Era quase onze da manhã quando Barbara seguiu para praia do Flamengo. Ao chegar, parou no estacionamento que já se encontrava um tanto cheio por ser um dia de semana. Minutos depois, uma SUV preta estacionou ao lado do seu carro. Os vidros eram absolutamente pretos. A porta do motorista foi aberta e Matheus desceu de lá. Barbara fez o mesmo. Quando ela o viu, abraçou-o com força. Em seguida, segurou o rosto dele entre as suas mãos e o olhou apaixonada.— Eu precisava muito disso — disse ele.— De um abraço? — perguntou, sorrindo.— De você!O sorriso alargou-se.— E disso aqui? — Selou os seus lábios. — Sentiu falta disso também?Ele riu baixinho.— Senti falta de muito mais. — Segurou firme a sua nuca e a beijou com fome dos seus lábios.Com o outro braço, ele laçou a sua cintura e a prensou contra o SUV. Barbara se agarrou firme nele. O desejo cresceu de forma rígida e pulsante entre eles. Ela gemeu nos volumosos lábios do Matheus. Aquela boca era tão sexy.— Gemendo assim, você me
— Tudo bem se não estiver pronto para dizer ou ainda estiver incerto se o que sente por mim é amor — disse Barbara.— Não estou incerto sobre o que sinto por você, é só que... — interrompeu-se, sem palavras.— Está tudo bem, Matheus. — Acariciou a sua face. — Quando estiver pronto.Ele sorriu e assentiu.— Vamos sair. Vou pegar a bolsa com o dinheiro para você.Eles desceram e Barbara apanhou a bolsa clássica da Louis Vuitton para ele, que a pegou rapidamente.— Vai até lá agora?— Vou.— Se cuida. E me avise quando chegar sã e salvo em casa. — Selou os lábios dele.— Aviso, sim. — Retribuiu o beijo.Eles se despediram e cada um entrou no seu carro. Barbara seguiu para casa, angustiada e ansiosa, enquanto Matheus foi para o endereço que Bodão lhe passou naquela manhã. Era uma construção em Niterói. Quanto mais perto chegava, mas ele se sentia com medo. Os seus instintos gritavam em alerta o mandando voltar, mas ele tinha uma obrigação a cumprir. Quando chegou à obra, o deixaram entrar
— Tá tudo bem.— Deu tudo certo?— Sim.— Está tudo bem mesmo?— Tá.— Por que palavras tão curtas, Matheus? A sua voz... não sinto que está tudo bem. Está falando baixinho.— Eu tô bem. Deu tudo certo graças a você. Obrigado mais uma vez.— Eu fui intimada para jantar com os meus pais essa noite. Devo chegar tarde, mas... quer ir dormir comigo?Ele ficou em silêncio.— Não. Eu preciso de um tempo. Uns dias.O corpo dela ficou rígido de tensão.— O quê? Por quê?Ele precisava de uns dias? Para quê? Barbara já se perguntava se ele ia deixá-la outra vez.— Nada. Eu só preciso pôr as coisas em ordem por aqui.— Matheus... Está me deixando muito ansiosa. Está me escondendo algo, eu sinto. O que aconteceu? Foi eu dizer que amo você? Aconteceu algo na entrega do dinheiro? — A sua voz saiu baixa e amargurada. Matheus conseguiu sentir a aflição dela.— Não é isso. E já disse, deu tudo certo. Só me dê uns dias, tá?Um nó se formou na garganta dela.— Não está me deixando outra vez, não é? Está
Matheus estava machucado e não queria que ela o visse. Um soluço lhe escapou e mais lágrimas desceram. E se fosse o seu pai quem tivesse o machucado? Era evidente que ele estava envolvido com os oitenta e cinco mil. Isso simplesmente seria a resposta para sua segunda e terceira questão. Carlos era o chefe do tráfico. Se certo o raciocínio da Barbara, a primeira pergunta também seria respondida automaticamente. A bolsa havia ido parar ali porque ela havia sido preparada para ele.Tudo isso era muita informação. Ela não se sentia bem, queria ir para casa. Precisava de um tempo sozinha para colocar as ideias no lugar. Era inacreditável que o seu pai comandava uma organização criminosa. Não conseguia crer. Era uma ideia absurda! Será mesmo que os negócios da família iam além da construção civil?Barbara se levantou, secou as lágrimas e tentou se recompor ao máximo. Ao sair do banheiro, deu de cara com a sua mãe no corredor. Ela não parecia nada feliz.— Melhora essa cara e se sente na mes
