Las Vegas
Bianca O silêncio no quarto hospitalar era mútuo, meu corpo tinha travado completamente ao ouvir suas palavras. Meus olhos estão fixos em Sirius. O mesmo retribui meu olhar, uma sobrancelha erguida, a boca em uma linha reta e os braços cruzados em frente ao corpo. O que, mas me assusta é sua expressão imparcial, e a maneira leviana como age após soltar essa bomba. Fico em dúvida se ele está ou não dizendo uma simples piada, mas pelo pouco que conheço Sirius, ele não aparenta ser um homem que faz piadas em momentos sérios. Ele não pode está falando sério! Ou pode? Vários pensamentos começam a me ocorre, eu não posso ter feito algo assim, séria muito inconsequente e uma borrada sem igual. Não me lembro de ter assinado nada, nem mesmo assinei os papéis que Tomas, pediu. Também recordo que Sirius, não insistiu que eu fizesse. Forço meu subconsciente, mas só uma resposta é plausível. Desvio meus olhos quando seu olhar começa a me pesar, é bem óbvio que ele sabe o que estou pensando. Sinto um arrepio descer pela minha coluna, calafrios fazem minhas entranhas se contorcer. O barulho do oxímetro se torna constante, denunciando que meus batimentos cardíacos aumentaram, entregando meu evidente nervosismo. Uma mão grande e pálida cobre a minha, vou subindo meus olhos até Sirius, mas ele não me encara. O barulho constante para, sinto a pressão no meu dedo indicador sumir. Minha atenção se volta para as mãos de Sirius, ele segura o oxímetro na mão, deixando em um canto na cama, em seguida ele desliga o aparelho. Fico um pouco grata por sua gentileza, reforço meu pensamento de que o Sr. Gelo, não é totalmente feito pelo frio, mas isso não faz meu nervosismo diminuir. Me assusto com a risada alta de Amanda. — esse cara é hilário — fala em inglês apontando para Sirius — sou o marido da sua irmã. Sinto um pouco de vergonha quando ela ergue os braços, e faz aspas com os dedos, repetindo suas palavras, mas tentando imitar a voz grossa e rouca de Sirius. — onde você achou esse cara? Pergunta ainda rindo da situação. Sirius permanece imparcial fitando Amanda. Minha atenção se volta para Margo, que balança a cabeça em negação ignorando as palhaçadas de Amanda. Seus olhos fixos e afiados em Sirius. — desculpe Sr. Cavill, mas não estou entendendo o que quer dizer. Margo é cortês. Ao contrário de Manda, ela está muito séria. Sinto as palavras ficarem presas na minha garganta, minha ansiedade em relação ao que Sirius, vai dizer aumenta. Por favor, não fale que transamos! Não fale que transamos! Por baixo do lençol escorrego minha mão em sua direção a sua, que descansa ao lado do seu corpo. Agradeço mentalmente por ele não cruzar os braços ou colocar as mãos no bolso da calça. Sem chamar atenção, tento ser o, mas imperceptível possível quando a ponta dos meus dedos toca as suas, sinto curtas ondas de choque com nosso contato. Ele corresponde ao meu toque, seu polegar acaricia a ponta dos meus dedos. Um pouco de alívio toma meu corpo, mas sinto algo a mais com esse toque. Um friozinho na barriga, e uma sensação de calor no peito. Mas afasto essas sensações quando meu olhar se encontra com o de Manda, por um breve momento. Suas sobrancelhas estão juntas, seu sorriso característico não possui, mas seus lábios, posso sentir sua suspeita. Sirius permanece neutro. Não consigo identificar se ele percebeu isso também, mas se notou, não está dando importância. Só espero que ele tenha entendido o que quero insinuar. — não tem o que entender, é um fato. Sua irmã, eu nos casamos ontem à noite. Margo fica pálida. Sinto-me culpada por ela ouvir palavras tão duras, mas fico grata a Sirius, por não mencionar nada sobre dormimos juntos, e a possível gravidez. Mas quero saber sobre esse casamento que não me lembro, na verdade tenho medo de descobri o que, mas eu fiz enquanto estava fora de mim. — você pode provar isso? Manda, toma a frente. Vejo que ela tomou sua