- Você foi a família do meu filho por uma vida inteira. E conhecendo Robson como conheci, sei que era a única coisa que Chain tinha. – Haroldo olhou para Milano com seriedade.- Eu... Não quero o seu dinheiro.- Não é meu... É nosso. Ambos fomos criados pelo monstro, desde bebês. Merecemos usufruir da porra do que ele deixou. – Haroldo foi claro.Estreitei os olhos, confuso com onde ele queria chegar.- Minha proposta é que Milano dirija a Partenon. Siga fazendo o que já fazia muito bem, sendo o CEO da construtora. Todos os funcionários, parceiros e empresários já o conhecem. Estou desde ontem tentando entender como funciona toda esta porra aqui, mas não sei nada. A única coisa que sei fazer é música... Sei tocar, sei criar acordes, sei montar a letra inteira na minha cabeça. Mas não tenho a mínima noção do que fazer com um prédio deste tamanho, com inúmeros funcionários que dependem disso para viver e sustentarem suas famílias.- Eu... Não posso aceitar. – Milano foi enfático.- Sim,
Assim que saímos da Partenon, encontramos Chain recostado na parede externa da empresa, com as mãos nos bolsos, o olhar perdido, parecendo longe.O abracei, tirando-o de seus próprios pensamentos.- Como se sente? – Perguntei.- Bem... Estou bem.Eu sabia que era mentira a afirmação dele.- O que vai fazer quanto à proposta deles, Milano? – Chain perguntou ao meu pai.- Eu... Sinceramente não sei. A Partenon não tem mais nada a ver comigo e isso ficou muito claro. Ainda estou tentando me adaptar a toda mudança da minha vida e as mentiras com relação ao meu passado. E sei exatamente o que você sente, Chain... Assim como o que Liah sentiu quando soube que nada era como pensou a vida inteira.- Eu acho que deve aceitar, Milano. Eles não têm noção do que fazer com este lugar. Bem sabemos o quanto é lucrativo e próspero. Não me importo com o que isso significou para o filho da puta do Robson, mas com número de pessoas que são empregadas aqui. Haroldo não vai ficar com a empresa se você rej
- Não quero nada. – Mariane disse.- Nós viemos tentar fazer com que nos dê uma chance, Chain. – Haroldo foi direto, fazendo-me engolir em seco.Fiquei em silêncio, pensando no que dizer-lhes naquele momento.Merliah levantou-se e falou, propositalmente:- Vou verificar se a comida já chegou. E pôr a mesa. Fiquem a vontade, por favor.Achei que Mariane fosse acompanhá-la. Mas não. Ela ficou ali, os dois com os olhos fixos em mim. Merliah me deu um beijo no rosto e abraçou-me por trás, dizendo:- Amo você.Apertei suas mãos, que me envolviam carinhosamente, e afirmei:- Também te amo, Liah.Assim que ela saiu, fiquei frente a frente com o homem e a mulher que me conceberam, que me geraram a vida. E depois me largaram num orfanato, entre desconhecidos, pouco se importando com quem me levaria para casa e me criaria.- Você não é obrigado a nos aceitar como seus pais – Mariane disse – Ainda assim, eu vou lhe contar tudo que aconteceu no nosso passado, que também faz parte da sua história,
POV MERLIAHQuando cheguei de volta ao terraço, sentei-me ao lado de Chain, ouvindo a história que Mariane contava:- Destruíram tudo a seu respeito, meu filho. E não tenho certeza se isso foi feito por Jordan ou Robson.- Ou quem sabe os dois. – Hardlles disse.Peguei a mão de Chain, que suava.- É isso! – Mariane Rockfeller encolheu os ombros – Por hora é isso. Achei importante saber que não desistimos de você. Sim, errei ao aceitar me desfazer do meu bebê por pressão de meu pai. Mas como já expliquei, eu era jovem, Chain. Se tivesse noção de quantas burradas e erros cometi ao longo da minha vida...Um longo silêncio apossou-se do terraço. Por sorte, estávamos num ambiente externo, aberto, com o ar soprando o tempo todo em nossos rostos. Caso contrário, creio que eu pudesse ter me sentido sufocada com a presença deles e aquela triste história com relação ao meu marido.- Acho que é hora de irmos embora. – Hardlles levantou-se.- Mas... – Mariane olhou na direção de Chain – Eu... Nem
