— Me respeite!— Quem você pensa que é para merecer o meu respeito, afinal? — Ela já tinha os punhos cerrados e a respiração estava tão densa quanto o clima ali. Não estava a fim de abaixar a cabeça para ele, não quando sabia o ser humano sujo que ele é. — Não, não responda. — Forçou um sorriso. — Eu sei quem exatamente quem você é, papai. — Foi irônica. — A porra de um bandido!Os olhos de Carlos se arregalaram e a sua feição era de puro espanto, seguida por uma furiosa. Barbara estava por um fio de jogar na sua cara toda a verdade que agora conhecia.— Cala a boca! — disse baixo e entredentes. — Você precisa mesmo de um homem na sua vida, alguém que te coloque na linha! Onde está o seu juízo? — falou mais alto agora.— Talvez no mesmo lugar onde você deixou o seu quando se tornou chefe do tráfico. — As palavras foram cuspidas de maneira ligeira, sem que ela tivesse tempo para as conter.A expressão dele se transformou. Os olhos ficaram estreitos e a mandíbula contraída. A respiração
Uma semana havia se passado e Barbara mal saiu de casa. O hospital e o supermercado, foram os únicos lugares para onde foi naqueles dias. Ela estava se recuperando e dando o mesmo tempo a Matheus para que ele ficasse bom logo. Na noite passada, até quis ir ao morro, mas ele pediu que não fosse. E, mesmo sendo teimosa, o acatou desta vez.A saudade era inevitável. O coração estava apertado. Ela queria vê-lo, o abraçar e sentir o seu cheiro. Já Matheus queria poder ouvir o som da sua voz bem de pertinho, enquanto observava as suas inúmeras expressões faciais antes de beijá-la. Barbara era muito expressiva, e seu revirar de olhos o fazia rir.Eles trocaram mensagens naquela manhã. Combinaram de se encontrar. Ela o avisou que o seu apartamento já não era mais tão seguro agora. Após um banho, vestiu a sua saia de couro preto para lá de provocante e um top de mesma cor. Calçou um tênis e fez uma rápida maquiagem.Ela desceu rumo a garagem, onde um carro da seguradora aguardava por ela. Era
Barbara e Matheus chegaram ao ápice na banheira do hotel, sem sequer imaginar o que acontecia no mundo lá fora. A mão dele percorria o corpo dela, enquanto a boca deixava na pele uma trilha de beijos amorosos. O membro dele ainda estava dentro dela, quando o sentiu dar sinais de vida novamente. Barbara gemeu de olhos fechados e com o lábio inferior preso entre os dentes.— Você é perfeita — disse ele, parando para admirá-la sentada no seu colo.Ela sorriu de maneira doce e tentadora.— Promete nunca me deixar, enquanto estiver feliz? — perguntou Matheus, acariciando com o polegar a linha da sua mandíbula até o queixo.Barbara pegou as mãos dele e as colocou sobre os seus seios, o incentivando a apertá-los. Quanto mais fazia isso, mas ele tinha a sensação de que ficavam mais gostosos ao toque.— Não pretendo deixar o homem que amo — respondeu, olhando-o nos olhos. Ela não o pressionaria, mas desejava mais do que tudo ouvir uma declaração dele de volta.Ao invés de dizer algo, ele a peg
Barbara estava apavorada, com um nó na garganta. Ela tinha ido do céu ao inferno em menos de um minuto.— Cala a boca! — gritou alguém, acertando um soco no rosto do Matheus.Ele não sabia quem eram ou de onde eram. Pensou que aquilo poderia ser coisa do Bodão. Ou, talvez, do pai da Barbara. Já na cabeça dela, não passou que aquilo poderia ser planos do Carlos. Estava certa de que ele jamais a colocaria em risco desta forma. Talvez, fosse alguém relacionado ao tráfico, da parte do Matheus.A van balançava muito. Barbara começou a se sentir enjoada e sem ar com aquilo na cabeça. Sem poder controlar, lágrimas começaram a cair. Estava com muito medo por eles dois. Não sabia para onde estavam indo e nem o que fariam com eles. O pavor crescia a cada segundo. Sentia que poderia surtar ali dentro a qualquer momento.Após longos minutos, enfim pareciam ter chegado. O carro parou e a porta foi aberta. Ela foi agarrada pelo braço e puxada com força para fora. Caiu de joelhos no chão, sentindo-o
