POV CHAINMilano e eu fomos para um Pub próximo da Partenon, onde chegamos a frequentar no passado. Assim que sentamos, Milano pediu uma garrafa do melhor whisky que tivessem. E encheu os dois copos até a borda. Talvez fosse o equivalente a uma dose quádrupla.Toquei o copo e fiquei a olhar a bebida forte, que me atraía muito.- Fiquei feliz em saber que não sou filho dele. – Milano disse.- Eu... Creio que senti o mesmo, apesar de tudo.- Mas... É estranho saber que você não é mais o meu irmão... – Ele sorriu, me empurrando com o braço.- E apesar de tudo, bom... Muito bom... Por conta de Liah. Sabe que apesar de nos amarmos, isso era um tanto quanto ruim. Principalmente pela questão de filhos...- Confesso que tirei um peso da minha mente e coração. Por amá-los tanto, não quis que sofressem e dei-lhes meu consentimento, mesmo que de fato não concordasse. Mas sabia do quanto era importante para ambos minha aceitação.- Sim... Era muito importante. Me sentia de certa forma estranho...
- Eu sei muito bem tudo que você está sentindo, meu amor! E tenho certeza que vai passar. Agora venha comigo... Precisa de um banho.Ajudei-o a levantar-se e o levei ao banheiro, retirando sua roupa. Liguei o chuveiro e o empurrei para baixo da água fria.Ele ficou trêmulo:- Isso aqui está um gelo.Comecei a rir e avisei:- Vou pedir para que tragam um café bem forte. Enquanto isso deixe a água fria cair um pouco sobre seu corpo.Fiquei incerta se ele sairia dali. Fui rapidamente até o telefone e pedi na recepção que mandassem café fresco e doces. Quando voltei ao banheiro, Chain estava de costas, a testa escorada na parede, a água escorrendo pela sua cabeça, descendo pelo corpo imóvel.Observei as cicatrizes e senti a dor dele. Porém eu acreditava que o sofrimento havia acabado. Estávamos juntos, o testamento já havia sido aberto e Chain tinha pai e mãe. O que ele poderia querer mais? Para mim ficou bem claro que ficaram felizes por encontrá-lo. E sim, devia ter uma explicação concr
Percebendo meu silêncio que durou mais do que deveria, ele continuou:- Eu gostaria de falar com você e Milano, ainda hoje, se possível. - Sobre o que seria?- Quero lhes fazer uma proposta. - Uma proposta? – Arqueei a sobrancelha, confuso e curioso.- Será que poderia vir à Partenon, depois do meio-dia?- Eu... Bem, se for breve o assunto, posso. Porém não devo me demorar, pois eu e Liah pretendemos partir de volta para Alpemburg ainda hoje.- Prometo ser breve, mesmo querendo que você ficasse mais tempo.- Infelizmente não posso. Liah tem seus compromissos por lá e eu estou em tratativas de abrir minha empresa nas próximas semanas e também será em Alpemburg.- Vocês ficarão morando lá?- Sim.- Eu... Ainda assim gostaria de conversar com vocês dois.- Estarei aí logo depois do meio-dia. – Garanti.Levantei da cama, enquanto Merliah olhava pela janela de vidro, observando a paisagem urbana do andar alto do Hotel. Abracei-a por trás, descansando minha cabeça em seu ombro:- Está tom
- Você foi a família do meu filho por uma vida inteira. E conhecendo Robson como conheci, sei que era a única coisa que Chain tinha. – Haroldo olhou para Milano com seriedade.- Eu... Não quero o seu dinheiro.- Não é meu... É nosso. Ambos fomos criados pelo monstro, desde bebês. Merecemos usufruir da porra do que ele deixou. – Haroldo foi claro.Estreitei os olhos, confuso com onde ele queria chegar.- Minha proposta é que Milano dirija a Partenon. Siga fazendo o que já fazia muito bem, sendo o CEO da construtora. Todos os funcionários, parceiros e empresários já o conhecem. Estou desde ontem tentando entender como funciona toda esta porra aqui, mas não sei nada. A única coisa que sei fazer é música... Sei tocar, sei criar acordes, sei montar a letra inteira na minha cabeça. Mas não tenho a mínima noção do que fazer com um prédio deste tamanho, com inúmeros funcionários que dependem disso para viver e sustentarem suas famílias.- Eu... Não posso aceitar. – Milano foi enfático.- Sim,
