O homem subiu a mão lentamente pelas coxas dela, entrando com os dedos debaixo do vestido que reluzia como uma estrela sob as luzes no teto. Então, ele viu uma cena que explodiu algo dentro dele de maneira feroz, tornando-o em um irracional medíocre. Barbara segurou a nuca do homem e ergueu a cabeça, permitindo ser beijada por ele. Matheus sabia que estava errado, mas sua ira o controlou naquele momento. Desceu a escada e andou a passos largos em direção dela. Quando se aproximou, puxou o homem pelo braço e o empurrou.— Mas que merda é essa? — perguntou o estranho.As pessoas ao lado se assustaram, enquanto outras mais distantes nem sequer perceberam o que havia acabado de acontecer. Barbara olhou para o lado, confusa, e viu Matheus parado bem ali. Ele encarava o homem com olhos vidrados e raivosos, respiração pesada e punhos cerrados. De repente, o estranho o acertou com um soco. Matheus cambaleou para trás, quase indo ao chão. Embora concordasse que merecesse, não esperava por aqui
Os olhos dele alcançaram os dela outra vez.— Cansei de me sentir vazio. Eu vou dar um jeito em toda a merda.Uma lágrima escorreu pelo rosto dela.— Esteja certo disso. Se for embora mais uma vez... você não volta mais para minha vida. É bom que não cruze nem mesmo o meu caminho.Um pequeno sorriso se formou nos lábios dele. Ele gostava dessa Barbara valente, marrenta. Ele precisa ser mais como ela. Tinha muito o que aprender com a sua amada.— Não serei mais um covarde.Os lábios dele se juntaram ao dela em um beijo inicialmente simplório, enquanto os braços se enroscavam no corpo pequeno e magro. Lentamente os lábios dela se abriram para ele. A língua do Matheus sentiu um pequeno choque repleto de desejo quando se encontrou com a dela, que gemeu baixinho. Ali a música não era tão alta e nem havia tanta gente.— Dois minutos! — Alguém gritou atrás deles e logo todos saíram correndo dali.— Vem! — chamou Barbara, pegando-o pela mão e o levando para o banheiro feminino, que já se enco
Barbara acordou e não viu Matheus na cama. Sentou-se tentando ouvir se vinha algum barulho do banheiro, mas nem um ruído saia de lá. Ela se levantou e olhou o chão em busca das roupas dele, mas não as viu. O coração bateu acelerado, nervoso. Recusou-se acreditar que ele tinha ido outra vez sem se despedir. Pegou o roupão, o celular e vestiu-se a caminho da sala. Quando chegou lá, a porta foi aberta e Matheus entrou com dois capacetes na mão.— Bom dia — ele sorriu.— Onde foi?— Precisava devolver o carro e entregar a mochila. Desculpe não estar com você quando acordou. — Selou os lábios dela, que suspirou com alívio.— Achei que tivesse me deixado outra vez.— Não vou. — Acariciou a sua face. — Não sei o que estar com você vai me custar, porém, não vou te deixar. — Segurou as mãos dela.— Quem quer nos impedir de ficar juntos, Matheus? Converse sobre isso comigo. Você precisa ser claro.Ele abaixou a cabeça. Queria contar a verdade, mas sentia que ainda não devia. Barbara, sem dúvida
Uma semana havia se passado desde aquela noite. Todos os dias, depois das oito da noite, Matheus ia até Barbara. Por duas vezes ele a levou para caminhar na orla. Os dois estavam vivendo uma história secreta de paixão. O sexo era cada vez mais incrível. Eles estavam cada dia mais apaixonados e viciados um no outro.— Aah! — Barbara gemeu ofegante em pleno êxtase.Matheus ergueu a cabeça de entre as suas pernas e sorriu de um jeito safado, mordendo o lábio inferior.— Você simplesmente tem o melhor gosto do mundo.— Eu posso dizer o mesmo — disse ela, quando ele se deitou sobre o seu corpo.— Eu tenho que ir.— Não. Durma essa noite.— Não posso. Preciso estar bem cedo na Boca.Barbara suspirou frustrada. Matheus se levantou da cama e começou a se vestir.— Já criou algum plano?— Tenho algo em mente.— O quê? — Sentou-se na cama.— Fazer uma mala e fugir com você — disse sério.Por um segundo ela o encarou cheia de esperanças, mas logo percebeu que ele apenas brincava.— Não está fala
