Las Vegas...
BiancaAinda com as pernas bambas entro no local. A suíte é enorme e luxuosa, ainda, mas sofisticada do que eu estou hospedada. Lembro vagamente que não reparei nos detalhes do quarto em que acordei. Estava tão desesperada em sair que nem ao menos me dei ao trabalho de procurar minha lingerie, o que me lembra de que não uso nada por baixo do vestido. Aperto minhas coxas uma na outra ao parar ao lado do sofá, cruzo os braços na altura dos meus seios, o tecido é fino o suficiente para marcar meus mamilos rígidos. Dobro meus dedos do pé nervosa sentindo o carpete macio.
Meus olhos vão ao seu encontro, o terno de três peças marcando bem seu corpo, agora, mas de perto posso notar o quão másculo ele é, diferente dos garotos jovens com quem estudei. Seus olhos se fixam aos meus, quase me sinto sendo esmagada por sua íris azul oceânico. Nunca vi olhos tão frios antes, mas inegavelmente atraentes. O cabelo escuro devidamente penteado para trás, mas uma mecha banca se destaca no meio das mechas escuras, quase sinto vontade de tocar o seu rosto e sentir a sua barba rala, mas logo esse pensamento se desfaz quando vejo uma ruga se forma em sua testa. Ele descruza os braços em frente ao corpo, os sapatos caros não fazem barulho ao tocar o carpete. Ele se senta no sofá a minha frente, suas mãos descansam sobre duas coxas. Eu quase posso ver sua aura de predador.
— senta.
Sua voz é fria como um iceberg, mas consigo sentir uma vibração estranha nas minhas entranhas. Sem rebater me sento. Vejo que sua postura é muito séria, ele não parece ser um homem que se embriaga e acaba com uma estranha em sua cama. Muito pelo contrário, ele aparenta escolher a dedo com quem se relaciona, e decide quem vai acordar na manhã seguinte em sua cama. Penso que posso estar encarando ele por tempo demais, desvio o olhar para as minhas mãos, estou apertando com tanta força a bolsa que o couro está ficando marcado com minhas unhas. Ouço uma movimentação no local, ergo a cabeça e vejo que Elijah, deixa uma xícara com café fumegante em cima do centro de mesa. Dou um curto sorriso ao mesmo em agradecimento, Elijah, dar apenas um leve aceno de cabeça em resposta. Observo-o também servir uma xícara ao homem sentado a minha frente e logo se afasta para um dos cantos do local.
— qual é o seu nome?
Volto minha atenção para o senhor gelo, seus olhos azuis oceânicos ainda cravados em mim. Umedeço os lábios, vejo que isso atraiu sua atenção por um breve momento.
— Bianca. Qual é o seu?
Respondo e em seguida pergunto, tento deixar a conversa equilibrada para nós dois, não quero ficar aqui apenas sentada respondendo as suas perguntas. Deixo os salto e a bolsa ao meu lado, pego o pires com uma mão, e com a outra seguro, a alça da xícara levando até meus lábios. Apesar de não gostar de café, fico feliz em beber. Sinto o pouco de a ressaca passar, e o gosto amargo fazer meus sentidos a florescer.
— quantos anos têm? — faz outra pergunta, ignorando a minha.
— tenho vinte anos, e você?
Ignorada novamente. Coloco o pires de volta ao centro de mesa, mas ainda continuo com a xícara nas mãos. Nesse momento um homem de altura mediana, usando óculos entra no local. Ele também usa um terno de três peças, e em uma de suas mãos segura uma pasta. Posso identificar um advogado a quilômetros de distancia. Meu Pai me ensinou tudo sobre identificar advogados. Crescer com um juiz em casa tem suas vantagens, mas só às vezes.
— Sr. Cavill, Senhorita. Peço perdão pelo atraso. — o homem se senta em uma poltrona ao meu lado esquerdo, ficando entre mim e o Sr. Cavill. — meu nome é Tomas Franco, sou advogado do Sr. Cavill.
— olá.
Observo Tomas tirar uma folha de sua basta e em seguida uma caneta. Ele coloca o papel na mesa de centro em minha frente.
— peço que assine esse documento, é um termo de confidencialidade.
Coloco de volta a xícara no pires. Pego o papel, leio com cuidado cada linha. Pergunto-me porque ele quer manter isso em total sigilo. Já percebi que ele é um homem poderoso, e com poder. Mas não sou uma mulher escandalosa que sairia por aí gritando aos quatro ventos que perdi minha virgindade com um estranho. Ainda não iniciei meus estudos em direito, mas conheço a lei. Ao terminar de ler vejo que está tudo ok, mas não vou assinar. Primeira regra que aprendi com Papai, é; nunca assine nada sem um advogado. Coloco o termo de confidencialidade de volta na mesa de centro. Vejo que Tomas, espera que eu assine. Enquanto o Sr. Cavill, continua imparcial, sem demonstrar qualquer emoção.
