- Para onde quer que seja sua viagem agora, vá lá e arrase, Rosela Smith! – sorri, limpando as últimas lágrimas, que não eram de tristeza e sim de saudade, que já me consumia – Ponha fogo no inferno! – Assoprei a vela que queimava próximo da placa luminosa, apagando-a, restando a escuridão, como ficaria parte das nossas vidas após a partida dela.Percebi braços me envolverem e senti o cheiro de minha mãe. Alisei sua mão e murmurei:- Ela vai fazer falta.- Muita falta – ela concordou – Mas eu sempre estarei aqui para você, mesmo quando não me quiser. Sei que por vezes me culpa por ter partido após o roubo de Corinne. Mas foi Rosela que achou que aquilo era o melhor a fazer na época. E eu sempre seguir os conselhos dela. Porém às vezes eles não eram tão sensatos. Ainda assim eu não sabia tomar grandes decisões sem ela. Terei que trabalhar isso de agora em diante.- A vida é um eterno aprendizado. E a gente dá conta. – Afirmei.Ela me deu um beijo e Milano veio até nós, beijando a outra
Eu estava prestes a deixar o Hotel quando o telefone tocou, vindo da recepção:- Senhora Chalamet, uma mulher que se identificou como Jadis deseja subir para vê-la. Expliquei que pediria sua autorização.Chain já havia descido para fazer o checkout. Olhei no relógio para ver o tempo que tinha disponível antes de avisar:- Ela não precisa subir. Avise que estou descendo, por favor.Peguei minha bolsa de mão, já que as bagagens já haviam descido com o funcionário que acompanhou Chain.Quando cheguei à Recepção, Jadis estava sentada de pernas cruzadas num dos sofás gigantescos e confortáveis. Usava uma saia curta e justa, blazer e por baixo uma blusa que fiquei em dúvida se não era uma lingerie. Assim que me viu, levantou, descendo a barra da saia. Além de alta, ela usava salto, o que me diminuía ainda mais na presença dela.- Olá, Liah.- Oi... Estou surpresa com sua visita.- Eu vim trazer Ketlin.- Ketlin?- Ela vai embora com você.- Vai? – senti meu coração acelerar – Onde ela está?
A loja inauguraria no dia seguinte. Eu estava muito feliz. Claro que o dinheiro que minha mãe e avó me deixaram foi fundamental para a realização do meu sonho.Assim que acabamos os últimos detalhes, convidei Ketlin:- Que acha de irmos almoçar?- Agora? Já passa das 14 horas!- Eu estou com fome.- Então vamos. – Ela pegou a bolsa.Saímos da loja e andamos pela calçada, lembrando de coisas engraçadas do passado e rindo. Estávamos lado a lado e Ketlin tinha o braço enganchado no meu, como fazíamos enquanto ainda morávamos em Azah.Encontramos um bistrô pequeno e aconchegante, com um espaço externo, alto, que ficava com vista para rua. Imediatamente nos dirigimos para lá. Eu adorava tomar sol, independente do horário.Assim que sentamos, o garçom veio nos trazer o menu. Pedimos algo leve e enquanto esperávamos, observei tudo ao redor, atentamente, encontrando Luan sentado numa mesa no canto, mais reservada. Ele estava sozinho, concentrado no celular, digitando e certamente nem tinha se
A inauguração do “Ateliê de moda Liah Chalamet” foi simples. Eu não queria chamar muito a atenção, até porque nem tinha muito tempo sobrando para aceitar tantos pedidos, visto que ainda não havia concluído a faculdade, que ainda me demandava muita atenção.Procurei me organizar com os turnos de manhã e noite para a faculdade e tarde para o Ateliê, sendo que desta forma eu conseguia antecipar um pouco a formatura e ao mesmo tempo realizar meu sonho de produzir minhas próprias peças.Os finais de semana eram sagrados para Chain e eu, com muito parques, tanto naturais quanto de diversões. Embora meu marido não admitisse, acho que ele era completamente vidrado por roda gigante e montanha russa.Já fazia uma semana que o ateliê havia inaugurado e embora fosse bem no centro da cidade, eu não havia recebido nenhuma cliente ainda.- Não fica chateada por não aparecer ninguém? – Ketlin me perguntou, enquanto organizava a vitrine com alguns tecidos importados que eu havia conseguido comprar, be
