IRA (Série Pecadores)
IRA (Série Pecadores)
Por: Aris Sants
Prólogo

Las Vegas...

Bianca

Resmungo e giro meu corpo na cama, afundo meu rosto no travesseiro quando a claridade começa a me incomodar. Com uma mão livre passeio entre os lençóis e os travesseiros procurando meu celular, o que é um completo fracasso. Minha cabeça começa a lateja, sinto pontadas dolorosas nas têmporas. Oh Deus! Porque o álcool existe? Meu corpo arrepia com o frio repentino, me enrolo nos lençóis quentes e aromados. Flashes da noite anterior surgem na minha mente. Nunca, mas vou deixar minhas irmãs me influenciar. A dor de cabeça que sinto vai ser um lembrete diário do porque eu não consumo álcool. A ressaca pode ser uma verdadeira cura contra o alcoolismo. Faço uma careta ao sentir algo estranho quando esfrego as pernas na tentativa de me aquecer. Abro os olhos, a luz que entra pela janela de vidro panorâmica que separa o quarto da varanda quase me cega, pisco algumas vezes até me acostumar com a claridade. Levanto o lençol encarando meu corpo nu, em questão de segundos minha mente fica em alerta. Sento-me na cama mesmo meu corpo gritando para não fazer isso, olhando em volta vejo que estou em uma suíte luxuosa. Mas não é a suíte em que estou hospedada com minhas irmãs. Deixo o choque me tomar, minha cabeça começa a girar. Vejo o vestido que eu usava ontem a noite no chão próximo está a minha bolsa, um pouco, mas atrás estão meus saltos, ou melhor, os saltos da minha irmã, mas velha Margo. Não consigo encontrar minha lingerie no chão do quarto ou em cima dos móveis luxuosos.

Sinto meu estômago embrulhar, desço uma mão em direção ao meu sexo, mas paro. Não tenho coragem suficiente. Oh Deus! Oh Deus!

Forço minha mente na tentativa de me lembrar de algo, mas está em um total branco. Não me lembro de absolutamente nada! Ergo-me com o lençol em volta do meu corpo, cobrindo minha nudez, sinto uma ardência nula na região íntima. Oh Deus! Oh Deus! Oh Deus! Olho para a cama e vejo uma pequena mancha vermelho vivo sujar o lençol branco de seda. Realmente aconteceu! Eu transei com algum desconhecido, não. Eu perdi minha virgindade com algum desconhecido. Mordo o lábio inferior, com as pernas bombas me abaixo o suficiente para pegar meu vestido, largo o lençol e visto o mesmo, me sentindo desconfortável sem usar nada por baixo. Pego os saltos de Margo, e minha bolsa. Sobressalto ao ouvir um barulho vindo da varando meus olhos vai em direção à divisória de vidro. Próximo à piscina tem um homem alto de costas, cabelos negros. Uma mão pousa em sua cintura, enquanto a outra ele sustenta próxima à orelha segurando algo que imagino ser seu celular.

Mesmo de costas posso identificar que ele veste um terno preto, já vi Papai usar muitas vezes. Poderia conhecer um homem de terno a quilômetros de distância. Sua postura é rígida, vejo que seus ombros são bastante largos. Ele tem um belo porte atlético. A calça social marca bem o seu bumbum. Mesmo de longe vejo que ele tem um requinte porte de homem de negócios. O homem mistério começa a andar de um lado para o outro, ele para por um instante e passa a mão pelos cabelos escuros em um ato claramente nervoso. Assusto-me quando ele chuta uma das cadeiras de uma mesa próxima, a cadeira rola caindo dentro da piscina. Esse homem não está com raiva, mas irado. O que diabos estou fazendo? Eu tenho que voltar para o hotel, não! Eu tenho que voltar para o meu País, para a minha casa, o meu quarto e a minha cama. Nas pontas dos pés vou até a porta, minhas mãos começam a tremer em antecipação, sinto meus batimentos cardíacos acelerados. Mordo o lábio inferior, tento abrir a porta o, mas silenciosamente possível. Sinto um curto alívio quando ela se abre sem fazer qualquer barulho, olho para o mistério homem uma última vez antes de sair ainda nas pontas dos pés fecho a porta com o mesmo cuidado.

Já no corredor saio correndo em direção ao elevador, com a respiração ofegante aperto o botão freneticamente com as mãos trêmulas. Sinto meu estômago revirar mais uma vez, e por um momento a minha visão fica turva. Apoio-me na parede antes que eu caía igual a um galho seco no chão. Maldito álcool! Assim que as portas se abrem me forço a entrar, aperto pelo menos cinco vezes o botão do térreo. Deixo o alívio me tomar, e o choque repentino passar quando as portas se fecham. Forço meu subconsciente a lembrar de qualquer coisa da noite passada, mas não nada me vem à mente. Apenas um branco límpido. Meu estômago se agita novamente, minha boca se enche de saliva.

― não, não, não...