— não vou assinar.
O homem volta seu olhar para o Sr. Gelo, ele apenas da um leve acenar de cabeça. Tomas, recolhe o termo de confidencialidade de volta na pasta.
— gostaríamos de fazer algumas perguntas, se não se incomoda.
— tudo bem, contato que ele responda as minhas.
Mas uma vez ele olha para o Sr. Gelo que apenas acena concordo. Vejo que essa será uma longa conversa.
— a senhorita está com os exames de sangue em dia?
— sim, e ele? — pergunta encarando Tomas, mas me surpreendo ao ouvir a voz rouca e sem emoção.
— estou.
Suas palavras são curtas, volto meu olhar agora ele. Seus lábios finos em uma perfeita linha reta, os olhos gelo ávidos.
— faz uso de anticoncepcional?
Meu rosto esquenta com sua pergunta invasiva. Lembro-me do medo que senti minutos atrás, e que agora voltou novamente. Entrelaço meus dedos, o nervosismo persiste.
— não. — a resposta saí automática por meus lábios, vejo novamente uma ruga se formar na testa do Sr. Gelo. — não usamos preservativos?
Com dificuldade a pergunta saiu por meus lábios, sua demora em me responder-me da uma pequena esperança, mas que rapidamente é apagada.
— não.
Sinto um tremor se apossar de mim, um calafrio atravessa meu corpo. Meu olhar alterno entre minhas mãos e o carpete marrom. Oh Deus! Oh Deus! Oh Deus! O medo que tinha de ter pegado uma DST não se compara ao medo que sinto agora de está grávida. Involuntariamente encosto uma das mãos contra meu ventre, não é possível que algo assim aconteça tão rápido, ainda, mas sendo minha primeira vez. Talvez eu seja uma daquelas sortudas que não tenha ficado grávida na primeira relação amorosa que teve. Um misto de emoções se funde dentro de mim, prendo a respiração na tentativa de me acalmar, a voz de Tomas, trás minha atenção de volta para ele.
— Senhorita Bianca, peço que faça um teste de gravidez instantânea e caso der positivo, oriento que fique em Las Vegas por duas semanas para exames de sangue, tudo será bancado pelo Sr. Cavill.
— tudo bem.
Apenas concordo com o que seja que ele esteja falando, nesse momento a minha mente está vagando. Penso em como minhas irmãs vão reagir quando souberem disso, não, talvez seja melhor esperar e se tudo isso não passar de uma enorme confusão, e esquecer tudo. Esquecer Las Vegas, esquecer a noite de bebedeira e a amnésia, e especialmente o Sr. Gelo. Mas sei que as coisas não funcionam assim, isso não é um daqueles filmes loucos de comédia sobre Las Vegas que Amanda, me obriga a assistir. Mordo o lábio inferior por reflexo, isso está se tornando um hábito. Volto minha atenção para Tomas, quando ele se ergue.
— se me dão licença, eu já vou. Sr. Cavill. — o mesmo também se ergue pegando a mão de Tomas. — Senhorita.
Também aperto sua mão em comprimento. O mesmo se dirige a porta atrás de mim, por onde eu entrei. Um aparelho toca alto capturando minha atenção, volto meu olhar para o Sr. Gelo, observo ele pegar o aparelho do bolso da calça e se afastar de mim. A alguns passos de distância ele atende, não consigo ouvir o que ele diz. Pego meus saltos e minha bolsa, vejo que essa conversa acabou. Giro indo em direção à porta, mas ao tocar na maçaneta paro.
— Bianca.
Meu corpo treme me sinto sendo pega pela segunda vez tentando escapar de fininho. Volto meu corpo em sua direção, sinto meu coração errar uma batida ao ver o quão perto ele está de mim, até mesmo posso sentir sua respiração quente tocar minha pele. Oh Deus! O Sr. Gelo, é realmente um homem bonito e atraente, mas não deixo que sua beleza desinibida desfocar minha atenção. Levanto minha cabeça um pouco para poder encara-lo. Seus olhos azuis oceânicos estão presos aos meus, sinto minha respiração, mas pesada e um arrepio percorrer minha espinha. Sua mão se move em direção ao bolso interno do seu paletó, ele suspende meu celular no ar ao tirar do bolso interno. Pego o aparelho.
— vou ligar para você às vinte horas, atenda. Elijah vai levá-la ao seu hotel.
— obrigada.
