"A gente aceita o amor que acha que merece."
-As vantagens de ser invisível***-- Estou falando sério.-- Meg, eu já ouvi essa história um monte de vezes, você jura de pés juntos que não quer mais e que vai terminar, e assim que o vê muda de ideia.
-- Não vai ser assim dessa vez, eu nunca estive tão certa sobre algo como estou agora
-- E você está certa sobre o que exatamente?
-- Certa de que ele não é a pessoa certa.
Liz está deitada na minha cama pintando um desenho sem olhar para mim, de certa forma, ela está certa, já me ouviu falar sobre isso tantas vezes que não coloca fé que eu vá de fato fazer isso. Eu também não teria fé em mim.
-- Olha, Meg – Liz levanta o olhar para mim, que paro de andar de um lado para o outro – Vocês se dão incrivelmente bem e ele te trata como uma princesa, então me diga, por que você acha que ele não é a pessoa certa?
Me sento na cama ao lado dela ponderando sobre a tamanha bobagem que vou dizer antes de começar a falar.
-- Não é como nos livros, sabe? Não é como se ele fosse o ar que eu respiro, a pessoa que faz meu coração bater mais forte ao ver. Não é como se eu precisasse dele. Gosto dele, nos damos muito bem, mas é só isso.
-- E você realmente acha que a baboseira dos seus livros de romance vai definir se você encontrou o amor da sua vida ou não?
-- Bom, temos que nos basear em algo para saber, não é?
Liz se senta de frente para mim
-- Olha Meg, você tem 17 anos, se acha que não quer continuar com o Mike, vá em frente e termine, mas esteja ciente de que a vida não é como nos livros, príncipes encantados não existem e você não vai encontrar um dando sopa por aí.
Liz sorri para parecer menos dura, retribuo o sorriso.
-- Ás vezes, conversar com você e conversar com minha mãe não é muito diferente.
Liz sorri de novo, e volta a se concentrar no desenho.
-- Vou fazer isso hoje. Nossa viagem está chegando e ano que vem eu vou para a faculdade, e não que ter que me preocupar com ele em nenhuma das ocasiões.
-- Boa sorte – Diz Liz, não expressando muita confiança ou preocupação na voz, ela realmente não acredita em mim.
Antes de ir embora, Liz me entrega o desenho pelo qual me trocou a tarde toda, é um desenho de nós duas sentadas em uma rocha, com o mar batendo atrás e o sol se pondo no horizonte. Ela fez questão ressaltar o quanto eu sou menor do que ela. Desenhou nossos cabelos escuros e lisos, dessa vez meio ondulados e batendo na cintura, assim como deu muita atenção aos olhos azuis vívidos dela, deixando-os com o mesmo tom do mar. Vamos tirar uma foto exatamente igual a esse desenho na viagem. ***Mike chegou em casa por volta das 19:00, decidi que não queria sair para fazer nada hoje à noite, o momento não pode muita celebração. Mike faz menção de se sentar no sofá, o que geralmente fazemos quando ficamos na minha casa, mas eu o chamo para o meu quarto. Isso não é uma coisa que meus pais precisem ver ou ouvir caso passem por aqui.Mike entra atrás de mim, a luz amarela do meu quarto ressalta o tom dourado dos cabelos e da pele, e isso o deixa tão lindo... Por que eu queria fazer isso mesmo?
Enquanto Mike se senta na cama, começo a querer desistir do que estou prestes a fazer, mas o desenho de Liz colado na parede me lembra dos motivos pelos quais quero fazer isso.
Eu não quero um relacionamento meia boca, eu quero um relacionamento completo com todos os sentimentos que tenho direito. Eu não amo Mike, não dessa forma. Eu não estou apaixonada por ele, repito para mim mesmo, eu não estou apaixonada por ele . Me sento ao lado dele, que está nitidamente confuso--Por que viemos para o seu quarto hoje?
Me sinto muito mal pelo que vou fazer, preciso fazer antes que perca a coragem.-- Mike... há algo que preciso conversar com você
Espero por uma resposta para que possa continuar, e instante depois, Mike arregala os olhos
--Você me traiu, não foi?!
