CAPÍTULO 05 Desirée

— Mande o currículo agora mesmo.

Marcela está totalmente eufórica. Faz três dias que estou pensando sobre a proposta de Otávio em enviar um currículo para o Gran Hotel, mas ainda não tomei minha decisão.

Consegui entrar na faculdade, meu salário já está ajeitado para alugar um novo lugar e o apartamento colocarei à venda amanhã.

— Eu entrei na faculdade agora, eles não vão me ligar.

— Para de ser teimosa e ao menos tenta.

— Tudo bem.

Pego meu celular e entro no G****e. Primeiro vou pesquisar sobre esse hotel.

Imediatamente uma enxurrada de informações aparece e, para o meu desespero, a imagem de Otávio dizendo que ele é o vice-presidente aparece. Abro a boca incrédula; como eu não percebi isso antes?

— Terra chamado Desirée.

— Você queria saber quem é Otávio.

— Queria não, amiga, eu ainda quero.

— Aqui. — Viro o celular para ela, e a reação dela é a mesma.

— Ele é o vice-presidente Otávio Gambino. Não. — Ela balança a cabeça freneticamente.

Me levanto, largando o celular. Agora que eu não vou enviar currículo para lá mesmo.

— Ei, onde você vai?

— Me arrumar para trabalhar. — Informo, decidida.

— Não vai mandar o currículo? — Ela pergunta, desesperada.

— Não sei, Marcela. Agora que sei quem ele é, a ideia parece absurda. Eu não quero me envolver nesse tipo de coisa.

— Você precisa parar de achar que é algo ruim. Pense nas oportunidades que isso pode trazer!

— Oportunidades? Para me tornar um peão em um jogo que nem sei qual é? Não, obrigada.

Marcela suspira, frustrada. — Você está sendo ingênua, Desirée. Isso pode ser a chance de mudar sua vida. E se você não tentar, nunca saberá o que poderia ter acontecido.

Fico em silêncio, refletindo sobre o que ela disse. É verdade que estou cansada da vida que levei até agora, mas o que Otávio realmente quer de mim? Ele parece genuíno, mas não posso esquecer a fachada que os homens costumam usar.

— Vou pensar, tá? — Respondo, mais para aplacar a ansiedade dela do que por convicção.

— Isso é tudo o que peço. Mas não demore muito, porque pode ser uma chance única.

Entro no quarto, decidida a deixar as coisas em ordem para o trabalho. A ideia de trabalhar no Gran Hotel ainda ecoa na minha mente. É uma oportunidade única, mas será que estou pronta para isso? A dúvida me persegue enquanto me visto e me preparo para o que está por vir.

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— Sinto muito, Desirée, mas você está demitida.

Abro e fecho a boca, sem saber o que dizer. Como assim?

— Eu fiz algo de errado, senhor Aroldo? — questiono nervosa. Se ele está me mandando embora, terei que tirar o apartamento da venda. E, para piorar, como vou me manter?

— Não, não é nada disso. É apenas um corte de funcionários. As vendas caíram, e você é a mais nova aqui, então é mais lucrativo para mim dispensar você. Me desculpe.

— Eu entendo. — Suspiro derrotada. — Obrigada por me dar emprego, mesmo eu sendo de menor, e por toda a ajuda que o senhor me deu.

— Não tem que me agradecer. Sinto muito por não conseguir te manter aqui. Você é uma ótima pessoa e merece coisas melhores.

Assinto, me levanto da cadeira e pego minha folha de pagamento. O dinheiro já havia sido depositado em minha conta.

Saio, querendo chorar, e consigo até escutar a voz da minha genitora me intimando a morar com ela. Não mesmo. Prefiro morar na rua.

Enquanto caminho pelas ruas de Nova York, as luzes da cidade parecem mais apagadas. A incerteza do futuro me assombra. O que eu vou fazer agora? A faculdade está começando, e eu não tenho um centavo a mais. Tudo que consegui conquistar até agora está desmoronando.

Chego em casa e joguei a chave na mesa, o som ecoando no silêncio do apartamento vazio. Olhando em volta, vejo as paredes que sempre foram um lar, mas que agora parecem me aprisionar. O que vou fazer com todo o esforço que coloquei em mudar minha vida?

Meus pensamentos são interrompidos pelo meu celular vibrando. É uma mensagem de Marcela.

"Ei! Como foi o trabalho hoje? Alguma novidade?"

Sorrio, lembrando que, mesmo com tudo, tenho minha amiga. Respiro fundo e respondo.

"Fui demitida, mas tudo bem. Preciso encontrar um novo emprego."

"Desirée, que droga! Vamos conversar. Você não pode ficar assim."

Penso em suas palavras. Não posso deixar que isso me derrube. Preciso encontrar outra oportunidade. Talvez seja a hora de considerar a proposta de Otávio mais a sério.

"Você tem razão. Vou pensar em algo. Vamos nos encontrar depois?"

"Claro! Vou te esperar."

Desligo o celular e olho pela janela. A cidade continua a pulsar, cheia de vidas e possibilidades. Preciso encontrar uma maneira de me levantar e não deixar que isso me defina.

O Gran Hotel... A ideia não parece tão absurda agora.

Volto a pegar meu celular e o cartão que continua no fundo da minha bolsa. Com um misto de ansiedade e determinação, puxo meu currículo, que já estava salvo entre meus documentos. Acerto alguns detalhes, acrescentando a informação da faculdade — esse pequeno detalhe pode fazer toda a diferença.

Depois de revisar tudo, envio o e-mail para o Gran Hotel, meu coração acelerado em expectativa. Pronto, agora é só esperar e torcer para que eles me chamem.

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