Ele só dar apenas algumas passos para traz, e volta a cruzar seus braços em frente ao corpo destacando seus músculos. Elijah toma a frente abrindo a porta para mim. Olho uma última vez para o Sr. Gelo, antes de sair. Sigo Elijah, pelo corredor até o estacionamento subterrâneo. Ao nos aproximamos do veículo Elijah, abre a porta para mim. Agradeço pelos vidros serem escuros e ninguém de fora poder me ver. Minha mente vagueia, enquanto Elijah dirige o veículo para fora do estacionamento. Lembro que o Sr. Gelo, não me disse o seu nome. Meus olhos vão em direção a Elijah, que está concentrado no volante. Ele parece ser um homem maduro e extremamente profissional. Tenho certeza que posso tirar algumas respostas dele.
— Elijah, qual é o nome do seu chefe? — vejo seus olhos me encara pelo retrovisor interno por alguns segundos e logo voltar para a estrada a sua frente.
— Sirius Cavill.
Seu nome fica ressoando na minha mente por algum tempo, não fico surpresa por ele ter um nome de um bruxo. Seu nome combina muito bem com sua personalidade fria e distante. Onde diabos eu fui me meter? Penso que se eu tivesse ficado em casa nada disso teria acontecido, eu sabia desde o início que essa ideia de viajar para Las Vegas era algo ruim. Minha aversão ao álcool aumentou dez vezes mais depois desse dia. O rosto de Mamãe, e Papai me vem à mente, eles vão ficar uma fera comigo. Apesar de ser uma mulher adulta com vinte anos, ainda sou tratada como a caçula da família. O que detesto totalmente, sempre fui uma mulher madura, até mesmo na minha adolescência nunca fiz as mesmas loucuras que as minhas irmãs, isso nunca foi de minha índole. Mas agora o que fiz foi uma total estupidez, nada vai superar o que aconteceu.
— Senhorita, Bianca. — afasto meus pensamentos, volto minha atenção para Elijah. — já chegamos.
Olho para fora da janela e vejo que estamos parados em frente ao hotel em que estou hospedada. Isso foi, mas rápido do que eu pensei, ou foi porque eu estava tão destruída. Solto uma lufada de ar, o único pensamento que me veem a mente agora é; que desculpa vou dar para minhas irmãs, porque a verdade está fora de cogitação.
Las VegasBianca― Bianca! Saí dessa cama agora!Amanda puxa minha coberta tentando me descobrir, mas continuo enrola nos lençóis.— deixa ela Amanda, não está vendo que ela não se sente bem.Amanda ouve o sermão de Margo, e solta o lençol. Fiquei aliviada quando cheguei e vi que nenhumas das duas estavam aqui, e que pelo estado que estava o quarto. Elas não voltaram ontem à noite, assim como eu. Pela milésima vez o que aconteceu hoje de manhã passa pela minha cabeça, o fato de eu ter acordado na cama de um homem estranho, ter transado com ele e consequentemente ter ficado grávida. Oh Deus! Qualquer coisa menos isso, gosto de crianças, mas não quero ter uma agora, e muito menos de um cara que não conheço. Lembro como seus olhos azuis oceânicos eram ferozes, e frios. A maneira curta e grossa como ele falava, mas que estranhamente me causava um friozinho na barriga. A forma rouca como sua voz soou ao falar meu nome, sua maneira bruta. Mal consigo acreditar que dormi com ele, Sirius não
Las VegasBiancaOuço um som persistente de "bip". Não estou familiarizada com esse barulho, mas sei que pertence a alguma máquina hospitalar. Sinto o cheiro de desinfetante e álcool, minha pele arrepia com o frio. Tento mover minha cabeça, mas para ao sentir náuseas. Tento falar algo, mas desisto, minha garganta está estranhamente dolorida. Fico parada, ainda sinto um pouco de tontura e dores pelo corpo, tenho a sensação que meu corpo foi jogado de um prédio. Vagamente lembranças do que aconteceu vão surgindo na minha mente. Toco minha perna, dou um leve beliscão, a dor aguada é imediata. Eu não morri! Obrigada Deus! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Mas o que aconteceu comigo! Eu só lembro de sentir uma dor muito forte, a sensação de sufocamento ainda me assombra. A imagem de Sirius surge em meus pensamentos. A forma como ele me tomou em seus braços, sua feição preocupada. Aquela foi à primeira vez desde que nos vimos que vi sua postura de homem de negócios vacilar. O Sr. Gelo, não é to