O celular da Barbara começou a tocar. Ela o sentiu vibrar nos seus pés. Lá fora um barulho assustador começou a ecoar. Era de uma motosserra. O carro então se movimentou um pouco e ela sentiu uma dor lacerante na sua perna. Gritou.— Tudo certo aí? — perguntou Valéria.— A minha perna dói. Dói muito. Começou a mexer no airbag, tentando se livrar de toda aquela lona amontoada em cima de si. Enfim, conseguiu enxergar a sua coxa direita. Havia um pouco de sangue ali. Levou os dedos até lá e sentiu um pequeno estilhaço fincado na pele. Ela mexeu um pouco mais no airbag e conseguiu liberar a janela à esquerda. Lá fora a chuva ainda caia, mas não mais tão forte.Uma mulher do corpo de bombeiros se aproximou às pressas quando a viu aparecer na janela.— Tudo bem, Barbara?Ela secou as lágrimas e olhou novamente para coxa.— Tem um estilhaço na minha perna.— Já estamos acabando. A sua porta está emperrada, então vamos ter que cortar. Só mais alguns minutos.Barbara assentiu.Não demorou mui
Barbara foi transferida para o Hospital Samaritano. Lá ela foi submetida a mais exames. O médico disse que ela estava bem, mas achou melhor que ficasse em observação naquela noite. Já passava da meia-noite quando a levaram para um quarto enorme e bem iluminado. Não demorou muito e a porta foi aberta. Os seus pais entraram.— Graças a Deus! — disse Ângela, indo até a filha e abraçando-a.Barbara correspondeu.O pai continuou de pé, ao longe. Ele tinha uma expressão dura e olhar que demonstrava um pouco de irritação. Quando Ângela se afastou, ele caminhou até Barbara. Ela apenas o encarou em silêncio. Ainda sentia raiva pelo que descobriu e pela forma traidora que ele pretendia falar de casamento com os Correa, sem antes falar com ela. Não que fosse aceitar, mas era o mínimo que ele poderia fazer.— Espero que esteja bem — disse ele. — E espero que tenha aprendido que fugir das suas responsabilidades, há consequências. Isso foi um castigo de Deus! — O seu tom era firme e para Barbara so
Uma vez ou outra ele dizia algo, mas nunca era respondido. Barbara nem sequer o olhava. Quando chegaram, ele a ajudou a sair. Pegou as coisas dela e a acompanhou até o saguão do prédio.— Pode me dar as minhas coisas. — Ela tentou pegar das mãos dele, mas ele não deixou.— Vou subir com você.— Não! Eu consigo subir.— Eu vou subir com você, Barbara. O seu pai disse para eu te acomodar. É o que eu vou fazer.Caminhou até o elevador e o chamou. Imediatamente as portas se abriram, então ele entrou, segurando-o para ela, que caminhou devagar até lá. Subiram e mesmo sem ser convidado, Edgar entrou no apartamento.— Agora você já pode ir. Se manda daqui.— Você precisa de algo? Quer que eu vá à farmácia?— Eu quero que você vá embora, Edgar.Ele guardou as mãos nos bolsos da calça e se aproximou dela.— Se precisar de qualquer coisa, você pode me ligar. Fico preocupado com você. — Virou-se em direção à porta. — Por que está preocupado?Ele parou e a olhou novamente.— Porque me importo co
Quando Barbara estava próximo do morro, ela mandou uma mensagem para Matheus, avisando-o. O táxi parou e ela pagou pela corrida, descendo em seguida. Rafa a avistou e foi até ela quando a viu se aproximar mancando um pouco.— O que houve contigo? — perguntou, oferecendo-lhe o seu braço como apoio.— Um acidente de carro, mas estou bem.Ele riu de um jeito engraçado, meio desengonçado.— Vocês são dois estropiados. Até nisso combinam.Ela riu, foi inevitável.— Acha mesmo que combinamos um com o outro?— Acho. Consegue subir na moto?— Consigo.Ele a ajudou subir e pilotou morro acima até a casa do Matheus. Quando desceram, Rafa abriu a porta depressa. O seu amigo disse que ela não poderia ser vista no morro.— Entra aí — disse para ela, que entrou encontrando Matheus sentado no sofá.— Oi — Barbara o cumprimentou baixinho, observando como ele estava.A sua situação era pior do que imaginava. Matheus tinha o olho esquerdo roxo e inchado. A boca também estava inchada e cortada. Acima do