia roncou. Ela estava faminta, nem tempo de lanchar teve. Agradeceu e pegou a marmita que carinhosamente a esposa do chefe preparou para si. Sentia ter que deixar o emprego, eles sempre foram tão bons com ela. — Vou mandar uma mensagem agradecendo pelo
sem revisão— Falta muito para resolver as coisas por aí? — Dimitri perguntou ao irmão pelo telefone. — Sim — Demétrio respondeu se sentindo cansado, louco para voltar para seu apartamento, tirar aquele maldito paletó, tomar um banho quente na banheira e simplesmente relaxar. — O filho da p*ta do senador marcou uma maldita partida de golfe amanhã pela manhã. Não tem o que fazer essa desgraça. Demétrio odiava jogar golfe. Porque ninguém marcava uma partida de futebol? — Porque? O que tá acontecendo? — O irmão nunca ligou para saber quando ele retornaria. Chegou a ficar seis meses sem voltar para casa sem receber aquela pergunta. Dimitri ficou em silêncio. Havia muito em jogo para pedir o retorno do irmão, lidaria com o filho sozinho. O primeiro passo era encontrar uma nova babá, alguém tão boa e dedicada quanto Polly, mas sem a língua afiada da velha rabugenta. — Nada acontecendo, leva o tempo que for preciso para fechar a obra da nova estrada, entendeu? — Klines disse ao irmão.
sem revisãoAmy olhou para o seu pequeno kitnet. Tudo o que tinha ali foi conquistado com muito suor e perseverança. Era um lugar aconchegante. Seguro. Um lar que construiu nos últimos 7 anos desde que deixou a segurança do interior para seguir sua vida. Quando tia Poliana virou uma estrelinha. Quando Polly disse que estava na hora de voltar. Secou uma lágrima que insistiu em rolar por seu rosto gentil. O aperto em seu peito intensificou-se quando seus pensamentos foram para memórias longínquas no passado. A primeira vez que entrou ali com Polly no seu encalço. O amplo espaço representava o início de uma vida nova. Uma vida que daria início por si própria. Cada pequena coisinha que ali ficaria foi uma vitória. O pequeno fogão, as poucas louças e talheres. A mesa para duas pessoas. O pequeno sofá surrado que comprou de segunda mão. A colcha de retalhos que tia Poliana lhe deu no seu décimo sexto aniversário. Não ousaria imacula-lo o levando para o inferno. Deixaria aqui para que outra
sem revisãoAmy segurava a mão de Dionísio com firmeza. Não tinha noção do que a aguardava ao passar pela porta da mansão. O hall de entrada estava vazio. Sequer ousou olhar para a sala de estar e passou direto para as escadas.— Tia, porque não vamos de elevador? — O garoto perguntou morrendo de cansaço para subir dois lances longos de escada.— Porque eu não sabia que tinha elevador — Maddie fez uma cara estranha, a última vez que esteve na mansão existia apenas as escadas. Apesar de odiar subir os dois lances de escada, adorava escorregar pelo corrimão quando seus irmãos a desafiavam. Elevador? Nem sonhava que um dia teriam em casa. Mesmo que a família fosse rica, seu pai nunca cogitou a possibilidade de tal conforto. Olhou em volta, percebeu que durantes os dez anos que ficou ausente, a casa que estava agora em nada lembrava a da sua infância. — Vamos? — o garoto insistiu, puxando-a em direção a porta do elevador. Amélia olhou para a mão pequena do sobrinho que segurava a sua c