Uma semana havia se passado desde aquela noite. Todos os dias, depois das oito da noite, Matheus ia até Barbara. Por duas vezes ele a levou para caminhar na orla. Os dois estavam vivendo uma história secreta de paixão. O sexo era cada vez mais incrível. Eles estavam cada dia mais apaixonados e viciados um no outro.— Aah! — Barbara gemeu ofegante em pleno êxtase.Matheus ergueu a cabeça de entre as suas pernas e sorriu de um jeito safado, mordendo o lábio inferior.— Você simplesmente tem o melhor gosto do mundo.— Eu posso dizer o mesmo — disse ela, quando ele se deitou sobre o seu corpo.— Eu tenho que ir.— Não. Durma essa noite.— Não posso. Preciso estar bem cedo na Boca.Barbara suspirou frustrada. Matheus se levantou da cama e começou a se vestir.— Já criou algum plano?— Tenho algo em mente.— O quê? — Sentou-se na cama.— Fazer uma mala e fugir com você — disse sério.Por um segundo ela o encarou cheia de esperanças, mas logo percebeu que ele apenas brincava.— Não está fala
Barbara passou pela porta e atravessou o corredor até a cozinha dos empregados. Ao entrar, todos ali se colocaram de pé e um silêncio mórbido reinou no espaço.— Barbara... Que bom te ver — disse Cátia, a governanta. Ela estava há anos na família, basicamente viveu para os Falcão desde a adolescência quando foi empregada por eles. Quando a família se mudou, ela desejou ir junto.— Bom te ver também. A minha mãe quer um vinho. Pode servir? Acho que ela deve estar na sala de estar.— Mas é claro. — Cátia seguiu para adega.Barbara encarou a mulher que estava com o seu pai.— Quem é você? Ainda não a conheço.— Maiara, senhorita Falcão. Estou na casa há duas semanas.— Uau! Duas semanas? — Maiara assentiu. — E já conquistou o coração do meu pai. — Forçou uma pequena risada.Os outros membros da equipe de empregados olharam para Maiara, que abaixou a cabeça, constrangida.— O que ela está dizendo? — perguntou outra funcionária. Marta era o seu nome. Ela trabalhava há uns cinco anos na cas
Bodão se sentou no sofá e abriu o laptop que estava sobre a mesinha de centro. Matheus se aproximou dele e o viu abrir um site de rastreamento de veículos. Havia nove placas diferentes cadastradas, incluindo a placa da moto dele. Sentiu uma pequena fúria se instalar por dentro, mas não brigaria por isso agora. Porém, entendeu como ele estava sempre o vigiando.— O desgraçado está em um hotel aqui perto. Vá até lá.— A nossa única preocupação é com o dinheiro. E se não estiver com ele?— Faça aquele arrombado dizer onde está e depois enfia uma bala na cabeça dele! — disse bem alterado.— Não vou matar ninguém!— Tem culhões para se meter com a filha do chefe do tráfico, mas não tem para fazer o seu trabalho? — Colocou-se de pé, o encarando.— O meu trabalho não inclui matar pessoas!— O seu trabalho é fazer o que eu mando, quando eu determinar! Faça rápido, Matheus. Hoje é o dia de levar a grana para aquele branquelo filho de uma puta.— Merda — murmurou baixo.— É, não ter a grana ser
— Acharam a mochila? — perguntou Matheus.— Não. Quem cortou o pescoço do safado, levou a grana.— Vou ter que chamar a polícia.— Eu não vou poder ficar. Tô devendo P.A., vou em cana com essa merda.— Então vaza daqui. A gente se vira — respondeu Matheus. O soldado assentiu e saiu dali o mais rápido que pôde. — E vocês? — ele perguntou aos que ficaram.— Se eu estivesse devendo, tu saberia — respondeu Rafa.— Tá de boa pra mim — disse o outro.Matheus pegou o celular e ligou para o hotel.— O meu nome é Matheus. Eu tô no quarto mil duzentos e três. Preciso da polícia.Eles saíram do quarto e fecharam a porta. Desceram para recepção e sentaram-se no sofá que estavam antes. A recepção também havia ligado para emergência. Logo que os paramédicos desceu, disseram para o gerente do hotel que o Vitor devia estar morto há cerca de umas cinco horas. Depois de mais meia hora, a polícia enfim chegou.— Foram vocês que pediram para chamar a polícia? — perguntou um homem ao se aproximar deles. C
