Estacionamos os veículos a cerca de oito minutos de distância do galpão. Ao nos aproximarmos, exploramos o mato ao redor, avançando com cuidado para não fazer barulho. O galpão velho estava iluminado por uma luz fraca que vazava pelas frestas das janelas e portas, criando uma atmosfera sombria e tensa.À medida que nos aproximávamos, consegui discernir a presença de vários homens armados patrulhando a área. Eles se moviam de forma cautelosa, suas silhuetas escuras se destacando contra a luz fraca. Seis carros estavam estacionados ao lado do galpão, suas luzes de emergência piscando de formas desiguais.Sentia que a situação não seria tão simples quanto havia imaginado. O ambiente estava carregado de tensão, e a vigilância dos homens armados indicava que qualquer movimento em falso poderia resultar em problemas sérios.— Não deem mais nenhum passo — Alexander alertou pelo ponto no ouvido. — Relatório da área dos fundos.— Vazio — respondeu Apolo.— Você entra e, quando estiver com ela,
Resolvi passar primeiro no restaurante para ver a situação. Ao estacionar o carro, nos deparamos com uma imagem devastadora. As fitas de emergência cercavam o local que antes era lindo e acolhedor. Esse restaurante era o primeiro sonho de Halina, e agora estava em cinzas. A fachada estava enegrecida, parcialmente desabada, e o lugar parecia envolto em uma penumbra opressiva.Halina desceu do carro, e eu a segui, aproximando-me para abraçá-la. Ela ficou ali, imóvel, olhando para o local, hipnotizada pela destruição, o que de certa forma me preocupava.— Eles quase mataram minha irmã e destruíram meu sonho — ela murmurou, soltando um riso amargo.— Sua irmã vai ficar bem, e esse lugar... nós dois conseguiremos reerguê-lo em menos de dois meses.Ela me olhou, surpresa.— Nós dois?— Nós dois — repeti com firmeza. — Vamos para o galpão, depois nos preocupamos com o que realmente faremos aqui.Ela assentiu e, com um suspiro resignado, virou-se para entrar no carro novamente.Dirigi por cer
Sentei-me, cruzando as pernas e apoiando o braço na mesa, observando a cena diante de mim com frieza calculada. Roberta foi arrastada até dois pilares enquanto gritava e se debatia, mas, curiosamente, não senti nenhuma compaixão. Ela merecia morrer. Todos que tocaram em Paola mereciam morrer. Rodolfo, implacável, a ergueu pelo pescoço com uma mão enquanto dois soldados amarravam seus braços e pernas aos pilares. Seus gritos, antes abafados pela fita adesiva, ecoaram pelo galpão quando Rodolfo a arrancou. — Me solta, Rodolfo! — Ela gritou, desesperada. Olhei para ele, que mantinha um semblante calmo e sereno. Ele puxou um banco e se sentou à frente dela, como se estivesse prestes a ter uma conversa trivial. — Você vai me contar tudo o que fez pelas minhas costas durante esses oito anos. Roberta riu, apesar das lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Havia algo no modo como ela o olhava que me incomodava profundamente. Eu me forcei a manter o controle, mas aquela troca de olhares mexia
Ela não estava bem, e isso estava me deixando louco. Logo após sairmos do galpão, seguimos para o meu apartamento. Enchi a banheira com água morna e me afundei com ela lá dentro, mas Halina não parava de tremer. Mesmo depois do banho, quando a ajudei a se vestir, sua pele começou a esquentar, e ela começou a murmurar palavras incoerentes.Droga.Levantei-me rapidamente e liguei para o médico. Minutos depois, ele chegou e fez o atendimento.— O que ela tem é algo chamado transtorno de estresse agudo. A mente e o corpo dela estão reagindo ao estresse intenso que passou.— O que eu devo fazer?— Aqui estão alguns medicamentos que irão ajudá-la. É importante que ela fique em repouso e longe de qualquer situação ou informação que a deixe mais vulnerável. Qualquer coisa, me ligue.Acompanhei o médico até a porta e voltei imediatamente para o quarto. Halina dormia serenamente depois de ter sido medicada, o que, de certa forma, me deu um alívio temporário. Eu sabia que ela precisava desse des
