Capítulo Quatro

Las Vegas

Bianca

O silêncio no quarto hospitalar era mútuo, meu corpo tinha travado completamente ao ouvir suas palavras. Meus olhos estão fixos em Sirius. O mesmo retribui meu olhar, uma sobrancelha erguida, a boca em uma linha reta e os braços cruzados em frente ao corpo. O que, mas me assusta é sua expressão imparcial, e a maneira leviana como age após soltar essa bomba. Fico em dúvida se ele está ou não dizendo uma simples piada, mas pelo pouco que conheço Sirius, ele não aparenta ser um homem que faz piadas em momentos sérios. Ele não pode está falando sério! Ou pode? Vários pensamentos começam a me ocorre, eu não posso ter feito algo assim, séria muito inconsequente e uma borrada sem igual. Não me lembro de ter assinado nada, nem mesmo assinei os papéis que Tomas, pediu. Também recordo que Sirius, não insistiu que eu fizesse. Forço meu subconsciente, mas só uma resposta é plausível. Desvio meus olhos quando seu olhar começa a me pesar, é bem óbvio que ele sabe o que estou pensando. Sinto um arrepio descer pela minha coluna, calafrios fazem minhas entranhas se contorcer. O barulho do oxímetro se torna constante, denunciando que meus batimentos cardíacos aumentaram, entregando meu evidente nervosismo. Uma mão grande e pálida cobre a minha, vou subindo meus olhos até Sirius, mas ele não me encara. O barulho constante para, sinto a pressão no meu dedo indicador sumir. Minha atenção se volta para as mãos de Sirius, ele segura o oxímetro na mão, deixando em um canto na cama, em seguida ele desliga o aparelho. Fico um pouco grata por sua gentileza, reforço meu pensamento de que o Sr. Gelo, não é totalmente feito pelo frio, mas isso não faz meu nervosismo diminuir. Me assusto com a risada alta de Amanda.

— esse cara é hilário — fala em inglês apontando para Sirius — sou o marido da sua irmã.

Sinto um pouco de vergonha quando ela ergue os braços, e faz aspas com os dedos, repetindo suas palavras, mas tentando imitar a voz grossa e rouca de Sirius.

— onde você achou esse cara?

Pergunta ainda rindo da situação. Sirius permanece imparcial fitando Amanda. Minha atenção se volta para Margo, que balança a cabeça em negação ignorando as palhaçadas de Amanda. Seus olhos fixos e afiados em Sirius.

— desculpe Sr. Cavill, mas não estou entendendo o que quer dizer.

Margo é cortês. Ao contrário de Manda, ela está muito séria. Sinto as palavras ficarem presas na minha garganta, minha ansiedade em relação ao que Sirius, vai dizer aumenta. Por favor, não fale que transamos! Não fale que transamos! Por baixo do lençol escorrego minha mão em sua direção a sua, que descansa ao lado do seu corpo. Agradeço mentalmente por ele não cruzar os braços ou colocar as mãos no bolso da calça. Sem chamar atenção, tento ser o, mas imperceptível possível quando a ponta dos meus dedos toca as suas, sinto curtas ondas de choque com nosso contato. Ele corresponde ao meu toque, seu polegar acaricia a ponta dos meus dedos. Um pouco de alívio toma meu corpo, mas sinto algo a mais com esse toque. Um friozinho na barriga, e uma sensação de calor no peito. Mas afasto essas sensações quando meu olhar se encontra com o de Manda, por um breve momento. Suas sobrancelhas estão juntas, seu sorriso característico não possui, mas seus lábios, posso sentir sua suspeita. Sirius permanece neutro. Não consigo identificar se ele percebeu isso também, mas se notou, não está dando importância. Só espero que ele tenha entendido o que quero insinuar.

— não tem o que entender, é um fato. Sua irmã, eu nos casamos ontem à noite.

Margo fica pálida. Sinto-me culpada por ela ouvir palavras tão duras, mas fico grata a Sirius, por não mencionar nada sobre dormimos juntos, e a possível gravidez. Mas quero saber sobre esse casamento que não me lembro, na verdade tenho medo de descobri o que, mas eu fiz enquanto estava fora de mim.

— você pode provar isso?

