sem revisãoAmélia sentou-se atrás do balcão da Glover e Time. As pernas estavam doloridas depois de mais de uma hora distribuindo currículos. Dessa vez foi mais longe e quase não volta a tempo de assinar o ponto no horário certo. — Heloísa? — O patrão a chamou da oficina. Ela não passou nem cinco minutos sentada. Levantou-se, indo até o chefe. Sorriu quando passou pela porta. O homem estava concentrado em um relógio cuco. A missão dele era fazer o passarinho sair do relógio de novo. — Senhor? — Parou a meio metro dele. — Em cima da mesa tem bolo de cenoura, minha velha trouxe junto com o almoço. Na verdade, ela trouxe almoço para nós dois. Minha velha fez charque com legumes e aquele arroz soltinho com cenoura. O estômago de Amélia roncou. Ela estava faminta, nem tempo de lanchar teve. Agradeceu e pegou a marmita que carinhosamente a esposa do chefe preparou para si. Sentia ter que deixar o emprego, eles sempre foram tão bons com ela. — Vou mandar uma mensagem agradecendo pelo
sem revisão— Falta muito para resolver as coisas por aí? — Dimitri perguntou ao irmão pelo telefone. — Sim — Demétrio respondeu se sentindo cansado, louco para voltar para seu apartamento, tirar aquele maldito paletó, tomar um banho quente na banheira e simplesmente relaxar. — O filho da p*ta do senador marcou uma maldita partida de golfe amanhã pela manhã. Não tem o que fazer essa desgraça. Demétrio odiava jogar golfe. Porque ninguém marcava uma partida de futebol? — Porque? O que tá acontecendo? — O irmão nunca ligou para saber quando ele retornaria. Chegou a ficar seis meses sem voltar para casa sem receber aquela pergunta. Dimitri ficou em silêncio. Havia muito em jogo para pedir o retorno do irmão, lidaria com o filho sozinho. O primeiro passo era encontrar uma nova babá, alguém tão boa e dedicada quanto Polly, mas sem a língua afiada da velha rabugenta. — Nada acontecendo, leva o tempo que for preciso para fechar a obra da nova estrada, entendeu? — Klines disse ao irmão.
sem revisãoAmy olhou para o seu pequeno kitnet. Tudo o que tinha ali foi conquistado com muito suor e perseverança. Era um lugar aconchegante. Seguro. Um lar que construiu nos últimos 7 anos desde que deixou a segurança do interior para seguir sua vida. Quando tia Poliana virou uma estrelinha. Quando Polly disse que estava na hora de voltar. Secou uma lágrima que insistiu em rolar por seu rosto gentil. O aperto em seu peito intensificou-se quando seus pensamentos foram para memórias longínquas no passado. A primeira vez que entrou ali com Polly no seu encalço. O amplo espaço representava o início de uma vida nova. Uma vida que daria início por si própria. Cada pequena coisinha que ali ficaria foi uma vitória. O pequeno fogão, as poucas louças e talheres. A mesa para duas pessoas. O pequeno sofá surrado que comprou de segunda mão. A colcha de retalhos que tia Poliana lhe deu no seu décimo sexto aniversário. Não ousaria imacula-lo o levando para o inferno. Deixaria aqui para que outra
sem revisãoAmy segurava a mão de Dionísio com firmeza. Não tinha noção do que a aguardava ao passar pela porta da mansão. O hall de entrada estava vazio. Sequer ousou olhar para a sala de estar e passou direto para as escadas.— Tia, porque não vamos de elevador? — O garoto perguntou morrendo de cansaço para subir dois lances longos de escada.— Porque eu não sabia que tinha elevador — Maddie fez uma cara estranha, a última vez que esteve na mansão existia apenas as escadas. Apesar de odiar subir os dois lances de escada, adorava escorregar pelo corrimão quando seus irmãos a desafiavam. Elevador? Nem sonhava que um dia teriam em casa. Mesmo que a família fosse rica, seu pai nunca cogitou a possibilidade de tal conforto. Olhou em volta, percebeu que durantes os dez anos que ficou ausente, a casa que estava agora em nada lembrava a da sua infância. — Vamos? — o garoto insistiu, puxando-a em direção a porta do elevador. Amélia olhou para a mão pequena do sobrinho que segurava a sua c