Naquela mesma semana recebemos meus pais no nosso apartamento. Como era somente uma visita, aceitei sem problemas. Queria que ficasse claro que eu não os queria morando perto de nós. Se eu os amava? Intensamente. Mas isso não lhes dava o direito de tentarem controlar a minha vida, especialmente minha mãe, que fez aquilo a vida inteira.O bebê Alejandro crescia rapidamente. Mamava no peito e a cada vez que eu o via, notava que ficava mais bonitinho. Mas isso não me dava vontade de ter um filho. Ao menos não naquele momento, em que eu e Chain organizávamos nossa vida, pensando no futuro.Antes de irem embora, com o bebê no colo, Candy me chamou e entregou-me um envelope. Abri, curiosa e vi que era muito dinheiro.- O que é isso? – Perguntei, incerta.- Dinheiro. Achei seu plano de montar a loja fabuloso. E quero que tenha uma boa quantia para começar.- Mãe, eu não vou aceitar. – Tentei devolver o dinheiro.- Sim, você vai aceitar. Este dinheiro é parte do que recebi de volta de Corinne
- Isso... É uma brincadeira? – Perguntei, torcendo para que ele dissesse que sim.- Não meu amor, não é uma brincadeira. Desculpe-me se fui direto demais, mas não sei muito bem como dar a notícia de outra forma.- Precisamos ir o mais rápido possível, Chain... – Peguei sua mão, sentindo as lágrimas invadirem meu rosto.Uma hora depois estávamos num voo fretado em direção a Noriah Norte. Eu estava com a cabeça deitada no ombro de Chain, que alisava minha mão sobre sua perna.- Precisa ficar calma. Talvez não seja nada grave e ela se recupere logo. Rosela é forte.- Ela já quase enfartou uma vez, Chain. O médico avisou que ela precisava se cuidar. E ela não fez isso.- Rosela é teimosa. E você puxou a ela nestas questões de cuidados médicos.- Tenho tomado meus remédios certinho. – Defendi-me.- Sim, mas esperou adquirir uma gastrite para fazer isso. Se tivesse procurado um profissional antes, não precisava estar passando por esta situação.- Eu amo minha avó, Chain. Confesso que há vez
Funerais não era algo que me agradava. Aliás, será que alguém gostava? Certamente não. Depois do hospital, eu não havia mais visto Chain. Liguei várias vezes e o telefone só dava desligado. E eu sequer conseguia parar para me preocupar, pois cada vez apareciam mais pessoas ali.Revi as duas amigas dela do asilo, que chegaram a morar no Hotel Califórnia, inclusive participando do leilão. O abraço delas era tão sincero e cheio de amor que me remetia às tardes maravilhosas que eu passava com elas, tomando chá da tarde e conversando sobre putarias.Dênis, o enfermeiro do asilo, apareceu junto das outras senhoras, que acabaram indo para outros lares quando o asilo de Azah fechou.Apareceram também os “amigos” do ramo do pornô, incluindo atores, mulheres com silicone em excesso e homens gigantescos que eu imaginava que os paus fossem tão grandes quanto eles.Enquanto procurava por Chain novamente, vi Hardlles e Mariane chegando. Fiquei surpresa com a presença deles, que me abraçaram.- Sent
- Não deve ter acontecido algo sério, ou já saberíamos. – Milano garantiu.- Ainda não aconteceu. Mas vai acontecer. Talvez amanhã vocês sejam chamados para o funeral de Chain, porque se ele não tiver uma desculpa bem convincente, eu vou matá-lo.- Não fale isso, Merliah. – Minha mãe recriminou-me.Devido à lerdeza dos carros no cortejo, quando chegamos ao cemitério em Azah, em frente ao antigo Hotel Califórnia, que hoje era somente um prédio consumido pelas chamas, com parte das paredes de pé e o restante completamente destruído, já era noite.Desembarcamos do automóvel e enquanto eu andava ao lado dos meus pais, observava o que um dia foi o meu lar. E não conseguia identificar o sentimento que havia dentro de mim. Então olhei para meu anel do humor e estava azul claro. Sim, eu estava calma, apesar de tudo.- Liah?- Ketlin? – Peguei a mão dela carinhosamente, enlaçando os dedos nos meus – Estava a pensar no que sinto olhando este lugar.- Sinto saudade... Tanta saudade que chega a d