Entro na cozinha e encontro Dona Heidi preparando o almoço.— Olha a situação de vocês duas, vermelhas do sol. — Ela comenta, com um sorriso afetuoso.Eu e Diana sorrimos de volta. — Como estou? — Pergunto, limpando alguns matos que grudaram na barra do meu vestido.— Está ótima, por quê?— Temos visita. — Respondo, olhando em direção ao corredor que leva para a sala.— Sim. — Dona Heidi se aproxima, falando baixinho. — É um homem muito bonito, mas seu semblante está muito fechado.Franzo a testa. — Deixe-me ver quem é. Zael ligou?— Não, Halina, acho estranho. Ele está tão quieto.Balanço a cabeça e saio da cozinha. Normalmente, Zael liga todos os dias cedo, mas ontem e hoje ele não fez isso. A preocupação aumenta enquanto me dirijo para a sala, sem saber o que esperar.Quase no fim do corredor, ouço a voz de Cleber.— Eu vou sair, ela já deve estar chegando. Zael pediu para que eu não me intrometesse na conversa de vocês; eu só tenho que obedecer.A voz que se segue faz meu coração
Eu nunca quis muito da vida, apenas um lar repleto de felicidade, um homem que me amasse, me protegesse e que só tivesse olhos para mim. Mas a vida me apresentou um homem totalmente ao contrário de tudo que eu sempre quis.A dor sufocante no peito me relembra das vezes em que sonhei com um amor tranquilo, enquanto agora estou presa em um turbilhão de emoções. Rodolfo é tudo o que eu nunca imaginei: perigoso, intenso, misterioso... e, no entanto, é com ele que meu coração insiste em bater mais forte, mesmo que isso me rasgue por dentro.Minha mente viaja no tempo enquanto levanto a cabeça e encaro Rodolfo nos olhos. Como isso pode ser verdade? A pergunta ecoa dentro de mim, me consumindo com uma angústia que parece sufocar. Como eu não enxerguei tudo antes?O quão cega eu estive por ele, por esse amor que agora se desmorona diante da verdade que sempre temi?O choque da realidade percorre meu corpo como um raio atingindo o chão. De repente, tudo ao meu redor parece distante, o som do
Aceitá-lo como ele é?Eu sei que muitos homens na máfia carregam seus pesos. Alguns realizam seus trabalhos apesar de não gostarem, outros usam seus traumas para aperfeiçoar seu dever. Mas há uma pequena porcentagem que, como Rodolfo, faz o que faz porque simplesmente ama derramar sangue.Lembro-me daqueles três cadáveres pendurados, quase como se fossem quadros em uma galeria de arte, com o sangue pingando no chão. Eu me recuso a acreditar que aquela cena foi obra do homem que amo.Quão cruel e sanguinário ele pode ser?— Rodolfo, — controlo meu choro, soltando um suspiro e me levantando. — Eu preciso pensar.Rodolfo observa enquanto me levanto, o olhar fixo em mim. Ele não diz nada, apenas me deixa o espaço necessário para que eu possa processar o turbilhão de emoções que está me consumindo.Sigo em direção a uma janela, olhando para fora, tentando encontrar algum tipo de clareza na visão a minha frente. O contraste entre a luz do dia e a escuridão que sinto dentro de mim é quase in
Assim que fecho a porta ligo para Zael.— Como andam as coisas? — Faz cerca de 10 horas que estou longe de Nova York e preciso me atualizar, saber se o plano com Zael já entrou em cena.— Eu que deveria perguntar como estão as coisas. — Responde com um tom divertido.Solto um suspiro enquanto tiro os sapatos e me jogo na cama. Se Halina pensa que vou dormir aqui, ela está muito enganada.— Estou tentando, mas sua prima é teimosa. — Admito, sentindo o peso da situação.Zael ri do outro lado da linha.— Ela é quebrada demais, cara. Halina não é forte o suficiente para lidar com um homem como você. Você deveria ter tentado, ao menos, se interessar por uma mulher que já tivesse sido iniciada na máfia, não por uma que foi criada para ser freira.Reviro os olhos, descartando suas palavras. Sei que, se tivesse me envolvido com uma mafiosa, as coisas seriam diferentes. Halina, apesar de ter sangue da máfia, não faz parte do nosso mundo. Sua criação foi outra, o que, de certa forma, é um probl
