Acordei meio zonza, sentindo um odor insuportável. Suspirei ao ver um córrego de lama podre saindo de um cômodo que parecia ser o banheiro. O lugar era horrível: um galpão enorme, sujo e abandonado. Olhei ao redor, e a pouca iluminação fez um arrepio atravessar meus ossos.Fechei os olhos, me lembrando dos ensinamentos que tive quando fui iniciada na máfia. Eu havia parado com a droga do treinamento e agora me arrependo amargamente. Quem diria que um dia estaria nessa situação?Ouço passos se aproximando e levanto a cabeça. Kiume, o filho do conselheiro dos Yakuzas, e Roberta. Eu simplesmente não acredito que essa vagabunda se aliou a esse povo.— Ora, quem acordou. — Ela sorri e puxa uma cadeira para se sentar na minha frente. — Quer que eu te apresente o meu amigo?Eu queria matá-la. Não, mais que isso, eu queria mandá-la para o inferno viva, só para ter o prazer de saber que ela está sofrendo lentamente. A morte é pouco para essa miserável.— Se esse seu plano maluco não der certo,
Rodolfo estava completamente concentrado, mexendo no notebook sem parar. Quando a conexão à internet caía, ele pegava um mapa de Nova York e começava a anotar alguns pontos e rabiscar outros. Eu sabia que ele estava buscando uma solução para toda essa confusão, e por isso não o questionei. Cada minuto era essencial. Meu silêncio agora permitia que ele focasse na saída que tentava encontrar.Chegamos a Nova York nove horas após receber a notícia. Assim que o avião aterrissou em solo americano, Rodolfo se levantou rapidamente, pegando os papéis e o notebook, e me estendeu a mão.— Vou te deixar com Helena, lá você estará segura. Depois, vou resolver essa bagunça. — Ele me abraçou e depositou um beijo nos meus cabelos. — Prometo que trarei Paola de volta, viva.— Estou com tanto medo por ela — sussurrei.— Ela vai ficar bem, eu te prometo — ele garantiu.O piloto abriu a porta do avião, e Rodolfo me ajudou a descer as escadas. Ao chegar ao solo, vi dois carros pretos nos aguardando. Em u
Entro na sala bem na hora em que Alexander estava com o telefone no viva-voz, e pelo tom de voz, eu sabia que era Zael do outro lado da linha. A raiva fervia dentro de mim — eu queria matar aquele homem. Alexander me olhou e, enquanto encarava ao redor da sala, vi oito membros da organização presentes, além de Apolo, Otávio e Alexander.— Eu já tenho a localização de onde Paola está — começou Zael. — O meu acordo é que vocês entrem, tirem ela, peguem Roberta e libertem Kiume.Kiume? O nome me fez congelar por um segundo. Sem hesitar, caminhei até o telefone e desliguei o viva-voz, tomando o controle da conversa.— Escute bem, porque não vou repetir — falei com firmeza. — Avisa a todos os yakuzas que Kiume voltará para cada morto, e qualquer um que se meter no meu caminho, vai morrer.— Você não pode fazer isso, eu conversei com o líder deles. Dei minha palavra — — Se vire para cumprir sua palavra, porque quem dá as ordens na Cosa Nostra não é você — retruquei, desligando a ligação e
Estacionamos os veículos a cerca de oito minutos de distância do galpão. Ao nos aproximarmos, exploramos o mato ao redor, avançando com cuidado para não fazer barulho. O galpão velho estava iluminado por uma luz fraca que vazava pelas frestas das janelas e portas, criando uma atmosfera sombria e tensa.À medida que nos aproximávamos, consegui discernir a presença de vários homens armados patrulhando a área. Eles se moviam de forma cautelosa, suas silhuetas escuras se destacando contra a luz fraca. Seis carros estavam estacionados ao lado do galpão, suas luzes de emergência piscando de formas desiguais.Sentia que a situação não seria tão simples quanto havia imaginado. O ambiente estava carregado de tensão, e a vigilância dos homens armados indicava que qualquer movimento em falso poderia resultar em problemas sérios.— Não deem mais nenhum passo — Alexander alertou pelo ponto no ouvido. — Relatório da área dos fundos.— Vazio — respondeu Apolo.— Você entra e, quando estiver com ela,