- Sim? – Tentei fazer com que soasse como uma afirmação, mas a dúvida foi tanta que saiu como pergunta.Ela suspirou:- Pensei em algo transparente da região da barriga, mostrando a pele, bem como as costas completamente nuas. Mas na parte de baixo quero pano... Talvez renda – pôs novamente o dedo na boca, indecisa – Quero que meu futuro marido fique louco, excitado...- Na cerimônia de coroação? – Murmurei, desordenada.- Não, no casamento.- Vamos trabalhar no seu vestido de coroação ou casamento?- Por enquanto no de coroação.- E o de casamento depois?- Sim... Se eu gostar do da cerimônia de coroação, podemos pensar juntas no de casamento, depois – ela sorriu.- Eu gostaria de conhece-la um pouquinho melhor, para podermos trabalhar sua roupa de acordo com a personalidade. Quero criar algo que seja a sua cara, entende?- Sim... Eu gostaria muito que fosse assim. Certamente terei que vir outras vezes, não é mesmo?- Sim. – Confirmei, de antemão.- Não quero outros clientes quando e
Enfim havia chegado a grande noite da inauguração da empresa de Chain. Ele havia planejado tanto aquilo e cuidou pessoalmente de cada detalhe que eu estava até nervosa de algo dar errado.Mas pelo jeito tudo daria certo. Praticamente todos os convidados comparecerem e clientes em potencial já começavam a se aproximar de meu marido, ansiosos para conhecer melhor a empresa e o diferencial que Chain trazia.Vez ou outra nossos olhares se cruzavam e sorríamos em cumplicidade um para o outro. Desenhei e produzi um vestido branco para o evento, curto, decote comportado, levemente justo na parte de cima e mais solto a partir do contorno da cintura. E não usei minha botas de guerra marrons. Caprichei no look, combinando com as Jimmy Cho cano alto com sarowsky rosa pink. Se eu chamava a atenção? Não sei se de todos, mas da pessoa que mais me interessava sim: Chain Archambault Chalamet.- Você está linda, Liah! – Ketlin me elogiou, assim que chegou.Analisei-a minuciosamente com o vestido que p
- Isso se chama abstinência de Merliah Archambault Chalamet. – Beijou meu ombro, apertando-me contra si.Virei-me de frente para ele e o enlacei pelo pescoço:- Eu estava morrendo de saudade... – Confessei.- Eu também...E sim, havíamos nos visto há pouco tempo atrás e inclusive saímos de casa juntos. Mas desde que chegamos ali, mal conseguimos nos ver.Percebi Mariane vindo, com os olhos fixos no filho, um sorriso tão grandioso que chegou a me arrepiar. Assim que se aproximou, perguntou a Chain:- Posso... Lhe dar um abraço?Afastei-me dele, deixando-a matar a saudade num forte abraço de mãe:- Senti tanto a sua falta.- Nos falamos ontem... – Ele riu, com ela ainda agarrada a ele feito uma criança.- Ainda assim senti sua falta... – Falou sem largar-lhe.Chain aceitou o abraço e assim que ela o soltou veio até mim, abraçando-me:- Liah, você está cada dia mais linda!- Seu filho me faz muito bem. – Brinquei, enquanto tentava desvendar os olhos verde esmeralda de meu marido.Minha m
- Você só pode estar de brincadeira, pai! – Senti minhas bochechas queimarem.- Oi... Sogro! – Chain passou a mão nos cabelos, aturdido.- Eu... Queria muito usar o banheiro. – Milano disse seriamente.Olhei para a porta do banheiro da frente e estava desocupado. O encarei:- Tinha que ser justo este?- Qual o problema de vocês dois com banheiros? – Ele perguntou, a voz um pouco descontrolada.- Eu não sou mais criança, pai. Chain é meu marido, somos casados e adultos.- Talvez eu seja um pouquinho ciumento porque não passei por esta fase da sua adolescência. Então sinceramente não lido muito bem com Chain a comendo no banheiro.- O banheiro é o de menos, Milano. Eu como sua filha em todos os lugares... – Chain foi debochado.- Deveria ficar mais atento... É a sua festa de inauguração... Precisa dar atenção aos convidados... – Milano tentava encontrar desculpas.Suspirei, resignada e balancei a cabeça:- Você me deixa com vergonha, pai!- Que vergonha, sogro! – Chain balançou a cabeça