postura de advogada. Apesar de ser uma festeira, muitas vezes imatura e irresponsável. Manda, é uma advogada de sucesso. As pessoas pensam que ela conseguiu se formar e criar sua carreira à custa e privilégios de Papai, mas isso não é verdade. Eu estava lá, e vi o quanto ela se esforçou para chegar onde está. Mas mesmo assim as pessoas não pouparam Manda, de suas crueldades. A forma como ela transformou a inveja das pessoas em sua força, me faz admirá-la a cada dia. Sirius, solta minha mão, ele vai até seu paletó sobre o sofá. Minha pele sente a falta do seu toque quente, é reprimo minhas emoções. Tenho a sensação que não estou, mas sobre o controle do meu corpo desde que conheci esse homem. O Sr. gelo volta segurando um papel, ele oferece a Manda, que ao pegar desdobrar e lê. Noto seus olhos quase sair de suas órbitas, sua boca se abre um pouco. Não preciso, mas que isso para saber que ela está lendo nossa certidão de casamento, e que esse documento é válido. — nós precisamos conversar — vejo que isso não é um pedido, seus olhos saem de mim e vão até Sirius. — a sós. Fico surpresa quando a mão de Sirius toca minha face. Meus olhos estão presos aos seus, noto um brilho estranho na sua íris que não consigo identificar. — vou esperar lá fora, me chame se precisar. Sou pega novamente de surpresa quando o mesmo se inclina sobre mim, e beija o topo da minha cabeça. É um beijo rápido, mas sinto o pouco de afeto que seu toque transmite. Sem falar, mas nada o Sr. Gelo, vai até a saída, segura a maçaneta e fecha a porta nos dando privacidade total. Quase que por impulso peço que ele fique. Posso sentir os olhares de julgamento de Manda, e Margo sobre mim. — que droga você tá pensando? Viajamos até aqui para nos divertir e você quer voltar pra casa casada com um estranho? Manda, é a primeira a falar. Posso ver claramente seu nervosismo. É muito raro vê ela nervosa e perder a calma, isso é só, mas um indício para mim do quanto estou ferrada nesse momento. — tem certeza que esse documento é verdadeiro? — Margo, pergunta. — sim, ele é, mas verdadeiro do que nossa irmã mentirosa! — Manda, acusa andando de um lado para o outro. Margo suspira se afetando com as mãos na cintura. — a Margo, estava preocupada com por está doente, quando na verdade estava mentindo, escondendo que se casou com esse marombado. — foi um acidente. — tento me defender das suas acusações, minha garganta lateja. — um acidente? — fala parando de frente para mim, suas mãos tocam a borda da cama hospitalar. — um acidente é quando você b**e o carro sem querer, ou pega a correspondência de alguém por engano. Isso não foi um acidente, foi suas ações Bianca! As palavras de Manda me ferem. Sei que fiz besteira, mas ela está passando um pouco dos limites. Como sempre ela está fazendo uma grande tempestade em um copo de água, tudo para Manda, é motivo para dramas. Algo pequeno pode se transforma em uma verdadeira avalanche aos seus olhos. — quer parar de me julgar. Não é o fim do mundo, e você não é a rainha da responsabilidade. — não tenta virar isso contra mim. — já chega! Margo, fala um pouco alto de, mas se impondo. Sempre quando a situação começa a esquentar entre mim e Amanda, Margo intervém. Tento acalmar meus ânimos, e vejo que Manda, faz o mesmo. Minha garganta lateja, acho que discutir não foi uma boa ideia, tenho a sensação que estou engolindo arame farpado. — ao invés de discutir, precisamos pensar em uma solução. — como sempre suas palavras são sensatas, sempre me pergunto por que Margo quis se formar em medicina, ela seria uma ótima advogada como Manda. Não deixe esses pensamentos me distraírem. — tem algum jeito de anular esse casamento? — talvez. — Manda, suspira. Vejo que sua raiva passou. — podemos ter uma vantagem se o casamento não foi consumado. Mordo o lado interno da minha bochecha, desço meu olhar para minhas mãos. Entrelaço os dedos, o silêncio do quarto novamente