Naquela mesma semana recebemos meus pais no nosso apartamento. Como era somente uma visita, aceitei sem problemas. Queria que ficasse claro que eu não os queria morando perto de nós. Se eu os amava? Intensamente. Mas isso não lhes dava o direito de tentarem controlar a minha vida, especialmente minha mãe, que fez aquilo a vida inteira.O bebê Alejandro crescia rapidamente. Mamava no peito e a cada vez que eu o via, notava que ficava mais bonitinho. Mas isso não me dava vontade de ter um filho. Ao menos não naquele momento, em que eu e Chain organizávamos nossa vida, pensando no futuro.Antes de irem embora, com o bebê no colo, Candy me chamou e entregou-me um envelope. Abri, curiosa e vi que era muito dinheiro.- O que é isso? – Perguntei, incerta.- Dinheiro. Achei seu plano de montar a loja fabuloso. E quero que tenha uma boa quantia para começar.- Mãe, eu não vou aceitar. – Tentei devolver o dinheiro.- Sim, você vai aceitar. Este dinheiro é parte do que recebi de volta de Corinne
- Isso... É uma brincadeira? – Perguntei, torcendo para que ele dissesse que sim.- Não meu amor, não é uma brincadeira. Desculpe-me se fui direto demais, mas não sei muito bem como dar a notícia de outra forma.- Precisamos ir o mais rápido possível, Chain... – Peguei sua mão, sentindo as lágrimas invadirem meu rosto.Uma hora depois estávamos num voo fretado em direção a Noriah Norte. Eu estava com a cabeça deitada no ombro de Chain, que alisava minha mão sobre sua perna.- Precisa ficar calma. Talvez não seja nada grave e ela se recupere logo. Rosela é forte.- Ela já quase enfartou uma vez, Chain. O médico avisou que ela precisava se cuidar. E ela não fez isso.- Rosela é teimosa. E você puxou a ela nestas questões de cuidados médicos.- Tenho tomado meus remédios certinho. – Defendi-me.- Sim, mas esperou adquirir uma gastrite para fazer isso. Se tivesse procurado um profissional antes, não precisava estar passando por esta situação.- Eu amo minha avó, Chain. Confesso que há vez
Funerais não era algo que me agradava. Aliás, será que alguém gostava? Certamente não. Depois do hospital, eu não havia mais visto Chain. Liguei várias vezes e o telefone só dava desligado. E eu sequer conseguia parar para me preocupar, pois cada vez apareciam mais pessoas ali.Revi as duas amigas dela do asilo, que chegaram a morar no Hotel Califórnia, inclusive participando do leilão. O abraço delas era tão sincero e cheio de amor que me remetia às tardes maravilhosas que eu passava com elas, tomando chá da tarde e conversando sobre putarias.Dênis, o enfermeiro do asilo, apareceu junto das outras senhoras, que acabaram indo para outros lares quando o asilo de Azah fechou.Apareceram também os “amigos” do ramo do pornô, incluindo atores, mulheres com silicone em excesso e homens gigantescos que eu imaginava que os paus fossem tão grandes quanto eles.Enquanto procurava por Chain novamente, vi Hardlles e Mariane chegando. Fiquei surpresa com a presença deles, que me abraçaram.- Sent
- Não deve ter acontecido algo sério, ou já saberíamos. – Milano garantiu.- Ainda não aconteceu. Mas vai acontecer. Talvez amanhã vocês sejam chamados para o funeral de Chain, porque se ele não tiver uma desculpa bem convincente, eu vou matá-lo.- Não fale isso, Merliah. – Minha mãe recriminou-me.Devido à lerdeza dos carros no cortejo, quando chegamos ao cemitério em Azah, em frente ao antigo Hotel Califórnia, que hoje era somente um prédio consumido pelas chamas, com parte das paredes de pé e o restante completamente destruído, já era noite.Desembarcamos do automóvel e enquanto eu andava ao lado dos meus pais, observava o que um dia foi o meu lar. E não conseguia identificar o sentimento que havia dentro de mim. Então olhei para meu anel do humor e estava azul claro. Sim, eu estava calma, apesar de tudo.- Liah?- Ketlin? – Peguei a mão dela carinhosamente, enlaçando os dedos nos meus – Estava a pensar no que sinto olhando este lugar.- Sinto saudade... Tanta saudade que chega a d