Barbara passou pela porta e atravessou o corredor até a cozinha dos empregados. Ao entrar, todos ali se colocaram de pé e um silêncio mórbido reinou no espaço.— Barbara... Que bom te ver — disse Cátia, a governanta. Ela estava há anos na família, basicamente viveu para os Falcão desde a adolescência quando foi empregada por eles. Quando a família se mudou, ela desejou ir junto.— Bom te ver também. A minha mãe quer um vinho. Pode servir? Acho que ela deve estar na sala de estar.— Mas é claro. — Cátia seguiu para adega.Barbara encarou a mulher que estava com o seu pai.— Quem é você? Ainda não a conheço.— Maiara, senhorita Falcão. Estou na casa há duas semanas.— Uau! Duas semanas? — Maiara assentiu. — E já conquistou o coração do meu pai. — Forçou uma pequena risada.Os outros membros da equipe de empregados olharam para Maiara, que abaixou a cabeça, constrangida.— O que ela está dizendo? — perguntou outra funcionária. Marta era o seu nome. Ela trabalhava há uns cinco anos na cas
Bodão se sentou no sofá e abriu o laptop que estava sobre a mesinha de centro. Matheus se aproximou dele e o viu abrir um site de rastreamento de veículos. Havia nove placas diferentes cadastradas, incluindo a placa da moto dele. Sentiu uma pequena fúria se instalar por dentro, mas não brigaria por isso agora. Porém, entendeu como ele estava sempre o vigiando.— O desgraçado está em um hotel aqui perto. Vá até lá.— A nossa única preocupação é com o dinheiro. E se não estiver com ele?— Faça aquele arrombado dizer onde está e depois enfia uma bala na cabeça dele! — disse bem alterado.— Não vou matar ninguém!— Tem culhões para se meter com a filha do chefe do tráfico, mas não tem para fazer o seu trabalho? — Colocou-se de pé, o encarando.— O meu trabalho não inclui matar pessoas!— O seu trabalho é fazer o que eu mando, quando eu determinar! Faça rápido, Matheus. Hoje é o dia de levar a grana para aquele branquelo filho de uma puta.— Merda — murmurou baixo.— É, não ter a grana ser
— Acharam a mochila? — perguntou Matheus.— Não. Quem cortou o pescoço do safado, levou a grana.— Vou ter que chamar a polícia.— Eu não vou poder ficar. Tô devendo P.A., vou em cana com essa merda.— Então vaza daqui. A gente se vira — respondeu Matheus. O soldado assentiu e saiu dali o mais rápido que pôde. — E vocês? — ele perguntou aos que ficaram.— Se eu estivesse devendo, tu saberia — respondeu Rafa.— Tá de boa pra mim — disse o outro.Matheus pegou o celular e ligou para o hotel.— O meu nome é Matheus. Eu tô no quarto mil duzentos e três. Preciso da polícia.Eles saíram do quarto e fecharam a porta. Desceram para recepção e sentaram-se no sofá que estavam antes. A recepção também havia ligado para emergência. Logo que os paramédicos desceu, disseram para o gerente do hotel que o Vitor devia estar morto há cerca de umas cinco horas. Depois de mais meia hora, a polícia enfim chegou.— Foram vocês que pediram para chamar a polícia? — perguntou um homem ao se aproximar deles. C
Matheus foi colocado atrás das grades junto a outro homem, que parecia bêbado demais para notar a presença dele ali. Não demorou muito e logo Rafa e o outro apareceram sendo colocados em uma cela à frente da dele.— Eu vou almoçar. Quando eu voltar, vou analisar a oportunidade de vocês poderem ligar para alguém — disse o policial que interrogava Matheus.— Ligar para um advogado ou requerer um defensor público é um direito nosso. Não pode negar isso. E depois, se não acusaram a gente, por que estamos detidos?O policial se aproximou dele.— Porque eu quero! — sussurrou para Matheus.Rindo, saiu dali.— A gente devia ter dado no pé.— Cala a boca, Coelho. — Esse era o apelido ridículo que deram ao soldado que estava com Rafa. — O que vamos fazer agora? — Rafael perguntou para Matheus.— Eu sei para quem pedir ajuda, mas eles têm que me deixar fazer uma ligação.— E para quem vai ligar?Matheus não respondeu. Caminhou até o fundo do cubículo e sentou-se no chão, já que o único banco est