é ensurdecedor. — Bianca, vocês não consumaram o casamento, certo? Margo, pergunta, mas fico em silêncio. Tenho a sensação de o meu estômago revirar, um calafrio desce por minha coluna. Acho que esse é o tão famoso momento de calmaria antes de a tempestade chegar. Tomando coragem encaro Manda, e Margo. Ambas estão em silêncio me encarando, as expressões em seus rostos é me diz tudo. Fiz besteira, oh Deus! Não quero nem imaginar o que elas vão fazer ao descobrir sobre o teste de gravidez, isso me faz pensar se elas ainda não sabem sobre o anticoncepcional. Estou literalmente ferrada. Manda da um passo a frente, seus olhos poderiam me queimar viva. Na minha cabeça uma sirene vermelha e alta toca me avisando do perigo. Não pergunte! Não pergunte! Não pergunte! — Bianca, você transou comaquele homem?Las Vegas...Bianca Não sei o que dizer, ou como dizer. Eu pensei bastante em tudo, e não há dúvidas de que Sirius, e eu passamos a noite juntos, que fizemos amor. A lembrança do lençol branco manchada com meu sangue, ainda é muito fresca, assim como o incomodo que sinto no meio das minhas pernas. Não posso lembrar o que aconteceu noite passada, mas há provas suficientes de que Sirius me possuiu. De repente a imagem de Sirius, começa a se forma no meu consciente, e como seus olhos gelo me perfuram. Estou surpresa, e ainda um pouco em choque por ter dormido com um homem mais velho. Afinal, tenho atração por homens com o dobro da minha idade, mas nunca tinha sido cortejada por um antes. Lembro vagamente de quando flertei secretamente com um amigo de Papai, nada foi, mas humilhante do que sua rejeição. Segundo ele eu era nova demais, o que não é uma mentira. Mas tenho uma maturidade maior que não corresponde com a minha idade. No momento isso não parece o certo, afinal fiz uma burrice a
Las Vegas...BiancaMesmo que eu não quisesse, me sentia nervosa em relação à resposta de Sirius. Ele não voltou para o quarto, admito que fiquei um pouco decepcionada quando Manda me disse que ele tinha ido embora. Em suas palavras houve um problema família, e ele teve que viajar. Mas uma coceirinha no meu cérebro me diz que ela também tem algo haver com isso, eles passaram um bom tempo conversando. Quando Manda, e Margo voltaram para o quarto o dia já estava quase amanhecendo. Percebi que ambas estavam indiferentes, inquietas. Margo me disse que Sirius, não deu uma resposta imediata, que pensaria melhor e daria uma resposta quando voltasse para Las Vegas. Nesses últimos dias que fiquei internada esperava que ele pelo menos me mandasse uma mensagem, ou tivesse a sensibilidade de perguntar como eu estava. Mas não houve contato, nem mesmo uma rápida ligação. Como hoje estou recebendo alta, acho que possa ser um bom motivo para enviar alguma mensagem. Encaro a tela do aparelho, faz cinc
Las Vegas...BiancaNervosa contínuo encarando o teste de gravidez nas mãos de Sirius, não sabia o que dizer. Conversamos sobre isso antes, mas aquilo parecia muito comercial, frio. Mas agora que estamos a sós, sinto que esse assunto é, mas íntimo. Desço o olhar para minhas pernas, encolho minhas mãos de volta ao meu corpo. Ouço um breve suspiro de Sirius, mas que não consigo distinguir sua emoção. Pelo canto do olho observo o mesmo deixa o teste sobre a mesa de ferro com detalhes em flores. O guarda-sol preso no centro da mesa projeta uma sombra, nos protegendo do sol. A mão de Sirius volta a tocar minha coxa causando leves arrepios, com o polegar ele faz círculos. Gosto da forma carinhosa como me toca, e seus gestos gentis. Sua forma de agir é completamente diferente da primeira vez que o vi, frio e carrancudo. Se Sirius, ágil desta forma comigo quando nos conhecemos. Não foi atoa que me casei com ele, e tive minha primeira vez.— olhe pra minha — um pouco relutante e envergonhada,
