05

Me fodi legal. Enquanto Jenn saiu praticamente sambando do 2° andar da minha casa, eu caí de bunda no chão.

E ela só ficou rindo da minha cara.

Primeiramente, ela tentou me ajudar a descer pelos galhos da árvore que chegava até a minha janela, só que não deu muito certo, nos primeiros 10 segundos em cima daquilo, eu caí e fiquei gemendo de dor. Cerca de um minuto depois, ouvi ela pular ao meu lado e ficar rindo da minha cara. Estendeu a mão e me ajudou a levantar.

– Ha-ha-ha, muito engraçado – resmunguei, fazendo careta. – Eu podia ter quebrado alguma coisa!

Enquanto isso, ela segurou o estômago, dando altas gargalhadas.

– V-você caiu igual uma jaca! Acho que até uma jaca teria mais sorte.

Cruzei os braços.

– Isso mesmo, isso aí. Fique rindo e daqui a pouco minha mãe vem ver porque parece que tem uma hiena no quintal – levantei a sobrancelha.

Jenn se ajeitou rapidamente e procurou fôlego.

– Certo. Agora precisamos de um carro.

– Não estava falando sério quando disse em roubar?

– O.k, já vi que você é frouxo, covarde, arregão, mole, careta. Portanto, vamos só pegar emprestado.

– Menos mau. E muito obrigado por economizar nas ofensas. Grato.

– Que nada, amor, sempre ao seu dispor – sorriu maldosamente antes de revirar os olhos. – Mas isso vai ser difícil. Quem é a garota loira que não sai da sua casa?

– Maninha.

– Ela tem carro?

– Ah, não! Não, não, não! Nem pensar!

Jenn sorriu. Quis esganá-la – Ela esconde a chave também?

– Sei que fica no quarto dela, mas por favor, nem sonhe com isso. Ela é tipo, louca e fresca. Um arranhão naquilo e acabou o mundo. Se bem que eu já sonhei em jogar cocô de cavalo nele.

– Podemos fazer isso também, se quiser e Luis, por favor. Vamos voltar antes do amanhecer, prometo!

– Hm, e o que eu ganho com isso?

Verdade, e o que eu ganhava com isso? Em primeiro lugar, eu não conhecia aquela garota. Em segundo lugar, ela havia me tirado do meu sono precioso. Em terceiro lugar, minha expectativa era evitar garotas, não sair por aí às 1 da manha com uma.

– Diversão! Muita diversão! – exclamou levantando as sobrancelhas e sorrindo.

– Você já deve ter reparado que nós nem nos conhecemos, né? – falei baixinho.

Ela meneou a cabeça.

– Sim, mas isso não é importante para nós nos divertimos juntos – Jenn suspirou. – Vai pegar a chave ou não?!

Seus cabelos ruivos caíam pelos ombros, seu rosto completamente sem maquiagem exibia as sardinhas que lhe davam um ar meigo. Seus olhos verdes me fitavam com um brilho esperançoso. Como dizer não para tanta expectativa?

– Ceeerto, só um minuto.

Peguei a chave extra da porta da frente enterrada dentro do vaso de uma planta escrota de mamãe. Jenn ficou me olhando com interesse, então rapidamente puxou a chave da minha mão.

– Me fale onde é e onde ela deixa a chave. Eu vou – ela dobrou as mangas do moletom.

P**a merda, ela era mesmo doida. Conseguia prever eu entrando de castigo pelo resto da vida por causa dela, já conseguia ver minha vida mais ruim – era possível? – do que já era quando Clary acordasse e começasse a dar chilique com seus berros de baiacu sufocado.

– Você é só um pouquinho louca, não? – falei, assustado. – Não posso te deixar entrar lá. Vai ser pega.

– Não reclame, Luis, eu vou e volto. Só me diga onde é! Se eu for pega, eu grito, você entra e esclarece tudo.

No máximo, você vai apanhar um pouquinho.

– Eu não apanho mais – rosnei.

– O.k, vai ficar de castigo – ela soltou uma risadinha.

Suspirei. Seja o que for. Clary merecia mesmo levar uns sustinhos, quem sabe isso a deixasse tão traumatizada que teria que ser carregada para um lugar bem longe mim, tipo num hospício para dementes em Madagascar, só que eu tava achando que acabariam por levar Jenn também, que me dedaria por estar metido naquilo, aí iam os três para o hospício.

Ia continuar a mesma bosta.