Largo os saltos e bolsa, me ajoelho em frente à lata de lixo no canto do elevador, tiro a tampa apressadamente e deixo que meu mal estar saia. Amaldiçoo-me por não trazer comigo uma garrafa com água ao sentir a acidez na minha boca. Sinto-me um pouco, mas aliviada quando meu estômago se acalmar aos poucos, me sento no chão do elevador. Sinto gotas de suor gélidas na minha testa, encolho minhas pernas apoiado os cotovelos nos joelhos. Como eu pude deixar isso acontecer? Eu jamais faria algo assim, não sou o tipo de mulher que tem caso de uma noite. Oh Deus! Oh Deus! Usamos camisinha? Eu não consigo lembrar. Contínuo forçando meu subconsciente na tentativa de lembrar-se de algo, qualquer coisa. Mas não tem absolutamente nada, é como se minhas memórias da noite passada fossem apagadas completamente. E se eu tiver pegado alguma DST? Ou pior... AIDS. Não, não, não. Acalma-se, você precisa ficar calma agora Bianca. Pego minha bolsa na tentativa de achar meu celular, preciso falar com Margo, saber o que diabos aconteceu. Mas ele não está lá, ao invés disso tem apenas uma bala de menta, um grampo de cabelo, vinte dólares e a chave da suíte que estou hospedada.

― ótimo! ― agradeço por pelo menos ter a bala de menta. Desembrulho e coloco na boca na tentativa de aliviar a acidez e o mau odor.

Fecho os olhos com força, e respiro fundo. Prendo o ar nos pulmões por alguns segundos e soltos aos poucos. Faço isso, mas algumas vezes até sentir que estou um pouco, mas calma. Abro os olhos ao ouvir o "sino" do elevador indicar que chegou ao térreo. Pego os saltos e a bolsa ao meu lado e me ergo apoiando uma mão contra a parede de aço gélida do elevador. Quando as portas finalmente se abrem um homem alto, pálido com cabelos grisalho está parado bem em frente à saída. Sua estatura atlética impede que eu possa passar por ele, seu olhar é sério. Pelo terno e a postura ereta posso jurar que ele é um segurança ou guarda-costas. O homem descruza as mãos em frente ao corpo e leva uma mão até seu ouvido, onde noto que tem um "ponto". Sei disso porque os guarda-costas do meu Pai usam para se comunicar.

― Senhor, a encontrei. Estaremos aí em cinco minutos.

O homem entrar no elevador, me esquivo para o canto próximo à lata de lixo. O que ele quis dizer com encontrei ela?

Ou estaremos aí em cinco minutos? Não, não, não. Ele não pode está atrás de mim, faço menção de sair do elevador, mais uma vez ele bloqueia minha passagem. Vejo quando ele tira um cartão dourado do bolso interno do paletó, e aproxima do painel do elevador. Em seguida uma luz verde acende e ele aperta o botão para o último andar, o mesmo andar em que eu estava momentos atrás. Observo ele guardar o cartão no mesmo lugar e se virar em minha direção.

― peço desculpas por minha grosseria. Meu nome é Elijah, sou o segurança particular do Senhor Cavill.

Pisco algumas vezes ainda encarando o mesmo. Ele continua em silêncio esperando alguma reação minha, penso em algo, qualquer coisa para falar, mas nada saí. Elijah toma meu silêncio como resposta e continua.

― sei que quer ir embora, mas o Sr. Cavill, tem um assunto importante a tratar com a Senhorita. Assim que terminarem, eu mesmo a levarei de volta ao seu hotel.

Após suas palavras ele se volta para as portas fechadas de metal. Prendo o ar nos pulmões, e lá se foi à calma que estava sentindo. Sinto meu coração acelerar com o simples pensamento de ver aquele homem novamente. Estremeço ao lembrar a forma violenta como ele chutou aquela cadeira, irritado. Certamente não quero testar sua paciência. Afinal estou em um lugar que não conheço, com pessoas que nunca vi. Mas sei que esse homem tem poder e dinheiro. Vamos lá Bianca! Não seja covarde, você é filha de um juiz poderoso, ninguém jamais poderia tocar você. Essas mesmas palavras somem quando ouço o som antecipado para as portas se abrirem, solto uma lufada de ar. Elijah vai à frente me mostrando o caminho. Mas ao invés de entramos pela porta que saímos, ele para em frente a uma porta diferente do lado direito do corredor. Lembro que estava tão desesperada em sair daqui que nem ao menos reparei em nada.

― Senhorita.

Ele me indica a porta estendendo o braço, é agora ou nunca. Não estou familiarizada com situações assim, mas penso que é dessa forma que deve acontecer. Olá? Transamos juntos? Você tem alguma doença? Usamos camisinha? Aperto ambas as mãos em ansiedade, meu coração parece que vai ser pela minha boca, quem é esse homem? O que ele espera de tudo isso? Alterno o peso do meu corpo de uma perna para outra. Abro os olhos bem, mas do que gostaria quando ouço Elijah, fazer um barulho com a garganta, inconsequentemente engulo a bala de menta. O mesmo ergue uma sobrancelha grisalha me encarando, posso jurar que vi um dos lados de seus lábios se erguerem em um sorriso. Será que é tão evidente o que estou pensando, mas seja como for está na hora de encara esse homem misterioso cara a cara.

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