Las Vegas...BiancaResmungo e giro meu corpo na cama, afundo meu rosto no travesseiro quando a claridade começa a me incomodar. Com uma mão livre passeio entre os lençóis e os travesseiros procurando meu celular, o que é um completo fracasso. Minha cabeça começa a lateja, sinto pontadas dolorosas nas têmporas. Oh Deus! Porque o álcool existe? Meu corpo arrepia com o frio repentino, me enrolo nos lençóis quentes e aromados. Flashes da noite anterior surgem na minha mente. Nunca, mas vou deixar minhas irmãs me influenciar. A dor de cabeça que sinto vai ser um lembrete diário do porque eu não consumo álcool. A ressaca pode ser uma verdadeira cura contra o alcoolismo. Faço uma careta ao sentir algo estranho quando esfrego as pernas na tentativa de me aquecer. Abro os olhos, a luz que entra pela janela de vidro panorâmica que separa o quarto da varanda quase me cega, pisco algumas vezes até me acostumar com a claridade. Levanto o lençol encarando meu corpo nu, em questão de segundos minha
Las Vegas...BiancaAinda com as pernas bambas entro no local. A suíte é enorme e luxuosa, ainda, mas sofisticada do que eu estou hospedada. Lembro vagamente que não reparei nos detalhes do quarto em que acordei. Estava tão desesperada em sair que nem ao menos me dei ao trabalho de procurar minha lingerie, o que me lembra de que não uso nada por baixo do vestido. Aperto minhas coxas uma na outra ao parar ao lado do sofá, cruzo os braços na altura dos meus seios, o tecido é fino o suficiente para marcar meus mamilos rígidos. Dobro meus dedos do pé nervosa sentindo o carpete macio. Meus olhos vão ao seu encontro, o terno de três peças marcando bem seu corpo, agora, mas de perto posso notar o quão másculo ele é, diferente dos garotos jovens com quem estudei. Seus olhos se fixam aos meus, quase me sinto sendo esmagada por sua íris azul oceânico. Nunca vi olhos tão frios antes, mas inegavelmente atraentes. O cabelo escuro devidamente penteado para trás, mas uma mecha banca se destaca no m
Las VegasBianca― Bianca! Saí dessa cama agora!Amanda puxa minha coberta tentando me descobrir, mas continuo enrola nos lençóis.— deixa ela Amanda, não está vendo que ela não se sente bem.Amanda ouve o sermão de Margo, e solta o lençol. Fiquei aliviada quando cheguei e vi que nenhumas das duas estavam aqui, e que pelo estado que estava o quarto. Elas não voltaram ontem à noite, assim como eu. Pela milésima vez o que aconteceu hoje de manhã passa pela minha cabeça, o fato de eu ter acordado na cama de um homem estranho, ter transado com ele e consequentemente ter ficado grávida. Oh Deus! Qualquer coisa menos isso, gosto de crianças, mas não quero ter uma agora, e muito menos de um cara que não conheço. Lembro como seus olhos azuis oceânicos eram ferozes, e frios. A maneira curta e grossa como ele falava, mas que estranhamente me causava um friozinho na barriga. A forma rouca como sua voz soou ao falar meu nome, sua maneira bruta. Mal consigo acreditar que dormi com ele, Sirius não
Las VegasBiancaOuço um som persistente de "bip". Não estou familiarizada com esse barulho, mas sei que pertence a alguma máquina hospitalar. Sinto o cheiro de desinfetante e álcool, minha pele arrepia com o frio. Tento mover minha cabeça, mas para ao sentir náuseas. Tento falar algo, mas desisto, minha garganta está estranhamente dolorida. Fico parada, ainda sinto um pouco de tontura e dores pelo corpo, tenho a sensação que meu corpo foi jogado de um prédio. Vagamente lembranças do que aconteceu vão surgindo na minha mente. Toco minha perna, dou um leve beliscão, a dor aguada é imediata. Eu não morri! Obrigada Deus! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Mas o que aconteceu comigo! Eu só lembro de sentir uma dor muito forte, a sensação de sufocamento ainda me assombra. A imagem de Sirius surge em meus pensamentos. A forma como ele me tomou em seus braços, sua feição preocupada. Aquela foi à primeira vez desde que nos vimos que vi sua postura de homem de negócios vacilar. O Sr. Gelo, não é to