Tive que pedir ajuda a Cleber para encontrar o quarto de Halina. Ele bateu na porta e foi embora, deixando-me com a bandeja cheia.— Oi. — Halina sussurra ao abrir a porta, olhando entre mim e a bandeja.— Vamos jantar. — Entro no quarto sem ser convidado, fazendo Halina recuar e me dar espaço.— Eu não estou com fome.— Mas vai comer mesmo assim.Coloco a bandeja em uma mesinha de centro e vejo ela fechar a porta. Halina se aproxima da mesa, enquanto eu me dirijo até ela e a abraço. Sinto um alívio quando ela não recua. Deixo um beijo em sua testa e passo os dedos pelos seus cabelos.— Você está melhor. — Ela assente. — Então coma alguma coisa antes de dormir.Halina se afasta e vai até a mesinha. A primeira coisa que leva à boca é o morango.Ela se senta no chão, de frente para a mesinha, comendo devagar. Eu me aproximo e me sento ao seu lado, sem dizer uma palavra, oferecendo-lhe o espaço que ela precisa.— Você sabia que eu gosto de morangos? — Ela pergunta de repente, sem tirar o
"Ser iniciada na máfia."Essas palavras ecoam em minha mente, trazendo à tona uma responsabilidade que sempre preferi ignorar. É raro uma mulher ser iniciada na máfia, a menos que tenha um papel extremamente importante. Paola foi iniciada aos 17 anos porque estava prometida ao futuro Dom, o que tornava essa iniciação uma obrigação. Agora, com tudo o que está acontecendo, percebo que, se me casar com Rodolfo, também terei que passar por isso. Não basta lidar com o casamento; eu também precisarei ser treinada para esse mundo. A ideia pesa sobre meus ombros, trazendo um turbilhão de responsabilidades e mudanças.Passei a tarde toda pensando sobre nossa conversa e consegui me acalmar. Controlei meu impulso de agir precipitadamente, especialmente porque Zael e Paola permitiram que Rodolfo se aproximasse. Isso indica que ele realmente não fez o que aquela mulher disse que fez. Resolvi, então, adiar a questão da suposta gravidez para outro momento. O que agora realmente me incomoda é o fato
O toque de Rodolfo era sempre uma promessa perigosa, havia algo nele que me fazia desejá-lo ainda mais. Seus lábios despertavam meu corpo, e seu cheiro inebriava minha mente. Eu aprendi a amar e desejar cada pedaço desse homem. Suas mãos grandes, que percorriam minha pele, apertando minha carne, me deixava atenta, desejando mais e mais. O calor de seu toque me queimava, e eu mal conseguia respirar. Quando seus lábios roçaram a curva do meu pescoço, arrepios tomaram conta de mim, me fazendo inclinar a cabeça para trás, lhe oferecendo mais acesso. — Eu senti sua falta em cada maldito dia — murmurei, minha voz quase falhando diante da antecipação que crescia dentro de mim. — Eu sei, sua teimosa — ele resmungou, arrancando minha camisola. Seu olhar percorreu meu corpo enquanto suas mãos apertavam minha cintura. Ele encostou a testa na minha, respirando pesadamente, e eu me ajeitei no seu colo, sentindo sua ereção. Ele estava pronto para me fazer sua, mais uma vez, e eu queria isso mais
Vejo Halina saindo do banheiro, vestida com calça jeans, botas de cano curto e uma blusa preta de gola alta. Sorrio ao perceber o que ela está tentando esconder com a roupa. — Poxa, Rodolfo. — Ela se dirige até a penteadeira para fazer um rabo de cavalo, dando-me uma visão clara das marcas que estão se escondendo. — Como saem essas marcas? Sorrio ainda mais. — Não sei, mas quando saírem, vou fazer de novo. Ela me fuzila com o olhar e eu rio. — Se você fizer isso de novo, nunca mais vai tocar em mim. O tom dela se torna mais sério. — Não seja malvada. — Na cintura, na barriga e nas coxas tudo bem, mas no pescoço, olha o que estou tendo que usar. — Ela aponta para a blusa, e eu me sinto um pouco culpado pelo calor lá fora. Me aproximo dela e a abraço por trás. — Então, não vamos sair do quarto. Eu desço, pego algo para comermos e ficamos aqui assistindo TV e namorando. — Nananinanão. Faço uma careta, confuso com a palavra. — Que diacho de palavra é essa? — Eu não vou