Las VegasBianca O silêncio no quarto hospitalar era mútuo, meu corpo tinha travado completamente ao ouvir suas palavras. Meus olhos estão fixos em Sirius. O mesmo retribui meu olhar, uma sobrancelha erguida, a boca em uma linha reta e os braços cruzados em frente ao corpo. O que, mas me assusta é sua expressão imparcial, e a maneira leviana como age após soltar essa bomba. Fico em dúvida se ele está ou não dizendo uma simples piada, mas pelo pouco que conheço Sirius, ele não aparenta ser um homem que faz piadas em momentos sérios. Ele não pode está falando sério! Ou pode? Vários pensamentos começam a me ocorre, eu não posso ter feito algo assim, séria muito inconsequente e uma borrada sem igual. Não me lembro de ter assinado nada, nem mesmo assinei os papéis que Tomas, pediu. Também recordo que Sirius, não insistiu que eu fizesse. Forço meu subconsciente, mas só uma resposta é plausível. Desvio meus olhos quando seu olhar começa a me pesar, é bem óbvio que ele sabe o que estou pensa
Las Vegas...Bianca Não sei o que dizer, ou como dizer. Eu pensei bastante em tudo, e não há dúvidas de que Sirius, e eu passamos a noite juntos, que fizemos amor. A lembrança do lençol branco manchada com meu sangue, ainda é muito fresca, assim como o incomodo que sinto no meio das minhas pernas. Não posso lembrar o que aconteceu noite passada, mas há provas suficientes de que Sirius me possuiu. De repente a imagem de Sirius, começa a se forma no meu consciente, e como seus olhos gelo me perfuram. Estou surpresa, e ainda um pouco em choque por ter dormido com um homem mais velho. Afinal, tenho atração por homens com o dobro da minha idade, mas nunca tinha sido cortejada por um antes. Lembro vagamente de quando flertei secretamente com um amigo de Papai, nada foi, mas humilhante do que sua rejeição. Segundo ele eu era nova demais, o que não é uma mentira. Mas tenho uma maturidade maior que não corresponde com a minha idade. No momento isso não parece o certo, afinal fiz uma burrice a
Las Vegas...BiancaMesmo que eu não quisesse, me sentia nervosa em relação à resposta de Sirius. Ele não voltou para o quarto, admito que fiquei um pouco decepcionada quando Manda me disse que ele tinha ido embora. Em suas palavras houve um problema família, e ele teve que viajar. Mas uma coceirinha no meu cérebro me diz que ela também tem algo haver com isso, eles passaram um bom tempo conversando. Quando Manda, e Margo voltaram para o quarto o dia já estava quase amanhecendo. Percebi que ambas estavam indiferentes, inquietas. Margo me disse que Sirius, não deu uma resposta imediata, que pensaria melhor e daria uma resposta quando voltasse para Las Vegas. Nesses últimos dias que fiquei internada esperava que ele pelo menos me mandasse uma mensagem, ou tivesse a sensibilidade de perguntar como eu estava. Mas não houve contato, nem mesmo uma rápida ligação. Como hoje estou recebendo alta, acho que possa ser um bom motivo para enviar alguma mensagem. Encaro a tela do aparelho, faz cinc
Las Vegas...BiancaNervosa contínuo encarando o teste de gravidez nas mãos de Sirius, não sabia o que dizer. Conversamos sobre isso antes, mas aquilo parecia muito comercial, frio. Mas agora que estamos a sós, sinto que esse assunto é, mas íntimo. Desço o olhar para minhas pernas, encolho minhas mãos de volta ao meu corpo. Ouço um breve suspiro de Sirius, mas que não consigo distinguir sua emoção. Pelo canto do olho observo o mesmo deixa o teste sobre a mesa de ferro com detalhes em flores. O guarda-sol preso no centro da mesa projeta uma sombra, nos protegendo do sol. A mão de Sirius volta a tocar minha coxa causando leves arrepios, com o polegar ele faz círculos. Gosto da forma carinhosa como me toca, e seus gestos gentis. Sua forma de agir é completamente diferente da primeira vez que o vi, frio e carrancudo. Se Sirius, ágil desta forma comigo quando nos conhecemos. Não foi atoa que me casei com ele, e tive minha primeira vez.— olhe pra minha — um pouco relutante e envergonhada,
Las Vegas...BiancaResmungo e giro meu corpo na cama, afundo meu rosto no travesseiro quando a claridade começa a me incomodar. Com uma mão livre passeio entre os lençóis e os travesseiros procurando meu celular, o que é um completo fracasso. Minha cabeça começa a lateja, sinto pontadas dolorosas nas têmporas. Oh Deus! Porque o álcool existe? Meu corpo arrepia com o frio repentino, me enrolo nos lençóis quentes e aromados. Flashes da noite anterior surgem na minha mente. Nunca, mas vou deixar minhas irmãs me influenciar. A dor de cabeça que sinto vai ser um lembrete diário do porque eu não consumo álcool. A ressaca pode ser uma verdadeira cura contra o alcoolismo. Faço uma careta ao sentir algo estranho quando esfrego as pernas na tentativa de me aquecer. Abro os olhos, a luz que entra pela janela de vidro panorâmica que separa o quarto da varanda quase me cega, pisco algumas vezes até me acostumar com a claridade. Levanto o lençol encarando meu corpo nu, em questão de segundos minha