– Segunda porta à esquerda, segundo andar, mesa de cabeceira. Não se esqueça de pegar o controle da garagem na sala.

~~~ // ~~~

Jenn saiu de casa saltitante. Fechou a porta, trancou e voltou a enterrar a chave.

– Sua irmã dorme igual uma pedra, e ronca igual um porco. Cruzes – disse ela, se dirigindo a garagem. – E agora?

Jenn estendeu a chave do carro para mim.

– Vamos abrir essa garagem – comentei, emburrado.

Jessica abriu a garagem com o controle.

– Pensa rápido! – e me atirou a chave do carro. Peguei-a rapidamente.

Ela riu e juntos entramos na garagem. Rapidamente, saímos com o carro, comigo no volante.

As ruas estavam vazias, calmas e serenas. Era um bairro com casas em estilo Vitoriano, sem muitas diferenças entre si. Uma brisa entrava pela janela do carro e não pela primeira vez naquela noite eu me perguntei sobre o que eu estava fazendo. Nada de bom, com certeza, mas era interessante e a expectativa de estar fazendo algo pra lá de idiota era... hm... fascinante.

– Luis, anime, vai ser divertido, sérião – falou Jenn, olhando o porta CDs de Clary. – Humpf, Britney Spears?

Shakira? Selena Gomez? Não vou rotula-los como ruins... mas têm coisas melhores por aí.

– Eu sei. Só que minha irmã tem o cérebro do tamanho de uma ervilha. Acho que tem um CD do Pink Floyd que eu esqueci aí. Pronto, salvei o dia.

Jenn sorriu.

– Meu herói – falou com tom falsete.

Ficamos em silêncio enquanto ela colocava o CD.

– Luis – chamou.

– Sou eu – respondi.

– Por que você nunca sorri?

Aquela me pegou de surpresa.

– Quê? Que diabos de pergunta é essa?

– Você nunca sorri.

– Claro que sorrio.

– Não sorri, não. Até agora só sorrio uma ou duas vezes desde que nos conhecemos.

– Você contou?

– Talvez. Mas por que você nunca sorri? Sorrisos são vida.

Fitei-a, desviando um pouco a atenção da minha frente.

– Não sei. Acho que me afastei um pouco de tudo desde que Christin e eu acabamos.

– Sei.

Um pensamento havia acabado de surgir na minha mente.

– Nunca ouvi você falar palavrões. Nem sequer caralho, que eu acho tão bonitinho.

Ela riu baixinho.

– Foi uma promessa que fiz pra mim mesmo. Palavrões, nunca mais. – Jenn fez um barulho com a boca. – Vire a direta. Depois a esquerda, siga reto, vire a direita de novo e Voilà!

Um beco. No final, o "Voilà" terminava em um beco com uma única porta enferrujada e um pouco menor que o normal. Uau.

– Jenn, que droga é essa? – falei impaciente.

– Vamos lá, baby – ela abriu a porta do carro e saiu, caminhando diretamente para a porta. Ela bateu duas vezes e esperou. Em seguida a porta foi aberta, ela cochichou algo e se virou para mim.

– Tá esperando o quê?! – Jenn revirou os olhos.

Desci do carro, sem antes travá-lo.

Andei até ela, que entrou pela porta, e eu fui atrás.

Parecia coisa de filme, porque era um bar estilo anos 70/80. Bacana, para ser sincero. Mas só que eu ainda não estava entendendo porra alguma.

Bancos vermelhos, estofados e cheios. Assoalho de madeira, com grandes relógios de pêndulo para enfeitar, azulejos na parede, um grande balcão de madeira, duas mesas de sinuca, uma jukebox no canto esquerdo do ambiente e várias máquinas de fliperama. Parecia que ali realmente havia parado no tempo. Era maneiro.

Só que estava lotado de pessoas. Repito: lotado de pessoas. Gente velha, adolescentes. Parecia que haviam se esquecido que era uma quinta-feira, uma e meia da madrugada.

Jenn entrou sorrindo, confiante e alegre, o que não era novidade. Ela cumprimentava as pessoas como uma atriz de Hollywood e acenava para outras, nem parecia que havia chegado na cidade a apenas alguns dias, o que era para lá de estranho. Quero dizer, como era possível?! Sei lá, eu não fazia ideia de quem era aquela garota e estava em dúvida se a achava louca ou corajosa, acho que louca estava vencendo de lavada.

Puxei ela pela mão.

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