Vejo Halina saindo do banheiro, vestida com calça jeans, botas de cano curto e uma blusa preta de gola alta. Sorrio ao perceber o que ela está tentando esconder com a roupa. — Poxa, Rodolfo. — Ela se dirige até a penteadeira para fazer um rabo de cavalo, dando-me uma visão clara das marcas que estão se escondendo. — Como saem essas marcas? Sorrio ainda mais. — Não sei, mas quando saírem, vou fazer de novo. Ela me fuzila com o olhar e eu rio. — Se você fizer isso de novo, nunca mais vai tocar em mim. O tom dela se torna mais sério. — Não seja malvada. — Na cintura, na barriga e nas coxas tudo bem, mas no pescoço, olha o que estou tendo que usar. — Ela aponta para a blusa, e eu me sinto um pouco culpado pelo calor lá fora. Me aproximo dela e a abraço por trás. — Então, não vamos sair do quarto. Eu desço, pego algo para comermos e ficamos aqui assistindo TV e namorando. — Nananinanão. Faço uma careta, confuso com a palavra. — Que diacho de palavra é essa? — Eu não vou
Acordei meio zonza, sentindo um odor insuportável. Suspirei ao ver um córrego de lama podre saindo de um cômodo que parecia ser o banheiro. O lugar era horrível: um galpão enorme, sujo e abandonado. Olhei ao redor, e a pouca iluminação fez um arrepio atravessar meus ossos.Fechei os olhos, me lembrando dos ensinamentos que tive quando fui iniciada na máfia. Eu havia parado com a droga do treinamento e agora me arrependo amargamente. Quem diria que um dia estaria nessa situação?Ouço passos se aproximando e levanto a cabeça. Kiume, o filho do conselheiro dos Yakuzas, e Roberta. Eu simplesmente não acredito que essa vagabunda se aliou a esse povo.— Ora, quem acordou. — Ela sorri e puxa uma cadeira para se sentar na minha frente. — Quer que eu te apresente o meu amigo?Eu queria matá-la. Não, mais que isso, eu queria mandá-la para o inferno viva, só para ter o prazer de saber que ela está sofrendo lentamente. A morte é pouco para essa miserável.— Se esse seu plano maluco não der certo,
Rodolfo estava completamente concentrado, mexendo no notebook sem parar. Quando a conexão à internet caía, ele pegava um mapa de Nova York e começava a anotar alguns pontos e rabiscar outros. Eu sabia que ele estava buscando uma solução para toda essa confusão, e por isso não o questionei. Cada minuto era essencial. Meu silêncio agora permitia que ele focasse na saída que tentava encontrar.Chegamos a Nova York nove horas após receber a notícia. Assim que o avião aterrissou em solo americano, Rodolfo se levantou rapidamente, pegando os papéis e o notebook, e me estendeu a mão.— Vou te deixar com Helena, lá você estará segura. Depois, vou resolver essa bagunça. — Ele me abraçou e depositou um beijo nos meus cabelos. — Prometo que trarei Paola de volta, viva.— Estou com tanto medo por ela — sussurrei.— Ela vai ficar bem, eu te prometo — ele garantiu.O piloto abriu a porta do avião, e Rodolfo me ajudou a descer as escadas. Ao chegar ao solo, vi dois carros pretos nos aguardando. Em u
Entro na sala bem na hora em que Alexander estava com o telefone no viva-voz, e pelo tom de voz, eu sabia que era Zael do outro lado da linha. A raiva fervia dentro de mim — eu queria matar aquele homem. Alexander me olhou e, enquanto encarava ao redor da sala, vi oito membros da organização presentes, além de Apolo, Otávio e Alexander.— Eu já tenho a localização de onde Paola está — começou Zael. — O meu acordo é que vocês entrem, tirem ela, peguem Roberta e libertem Kiume.Kiume? O nome me fez congelar por um segundo. Sem hesitar, caminhei até o telefone e desliguei o viva-voz, tomando o controle da conversa.— Escute bem, porque não vou repetir — falei com firmeza. — Avisa a todos os yakuzas que Kiume voltará para cada morto, e qualquer um que se meter no meu caminho, vai morrer.— Você não pode fazer isso, eu conversei com o líder deles. Dei minha palavra — — Se vire para cumprir sua palavra, porque quem dá as ordens na Cosa Nostra não é você — retruquei, desligando a ligação e