Resolvi passar primeiro no restaurante para ver a situação. Ao estacionar o carro, nos deparamos com uma imagem devastadora. As fitas de emergência cercavam o local que antes era lindo e acolhedor. Esse restaurante era o primeiro sonho de Halina, e agora estava em cinzas. A fachada estava enegrecida, parcialmente desabada, e o lugar parecia envolto em uma penumbra opressiva.Halina desceu do carro, e eu a segui, aproximando-me para abraçá-la. Ela ficou ali, imóvel, olhando para o local, hipnotizada pela destruição, o que de certa forma me preocupava.— Eles quase mataram minha irmã e destruíram meu sonho — ela murmurou, soltando um riso amargo.— Sua irmã vai ficar bem, e esse lugar... nós dois conseguiremos reerguê-lo em menos de dois meses.Ela me olhou, surpresa.— Nós dois?— Nós dois — repeti com firmeza. — Vamos para o galpão, depois nos preocupamos com o que realmente faremos aqui.Ela assentiu e, com um suspiro resignado, virou-se para entrar no carro novamente.Dirigi por cer
Sentei-me, cruzando as pernas e apoiando o braço na mesa, observando a cena diante de mim com frieza calculada. Roberta foi arrastada até dois pilares enquanto gritava e se debatia, mas, curiosamente, não senti nenhuma compaixão. Ela merecia morrer. Todos que tocaram em Paola mereciam morrer. Rodolfo, implacável, a ergueu pelo pescoço com uma mão enquanto dois soldados amarravam seus braços e pernas aos pilares. Seus gritos, antes abafados pela fita adesiva, ecoaram pelo galpão quando Rodolfo a arrancou. — Me solta, Rodolfo! — Ela gritou, desesperada. Olhei para ele, que mantinha um semblante calmo e sereno. Ele puxou um banco e se sentou à frente dela, como se estivesse prestes a ter uma conversa trivial. — Você vai me contar tudo o que fez pelas minhas costas durante esses oito anos. Roberta riu, apesar das lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Havia algo no modo como ela o olhava que me incomodava profundamente. Eu me forcei a manter o controle, mas aquela troca de olhares mexia
Ela não estava bem, e isso estava me deixando louco. Logo após sairmos do galpão, seguimos para o meu apartamento. Enchi a banheira com água morna e me afundei com ela lá dentro, mas Halina não parava de tremer. Mesmo depois do banho, quando a ajudei a se vestir, sua pele começou a esquentar, e ela começou a murmurar palavras incoerentes.Droga.Levantei-me rapidamente e liguei para o médico. Minutos depois, ele chegou e fez o atendimento.— O que ela tem é algo chamado transtorno de estresse agudo. A mente e o corpo dela estão reagindo ao estresse intenso que passou.— O que eu devo fazer?— Aqui estão alguns medicamentos que irão ajudá-la. É importante que ela fique em repouso e longe de qualquer situação ou informação que a deixe mais vulnerável. Qualquer coisa, me ligue.Acompanhei o médico até a porta e voltei imediatamente para o quarto. Halina dormia serenamente depois de ter sido medicada, o que, de certa forma, me deu um alívio temporário. Eu sabia que ela precisava desse des
Saio do quarto e sigo para a cozinha, onde vejo uma mesa farta posta. Rodolfo está na bancada preparando duas xícaras de café, e o aroma delicioso me atrai como um ímã.Observo uma caixinha de morangos e sorrio ao perceber que essa situação com o meu vício pelos os morangos, realmente o deixou incomodado.— Morango? — Não vou deixar mais a geladeira vazia — responde sorrindo.— Você é uma graça — comento, divertida.— Como você está? Ontem tive que chamar o médico. Falando nisso, coma bem para tomar os remédios, não pode tomá-los de estômago vazio.O olho, surpresa. — Eu passei mal? Não me lembro de nada.— O médico disse que foi por causa de tudo o que aconteceu. Estou surpreso que hoje você parece estar bem.— Esses pequenos surtos me acompanham desde pequena, não precisa se preocupar.— Como não me preocuparia? Você deveria ter me contado sobre isso. Eu teria te impedido de ir naquele lugar — fala firme, demonstrando preocupação.— Estou com a alma lavada. Aquela mulher está morta