Dois homens se juntaram em cima do Matheus, que olhou para Barbara em pleno pavor. Ele não tinha nada a dizer. Imaginou que qualquer coisa que dissesse deixaria Carlos mais irado, ele poderia machucá-la também.Os socos começaram a ser distribuídos em Matheus.— Pare! Pare, por favor! — gritava ela, repetidas vezes, chorando ainda mais alto. Matheus gritava e gemia de dor. — Por favor... Por favor...Carlos estava de pé, próximo dela. Tinha um sorriso desgraçado no rosto e braços cruzados à frente do corpo.— Não faça isso. Não mate ele! — ela implorou para o pai, que a olhou.— Por aqui é assim que se resolve, mocinha. Essa é a verdadeira face do crime. Achei que gostasse, afinal, se envolveu com um traficante.— Aaaaah! — Matheus berrou quando teve a canela chutada com toda força. Barbara conseguiu ouvir o estalar do seu osso partindo. Ela fechou os olhos e apertou as pálpebras.— Eu me caso com ele — ela disse.— Com quem, querida? — Carlos se fez de desentendido, usando de um tom
A van parou em frente ao morro da Rocinha e a porta foi aberta, despejando ali o corpo desacordado do Matheus.— Que merda é essa? — gritou alguém que estava de guarda, apontando um fuzil para o carro, que arrancou às pressas.— Quem é esse? — perguntou outro, se aproximando.Um deles desceu até a rua e virou o corpo que estava de costas. Franziu o cenho tentando reconhecer, mas logo ficou espantado ao perceber quem era.— É o Matheus! — gritou ele. Outros desceram até lá, recolhendo-o da pista quente e o levando para dentro do morro. — Chamem o Rafa e a irmã dele.Um menino, que não devia ter mais do que doze anos, subiu correndo com o fuzil chicoteando as suas costas nua e castigada pelo sol. Ele chegou à janela da casa do Rafa e gritou por ele, que logo apareceu.— O que é, muleque? Tô jantando! — disse bravo.— É o Matheus.— O que tem ele? — perguntou tenso.— Largaram ele no pé do morro. Acho que tá morto — disse o menino.Matheus pulou a janela e desceu correndo com desespero.
Assim, que atravessou o hall de entrada e virou-se em direção à sala de estar, a primeira pessoa que viu foi Edgar. Ele se levantou às pressas, sorrindo nervoso para ela. Ali também estavam a mãe da Barbara, Cássio – que tinha um sorriso tão grande quanto o do seu pai – e Miranda. A mulher tinha um olhar raivoso e queixo empinado, dando-lhe um ar de soberba.— Oi, Barbara. Como você está? Não lhe vejo desde a noite do seu acidente — disse Cássio, aproximando-se dela com a mão estendida.— Estava melhor naquela noite — disse com frieza, apertando a sua mão.Cássio desfez o sorriso e percebeu que ela estava com um olhar indiferente, frio. Notou as olheiras abaixo dos olhos, a aparência miúda e abatida. Sorriu sem graça, e afastou-se.— Eu vou pedir que tragam um champanhe — falou Carlos, parado ao lado da filha. — Sorria. Isso aqui não é um velório — sussurrou para ela, que o encarou sem expressar nada.— Tem certeza? — ela perguntou.Ele ficou um tanto irritado, mas nada fez ou disse.
Sozinha novamente, Barbara se permitiu derramar uma lágrima. A língua estremeceu para delatar o pai. Contar em detalhes o que ele fez, para que enfim Miranda entendesse que não desejava aquilo tanto quanto ela. Mas Barbara se deu conta de que seria em vão sofrer mais com aquele dia ao narrar os acontecimentos. Aquela mulher, ou qualquer outra pessoa dentro daquela casa, nada faria com as informações. Ali ela nunca teria a ajuda que precisava para se livrar do pai ou do casamento.***Alguns dias após aquele noivado, Barbara foi com a mãe até uma floricultura. Os preparativos do casamento já estavam se iniciando. O lugar era um enorme jardim com inúmeras variedades de flores e outras plantas.— Era dever da Miranda estar aqui hoje! — disse Ângela.— Ela está tão empolgada com esse casamento, quanto eu — respondeu Barbara, observando o quanto o lugar estava cheio.— Eu consegui a reserva no Copacabana Palace. O seu pai precisou cobrar favores, mas enfim a data ficou certa para daqui trê