Estacionamos os veículos a cerca de oito minutos de distância do galpão. Ao nos aproximarmos, exploramos o mato ao redor, avançando com cuidado para não fazer barulho. O galpão velho estava iluminado por uma luz fraca que vazava pelas frestas das janelas e portas, criando uma atmosfera sombria e tensa.À medida que nos aproximávamos, consegui discernir a presença de vários homens armados patrulhando a área. Eles se moviam de forma cautelosa, suas silhuetas escuras se destacando contra a luz fraca. Seis carros estavam estacionados ao lado do galpão, suas luzes de emergência piscando de formas desiguais.Sentia que a situação não seria tão simples quanto havia imaginado. O ambiente estava carregado de tensão, e a vigilância dos homens armados indicava que qualquer movimento em falso poderia resultar em problemas sérios.— Não deem mais nenhum passo — Alexander alertou pelo ponto no ouvido. — Relatório da área dos fundos.— Vazio — respondeu Apolo.— Você entra e, quando estiver com ela,
Resolvi passar primeiro no restaurante para ver a situação. Ao estacionar o carro, nos deparamos com uma imagem devastadora. As fitas de emergência cercavam o local que antes era lindo e acolhedor. Esse restaurante era o primeiro sonho de Halina, e agora estava em cinzas. A fachada estava enegrecida, parcialmente desabada, e o lugar parecia envolto em uma penumbra opressiva.Halina desceu do carro, e eu a segui, aproximando-me para abraçá-la. Ela ficou ali, imóvel, olhando para o local, hipnotizada pela destruição, o que de certa forma me preocupava.— Eles quase mataram minha irmã e destruíram meu sonho — ela murmurou, soltando um riso amargo.— Sua irmã vai ficar bem, e esse lugar... nós dois conseguiremos reerguê-lo em menos de dois meses.Ela me olhou, surpresa.— Nós dois?— Nós dois — repeti com firmeza. — Vamos para o galpão, depois nos preocupamos com o que realmente faremos aqui.Ela assentiu e, com um suspiro resignado, virou-se para entrar no carro novamente.Dirigi por cer
Sentei-me, cruzando as pernas e apoiando o braço na mesa, observando a cena diante de mim com frieza calculada. Roberta foi arrastada até dois pilares enquanto gritava e se debatia, mas, curiosamente, não senti nenhuma compaixão. Ela merecia morrer. Todos que tocaram em Paola mereciam morrer. Rodolfo, implacável, a ergueu pelo pescoço com uma mão enquanto dois soldados amarravam seus braços e pernas aos pilares. Seus gritos, antes abafados pela fita adesiva, ecoaram pelo galpão quando Rodolfo a arrancou. — Me solta, Rodolfo! — Ela gritou, desesperada. Olhei para ele, que mantinha um semblante calmo e sereno. Ele puxou um banco e se sentou à frente dela, como se estivesse prestes a ter uma conversa trivial. — Você vai me contar tudo o que fez pelas minhas costas durante esses oito anos. Roberta riu, apesar das lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Havia algo no modo como ela o olhava que me incomodava profundamente. Eu me forcei a manter o controle, mas aquela troca de olhares mexia
Ela não estava bem, e isso estava me deixando louco. Logo após sairmos do galpão, seguimos para o meu apartamento. Enchi a banheira com água morna e me afundei com ela lá dentro, mas Halina não parava de tremer. Mesmo depois do banho, quando a ajudei a se vestir, sua pele começou a esquentar, e ela começou a murmurar palavras incoerentes.Droga.Levantei-me rapidamente e liguei para o médico. Minutos depois, ele chegou e fez o atendimento.— O que ela tem é algo chamado transtorno de estresse agudo. A mente e o corpo dela estão reagindo ao estresse intenso que passou.— O que eu devo fazer?— Aqui estão alguns medicamentos que irão ajudá-la. É importante que ela fique em repouso e longe de qualquer situação ou informação que a deixe mais vulnerável. Qualquer coisa, me ligue.Acompanhei o médico até a porta e voltei imediatamente para o quarto. Halina dormia serenamente depois de ter sido medicada, o que, de certa forma, me deu um alívio temporário. Eu sabia que ela precisava desse des