Por Deus, de onde ele tirou isso?
-- O que? Não!
-- Você me traiu com aquele cara que cantou com você na semana passada, e agora está se sentindo mal, não é?!
-- O cara da aula de música?
-- Ééé, esse mesmo!
Eu sabia que Mike era meio paranoico, mas inventar uma história dessas em menos de 5 segundo foi um recorde-- Não Mike! Cala a boca e escuta
Mike não diz nada, mas continua me olhando como uma criança assustada. Talvez por que ele se comporte como uma criança às vezes.
-- Mike...
Tenho dificuldade em fazer as palavras saírem, parece que me engasguei com elas, preciso força-las para fora antes que eu as engula
--Mike, acho que nós devemos terminar.
Ele me encara, e não consigo ler sua expressão.
Ele é tão mais alto que, mesmo sentado, preciso levantar a cabeça para olha-lo nos olhos.Mike desvia olhar, vira a cabeça para frente e fica calado por alguns segundos.
-- Por que? – Ele finalmente diz. Não era bem a resposta que eu esperava.
Eu esperava que ele se irritasse, brigasse comigo e me questionasse rudemente. Talvez porque isso seria mais fácil se estivesse brava com ele.-- Porque... porque...
Eu preciso pensar em algo agora
-- Porque eu vou pra faculdade, vamos morar em cidades distantes uma da outra, e eu não acho que isso vá dar certo.
Não quero dizer a verdade, acho que pior do que terminar com ele seria dizer na cara dele que eu nunca estive apaixonada e o amei ao mesmo tempo. Estava apenas apaixonada no começo, e agora eu o amo de uma maneira diferente.-- achei que tivéssemos concordado em manter um relacionamento à distância. Por que mudou de ideia?
-- Ah, qual é Mike, isso não será bom para nós, nenhum casal sobrevive a um relacionamento a distância.
-- Sobrevivem sim, e se está dizendo isso é por que não me ama o suficiente para se quer tentar fazer dar certo.
-- É claro que eu te amo!
Não é uma mentira, se eu não disser como eu o amo.
Mike me encara com um olhar hostil, que logo desaparece, e o que assume seu lugar é... tristeza.
Ah meu Deus, o que eu fui fazer?
--Tudo bem – Ele diz – Se é isso que você quer, não vou discutir.
Imediatamente quero pedir desculpas e voltar atrás do que acabei de dizer, mas sei que não resolveria nada. Mike não é idiota. Mas eu sou. E está feito.-- Acho melhor eu ir embora.
Seguro as lágrimas, mas nem sei por que me sinto tão mal. Será por ele, ou será por mim mesma?
Não consigo formar nenhuma frase, se eu falar algo vou começar a chorar, e ele não pode ver isso.
Mike para na porta e se vira.
-- Me promete uma coisa?
Olho para ele, mas não respondo com palavras
-- Seja feliz, Meg
Ele fecha a porta e sai do quarto. Essas palavras de atingiram como uma facada.
Por que diabos eu quis fazer isso?
Idiota, idiota, idiota!Deito na cama e recuso as lágrimas. Sou uma idiota, é verdade, mas não vou chorar por isso.
Ligo para Liz e conto a ela tudo o que aconteceu.
Ela ouviu tudo como uma mãe bobona fingindo estar interessada em algo que sua criança está falando. Mas realmente parecia interessada.Por sorte, ela não tem nada para fazer hoje à noite e concorda em vir ficar comigo. Esse é o lado bom de ter uma melhor amiga que odeia festas.
Quando Liz chega, tudo aquilo que estou sentindo melhora quase que imediatamente. Nossa viagem é depois de amanhã e eu ainda nem comecei as malas. Não consigo pensar em um momento melhor para começar.Montamos vários conjuntos para usar nos dias em que estaremos fora (que serão muitos), e dormimos antes mesmo de colocar tudo na mala.