Matheus foi colocado atrás das grades junto a outro homem, que parecia bêbado demais para notar a presença dele ali. Não demorou muito e logo Rafa e o outro apareceram sendo colocados em uma cela à frente da dele.— Eu vou almoçar. Quando eu voltar, vou analisar a oportunidade de vocês poderem ligar para alguém — disse o policial que interrogava Matheus.— Ligar para um advogado ou requerer um defensor público é um direito nosso. Não pode negar isso. E depois, se não acusaram a gente, por que estamos detidos?O policial se aproximou dele.— Porque eu quero! — sussurrou para Matheus.Rindo, saiu dali.— A gente devia ter dado no pé.— Cala a boca, Coelho. — Esse era o apelido ridículo que deram ao soldado que estava com Rafa. — O que vamos fazer agora? — Rafael perguntou para Matheus.— Eu sei para quem pedir ajuda, mas eles têm que me deixar fazer uma ligação.— E para quem vai ligar?Matheus não respondeu. Caminhou até o fundo do cubículo e sentou-se no chão, já que o único banco est
Óscar abriu a porta e caminhou para fora.— Vamos, Matheus!Matheus encarou o policial e saiu no encalço de Óscar. Lá fora, o outro homem que o interrogou de maneira discriminada, se aproximou quando viu Matheus caminhar em direção à saída. O advogado o viu se aproximando e tomou à frente.— Foi você que o deteve? — perguntou.— E que interrogou — Matheus disse baixinho, somente para ele ouvir.— Torça para gente não abrir uma denúncia contra você. O que fez, se despejado na mídia, poderia acarretar um afastamento por tempo indeterminado e uma bela investigação.— Está me ameaçando? — perguntou ele em um tom ofendido, se aproximando do advogado.— Não, jamais. — Sorriu cinicamente para ele. — Não faço ameaças, policial. Faço processos e defesas. Diga tchau, Matheus. — Continuou a caminhar.Matheus nada disse, apenas se foi enquanto Óscar solicitava a soltura dos seus amigos. Quando ele chegou ao estacionamento, encontrou Barbara escorada no seu carro. Apressou os passos na sua direção
Um pouco mais tarde, Matheus pegou um táxi e seguiu de volta para o morro. Ao chegar, disseram que Bodão o aguardava na Boca 1. Ele subiu a pé até lá. Quando entrou, estava tudo escuro. Apenas via um pequeno ponto de luz vermelha pairando sobre o sofá. Então, alguém expeliu fumaça e um terrível cheiro de tabaco invadiu as suas narinas. A luz se ergueu e andou na sua direção. Os passos pesados o fizeram recuar. Matheus conseguiu enxergar o rosto de Caio através da pouca iluminação que adentrava pela porta aberta. Ele retirou o cigarro da boca e expeliu fumaça outra vez no rosto dele, que se engasgou.— Disseram que queria falar comi...Antes que ele pudesse terminar a sua frase, um forte tapa no seu rosto o interrompeu. Cambaleou para trás e quase caiu. Apoiou as mãos no chão e olhou para o seu chefe, assustado.— O que saiu desse teu bico na delegacia?— Nada. — Colocou-se de pé outra vez, rapidamente. — Não sou idiota!— Ligou para filha do Falcão ir soltar vocês? Quer merda tem na c
— Puta que pariu! — Rafa olhou-o incrédulo e de queixo caído. — Ela sabe?— Não. Não faz ideia do que o pai faz além de construir prédios.— Foi sempre esse Falcão que mandou no morro?— Não diria que ele manda no morro, mas manda no tráfico lá fora.— Bodão foi um safado contigo.— Não sei o porquê eu me surpreendi com o que ele fez.— Fala com a Barbara. Entrega a merda desse dinheiro e vamos atrás de recuperar a mochila. Assim que a gente descobrir o que aconteceu, vemos se não tem mais nenhum engraçadinho envolvido e devolvemos o dinheiro pra tua patricinha.Matheus odiava assumir, mas aquele tinha sido o único e melhor plano daquela noite. Comendo o teu orgulho, ele pegou o celular e discou o número da Barbara.— Oi. Está tudo bem? — A voz dela denunciou a sua preocupação ao atender.— Desculpa. Você não merece isso — disse derrotado.— O que não mereço?— Contribuir com todo esse lixo. Vou precisar do dinheiro que me ofereceu.— Não tem que pedir desculpa. Você não é o culpado,