Amélia respirou fundo antes de entrar no escritório de Dimitri. Não sabia se tomou a decisão correta ao voltar a morar na mansão e desistir de vender suas ações e sua parte na casa, mas pensou no sobrinho que acabou de conhecer e na esperança em seus olhos azuis de ter alguém para amar e ser amado. Respirou fundo e decidiu enfrentar a fúria do cunhado que mexia com ela bem mais do que queria e deveria.Dimitri fixa os olhos em Amélia, com uma expressão de raiva contida assim que ela passa pela porta do escritório. Seus punhos se fecham involuntariamente enquanto ele controla a vontade de gritar.— O que pensa que está fazendo? — Perguntou em tom baixo e controlado, mas com uma ponta de ameaça. — Quer mais dinheiro para me livrar de vez de você e sua família? Amélia olha para Dimitri com determinação, enfrentando sua fúria. — Eu realmente iria vender tudo, me libertar de vez do passado. Mas como posso seguir em frente e abandonar tudo quando o sangue do meu sangue precisa de mim, o
sem revisãoAmélia sentou-se na sua cama com uma colcha rosa, olhando para o quarto que não mudou em nada nos últimos dez anos. O coração apertado, lágrimas nos olhos. Nunca passou pela sua cabeça que um dia retornaria para o lugar que foi testemunha de suas lágrimas. Lembranças ruins e boas invadiram sua mente e uma dor imensa tomou conta do seu corpo ao olhar para a janela e ter a consciência de que sua irmã não entraria por ela depois de fugir para ficar com o namorado, quando acreditou que Dimitri fosse o amor da sua vida, mal sabia que o homem de seus sonhos se tornaria seu pior pesadelo. Naquele momento, chorou com mais força com a realidade de que nunca mais veria sua irmã mais velha. Que Amanda jamais retornaria com suas histórias de amor fracassadas e suas piadas sarcásticas que sempre a faziam rir. Amélia sentiu uma mistura de saudade e raiva tomar conta de si. Não era justo que um ser humano tão bom tivesse sua vida interrompida tão precocemente. Mandy era linda, jovem e ch
sem revisãoAmélia colocou o nome do cliente na caixa e entregou para o entregador. Arthur é um motoboy que sempre faz as entregas para o chefe, quando os clientes ficam impossibilitados de ir pegar os relógios que mandaram restaurar. O homem assentiu, olhou para Dionísio que estava sentado no chão lendo um mangá. Desde que o viu, seu rosto assumiu uma expressão de curiosidade, uma curiosidade que Amélia não sanou e nem sanaria. — Essa peça é muito delicada. — Ela lembrou ao homem que mais uma vez assentiu, mas desta vez despediu-se, saindo da loja em seguida. Olhou para o relógio antigo na parede, faltava 15 minutos para fechar. Combinou com a babá de passar na sua casa para que a mulher tivesse certeza que Dionísio estava bem. Olhou para o sobrinho, distraído com o mangá de Kimetsu no Yaba que ela comprou na banca da esquina da loja. Sorriu, o garoto passou o dia espanando e a ajudando nas pequenas tarefas. Só aceitou sentar e ler quando não havia mais nada a ser feito. Normalmente
sem revisãoDimitri segurava sua xícara com café enquanto lia o jornal. Era domingo. Sempre descansava nos domingos. Normalmente ele passaria o dia no clube ou passaria o dia na sua casa da praia. Mas ainda estava pensando no que Amélia disse há duas noites. Sobre vender suas ações e parte da casa em troca da guarda do filho. Era estranho o sentimento que se apossou dele com aquela proposta, deveria ser fácil dizer que sim e se livrar dos Granger de uma vez por todas. — Mas alguma coisa, senhor? — a funcionária folguista perguntou. — Acorde a mulher do outro apartamento e diga para vir tomar café e conhecendo ela, traga Dionísio para se juntar a nós. — Ordenou. Até mesmo ele estranhou aquela ordem, seu filho nunca subiu no terceiro andar, era proibido. Seu telefone começou a tocar. Era Augusto. Recusou a ligação, só tinha paciência para lidar com um Granger naquela manhã. Amy, apesar de tudo, ainda era a mais fácil de lidar. Mesmo com sua teimosia e sua crença ridícula de que poder