Capítulo Dois

Las Vegas

Bianca

― Bianca! Saí dessa cama agora!

Amanda puxa minha coberta tentando me descobrir, mas continuo enrola nos lençóis.

— deixa ela Amanda, não está vendo que ela não se sente bem.

Amanda ouve o sermão de Margo, e solta o lençol. Fiquei aliviada quando cheguei e vi que nenhumas das duas estavam aqui, e que pelo estado que estava o quarto. Elas não voltaram ontem à noite, assim como eu. Pela milésima vez o que aconteceu hoje de manhã passa pela minha cabeça, o fato de eu ter acordado na cama de um homem estranho, ter transado com ele e consequentemente ter ficado grávida. Oh Deus! Qualquer coisa menos isso, gosto de crianças, mas não quero ter uma agora, e muito menos de um cara que não conheço. Lembro como seus olhos azuis oceânicos eram ferozes, e frios. A maneira curta e grossa como ele falava, mas que estranhamente me causava um friozinho na barriga. A forma rouca como sua voz soou ao falar meu nome, sua maneira bruta. Mal consigo acreditar que dormi com ele, Sirius não é nada parecido com os homens da alta sociedade que conheço. Os sócios de Papai são robustos, mas ele é, mas que isso. Sinto algo selvagem vindo dele, até mesmo animalesco. Gostaria de me lembrar pelo menos um pouco da noite passada, a forma como ele me tomou. Pude notar que Sirius, não é um homem delicado. Minha imaginação corre solta, e uma cena se forma na minha cabeça. Sirius, deitado sobre mim. Seu corpo é viril e forte, ele segura meus pulsos acima da minha cabeça com força, afundando meus braços contra o colchão. Seu pênis invadindo minha vulva virgem com brutalidade, me possuindo de forma animalesca. Fecho os olhos com força, me forçando a afastar essa imagem do meu consciente. Você não tem jeito Bianca! Quem em sã consciência pensaria coisas tão sujas com um homem que acabou de conhecer, e nem ao menos trocaram mais que dez palavras. Mesmo afastando esse pensamento, ainda sinto um calor morno no meio das pernas, que prefiro ignorar.

Margo senta na borda da cama que estou deitada. Sua mão toca meu ombro. Seu olhar me transmite carinho, lembro que quando elas chegaram só alguns minutos depois de mim, menti descaradamente dizendo que meu ciclo tinha chegado, e fiquei o dia inteiro na cama. E tudo que comi hoje foi um sanduíche, só porque Margo insistiu muito dizendo que ficar sem comer nada no estado em que estou não séria boa para mim.

— como tá se sentindo?

— um pouco melhor.

— tem certeza que não quer ir com a gente?

Volta a insistir. Não tenho qualquer vontade de sair dessa quarto hoje, e lembro-me das palavras de Sirius. Falta menos de trinta minutos para ele me ligar. Gostaria de ter uma conversa decente com ele pelo menos, e resolvemos algumas questões. Senti-me muito exposta e envergonhada com Elijah, e seu advogado Tomas na sala. Não consegui fazer nenhuma pergunta sobre ontem à noite, se ele se lembrava de algo ou estava tão bêbado quanto eu.

— não, talvez amanhã.

— tudo bem.

Margo beija minha testa e se ergue. Seu cabelo ruivo no mesmo tom que o meu está solto, ela veste um elegante vestido preto. Apesar da nossa diferença de idade, as pessoas dizem que somos muito parecidas, até mesmo quando éramos criança as pessoas diziam que poderíamos ser gêmeas. Eu geralmente ficava feliz ao ouvir isso. Margo é uma mulher muito bonita e atraente, já eu sou, mas reclusa e não recebo tantos olhares quanto ela e Amanda. Mas isso não me incomoda, na verdade até prefiro assim. Amanda, também é ruiva, mas vem tingindo o cabelo de loiro há um ano. Diferente de mim, ela detesta quando alguém a compara a Margo, por esse motivo ela tenta ficar o, mas diferente possível. Falando no diabo, ela sai do banheiro usando um vestido vermelho escandaloso. Diferente de mim, Amanda, adora chama atenção. Sua marca registrada é seu constante batom vermelho vivo.

— vamos sua maluca.

Margo abre a porta do quarto, chamando a mesma. Retribuo seu aceno quando ela para no corredor.

— não espera a gente acorda.