* * * Acordamos na véspera da viagem, e hoje eu tenho um desafio a ser cumprido: contar para minha mãe sobre Mike e eu e tentar me esquivar do relatório que ela tentará fazer depois disso. Por sorte, Liz (que minha mãe carinhosamente chama de "filha 2") está em casa, e vai dar um jeito de distrair minha mãe com algum outro assunto. Ela e minha mãe se entendem melhor do que eu mesma e minha mãe.Descemos as escadas ainda de pijama e minha mãe está sentada sozinha à mesa, obviamente esperando para me perguntar por que Mike foi embora cedo e Liz veio pra cá logo após ele sair. Ela não deixa nada passar.
-- Bom dia – Liz e eu dizemos quase juntas.
--Bom dia meninas – Minha mãe responde.
Minha mãe está mexendo no notebook encima da mesa. Liz e eu nos servimos de café e torradas, e assim que nos sentamos, minha mãe fecha o notebook.
Lá vamos nós.
-- Aconteceu alguma coisa ontem, Meg? – Minha mãe pergunta.
-- Por que?
-- Mike foi embora 10 minutos depois de chegar, e sua fiel escudeira apareceu aqui logo após ele sair.
--Por que eu sou a fiel escudeira dela e não ela a minha? – interrompeu Liz.
-- Ora, vocês dividem o papel.
Minha mãe encara a nós duas esperando uma resposta e eu finjo que me esqueci da pergunta.
-- E então?
-- O que?
-- O que aconteceu ontem?
-- Mike e eu terminamos – Digo rápido com um tom monótono tentando passar a ideia de que isso foi tão insignificante quanto respirar.
-- Por que??
-- Não queremos um relacionamento à distância – Uso a mesma desculpa que usei com ele.
-- Mas vocês não tinham concordado em tentar?
-- Concordamos, mas mudamos de ideia.
Minha mãe fica em silencio me encarando e eu finjo que está tudo bem e não estou nem aí.
Não que eu esteja péssima como estava ontem, estou melhor, mas ainda arrependida.
Idiota, idiota, idiota!
Mas é claro que uma mãe não poderia deixar de perguntar-- E você está bem, querida?
-- Sim mãe, tudo bem. Não é nada demais, não se preocupe.
-- Está bem então.
Ela finalmente desiste e abre o notebook novamente.
Foi mais fácil do que eu pensava.Após o café da manhã, minha mãe e Liz decidem que eu deveria mudar o cabelo e fazer as unhas para a viagem, claramente com o intuito de me animar e evitar que eu ligue para Mike e implore para ele voltar, apesar dessa vontade estar quase inexistente à essa altura.
Vamos a um salão no centro da cidade para fazer as unhas, e eu, além das unhas, mudo o corte do cabelo de longo e reto para um corte em V, ainda longo. De fato, ficou muito melhor assim, e me sentir mais bonita também ajudou com minhas crises.
Almoçamos fora e fazemos algumas compras para a viagem.
***Chegamos em casa por volta das 16:00, e eu ainda preciso terminar minha mala. Meu pai já está em casa quando entramos, e elogia meu cabelo.Liz vai para a casa dela buscar as coisas para a viagem e para uma noite aqui e eu subo para terminar minhas malas. No caminho, ouço minha mãe falar meu nome em uma conversa com meu pai, provavelmente o atualizando sobre minha vida, mas não me preocupo, meu pai não vai me interrogar como minha mãe faz.
As próximas horas passam voando enquanto eu arrumo minhas malas, a noite chega rápido e discorre normalmente.
Decidimos dormir cedo para pegar o avião cedo, mas nossos cérebros ansiosos não colaboraram.
-- Duas semanas em Florianópolis! Duas semanas de praia e sol, duas semanas longe desse lugar, duas semanas!
Liz quase grita, e tenho que ficar fazendo sinal para que fale baixo para não acordar meus pais.
-- Essa viagem não poderia ter vindo em um momento melhor!
Digo no mesmo tom que ela, nossa animação se encontra no mesmo nível.Depois de aceitarmos que nenhuma de nós vai dormir tão cedo, decidimos ver um filme, e depois mais outro, e em algum momento do segundo filme eu adormeci.Acordamos as 6 da manhã sem dificuldade e descemos para um café de manhã rápido, saindo às pressas para pegar o avião.
