— Espera. Você conhece a minha mãe? — perguntou Matheus, confuso e um pouco assustado.— Ela trabalhou por uns três anos na casa dos meus pais. Foi contratada logo que nos mudamos para o Rio. Lavava as roupas. Mas um dia ela só não foi mais trabalhar. Desapareceu. A minha mãe disse que ela pediu demissão.— Não sei em quais casas a minha mãe trabalhava quando adoeceu, mas ela nunca pediu demissão de nenhum emprego.— Há quanto tempo isso aconteceu? — perguntou, aproximando-se dela.— Há quatro anos. Ela teve um AVC enquanto trabalhava. E depois disso, as famílias de quem ela cuidava, a demitiram. Não tinha carteira assinada, então saiu com uma mão na frente e outra atrás. Ela não fala, não anda e teve a visão do olho esquerdo afetada.— Ela ainda estava conosco nessa época.Barbara olhou para ele tentando entender. Quando ela perguntou aos pais sobre Dália, disseram que ela apenas ligou dizendo que não iria mais trabalhar na casa. Mas claramente era mentira. Olhou novamente para mulher
Matheus levou Barbara de volta para casa no meio da tarde. Mal entraram no prédio e o céu desfez-se em água lá fora.— Merda — ele exclamou baixinho, quando viu o porteiro.— Foda-se esse cretino!Ela apanhou a sua mão e entrelaçou os dedos. De queixo erguido, atravessaram o saguão em direção ao elevador. Antes que entrassem, Barbara olhou para o homem atrás do balcão. Ele não conseguiu dirigir o olhar para eles. Assim que entraram no apartamento, ela já foi logo tirando o tênis e a calça. Sentia-se muito à vontade com Matheus.— Quer beber alguma coisa? — perguntou-lhe, que babava na sua bunda redondinha e não muito grande.Uma calcinha fio dental vermelha ornava a parte superior das suas nádegas e uma pequena parte entre elas. Aquilo foi a coisa mais sexy que ele já viu. A sua boca chegou a salivar e o seu pau a se manifestar dentro da calça.— Tem você como opção? — O seu tom era provocante.Barbara olhou-o por cima do ombro e sorriu.— Talvez.— O que eu tenho que fazer para merece
Matheus pilotou de volta para casa debaixo da intensa chuva. Quando chegou, logo foi tomar um banho. Ao sair, seguiu até a cozinha e pegou um copo de suco na geladeira.— Tá todo mundo comentando da tua burguesinha — disse Gabi, parando no batente entre a sala e a cozinha.— O que tão falando? — olhou para ela.— Tão dizendo que ela é rica. O pisante dela devia custar uns três mil paus — falou com um pouco de desdém.— E daí?— E daí que tu é um preto favelado. Ela não é pra você. Tá na cara que só quer diversão com o que os ricos consideram exótico. — Apontou para ele.— Tu num sabe o que tá falando.— Trouxe ela aqui para conhecer a nossa mãe. Acha mesmo que ela quer namorar contigo? — Riu com deboche. — Acorda. Foram os bacanas que viraram as costas para nossa mãe quando a corda apertou. Ela é um deles.— Ela não é! — Foi incisivo.— E Letícia tá odiando a menina. — Sorriu. — É melhor num trazer a loirinha pra cá de novo.Virou-se saindo. Matheus foi atrás da irmã.— O que ela disse
Ao sair, decidiu que iria para rua e acharia alguma festa onde iria dançar até os pés doerem. Ela se arrumou com a roupa mais justa e mais brilhante do armário. Calçou os seus saltos mais altos e dirigiu para uma casa noturno ali perto. Ao descer, um homem assoviou para ela, aproximando.— Acompanhada, delícia? Eu estou pronto para você.— Acompanhada da noção. Inclusive recomendo. — Revirou os olhos com tédio e lhe deu as costas seguindo para dentro da boate.Barbara encostou-se no bar e pediu um drinque super aromático com gim, anis estrelado e pimenta rosa.— Ora, ora... Como vai, Barbara Falcão?Ela olhou por cima do ombro e viu Edgar.— Sai fora! — Olhou para frente novamente.— Calma aí, princesa.— Deus! Não me chame assim, é ridículo para você.— O que aconteceu com aquela amizade linda que a gente estava construindo?Barbara riu, impaciente.— Não está falando sério, não é?!— Senti a sua falta. — Ele olhou para os lados, como se estivesse à procura de alguém. — Eu já esperava