Assim que saímos da Partenon, encontramos Chain recostado na parede externa da empresa, com as mãos nos bolsos, o olhar perdido, parecendo longe.O abracei, tirando-o de seus próprios pensamentos.- Como se sente? – Perguntei.- Bem... Estou bem.Eu sabia que era mentira a afirmação dele.- O que vai fazer quanto à proposta deles, Milano? – Chain perguntou ao meu pai.- Eu... Sinceramente não sei. A Partenon não tem mais nada a ver comigo e isso ficou muito claro. Ainda estou tentando me adaptar a toda mudança da minha vida e as mentiras com relação ao meu passado. E sei exatamente o que você sente, Chain... Assim como o que Liah sentiu quando soube que nada era como pensou a vida inteira.- Eu acho que deve aceitar, Milano. Eles não têm noção do que fazer com este lugar. Bem sabemos o quanto é lucrativo e próspero. Não me importo com o que isso significou para o filho da puta do Robson, mas com número de pessoas que são empregadas aqui. Haroldo não vai ficar com a empresa se você rej
- Não quero nada. – Mariane disse.- Nós viemos tentar fazer com que nos dê uma chance, Chain. – Haroldo foi direto, fazendo-me engolir em seco.Fiquei em silêncio, pensando no que dizer-lhes naquele momento.Merliah levantou-se e falou, propositalmente:- Vou verificar se a comida já chegou. E pôr a mesa. Fiquem a vontade, por favor.Achei que Mariane fosse acompanhá-la. Mas não. Ela ficou ali, os dois com os olhos fixos em mim. Merliah me deu um beijo no rosto e abraçou-me por trás, dizendo:- Amo você.Apertei suas mãos, que me envolviam carinhosamente, e afirmei:- Também te amo, Liah.Assim que ela saiu, fiquei frente a frente com o homem e a mulher que me conceberam, que me geraram a vida. E depois me largaram num orfanato, entre desconhecidos, pouco se importando com quem me levaria para casa e me criaria.- Você não é obrigado a nos aceitar como seus pais – Mariane disse – Ainda assim, eu vou lhe contar tudo que aconteceu no nosso passado, que também faz parte da sua história,
POV MERLIAHQuando cheguei de volta ao terraço, sentei-me ao lado de Chain, ouvindo a história que Mariane contava:- Destruíram tudo a seu respeito, meu filho. E não tenho certeza se isso foi feito por Jordan ou Robson.- Ou quem sabe os dois. – Hardlles disse.Peguei a mão de Chain, que suava.- É isso! – Mariane Rockfeller encolheu os ombros – Por hora é isso. Achei importante saber que não desistimos de você. Sim, errei ao aceitar me desfazer do meu bebê por pressão de meu pai. Mas como já expliquei, eu era jovem, Chain. Se tivesse noção de quantas burradas e erros cometi ao longo da minha vida...Um longo silêncio apossou-se do terraço. Por sorte, estávamos num ambiente externo, aberto, com o ar soprando o tempo todo em nossos rostos. Caso contrário, creio que eu pudesse ter me sentido sufocada com a presença deles e aquela triste história com relação ao meu marido.- Acho que é hora de irmos embora. – Hardlles levantou-se.- Mas... – Mariane olhou na direção de Chain – Eu... Nem
Naquela mesma semana recebemos meus pais no nosso apartamento. Como era somente uma visita, aceitei sem problemas. Queria que ficasse claro que eu não os queria morando perto de nós. Se eu os amava? Intensamente. Mas isso não lhes dava o direito de tentarem controlar a minha vida, especialmente minha mãe, que fez aquilo a vida inteira.O bebê Alejandro crescia rapidamente. Mamava no peito e a cada vez que eu o via, notava que ficava mais bonitinho. Mas isso não me dava vontade de ter um filho. Ao menos não naquele momento, em que eu e Chain organizávamos nossa vida, pensando no futuro.Antes de irem embora, com o bebê no colo, Candy me chamou e entregou-me um envelope. Abri, curiosa e vi que era muito dinheiro.- O que é isso? – Perguntei, incerta.- Dinheiro. Achei seu plano de montar a loja fabuloso. E quero que tenha uma boa quantia para começar.- Mãe, eu não vou aceitar. – Tentei devolver o dinheiro.- Sim, você vai aceitar. Este dinheiro é parte do que recebi de volta de Corinne