Amanda, fala pouco antes de fechar a porta. Solto um longo suspiro, eu amo minhas irmãs, mas ficar sozinha agora é tudo que eu quero. Jogo o lençol para o lado e me ergo, vou até a cama de Amanda, as suas coisas estão espalhadas por todo o quarto. Pouco tempo depois que cheguei ao meu quarto fui tomar banho e lembrei que Amanda, toma anticoncepcional e até mesmo tem pílulas do dia seguinte. Desde seu primeiro namorado ela vem tomando pílulas. Ao me recordar saí rapidamente do banheiro, mas infelizmente quando voltei para o quarto ambas tinha acabado de chegar, seja lá de onde for. Fiquei esperando o dia inteiro que elas saíssem do quarto, o que não aconteceu até agora. Ouço um barulho de plástico ao revirar uma de suas bolsas, pego a cartela de comprimidos.

— achei você.

Falo segurando em frente ao rosto. Tiro um dos comprimidos de dentro da cartela, tenho o cuidado de colocar tudo de volta em seu devido lugar. Apesar de Amanda, ser uma bagunceira nata, ela se lembra muito bem onde deixou sua bagunça. Criando coragem levo o comprido até os lábios, pego um copo com água sobre o cômodo ao lado da minha cama, e bebo líquido junto ao comprimido. Assusto-me com o toque repentino do meu celular. Vou até minha cama e pego o aparelho, a notificação de mensagem de um número desconhecido brilha na tela. Abro o chat e leio a mensagem.

"Estarei ai em quinze minutos."

Fico por alguns segundos encarando a tela sem entender. Tomo um pequeno susto quando outra mensagem aparece no chat.

"Vista algo apresentável, vamos sair para jantar."

Meus pensamentos viajam até Sirius, lembro-me de suas palavras. Imaginei que ele iria me ligar, e não me mandar uma mensagem decretando que iriamos sair pra jantar. Esse homem é realmente imprevisível. Salvo seu contato como Sr. Gelo. Esse pequeno apelido que eu mesma inventei para ele combina perfeitamente.

"Como conseguiu meu número?"

Pergunto, não vou deixar que minhas perguntas sejam ignoradas novamente. Se ela pensa que tem algum poder sobre mim, advinha só Sr. Gelo, você não tem! Sua resposta é imediata.

"Você não bloqueia seu celular."

Sinto um rubor subir ao meu rosto. Nunca me preocupei em colocar uma por que sei que Mamãe, ou Papai jamais violariam minha privacidade dessa forma, penso o mesmo das minhas irmãs. E não é como se eu tivesse algo a esconder, sempre fui muito aberta, e nunca tive necessidade de esconder qualquer coisa. E sinceramente, eu prefiro prender minha atenção a um bom livro do que na tela de um celular. Este homem é realmente brutal e invasivo. Desde ontem estou fazendo coisas que jamais fiz ou pensei, ele sempre consegue trazer algo diferente de mim. Mas agora não vou me deixar ser domada por ele, vamos ver como ele reage ao meu lado malcriado.

"Não tinha motivos para isso. Obrigada por me dar um agora."

"Você sempre invade a privacidade das pessoas dessa forma?"

Mordo o lábio inferior, aguardando por sua resposta. O que não demora muito.

"Dez minutos".

"As pessoas adoram quando eu "invado" sua privacidade. Não se preocupe. Você também vai gostar".

Após isso ele não envia, mas nenhuma mensagem. Sinto uma pontada no meio das minhas pernas ao ler sua mensagem, a forma como ele deu ênfase na palavra invadir, me pegou totalmente desprevenida. Entendi muito bem o duplo sentido em suas palavras, aqui está à prova. Sirius Cavill tem realmente uma resposta boa para tudo. Lembro que só tenho dez minutos para me arrumar, vou até minha mala e tiro minha calça jeans, e uma blusa branca de manga curta e gola circular. Se ele pensa que vai se encontrar com alguma musa sexy, está muito enganado. Hoje Sirius Cavill vai aprender que não pode mandar em mim.