Apanhando-a pela mão, seguiram para fora da casa noturna. Matheus pediu a moto dele ao manobrista, que logo a trouxe. Eles montaram nela e seguiram caminho até o apartamento da Barbara. Ao passar pela porta, logo a fechou antes de puxar ela para seus braços outra vez. Apanhou-a no colo e a levou para o quarto, colocando-a de pé no chão, aos pés da cama. Lentamente, despiu-a entre beijos e carícias. Deitou ela na cama com cuidado e retirou as próprias roupas, deixando as peças amontoadas pelo piso junto às dela.— As minhas sandálias — disse ela.— Se importa de ficar com elas? — ele perguntou, apanhando o seu pé e beijando o dorso entre as tiras brilhantes.Ela sorriu, mordendo o lábio inferior.— Não.Ela se sentou o observando gloriosamente nu à sua frente. O pênis estava ereto e pela sua ponta saia uma gota do seu pré-sêmen que ficava prateada sob a luz do quarto. Barbara se aproximou e tocou o seu corpo, o alisando. As mãos desceram até a sua intimidade, onde ela o massageou enquan
Barbara acordou com a claridade dos trovões. Abriu os olhos e viu a chuva bater forte contra a imensa janela do quarto. Virou-se para o lado e viu Matheus ressonar baixinho, dormindo de barriga para cima. O antebraço esquerdo estava apoiado sobre os olhos. Ela ficou ali, paradinha, o observando. Passou os dedos suavemente pelo abdômen dele com o cuidado de não o acordar. Chegou mais perto e cheirou o seu pescoço, ele tinha um cheiro ótimo. A mão direita dele se levantou e fez carinho na dela, a assustando. Eles riram baixinho. Matheus estendeu o braço para que ela se deitasse ali e assim Barbara fez, o abraçando. Ele beijou a sua cabeça e fechou os olhos novamente, sentindo o sono pesar outra vez.— Acho que talvez eu esteja apaixonada por você — ela sussurrou.Matheus abriu os olhos e sentiu medo de dizer que também sentia a mesma coisa. Ele apenas se virou para ela e os dois dormiram juntinhos, com os rostos colados. Quando Barbara acordou outra vez, ela estava só na cama. O banhei
Bodão abriu o porta-malas do carro e dois homens aproximaram-se para tirar algumas bolsas de lá. Eram três no total, e todas elas estavam cheias de dinheiro. Matheus continuava parado onde estava, encarando Carlos.— Está tudo aí — disse Bodão.Carlos sorriu.— É claro que está, caso contrário, perderia a cabeça. — Riu, cheio de humor.Bodão olhou de soslaio para Matheus, que abaixou o rosto guardando as mãos no bolso.— Então é isso. Até semana que vem — despediu Carlos, entrando no seu carro.— Vamos embora — chamou por Matheus.Ele entrou no carro, ainda se sentindo tenso. Não entendia a necessidade de estar ali, queria perguntar o motivo de Caio ter o levado. Ainda estava chocado que não fosse ele a cabeça no topo daquela pirâmide. Já fazia quatro anos que cuidava da contabilidade no tráfico do morro da Rocinha e nunca, nunca na vida imaginou que outro alguém fosse o seu chefe no fim das contas.Olhou para o homem ao lado e o encarou em silêncio. Perguntou para si mesmo se ele sab
Desde aquela noite, a primeira troca de olhar e a primeira conversa, Matheus desejou ver Barbara outra vez. Chegou até a dizer em voz alta que queria ter tido a chance de beijar aqueles lábios. E achou Edgar um grande idiota por preferir curtir a loucura daquela festa ao invés dela.Uma batida na porta o assustou. Ele levantou-se e foi até lá, abrindo-a. Letícia estava parada ali. Usava apenas um short jeans curto e um top de renda branca, bem sensual.— Oi. — Sorriu, enrolando no dedo uma das muitas finas tranças na sua cabeça. — Eu preciso de ajuda lá em casa.— Não tem outro pra quem ir pedir?— Não. — O sorriso dela aumentou.— Qual é o problema?— É que o chuveiro não tá esquentando.Matheus revirou os olhos.— Olha só, isso ae é resistência. Precisa comprar outra, mas o seu Zé já tá fechado. Vai ter que tomar banho frio hoje. — Puxou a porta para fechá-la, mas ela segurou-a, impedindo-o.— Posso tomar banho aqui?— Qualé, Letícia?! Vai tomar banho na casa das tuas amigas. — Foi