A viagem foi tranquila e breve, cerca de 3 horas depois, aterrissamos no aeroporto de Florianópolis, e fizemos mais um percurso de 2 horas e meia até a Praia do Forte. Quando chegamos, era um pouco mais de uma da tarde, e Liz dizia que iria morrer de fome se não comesse rápido. O hotel é um dos mais lindos que eu já vi. Apesar de ser mais distante da praia do que eu gostaria, o Faial Prime Suítes tem uma decoração toda feita em madeira escura, o piso, os móveis e as paredes são todos no mesmo tom, e a iluminação com luzes amarelas deixa tudo ainda mais lindo e confortável. Subimos para deixar as malas, eu, Liz e meus pais ficamos em quarto separados uns dos outros. Em seguida, descemos para procurar por um restaurante para almoçar. A recepção do hotel está cheia de novos hospedes, e assim que desço, uma sensação estranha me invade, uma mistura de animação, ansiedade e saudade. Tento ignora-la, mas a animação só aumenta quando Liz desce e para ao meu l
É o segundo dia de viagem. O panfleto sobre as lendas da ilha indicava vários lugares históricos para visitarmos, e o escolhido para hoje foi a ilha de Anhatomirim, particularmente minha lenda preferida.O panfleto dizia: "Nesse pequeno pedaço de terra, muitos foram enforcados e, no pós Revolução Federalista, 185 presos políticos foram fuzilados. Dizem que até hoje que depois do entardecer, ainda podemos ver e ouvir os fantasmas dos que foram mortos, sentados nas pedras em volta de um troco de araçazeiro." Então é claro que vamos fazer um passeio de família para um lugar supostamente mal assombrado. O que pode dar errado, não é mesmo?Estou descendo as escadas para o café da manhã, um pouco atrasada em relação à Liz e meus pais. Fiquei até mais tarde lendo ontem, minha meta para esse livro é termina-lo em três dias, hoje é o terceiro e ainda me faltam quatro capítulos, por isso estou determinada a finaliza-lo, e desço as esca
Termino de me arrumar cerca de 2h antes do horário de sair, e com o quarto totalmente iluminado e livre de qualquer ruído ou sombra suspeita, deito de volta na cama para (finalmente) terminar meu livro.Quando me deito, me permito pensar na noite passada, e para minha surpresa, todas as imagens do meu sonho voltam nitidamente à minha cabeça. Nenhum detalhe esquecido. Nenhuma cena confusa. Definitivamente não foi um sonho normal. Por mais que o quarto esteja claro e calmo, não consigo para de olhar para os lados o tempo todo à procura de qualquer movimento, e a inquietação me impede de terminar o livro. Aguento a 1 hora seguinte presa no mesmo capítulo, até que não aguento mais ficar sozinha e desço para a recepção do hotel. Dessa vez, ao invés de ficar no sofá da recepção, vou para o jardim. É verão, mas a brisa que sopra é gelada, e a grama recém regada tem cheiro de chuva. O jardim está deserto exceto por 2 jardinei
Liz puxa o panfleto sobre as lendas da ilha de dentro da bolsa que carregava, dobra estrategicamente para que apenas a coluna sobre "come identificar uma bruxa" fique visível, e me entrega. -- Percebeu alguma dessas coisas nele, Meg? Releio a coluna do panfleto, em seguida olho pra ela.-- Você não está insinuando o que eu acho que está, né? Liz parece um pouco envergonhada, ela olha para baixo ao continuar falando, insegura, como se desse o benefício da dúvida a si mesma. -- Não acha estranho ele lidar com isso com tanta facilidade? A final, como foi que eles descobriram que devolver o objeto à ilha resolveria o problema? Ele disse que seu caso não é o primeiro, mas como foi que eles descobriram na primeira vez? É uma dúvida que eu tive também, mas isso não é um motivo para jogar alguém na fogueira.-- Não sei, quando estava perguntando sobre, chegamos ao meu quarto, ele ignorou tudo o que eu estava afalando e
