— Eu tenho um plano. — Zael anuncia assim que entramos no escritório de Paola.Paola está tão concentrada no computador que nem sequer levanta a cabeça para nos cumprimentar.— E qual seria? — Pergunto, tentando entender a proposta.— Você precisa seduzir alguém. — Zael diz, com um tom quase casual.A palavra "seduzir" faz meu cérebro travar. Olho para Paola, que finalmente desvia o olhar do computador, encarando Zael com uma expressão de desdém.— Zael, se Halina souber disso, você está morto. — Paola avisa.— Halina não está aqui. — Zael responde com um sorriso enigmático.— Mas eu estou!— Então finja que não viu nada. — Ele conclui. Paola balança a cabeça e volta ao seu trabalho.— Do que vocês estão falando? — Otávio pergunta, acomodando-se em um dos sofás enquanto eu me sento ao seu lado.— Estou desconfiado de uma mulher chamada Roberta. — Zael revela, o que aumenta minha certeza sobre ela.— Tenho uma proposta. Não quero prejudicar ninguém sem ter 100% de certeza do envolvimen
Duas semanas depois...Estamos em uma reunião para decidir o que realmente fazer com tudo o que aconteceu. Zael, Alexander, Otávio e eu não tivemos descanso até agora, debatendo cada detalhe. Levantando os prós e contras de cada ação, tentando encontrar uma solução viável para todo o acontecimento.— Aqui, o que você tanto queria. — Zael joga o endereço de Halina na mesa, e por um segundo, o mundo ao meu redor parece parar.Eu não consigo acreditar que, depois de mais de duas semanas de incerteza, finalmente tenho o endereço dela em minhas mãos. Minha mente corre, tentando assimilar a informação, foi impossível rastrear qualquer ligação ou sinal. Todas as pessoas que entraram em contato com Paola foram investigadas minuciosamente por mim e por Liam, mas nenhum deles tinha qualquer ligação com Halina.Zael, o bastardo maldito, conseguiu o que ninguém mais foi capaz de fazer, esconder algo de mim. O ódio cresce em meu ser a cada segundo. Ele joga as peças desse jogo de poder com frieza,
Amsterdã; capital da HolandaEu simplesmente comecei a amar as manhãs em Amsterdã. O céu, tingido de tons rosa e dourado, reflete uma tranquilidade que só esse lugar possui. Os campos verdes salpicados de flores silvestres fazem as cores dançarem em uma canção encantadora que me fascina.Apaixonei-me por cada canto deste lugar. A casa da fazenda, com suas paredes de tijolos antigos e janelas de moldura branca, emana um charme rústico e acolhedor que me faz querer nunca mais ir embora.— Aonde vai, Halina? — Cleber grita, aproximando-se montado em seu cavalo, Ami. Ami é um animal lindo, com pelos pretos sedosos e um comportamento completamente manso.— Rio.— Cuidado. — Ele adverte enquanto eu começo a descer a pé em direção à cachoeira. Escuto o som distante de uma vaca junto ao canto alegre dos pássaros que completam o cenário sereno. As árvores que margeiam o canal se movem suavemente, criando um jogo de sombras e luz no chão. À medida que avanço, o horizonte se estende diante de m
Entro na cozinha e encontro Dona Heidi preparando o almoço.— Olha a situação de vocês duas, vermelhas do sol. — Ela comenta, com um sorriso afetuoso.Eu e Diana sorrimos de volta. — Como estou? — Pergunto, limpando alguns matos que grudaram na barra do meu vestido.— Está ótima, por quê?— Temos visita. — Respondo, olhando em direção ao corredor que leva para a sala.— Sim. — Dona Heidi se aproxima, falando baixinho. — É um homem muito bonito, mas seu semblante está muito fechado.Franzo a testa. — Deixe-me ver quem é. Zael ligou?— Não, Halina, acho estranho. Ele está tão quieto.Balanço a cabeça e saio da cozinha. Normalmente, Zael liga todos os dias cedo, mas ontem e hoje ele não fez isso. A preocupação aumenta enquanto me dirijo para a sala, sem saber o que esperar.Quase no fim do corredor, ouço a voz de Cleber.— Eu vou sair, ela já deve estar chegando. Zael pediu para que eu não me intrometesse na conversa de vocês; eu só tenho que obedecer.A voz que se segue faz meu coração