Saio do quarto e sigo para a cozinha, onde vejo uma mesa farta posta. Rodolfo está na bancada preparando duas xícaras de café, e o aroma delicioso me atrai como um ímã.Observo uma caixinha de morangos e sorrio ao perceber que essa situação com o meu vício pelos os morangos, realmente o deixou incomodado.— Morango? — Não vou deixar mais a geladeira vazia — responde sorrindo.— Você é uma graça — comento, divertida.— Como você está? Ontem tive que chamar o médico. Falando nisso, coma bem para tomar os remédios, não pode tomá-los de estômago vazio.O olho, surpresa. — Eu passei mal? Não me lembro de nada.— O médico disse que foi por causa de tudo o que aconteceu. Estou surpreso que hoje você parece estar bem.— Esses pequenos surtos me acompanham desde pequena, não precisa se preocupar.— Como não me preocuparia? Você deveria ter me contado sobre isso. Eu teria te impedido de ir naquele lugar — fala firme, demonstrando preocupação.— Estou com a alma lavada. Aquela mulher está morta
A chuva finalmente caiu sobre Nova York, o que de certa forma aumentou minha melancolia.Fazia horas que eu olhava para os meus pés, sem conseguir me mover so escutando os sons dos trovões que seguia logo após a caída de um raio.Eu sentia a frieza do ar cada vez que o vento soprava, arrepiando minha pele e intensificando o peso da solitude. Desde ontem, depois que sai do hospital, me isolei completamente. Não quis ver ninguém e, trancada em casa me senti como se o mundo lá fora não existisse. Sei que há muitos assuntos pendentes, mas, no momento, nada mais me importava.Precisava colocar minha mente no lugar e refletir sobre o que aconteceu. Sinto um vazio enorme ao pensar em Paola, mas também um alívio momentâneo por saber que ela está viva, lutando para sair dessa situação difícil. Quando ela acordar, teremos muitas questões a resolver, e precisaremos juntas colocar as coisas no lugar. Agora, eu precisava repensar o que é certo e o que é errado, para que no futuro nenhuma armadil
Três semanas depois... Essas foram as três semanas mais tensas e desanimadoras da minha vida, mas finalmente ela acordou. A notícia chegou às duas da manhã e me fez pular da cama para me vestir rapidamente. Eu estava ansiosa para vê-la e, ao abrir a porta do quarto para o qual Paola tinha sido transferida, quase me joguei em seus braços. Ela estava deitada na cama, pálida e visivelmente fraca, mas com os olhos abertos, cheios de vida e me encarando com uma mistura de cansaço e alívio. — Você não faz ideia do quanto esperei por isso — minha voz saiu embargada, lutando para conter as lágrimas. Me aproximei e a abracei. Paola sorriu fraco, mas com aquele brilho familiar. — Você sempre foi tão dramática... — sua voz estava baixa e rouca, mas ainda reconhecível. Sentei-me ao lado dela, segurando sua mão com cuidado, receosa de machucá-la. — Não sei o que faria se você não tivesse acordado. — As palavras saíram de mim antes que eu pudesse me controlar. Ela apertou levemente minha m
Saí do banho, evitando cantar love me like you de Ellie Goulding, cujo som ecoava pelo apartamento, trazendo um sossego que eu havia perdido há dias. A melodia parecia aliviar um pouco do peso que carregava, como se a música preenchesse o vazio que eu sentia. Assim que visto uma camisola de seda rosa, saio do closet e encontro Rodolfo encostado no batente da porta. Uma de suas mãos está no bolso da calça, enquanto a outra segurava uma taça de vinho. Ele estava incrivelmente atraente, e eu podia perceber, através de seu olhar travesso, que pensamentos impróprios estavam corroendo sua mente. Tirei a toalha da cabeça, enxugando um pouco mais meus cabelos, peguei um vidro de creme e me sentei na cama, tentando ignorá-lo. Rodolfo observava cada movimento meu com um sorriso malicioso no rosto, enquanto eu fingia uma calma que não sentia. Sentada na cama, comecei a passar o creme nos braços, mantendo meus olhos fixos na tarefa, tentando não me deixar afetar pela presença dele ali. — V