Manda, toma a frente. Vejo que ela tomou sua postura de advogada. Apesar de ser uma festeira, muitas vezes imatura e irresponsável. Manda, é uma advogada de sucesso. As pessoas pensam que ela conseguiu se formar e criar sua carreira à custa e privilégios de Papai, mas isso não é verdade. Eu estava lá, e vi o quanto ela se esforçou para chegar onde está. Mas mesmo assim as pessoas não pouparam Manda, de suas crueldades. A forma como ela transformou a inveja das pessoas em sua força, me faz admirá-la a cada dia. Sirius, solta minha mão, ele vai até seu paletó sobre o sofá. Minha pele sente a falta do seu toque quente, é reprimo minhas emoções. Tenho a sensação que não estou, mas sobre o controle do meu corpo desde que conheci esse homem. O Sr. gelo volta segurando um papel, ele oferece a Manda, que ao pegar desdobrar e lê. Noto seus olhos quase sair de suas órbitas, sua boca se abre um pouco. Não preciso, mas que isso para saber que ela está lendo nossa certidão de casamento, e que esse documento é válido.

— nós precisamos conversar — vejo que isso não é um pedido, seus olhos saem de mim e vão até Sirius. — a sós.

Fico surpresa quando a mão de Sirius toca minha face. Meus olhos estão presos aos seus, noto um brilho estranho na sua íris que não consigo identificar.

— vou esperar lá fora, me chame se precisar.

Sou pega novamente de surpresa quando o mesmo se inclina sobre mim, e beija o topo da minha cabeça. É um beijo rápido, mas sinto o pouco de afeto que seu toque transmite. Sem falar, mas nada o Sr. Gelo, vai até a saída, segura a maçaneta e fecha a porta nos dando privacidade total. Quase que por impulso peço que ele fique. Posso sentir os olhares de julgamento de Manda, e Margo sobre mim.

— que droga você tá pensando? Viajamos até aqui para nos divertir e você quer voltar pra casa casada com um estranho?

Manda, é a primeira a falar. Posso ver claramente seu nervosismo. É muito raro vê ela nervosa e perder a calma, isso é só, mas um indício para mim do quanto estou ferrada nesse momento.

— tem certeza que esse documento é verdadeiro? — Margo, pergunta.

— sim, ele é, mas verdadeiro do que nossa irmã mentirosa! — Manda, acusa andando de um lado para o outro. Margo suspira se afetando com as mãos na cintura. — a Margo, estava preocupada com por está doente, quando na verdade estava mentindo, escondendo que se casou com esse marombado.

— foi um acidente. — tento me defender das suas acusações, minha garganta lateja.

— um acidente? — fala parando de frente para mim, suas mãos tocam a borda da cama hospitalar. — um acidente é quando você b**e o carro sem querer, ou pega a correspondência de alguém por engano. Isso não foi um acidente, foi suas ações Bianca!

As palavras de Manda me ferem. Sei que fiz besteira, mas ela está passando um pouco dos limites. Como sempre ela está fazendo uma grande tempestade em um copo de água, tudo para Manda, é motivo para dramas. Algo pequeno pode se transforma em uma verdadeira avalanche aos seus olhos.

— quer parar de me julgar. Não é o fim do mundo, e você não é a rainha da responsabilidade.

— não tenta virar isso contra mim.

— já chega!

Margo, fala um pouco alto de, mas se impondo. Sempre quando a situação começa a esquentar entre mim e Amanda, Margo intervém. Tento acalmar meus ânimos, e vejo que Manda, faz o mesmo. Minha garganta lateja, acho que discutir não foi uma boa ideia, tenho a sensação que estou engolindo arame farpado.

— ao invés de discutir, precisamos pensar em uma solução. — como sempre suas palavras são sensatas, sempre me pergunto por que Margo quis se formar em medicina, ela seria uma ótima advogada como Manda. Não deixe esses pensamentos me distraírem. — tem algum jeito de anular esse casamento?

— talvez. — Manda, suspira. Vejo que sua raiva passou. — podemos ter uma vantagem se o casamento não foi consumado.

Mordo o lado interno da minha bochecha, desço meu olhar para minhas mãos. Entrelaço os dedos, o silêncio do quarto novamente é ensurdecedor.

— Bianca, vocês não consumaram o casamento, certo?

Margo, pergunta, mas fico em silêncio. Tenho a sensação de o meu estômago revirar, um calafrio desce por minha coluna. Acho que esse é o tão famoso momento de calmaria antes de a tempestade chegar. Tomando coragem encaro Manda, e Margo. Ambas estão em silêncio me encarando, as expressões em seus rostos é me diz tudo. Fiz besteira, oh Deus! Não quero nem imaginar o que elas vão fazer ao descobrir sobre o teste de gravidez, isso me faz pensar se elas ainda não sabem sobre o anticoncepcional. Estou literalmente ferrada. Manda da um passo a frente, seus olhos poderiam me queimar viva. Na minha cabeça uma sirene vermelha e alta toca me avisando do perigo. Não pergunte! Não pergunte! Não pergunte!

— Bianca, você transou comaquele homem?

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