- Para onde quer que seja sua viagem agora, vá lá e arrase, Rosela Smith! – sorri, limpando as últimas lágrimas, que não eram de tristeza e sim de saudade, que já me consumia – Ponha fogo no inferno! – Assoprei a vela que queimava próximo da placa luminosa, apagando-a, restando a escuridão, como ficaria parte das nossas vidas após a partida dela.Percebi braços me envolverem e senti o cheiro de minha mãe. Alisei sua mão e murmurei:- Ela vai fazer falta.- Muita falta – ela concordou – Mas eu sempre estarei aqui para você, mesmo quando não me quiser. Sei que por vezes me culpa por ter partido após o roubo de Corinne. Mas foi Rosela que achou que aquilo era o melhor a fazer na época. E eu sempre seguir os conselhos dela. Porém às vezes eles não eram tão sensatos. Ainda assim eu não sabia tomar grandes decisões sem ela. Terei que trabalhar isso de agora em diante.- A vida é um eterno aprendizado. E a gente dá conta. – Afirmei.Ela me deu um beijo e Milano veio até nós, beijando a outra
Eu estava prestes a deixar o Hotel quando o telefone tocou, vindo da recepção:- Senhora Chalamet, uma mulher que se identificou como Jadis deseja subir para vê-la. Expliquei que pediria sua autorização.Chain já havia descido para fazer o checkout. Olhei no relógio para ver o tempo que tinha disponível antes de avisar:- Ela não precisa subir. Avise que estou descendo, por favor.Peguei minha bolsa de mão, já que as bagagens já haviam descido com o funcionário que acompanhou Chain.Quando cheguei à Recepção, Jadis estava sentada de pernas cruzadas num dos sofás gigantescos e confortáveis. Usava uma saia curta e justa, blazer e por baixo uma blusa que fiquei em dúvida se não era uma lingerie. Assim que me viu, levantou, descendo a barra da saia. Além de alta, ela usava salto, o que me diminuía ainda mais na presença dela.- Olá, Liah.- Oi... Estou surpresa com sua visita.- Eu vim trazer Ketlin.- Ketlin?- Ela vai embora com você.- Vai? – senti meu coração acelerar – Onde ela está?
A loja inauguraria no dia seguinte. Eu estava muito feliz. Claro que o dinheiro que minha mãe e avó me deixaram foi fundamental para a realização do meu sonho.Assim que acabamos os últimos detalhes, convidei Ketlin:- Que acha de irmos almoçar?- Agora? Já passa das 14 horas!- Eu estou com fome.- Então vamos. – Ela pegou a bolsa.Saímos da loja e andamos pela calçada, lembrando de coisas engraçadas do passado e rindo. Estávamos lado a lado e Ketlin tinha o braço enganchado no meu, como fazíamos enquanto ainda morávamos em Azah.Encontramos um bistrô pequeno e aconchegante, com um espaço externo, alto, que ficava com vista para rua. Imediatamente nos dirigimos para lá. Eu adorava tomar sol, independente do horário.Assim que sentamos, o garçom veio nos trazer o menu. Pedimos algo leve e enquanto esperávamos, observei tudo ao redor, atentamente, encontrando Luan sentado numa mesa no canto, mais reservada. Ele estava sozinho, concentrado no celular, digitando e certamente nem tinha se
A inauguração do “Ateliê de moda Liah Chalamet” foi simples. Eu não queria chamar muito a atenção, até porque nem tinha muito tempo sobrando para aceitar tantos pedidos, visto que ainda não havia concluído a faculdade, que ainda me demandava muita atenção.Procurei me organizar com os turnos de manhã e noite para a faculdade e tarde para o Ateliê, sendo que desta forma eu conseguia antecipar um pouco a formatura e ao mesmo tempo realizar meu sonho de produzir minhas próprias peças.Os finais de semana eram sagrados para Chain e eu, com muito parques, tanto naturais quanto de diversões. Embora meu marido não admitisse, acho que ele era completamente vidrado por roda gigante e montanha russa.Já fazia uma semana que o ateliê havia inaugurado e embora fosse bem no centro da cidade, eu não havia recebido nenhuma cliente ainda.- Não fica chateada por não aparecer ninguém? – Ketlin me perguntou, enquanto organizava a vitrine com alguns tecidos importados que eu havia conseguido comprar, be