Eu nunca quis muito da vida, apenas um lar repleto de felicidade, um homem que me amasse, me protegesse e que só tivesse olhos para mim. Mas a vida me apresentou um homem totalmente ao contrário de tudo que eu sempre quis.A dor sufocante no peito me relembra das vezes em que sonhei com um amor tranquilo, enquanto agora estou presa em um turbilhão de emoções. Rodolfo é tudo o que eu nunca imaginei: perigoso, intenso, misterioso... e, no entanto, é com ele que meu coração insiste em bater mais forte, mesmo que isso me rasgue por dentro.Minha mente viaja no tempo enquanto levanto a cabeça e encaro Rodolfo nos olhos. Como isso pode ser verdade? A pergunta ecoa dentro de mim, me consumindo com uma angústia que parece sufocar. Como eu não enxerguei tudo antes?O quão cega eu estive por ele, por esse amor que agora se desmorona diante da verdade que sempre temi?O choque da realidade percorre meu corpo como um raio atingindo o chão. De repente, tudo ao meu redor parece distante, o som do
Aceitá-lo como ele é?Eu sei que muitos homens na máfia carregam seus pesos. Alguns realizam seus trabalhos apesar de não gostarem, outros usam seus traumas para aperfeiçoar seu dever. Mas há uma pequena porcentagem que, como Rodolfo, faz o que faz porque simplesmente ama derramar sangue.Lembro-me daqueles três cadáveres pendurados, quase como se fossem quadros em uma galeria de arte, com o sangue pingando no chão. Eu me recuso a acreditar que aquela cena foi obra do homem que amo.Quão cruel e sanguinário ele pode ser?— Rodolfo, — controlo meu choro, soltando um suspiro e me levantando. — Eu preciso pensar.Rodolfo observa enquanto me levanto, o olhar fixo em mim. Ele não diz nada, apenas me deixa o espaço necessário para que eu possa processar o turbilhão de emoções que está me consumindo.Sigo em direção a uma janela, olhando para fora, tentando encontrar algum tipo de clareza na visão a minha frente. O contraste entre a luz do dia e a escuridão que sinto dentro de mim é quase in
Assim que fecho a porta ligo para Zael.— Como andam as coisas? — Faz cerca de 10 horas que estou longe de Nova York e preciso me atualizar, saber se o plano com Zael já entrou em cena.— Eu que deveria perguntar como estão as coisas. — Responde com um tom divertido.Solto um suspiro enquanto tiro os sapatos e me jogo na cama. Se Halina pensa que vou dormir aqui, ela está muito enganada.— Estou tentando, mas sua prima é teimosa. — Admito, sentindo o peso da situação.Zael ri do outro lado da linha.— Ela é quebrada demais, cara. Halina não é forte o suficiente para lidar com um homem como você. Você deveria ter tentado, ao menos, se interessar por uma mulher que já tivesse sido iniciada na máfia, não por uma que foi criada para ser freira.Reviro os olhos, descartando suas palavras. Sei que, se tivesse me envolvido com uma mafiosa, as coisas seriam diferentes. Halina, apesar de ter sangue da máfia, não faz parte do nosso mundo. Sua criação foi outra, o que, de certa forma, é um probl
Tive que pedir ajuda a Cleber para encontrar o quarto de Halina. Ele bateu na porta e foi embora, deixando-me com a bandeja cheia.— Oi. — Halina sussurra ao abrir a porta, olhando entre mim e a bandeja.— Vamos jantar. — Entro no quarto sem ser convidado, fazendo Halina recuar e me dar espaço.— Eu não estou com fome.— Mas vai comer mesmo assim.Coloco a bandeja em uma mesinha de centro e vejo ela fechar a porta. Halina se aproxima da mesa, enquanto eu me dirijo até ela e a abraço. Sinto um alívio quando ela não recua. Deixo um beijo em sua testa e passo os dedos pelos seus cabelos.— Você está melhor. — Ela assente. — Então coma alguma coisa antes de dormir.Halina se afasta e vai até a mesinha. A primeira coisa que leva à boca é o morango.Ela se senta no chão, de frente para a mesinha, comendo devagar. Eu me aproximo e me sento ao seu lado, sem dizer uma palavra, oferecendo-lhe o espaço que ela precisa.— Você sabia que eu gosto de morangos? — Ela pergunta de repente, sem tirar o