Ao trocar de roupa, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e uso meus tênis. Exatamente em dez minutos o Sr. Gelo, manda mais uma mensagem dizendo que chegou. Não respondo, apenas coloco meu celular no bolso traseiro e ando até a porta. Ao tocar na maçaneta sinto uma leve tontura, mas ignoro. Imagino que isso tem algo haver com o Sr. Gelo, só em pensar que vou está cara a cara com ele novamente em um período tão curto de tempo faz minhas pernas virarem gelatina. A viagem no elevador é, mas curta do que eu queria ao sair do hotel meus olhos encontram Elijah parado na calçada. O mesmo está parado ao lado de um carro preto com vidros escuros, diferente do que me trouxe pela manhã. Vou até ele.

— oi Elijah.

— Srta. Dantés.

Agradeço quando ele abre a porta para mim, ao entrar no carro meu nervosismo aumentar, até mesmo posso sentir gotas de suor na minha testa. Meus olhos vão em direção ao Sr. Gelo. Ele usa o que imagino seu habitual terno de três peças, e sapatos sócias. O cabelo negro úmido e penteado para trás, o cheiro da sua colônia invade meu olfato, é um aroma de madeira suave. Sua atenção está voltada para o lado oposto do meu, tenho uma bela visão da sua nuca. Junto ambas as sobrancelhas ao notar um pequeno arranhão em seu pescoço.

— mandei que vestisse algo apresentável.

Me assusto ao ouvir sua voz repentina. Desvio meu olhar envergonhada ao ser pega encarando ele. Elijah quebra o pouco da tensão ao entrar no carro e dar partida. Tenho a sensação de o meu estômago revirar, ele nem mesmo olhou para mim, como pode saber o que visto. Umedeço os lábios.

— não estava com vontade de vestir outra coisa

Falo sentindo uma queimação na barriga. Passo uma mão em minha testa ao sentir uma gota de suor descer por meu rosto, aqui dentro está, mas quente que o normal. Passeio minha mão no couro da porta, tentando achar o botão para abrir a janela.

— o carro é blindado, a janela não abre.

Fala novamente sem me encarar. Respiro fundo tentando me acalmar, estranhamente me sinto sufocada. Não sou claustrofobia, lugares fechados e pequenos não me incomodam. Volto minha atenção para Elijah.

— pode aumentar o ar gelado, por favor.

— sim, Senhorita.

Vejo que Elijah olha para mim de relance pelo retrovisor interno após apertar o botão. Mordo o lábio inferior, esfrego a palma das minhas mãos úmidas contra minha calça jeans.

— está com fome?

Ouço a voz rouca de Sirius, mesmo com a sensação incomoda na minha garganta respondo.

— sim.

Passo uma mão em minha nuca, ao sentir uma gota de suor descer por minha coluna, um calafrio atravessa meu corpo. O que diabos esta acontecendo comigo? É verdade que me senti nervosa em reencontrar Sirius, mas isso aqui já é um pouco demais. Me sinto febril, meu estômago não para de revirar e sinto uma dor inicial na barriga. Cruzo os braços em volta mim, minha garganta está seca, sinto tontura novamente, mas dessa vez é, mas forte. Sinto algo gelado tocar minhas costas, abro os olhos sem ao menos ter notado que os fechei.

— você está bem, menina?

— eu... Ah!

Um gemido de dor escapa por meus lábios ao sentir uma fisgada forte na barriga, a dor aumenta absurdamente. Meu corpo treme, e calafrios se espelham. Fecho os olhos novamente com a visão turva. Tento respirar pela boca quando a sensação de falta de ar aumenta. Sinto meu corpo ser elevado, ao abrir os olhos novamente vejo que estou nos braços de Sirius.

— para no hospital, mas próximo.

Presencio a urgência em sua voz. Os braços de Sirius seguram meu corpo com força contra o seu. Estou sentada em seu colo sendo abraça, sua mão quente e feia toca meu rosto. Ele ergue meu rosto, mesmo com a visão turva posso notar a preocupação em sua feição. E seus hipnóticos olhos azuis oceânicos.

— fique acordada, estamos quase lá.

A urgência em sua voz permanece, seus olhos ávidos alterna em olhar para frente e depois de volta para mim, sua mandíbula está travada, vejo uma veia do seu pescoço saltar. Minha mente vacila cravo minhas unhas no tecido do seu paletó. Oh Deus! Oh Deus! Se o senhor não me deixar morrer eu prometo ser, mas responsável. Contra minha vontade minha mente vai se apagando, a voz de Sirius, vai se tornando cada vez distante. E sem ter qualquer controle sobre meu corpo, minha visão fica escura e consequentemente minha mente apaga.

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