-- Então você acha que o seu colar contém algum feitiço que fez com que as pessoas gostassem de você?-- Não, eu não acho que o colar seja magico, mas ele pode ter algo haver com o que está acontecendo. -- Por que complicar tanto? Diga logo que você acredita nas minhas teorias.-- Para isso eu teria que me desfazer de uma grande parcela de orgulho, uma que eu ainda quero manter comigo. Liz revira os olhos e sorri, convencida de que eu acredito nela. Sorrio de volta.-- E então qual é seu plano?-- Vou conversar com ele e ver o que eu descubro.-- Então o seu plano é basicamente o meu plano? -- Quem está rotulando é você, não eu. Liz me olha semicerrando os olhos. Olho de volta para ela sorrindo, além dela, o sol se encontrando com o mar mancha o céu de vários tons de amarelo, rosa, laranja e azul. A brisa com cheiro de mar balança nossos cabelos. Liz se vira para ficar de frente para o mar e ter a mesma visão que eu. Admiramos em
O relógio do meu celular acaba de marcar 9 da noite, caminhamos por uma calçada à beira da praia, está ventado forte e um pouco frio, sinto cheiro de chuva e ouço as ondas quebrando na costa. Essa seria minha definição perfeita de paz, se eu não estivesse indo à uma feira com dois rapazes que acabei de conhecer e, como se não bastasse, tenho um propósito para essa noite.Arrisco dizer que Liz concorda sobre isso não ser exatamente paz, pois posso sentir ela me fuzilando com o olhar, apesar de não me atrever a olhar de volta. Ainda vou pagar por isso.Eu e ela andamos lado a lado, Nick e Jeff caminham na nossa frente indicando o caminho, conversam alto e escandalosamente como dois adolescentes, se empurrando e se socando de vez em quando. Consigo avistar algumas luzes coloridas e um movimento maior de pessoas, o que indica que estávamos chegando.* * *Mais 5 minutos de caminhada e tínhamos chego ao local. Haviam várias barracas coloridas e improvisadas, iluminadas por lu
Observei Nick andar de costas até o banheiro, meu coração ainda não havia voltado ao compasso normal. Tudo bem que foi uma queda planejada, mas inda foi mais um mico na frente dele. Ou melhor, encima dele. Flashes de Nick me segurando começam a rodar em minha mente, e eu chacoalho a cabeça para afastar os pensamentos. Não preciso do meu rosto ainda mais corado. Olho novamente na direção do banheiro onde Nick entrou quando percebo alguém se sentando do meu lado. Viro a cabeça na mesma hora. O moço ao meu lado é bonito, alto, de pele bem clara e cabelos pretos e curtos. Usa uma jaqueta de couro preta, apesar de não estar frio o suficiente para isso. O restante das peças de roupa também parecem ser pretas, mas estava escuro demais para ter certeza. Ele parece exalar energia de bad boy, como se em sua testa tivesse uma placa escrito "corra". Mas, quando olhei para seu rosto me lembrei. É o rapaz que encarei descaradamente
Nick expirou, audivelmente. Parece que minha determinação o deixou irritado novamente, muito irritado. E com certeza pressiona-lo nesse estado era algo bem idiota a se fazer.Porém, minha noite havia sido resumida em idiotices e eu ainda estava viva e intacta. Talvez por pouco, mas estava.Continuei o encarando, tentando manter uma expressão tão irritada quanto a dele no rosto. Ele não me diria nada se achasse que eu estava prestes a sair correndo e gritando por socorro.O que não estava muito distante da realidade, pois por mais que eu tentasse afastar qualquer pensamento amedrontador e segurasse meu corpo com força, ainda tremia junto com cada batida do meu coração. E torcia para que ele não reparasse.-- O que acha que viu? -- Ele perguntou, e eu já imaginava o que viria por aí. Li livros de fantasia o suficiente para saber que esse era o momento em que ele negaria tudo e me chamaria de maluca.-- Eu sei o que eu vi. Você quase asfixiou aquele garoto, e nem tocou n